INCLINANDO A CABEÇA
(Jo 19, 30)
“E, inclinando a
cabeça, entregou o espírito”.
Sobre essa
INCLINAÇÃO da cabeça, que como foi
voluntária, assim foi misteriosa, é
preciso considerar as causas dela que foram várias:
PRIMEIRA: Para expressar que morria por
OBEDIÊNCIA, inclinando sua cabeça à divina
ordem. SEGUNDA: Para manifestar sua
HUMILDADE de coração e sua POBREZA,
como que não tinha onde reclinar a cabeça na cruz.
TERCEIRA: Para dar-nos a entender a GRAVIDADE
dos nossos pecados, que com seu peso fez o Senhor se
inclinar até a morte.
Dessas causas
devemos tirar exemplos de agradecimento e
imitação, inclinando nosso pescoço
e a cabeça em obediência a Jesus
Cristo, olhando sempre para a terra de onde fomos
formados e o inferno que temos merecido pelos nossos pecados.
Peçamos ao Senhor, pela sua inclinação de cabeça na cruz,
que incline a nossa cabeça agora com humildade, para que
possamos levantá-la depois com confiança.
Eram três horas da
tarde. Morreu, porque Ele assim determinara. O
Evangelista que nos relata a morte de Jesus parece ver na
inclinação da cabeça, no momento da morte, a manifestação da
livre vontade de Nosso Senhor; porque ordinariamente a morte
do crucificado se dá de modo inverso: a vítima morre, e,
morto, inclina a cabeça. Três Evangelistas (Mt
27, 50; Mc 15, 37; Lc 23, 46) dizem que Jesus, no
momento de exalar o último suspiro, soltou um alto e
vigoroso grito, circunstância esta que deu ao capitão romano
a convicção de Jesus ser realmente o Filho de Deus, e desta
convicção deu testemunho. Assim a morte de Jesus revela não
só toda a fraqueza de sua verdadeira natureza humana, como
também traz o estigma da sua autonomia divina, de
Deus-Homem.
Jesus morreu em sua majestade do Filho de
Deus, sua morte tem todos os característicos de santidade
perfeitíssima, na execução das mais belas virtudes, na
submissão incondicional à suprema vontade de Deus Pai, pela
obediência, pela confiança e pelo amor a Deus e aos homens.
Sua morte não é só, como a morte de todo o justo é,
“preciosa é aos
olhos do Senhor” (Sl 115, 6),
mas o modelo, a coroa, a consumação, a
fonte de toda morte santa, como de toda a vida. Nós
vivemos na sua morte vivificadora. Tudo isto Ele nos mereceu
com sua morte dolorosa e amaríssima.
Dom Duarte
Leopoldo escreve:
Nenhum dos Evangelistas usou da expressão – MORREU.
Os termos de que todos eles se servem indicam um ato
voluntário, livre e espontâneo.
Santo Afonso
Maria de Ligório ensina:
Jesus, estando na cruz com os pés e as mãos nela cravados,
não tinha liberdade de mover outra parte do corpo além da
cabeça. Diz Santo Atanásio que a morte não ousava tirar a
vida ao autor da vida e por isso foi preciso que ele mesmo,
inclinando a cabeça (única parte que podia mover), chamasse
a morte para que viesse tirar-lhe a vida. Referindo-se a
isso, diz Santo Ambrósio que São Mateus, falando da morte de
Jesus, escreve: Jesus, porém, clamando outra vez com
grande voz, entregou o espírito, para significar que
Jesus não morreu por necessidade ou por violência dos
carrascos, mas porque o quis espontaneamente, para salvar o
homem da morte eterna a que ele estava condenado.
O Pe. Juan
Leal explica:
Inclinar a cabeça. Detalhe próprio de São João Evangelista.
O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. Aqui não
tem outro lugar que a cruz.
O Pe. Juan
de Maldonado comenta:
Jesus Cristo, não por fraqueza, mas
por sua vontade, inclinou a cabeça.
ORAÇÃO: Ó
bom Pastor! Quão bem tem cumprido com Vosso ofício, dando a
vida por suas ovelhas! Ó sumo Sacerdote! Quão bom sacrifício
tem oferecido de Vós mesmo nesse altar da cruz! Ó
sapientíssimo Mestre! Quão grande lição de justiça e
santidade tem ensinado nessa cátedra! Ó Redentor
generosíssimo! Quão copioso preço tem dado pela redenção dos
vossos cativos! Mas, quão grande é a ingratidão dos homens
que se atrevem a ofender a um Senhor tão bom e rico em
misericórdia. Amém!
Pe. Divino Antônio
Lopes FP (C)
Anápolis, 15 de
março de 2015
Bibliografia
Sagrada Escritura
Pe. Ramón Genover,
Meditações Espirituais para todo o ano
Dom Duarte
Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos
Santo Afonso Maria
de Ligório, A Paixão do Senhor
Pe. Juan Leal, A
Sagrada Escritura
Pe. Juan de
Maldonado, Comentários de São Mateus
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