QUEBRAR AS PERNAS

(Jo 19, 31)

 

“... pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e fossem retirados”.

 

Considera aqui a maldade desses príncipes dos sacerdotes, os quais, com título de fingida religião, encobriram sua crueldade e inveja, porque pretenderam que quebrassem as pernas de Nosso Senhor para dar-Lhe esse novo tormento, se estivesse vivo... ou ao menos para que passasse por essa nova injúria, se estava morto. E pediram que O tirasse da cruz, porque observavam que as pessoas ficavam aflitas em vê-lO e diziam que Ele era justo e Filho de Deus... querendo tirá-lO diante dos  olhos das pessoas para obscurecer sua glória. Do qual tem de tirar um saudável temor dos julgamentos de Deus a respeito dos obstinados e endurecidos pecadores, aos quais os milagres, em vez de abrandar, endurecem mais e mais, acrescentando pecados aos pecados, para levar adiante seu desejo. Pondera como Pilatos atendeu logo o pedido dos judeus, mandou aos soldados que o fizesse; os quais foram ao Calvário e quebraram as pernas dos ladrões; mas Jesus Cristo já estava morto, então não quebraram as suas pernas. Jamais os projetos dos homens podem prevalecer contra os de Deus, o qual não quis que quebrassem as pernas de Jesus Cristo, em cumprimento da profecia que diz: Não lhe quebraram nenhum osso. Isso significava que os tormentos da Paixão, ainda que terríveis, não quebrariam sua fortaleza e paciência, não diminuiria a caridade nem as virtudes sólidas significadas pelos ossos, mas as conservariam inteiras, por mais que os Demônios pretendessem quebrá-las; e o mesmo acontecerá com os seus escolhidos, se confiados nas virtudes de Jesus Cristo, lutarem com garra contra seus inimigos.

O Pe. Juan Leal explica: Quebrar as pernas era o final de muitos crucificados, quando era necessário para encurtar-lhes a vida.

O Pe. Manuel de Tuya escreve: Pilatos enviou soldados para aplicar o “crurifragium”. Porém, quebraram primeiro as pernas dos dois ladrões. Não se sabe porque foram primeiro aos dois ladrões, deixando Jesus Cristo no meio. Tudo indica, foram dois soldados que quebraram as pernas dos dois ladrões. Como Jesus Cristo já estava morto, não lhe aplicaram o tormento do “crurifragium”.

O Pe. Luis de La Palma comenta: Mas tudo tinha que se cumprir: Não lhe quebrareis osso algum (Ex 12, 46); não quebrarão nenhum dos seus ossos (Nm 9, 12); Ele protege cada um de seus ossos: nem um só deles será quebrado (Sl 33, 21). Assim se cumpriu a Escritura: nenhum dos seus ossos será quebrado (Jo 19, 36). Apesar de seus inimigos pediram o contrário. O Senhor morreu quando quis, apesar do esforço dos sacerdotes. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas (Jo 19, 32-33).

 

ORAÇÃO: Ó Deus eterno! Vós que livrais os justos de muitas tribulações e guardais seus ossos sem que nenhum seja quebrado; conservai em nós a fortaleza nos trabalhos e guardai as virtudes interiores da nossa alma, porque se Vós não guardais esses ossos, eles serão quebrados pelos nossos inimigos. Amém!

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 16 de março de 2015

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Ramón Genover, Meditações Espirituais para todo o ano

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia Comentada

Pe. Luis de La Palma, A Paixão do Senhor

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Quebrar as pernas”.

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