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					RETIRARAM SEU 
					CORPO 
					
					(Jo 19, 38) 
					  
					
					“Vieram, então, e 
					retiraram seu corpo”. 
					  
					
					Sobre essa 
					passagem é preciso considerar primeiramente a providência e 
					cuidado que Deus tem com os seus amigos: vivos 
					e defuntos. Estava o corpo de Jesus Cristo 
					pendente da cruz diante dos seus conhecidos; algumas 
					mulheres devotas O contemplavam de longe por medo dos 
					judeus; sua Mãe Santíssima e São João Evangelista com Maria 
					Madalena, estavam perto d’Ele; porém, chorosos e tristes por 
					sua morte e angustiados porque não sabiam como descer da 
					cruz tão precioso corpo, temendo que se os soltados O 
					descessem da cruz, seria com grande grosseria e estupidez. 
					Em tão grande apuro, não faltou a providência daquele 
					amoroso Pai que consola os aflitos e protege os humilhados, 
					e assim o fez nessa ocasião, determinando que na mesma cruz 
					começassem as exaltações de Jesus Cristo. Para esse fim 
					inspirou o Senhor um homem chamado José (José de 
					Arimatéia) que se encarregasse deste trabalho, o qual 
					era nobre e rico, porque assim convinha para poder 
					desempenhá-lo. José de Arimatéia era também bom e justo, 
					desejoso do reino de Deus, porque Deus não quis escolher um 
					homem mau e vicioso... de pouca caridade. O Senhor não fez 
					caso de sua nobreza e riqueza, mas sim, que elas estavam 
					acompanhadas da bondade e justiça. Este homem havia 
					sido discípulo de Jesus Cristo; porém, estava assustado e 
					intimidado por temor dos judeus; mas com grande coragem se 
					manifestou e foi até onde estava Pilatos para pedir o corpo 
					de Jesus Cristo para dar-Lhe sepultura. 
					
					Considera como, 
					chegados ao Calvário esses dois piedosos homens 
					(José de Arimatéia e Nicodemos), encostaram uma 
					escada na cruz, tiraram dela o corpo de Jesus Cristo com 
					grande reverência e devoção, 
					misturado com grande compaixão e 
					lágrimas. Despregaram os sagrados pés e mãos, 
					beijando-os com grande ternura; tiraram, depois, a coroa de 
					espinhos de sua cabeça. Assim que despregaram o corpo da 
					cruz, abraçaram o mesmo para sustentar ao que antes 
					sustentavam os cravos. 
					
					Pondera como, 
					descendo o sagrado corpo da cruz, O recebeu a Virgem Maria 
					em seus braços e o abraçou... muito mais O abraçou a 
					sua alma, toda transpassada de dor. Também se 
					aproximou Maria Madalena abraçando os seus pés, donde 
					alcançou o perdão de seus pecados... e vendo-os tão 
					rasgados, o seu coração inundou de dor e de seus olhos 
					saíram muitas lágrimas de compaixão. João, o discípulo 
					amado, tocou no peito do Senhor, donde se havia encostado a 
					cabeça durante a última ceia... e vendo aberto o peito do 
					Senhor, beijou-O com amor e lágrimas, e desejou entrar nesse 
					amado peito para dormir outro sono de contemplação bem mais 
					profundo que o do passado. 
					
					Pe. Luis de 
					La Palma comenta:
					À tardinha 
					(Mt 27, 57) José se apresentou diante de Pilatos para 
					lhe pedir o corpo. Era o dia da Preparação e já ia 
					principiar o sábado (Lc 23, 54). Os judeus começavam 
					a se guardar, ao pôr do sol, depois já não poderiam descer o 
					corpo e se ocupar com a sepultura. Vendo que restava pouco 
					tempo, e se não fossem rápidos, o corpo teria que ficar 
					exposto durante todo o dia seguinte. José, sozinho e 
					corajosamente, correu a Pilatos para pedir o corpo; foi 
					valente, pois, com essa atitude se declarava amigo de Jesus, 
					arriscando perder seu cargo e prestígio no conselho. 
					José de Arimatéia preferiu perder a honra perante os outros, 
					para conseguir tomar parte da cruz do Senhor. Não teve 
					respeitos humanos, nem se preocupou com o que Pilatos 
					pudesse pensar, e pediu a maior riqueza da terra: 
					o corpo de Jesus; o Filho de Deus, o Pão da Vida. 
					José, naquele momento manifestava o desejo e a necessidade 
					de toda a Igreja. Pilatos admirou-se de que ele tivesse 
					morrido tão depressa. E, chamando o centurião, perguntou se 
					já havia muito tempo que Jesus tinha morrido (Mc 15, 44).
					Talvez a notícia da morte, trouxesse a Pilatos, um 
					remorso, por isso, admirou-se. Enquanto estivesse 
					vivo, sua consciência adiava o pensamento pela injustiça 
					cometida. Agora seus pensamentos o remoíam, faziam-no 
					lembrar de Jesus sereno e toda sua omissão perante o 
					julgamento. Atormentava-lhe a ideia de ter condenado uma 
					divindade; tinha visto a terra tremer e o sol escurecer 
					durante três horas, sua covardia ficava clara. Pilatos 
					desejava um milagre: que aquela morte injusta não 
					acontecesse. Por isso, admirou-se que já estivesse morto, 
					sabia por experiência, que muitas vezes os condenados 
					ficavam agonizando por dias. Não acreditava nesta morte tão 
					rápida, pois Jesus era forte; há pouco os judeus pediram 
					para que se quebrassem as pernas dos condenados, para 
					apressarem suas mortes. Pilatos não percebia que o Senhor 
					tinha passado uma noite e uma manhã inteira em tormentos, 
					tinha sido flagelado, perdido muito sangue e carregado uma 
					pesada cruz. E, sobretudo, havia uma dor que Pilatos nunca 
					saberia: a agonia interior, a dor que sofreu por amor, que é 
					infinita. Por isso, aquelas três horas foram uma eternidade. 
					Pilatos admirou-se tanto que não acreditou em José. 
					Certificou-se com o centurião, como este confirmou, 
					finalmente acreditou. Talvez o centurião, não só tenha 
					confirmado a morte, como lhe contado que aquele homem era 
					realmente Filho de Deus. Pilatos ficaria assim, mais confuso 
					e perturbado. Obtida a resposta afirmativa do centurião, 
					mandou dar-lhe o corpo (Mc 15, 45). José saiu alegre 
					com a autorização e preparou o necessário para o 
					sepultamento, não se preocupava mais em fazer escondido, não 
					estava mais com medo; sentia-se orgulhoso que soubessem que 
					era amigo de Jesus. 
					
					O Pe. Juan Leal escreve:
					José de Arimatéria, lugar de origem que alguns 
					identificam com Ramle, perto de Jafa; mas 
					provavelmente é Rentis, mais ao norte de Rama 
					ou Ramataim Sofim, pátria de Samuel (1 Sm 1, 1), não 
					longe de Ludd. José era membro do sinédrio e rico, 
					bom e Justo. Discípulo: em amplo sentido, ainda que 
					secreto (Jo 7, 13; 9, 22). O Pseudo-Pedro acrescenta que 
					José era amigo de Pilatos e de Jesus Cristo. Mc 15, 43 diz 
					que ele foi até Pilatos. O corpo, João o usa somente 
					no sentido de cadáver. 
					  
					
					ORAÇÃO: Ó 
					amantíssimo Jesus! Bem se vê nesse ilustre homem a virtude 
					de Vossa santa Paixão, para expulsar da alma toda covardia e 
					preguiça, enchendo-a de um santo atrevimento para enfrentar 
					as dificuldades que antes temia e os obstáculos que a fazia 
					fugir. Ó Senhor, coloque no nosso coração uma grande força 
					para enfrentarmos sem medo todas as provações que surgirem 
					pelo caminho. Amém! 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 18 de 
					março de 2015 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Ramón Genover, Meditações Espirituais 
					para todo o ano 
					
					Pe. Luis de La Palma, A Paixão do Senhor 
					
					Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura 
                      
					  
                      
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