LENÇOL LIMPO
(Mt 27, 59)
“José, tomando o
corpo, envolveu-o num lençol limpo”.
Recebida a
licença, José de Arimatéia comprou um LENÇOL LIMPO,
e veio também com ele outro homem chamado Nicodemos,
trazendo consigo uma mistura ou unguento de mirra e aloés,
como cem libras, para ungir o corpo de Jesus Cristo.
Considera aqui o cuidado que teve a Providência de dar para
José de Arimatéia um COMPANHEIRO QUE O AJUDASSE,
igual a ele, porque também era nobre e justo, e discípulo de
Jesus Cristo, ainda que oculto. Nosso Senhor sabe quanto
importa JUNTAREM-SE DOIS QUE SEJAM BONS PARA REALIZAR
AS OBRAS DE CARIDADE, animando-se e esforçando-se um
ao outro com o BOM EXEMPLO. José de Arimatéia
ACABOU DE PERDER O MEDO COM A COMPANHIA de
Nicodemos, e este com a COMPANHIA de José, e
ambos com grande fortaleza realizaram essa
obra; porque, como disse o Sábio: quando um irmão
ajuda outro irmão, ambos são como uma cidade muito forte; e
como Cristo nosso Senhor, em sua vida, enviava os seus
discípulos de dois a dois, assim agora, na sua morte,
ESCOLHE OUTROS DOIS DISCÍPULOS para que
retirem o seu corpo da cruz, porque é desejo seu que todas
as obras sejam realizadas com caridade. Porém, assim como
cada um desses dois homens trouxe algo para a sepultura de
Jesus Cristo: José de Arimatéia trouxe um LENÇOL para
ENVOLVER o corpo, comprando-o NOVO em
uma tenda, porque julgou que não convinha usar um lençol que
já fora usado por outros, e Nicodemos trouxe um precioso
unguento, e em grande quantidade, para ungi-lO todo;
assim também, quem oferece seu coração ao serviço de Jesus
Cristo, deve realizar muitas boas obras com o desejo ardente
de agradá-lO, procurando que essas obras sejam PURAS e
LIMPAS, misturando com mortificação e
devoção, preciosas e muitas; de modo que nem por ser
preciosas sejam poucas, nem por ser muitas, sejam de pouco
preço. Com que
perfeição realizamos as obras para a glória de Deus? As
amizades que possuímos nos ajudam a servir a Jesus Cristo ou
nos atrapalham?
Santo Afonso
Maria de ligório comenta:
Jesus veio ao mundo não só para
remir-nos como também para ensinar-nos, com seu exemplo,
todas as virtudes e de modo especial a humildade e a santa
pobreza, companheira inseparável da humildade. Por isso quis
nascer pobre numa gruta, viver pobre numa oficina por trinta
anos, e finalmente morrer pobre e nu sobre uma cruz, vendo
com seus próprios olhos como os soldados sorteavam suas
vestes antes de expirar. Depois de morto teve que receber de
outros por esmola, um LENÇOL para ser sepultado.
Consolem-se, pois, os pobres, vendo Jesus Cristo, rei do céu
e da terra, viver e morrer como pobre, para nos enriquecer
com seus merecimentos e seus bens, como dizia o Apóstolo:
Porque por vós ele se fez pobre, sendo rico, para que por
sua pobreza vos tornásseis ricos (2 Cor 8,9). Tendo isso em
vista, os santos, para se assemelharem a Jesus, pobre,
desprezaram todas as riquezas e honras do mundo, para um dia
gozarem com Jesus Cristo das riquezas e honras celestes
preparadas por Deus para aqueles que o amam. Falando desses
bens, escreve o Apóstolo: O olho não viu, o ouvido não
ouviu, nem chegou jamais ao coração do homem o que Deus
preparou para aqueles que o amam (1Cor 2,9).
O Pe. Luis
de La Palma escreve:
Depois de ter comprado um pano de linho, José de Arimatéia
tirou-O da cruz. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em
panos com aromas, como os judeus costumam sepultar. José fez
questão de comprar um PANO NOVO, não quis
envolver o corpo do Senhor com um LENÇOL
usado, mesmo que fosse limpo. Aprendamos com José a
tratar com toda essa delicadeza, quando comungamos o corpo
do Senhor. Nicodemos trouxe cem libras de aromas, cerca de
trinta quilos. Aplicaram-lhe os aromas em seu corpo e
cobriram- no com o LENÇOL NOVO. O corpo do Senhor ficou todo
perfumado com mirra e aloés.
O Pe. Juan Leal ensina:
A lei romana concedia os cadáveres dos executados aos
parentes ou amigos que os solicitassem. Pilatos mandou que
entregasse o corpo de Jesus para José de Arimatéia (Mc 15,
44-45). Ele comprou um LENÇOL BRANCO e NOVO
para envolver o corpo de Jesus Cristo.
ORAÇÃO: Meu Jesus desprezado, amor e
alegria de minha vida. Com vosso exemplo, tornaste possível
aos que vos amam, amar também os desprezos. De hoje em
diante eu vos prometo sofrer, por vosso amor, todas as
ofensas, já que por meu amor fostes tão injuriado pelos
homens, neste mundo. Dai-me forças para realizá-lo, fazei-me
conhecer e praticar tudo o que desejais de mim. Amém!
Pe. Divino Antônio
Lopes FP (C)
Anápolis, 18 de
março de 2015
Bibliografia
Sagrada Escritura
Pe. Ramón Genover, Meditações Espirituais
para todo o ano
Santo Afonso Maria de Ligório, A Paixão do
Senhor e a Prática do amor a Jesus Cristo
Pe. Luis de La Palma, A Paixão do Senhor
Pe. Juan Leal, A Sagrada
Escritura
Ulpian, Digest.
XLVIII 24, 1
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