O TÚMULO VAZIO. A MENSAGEM DO
ANJO
(Mt 28, 1-8)
“1
Após o sábado, ao raiar do primeiro dia da semana, Maria
Madalena e a outra Maria vieram ver o sepulcro. 2
E eis que houve um grande terremoto: pois o Anjo do Senhor,
descendo do céu e aproximando-se, removeu a pedra e
sentou-se sobre ela. 3 O seu
aspecto era como o do relâmpago e a sua roupa, alva como a
neve. 4 Os guardas tremeram de
medo dele e ficaram como mortos. 5
Mas o Anjo, dirigindo-se às mulheres, disse-lhes: ‘Não
temais! Sei que estais procurando Jesus, o crucificado.
6 Ele não está aqui, pois
ressuscitou, conforme havia dito. Vinde ver o lugar onde ele
jazia. 7 Ide já contar aos
discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que ele vos
precede na Galiléia. Ali o vereis. Vede bem, eu vo-lo
disse!’ 8 Elas, partindo
depressa do túmulo, com medo e grande alegria, correram a
anunciá-lo aos seus discípulos”
(conferir também: Mc 16, 1-8; Lc
24, 1-8 e Jo 20, 1-2).
É domingo! É madrugada! O Senhor
ressuscitou: “É Páscoa, a Páscoa do
Senhor... Não figura, não história, não sombra, mas a
verdadeira Páscoa do Senhor”
(Santo Hipólito de Roma, Das
orações dos primeiros cristãos, 44).
É domingo! Ainda está escuro! O
Amigo Jesus não está mais no túmulo, mas ressuscitou:
“Ó
Cristo ressuscitado, convosco também nós devemos
ressuscitar”
(J. H. Newman, Maturidade cristã, pp. 190-194).
É domingo! O dia está quase
clareando! O Imaculado Cordeiro vive e triunfa:
“Ó Jesus,
ressuscitado dos mortos por divino poder, abristes para nós
a eternidade e nos ensinastes os caminhos da vida...”
(São Boaventura, O lenho da vida 34-35, Obr. Mist., pp. 113-114).
É domingo! Nosso Senhor
ressuscitou! Alegremo-nos e regozijemo-nos, porque não pode
existir tristeza num coração que serve ao Senhor da Vida:
“Ressuscite eu convosco”
(L. da Ponte, Meditações V, 2, 4).
Em Mt 28, 1 diz:
“Após o sábado,
ao raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra
Maria vieram ver o sepulcro”, em Mc 16, 1-2 diz também:
“Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e
Salomé compraram aromas para ir ungi-lo. De madrugada, no
primeiro dia da semana, elas foram ao túmulo ao nascer do
sol”, em Lc 24, 1-3 diz ainda: “No primeiro dia da semana,
muito cedo ainda, elas foram à tumba, levando os aromas que
tinham preparado. Encontraram a pedra do túmulo removida,
mas, ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus”, e
em Jo 20, 1 diz: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena
vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro, e
vê que a pedra fora retirada do sepulcro”.
Conforme os trechos acima, o sol
ainda não havia nascido, e as piedosas mulheres, Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé, já estavam a caminho
do sepulcro onde o corpo de Nosso Senhor havia sido
colocado. Elas levavam aromas para ungir o corpo do
Imaculado Cordeiro: “Aonde ides, ó Maria Madalena, em
companhia das piedosas mulheres? Para onde vos dirigis com
este passo apressado? Ides ao sepulcro...”
(Bem-aventurado
Charles de Foucauld, Sobre as festas do ano, Ob. Esp., pp.
302-306).
Elas tinham seguido a Cristo
Jesus quando vivo, e não queriam deixá-lO agora que estava
morto.
Aprendamos dessas piedosas
mulheres a amar a Cristo Jesus de todo o coração, e não por
interesse ou da boca para fora.
A Palavra de Deus não diz,
“levantando bem cedo”, mas sim,
“...vieram”
(Mt 28,1),
“...foram”
(Mc 16, 2) e
“...vai”
(Jo 20, 1). Será que essas
piedosas mulheres conseguiram dormir naquela noite? Será que
o amor que ardia em seus corações, por Cristo Jesus, deixou
que elas repousassem? “...pois o amor é forte, é como a
morte!...suas chamas são chamas de fogo”
(Ct 8, 6).
Imitemo-las! Elas enfrentaram a
escuridão para irem ao sepulcro do Senhor. Com o coração
ardendo de amor pela Luz Eterna, não tiveram medo da
escuridão.
Que nenhuma escuridão, isto é,
perseguição, crítica ou zombaria, nos impeçam de caminharmos
ao encontro de Cristo Jesus. Aquele que ama de verdade, não
recua diante dos obstáculos: “Deus é minha luz e minha
salvação: de quem terei medo?”
(Sl 27, 1).
Imitemo-las! As mulheres
piedosas não temeram encontrar os judeus pelo caminho; o
amor pelo Doce Senhor as fortaleciam, e assim, não
retrocederam, mas caminharam com valentia e firmeza:
“Ainda
que um exército acampe contra mim, meu coração não temerá”
(Sl
27, 3).
Não nos intimidemos diante das
ameaças dos inimigos de Nosso Senhor e do Santo Evangelho;
mas caminhemos com a cabeça erguida e com o coração cheio de
fortaleza ao encontro do Senhor que nos ama e deu a vida por
nós: “Eu ainda não o amava, e Ele já me tinha Amor”
(São
Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3).
Imitemo-las! Essas mulheres
sabiam muito bem que a pedra que estava na porta do sepulcro
era enorme e pesada; mesmo assim continuaram a caminhar,
porque o amor que reinava em seus corações superava todos os
obstáculos.
Quando surgirem obstáculos à
nossa frente, pedras e mais pedras, não desanimemos nem
recuemos; pelo contrário, lutemos corajosamente confiando no
Senhor que dá a vitória àquele que persevera:
“O cristão
nasceu para a luta, e quanto mais encarniçada se apresenta,
tanto mais segura há de ser a vitória com o auxílio de Deus”
(Leão XIII, Encíclica Sapientiae christianae, n° 19).
As piedosas mulheres foram
“de
madrugada”
(Mc 16, 2) ao túmulo de Nosso Senhor.
Aprendamos dessas mulheres a
buscarmos o Senhor desde cedo; não iniciemos as nossas
atividades sem antes rezarmos fervorosamente:
“É a ti que eu
suplico, Deus! De manhã ouves minha voz; de manhã eu te
apresento minha causa e fico esperando...”
(Sl 5, 4).
Em Mt 28, 2-4 diz:
“E eis que
houve um grande terremoto: pois o Anjo do Senhor, descendo
do céu e aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se sobre
ela. O seu aspecto era como o do relâmpago e a sua roupa,
alva como a neve. Os guardas tremeram de medo dele e ficaram
como mortos”.
Sobre o anjo:
“O seu aspecto era
como o do relâmpago e a sua roupa, alva como a neve”. Era um
sinal externo do prodígio divino que tinha tido lugar.
Cristo tinha ressuscitado; o túmulo já estava vazio:
“Nada
nos dizem os evangelistas sobre a hora e o modo como saiu
Jesus do sepulcro. O mais provável é que Jesus já tivesse
ressuscitado quando teve lugar o tremor de terra. O corpo
glorioso do Senhor teria atravessado a rocha como um raio de
sol passa por um cristal. Os guardas encheram-se de medo;
estavam tão aterrorizados (não era para menos) que ficaram
como mortos. Saíram fugindo precipitadamente para a cidade”
(Pe. Francisco Fernández-Carvajal), e:
“Jesus se apressou a
ressuscitar quanto antes porque tinha pressa em consolar sua
Mãe e os discípulos: esteve no sepulcro o tempo estritamente
necessário para cumprir os três dias profetizados.
Ressuscitou ao terceiro dia, mas o antes que pôde, ao
amanhecer, com o primeiro raio da aurora, quando ainda
estava escuro
(Jo 20, 1), antecipando o amanhecer com a sua
própria luz”
(São Leão Magno, Sermón 71, 2).
Em Mt 28, 5-8 diz:
“Mas o Anjo,
dirigindo-se às mulheres, disse-lhes: ‘Não temais! Sei que
estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui,
pois ressuscitou, conforme havia dito. Vinde ver o lugar
onde ele jazia. Ide já contar aos discípulos que ele
ressuscitou dos mortos, e que ele vos precede na Galiléia.
Ali o vereis. Vede bem, eu vo-lo disse!’ Elas, partindo
depressa do túmulo, com medo e grande alegria, correram a
anunciá-lo aos seus discípulos”.
A pedra pesada não estava mais
na porta do sepulcro. Está claro que Nosso Senhor recompensa
aquele que O busca com perseverança e confiança:
“Espera em
Deus, sê firme! Fortalece teu coração e espera em Deus”
(Sl
26, 14).
Vencido o primeiro temor, as
piedosas mulheres, a convite do anjo entraram no túmulo:
“Vinde ver o lugar onde ele jazia”. Antes, o anjo lhes havia
dito que o Senhor havia ressuscitado, que o Imaculado
Cordeiro vencera a morte: “Ele não está aqui, pois
ressuscitou, conforme havia dito”.
A felicidade que reinava no
coração das piedosas mulheres, deve reinar também no nosso
coração. O Senhor da vida não está mais no túmulo escuro,
mas ressuscitou.
Saiamos nós do túmulo escuro do
pecado, e com a luz da graça santificante em nossa alma,
sentiremos a verdadeira felicidade em servir a Cristo
ressuscitado.
Jesus Cristo não está mais
deitado naquela pedra fria do túmulo, mas ressuscitou.
Deixemos a indiferença e a
ingratidão, pedras frias, de lado, e nos esforcemos para
transformar o nosso coração numa fornalha ardente de amor a
Cristo.
O anjo disse às mulheres:
“Ide
já contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos...
Elas, partindo depressa do túmulo, com medo e grande
alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos”.
As piedosas mulheres, ao ouvirem
o que o anjo lhes dissera, saíram do sepulcro com os
corações radiantes de alegria.
Elas não esperaram mais nenhum
minuto, mas “... partiram depressa...”, com
“... grande
alegria” e “... correram”:
“Felizes mulheres; a elas foi
confiado anunciarem ao universo a ressurreição. E era justo;
assim como no princípio do mundo a ruína começou pela
mulher, assim também agora a salvação devia ser
primeiramente anunciada pela mulher: a primeira no mal, a
segunda no bem”
(Santo Ambrósio).
Imitemo-las! Se acreditamos que
o Senhor ressuscitou verdadeiramente, por que vivermos
dentro do túmulo do comodismo? “A nossa missão de cristãos é
proclamar essa realeza de Cristo, anunciá-la com a nossa
palavra e as nossas obras. O Senhor quer os seus em todas as
encruzilhadas da terra... Estes cristãos devem, pois, levar
Cristo a todos os ambientes em que as suas tarefas humanas
se desenvolvem: à fábrica, ao laboratório, ao cultivo da
terra, à oficina do artesão, às ruas das grandes cidades a
aos caminhos da montanha”
(São Josemaría Escrivá, É Cristo
que passa, 105).
Imitemo-las! Se o Senhor, Luz
Eterna, ressuscitou; descruzemos os braços e O proclamemos a
todos que vivem nas trevas: “São necessários arautos do
Evangelho, peritos em humanidade, que conheçam a fundo o
coração do homem de hoje, participem das suas alegrias e
esperanças, das suas angústias e tristezas, e ao mesmo tempo
sejam contemplativos, enamorados de Deus. Para isso são
precisos novos santos (...). Devemos suplicar ao Senhor que
aumente o espírito de santidade na Igreja e nos envie novos
santos para evangelizar o mundo de hoje”
(João Paulo II,
Discurso ao Simpósio de Bispos Europeus, 11-X-1985).
Cristo ressuscitou! O sepulcro
está vazio!
Não nos acomodemos, mas corramos
apressadamente e com alegria ao encontro daqueles que vivem
adormecidos no erro, e dos católicos que estão soterrados na
indiferença.
Cristo ressuscitou! O sepulcro
está vazio!
É uma contradição monstruosa
dizer ser seguidor de Cristo, e viver adormecido no túmulo
do pecado.
O Senhor está vivo! Acorda tu
que dormes!
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 04 de abril de 2007
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