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                    OS DOIS DISCÍPULOS DE EMAÚS 
                    
                    (Lc 24, 
                    13- 35) 
                      
                    
                    
                    “13 
                    Eis que dois deles viajavam nesse mesmo dia para um povoado 
                    chamado Emaús, a sessenta estádios de Jerusalém; 
                    14 
                    e conversavam sobre todos esses acontecimentos. 
                    15 
                    Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio 
                    Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles; 
                    16 
                    seus olhos, porém, estavam impedidos de reconhecê-lo. 
                    17 
                    Ele lhes disse: ‘Que palavras são essas que trocais enquanto 
                    ides caminhando?’ E eles pararam, com o rosto sombrio. 
                    
                    
                    18 
                    Um deles, chamado Cléofas, lhe perguntou: ‘Tu és o único 
                    forasteiro em Jerusalém que ignora os fatos que nela 
                    aconteceram nestes dias?’ – 
                    
                    19 
                    ‘Quais?’, disse-lhes ele. Responderam: ‘O que aconteceu a 
                    Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obra e em 
                    palavra, diante de Deus e diante de todo o povo: 
                    20 
                    nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram 
                    para ser condenado à morte e o crucificaram. 
                    
                    21 
                    Nós esperávamos que fosse ele quem iria redimir Israel; mas, 
                    com tudo isso, faz três dias que todas essas coisas 
                    aconteceram! 
                    22 
                    É verdade que algumas mulheres, que são dos nossos, nos 
                    assustaram. Tendo ido muito cedo ao túmulo 
                    
                    23 
                    e não tendo encontrado o corpo, voltaram dizendo que tinham 
                    tido uma visão de anjos a declararem que ele está vivo.
                    24 
                    Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas 
                    tais como as mulheres haviam dito; mas não o viram!’ 
                    
                    
                    25 
                    Ele, então, lhes disse: ‘Insensatos e lentos de coração para 
                    crer tudo o que os profetas anunciaram! 
                    
                    26 
                    Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse 
                    em sua glória?’ 
                    27 
                    E, começando por Moisés e por todos os Profetas, 
                    interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia 
                    respeito. 
                    
                    
                    28 
                    Aproximando-se do povoado para onde iam, Jesus simulou que 
                    ia mais adiante. 
                    29 
                    Eles, porém, insistiram, dizendo: ‘Permanece conosco, pois 
                    cai a tarde e o dia já declina’. Entrou então para ficar com 
                    eles. 
                    30 
                    E, uma vez à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, depois 
                    partiu-o e distribuiu-o a eles.  31
                    
                    Então 
                    seus olhos se abriram e o reconheceram; ele, porém, ficou 
                    invisível diante deles. 
                    
                    32 
                    E disseram um ao outro: ‘Não ardia o nosso coração quando 
                    ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as 
                    Escrituras?’ 
                    
                    
                    33 
                    Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém. 
                    Acharam aí reunidos os Onze e seus companheiros, 
                    34 
                    que disseram: ‘É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a 
                    Simão!’ 
                    35 
                    E eles narraram os acontecimentos do caminho e como o haviam 
                    reconhecido na fração do pão”. 
                      
                    
                      
                      
                    
                    
                    Dois homens vinham de Jerusalém: um deles 
                    chamava-se Cléofas (gr. Kleopas, forma abreviada de 
                    Kleopatras, “pai ilustre”, DB, pág. 175). Era a hora do 
                    ocaso: a primavera enchia de alegria os prados em torno, e 
                    de cantos os tufos das palmeiras e os galhos largos das 
                    figueiras; os dois caminhavam para o povoado de Emaús:
                    “... 
                    viajavam... para um povoado chamado Emaús, a sessenta 
                    estádios de Jerusalém”
                    (Lc 24, 13). 
                    
                    
                    
                     Emaús:
                    
                    “Cidade da Sefelá, palco da vitória de Judas sobre Górgias 
                    em 166 a.C. (1 Mc 3, 40-57; 4, 3), fortificada por Lisias em 
                    160 a.C. (1 Mc 9, 50). Foi em Emaús que Jesus apareceu aos 
                    dois discípulos depois da ressurreição (Lc 24, 13ss). O 
                    local não pode ser identificado com certeza. O nome antigo 
                    sobrevive na atual Amwas, a cerca de 30 Km a ONO. de 
                    Jerusalém. O texto original de Lc apresenta sessenta 
                    estádios de Jerusalém, cerca de onze quilômetros; a 
                    distância de 30 Km torna impossível a ida e volta em um dia 
                    de que fala Lc. Por essa razão, são preferidos outros 
                    locais, particularmente a aldeia de el Qubeiheh, a cerca de 
                    17 Km de Jerusalém, na estrada atual, na mesma direção”
                    (DB, 
                    pág. 277). 
                    
                    
                    Em Lc 24, 14 diz: 
                    “... conversavam 
                    sobre todos esses acontecimentos”. 
                    
                    Os 
                    dois discípulos, entristecidos, conversavam sobre o que 
                    tinha acontecido com Nosso Senhor, principalmente sobre a 
                    Sua morte no Calvário. Mesmo estando envoltos na “nuvem 
                    escura” da tristeza, eles não escolheram outro assunto 
                    durante a caminhada, mas preferiram falar dos acontecimentos 
                    relacionados a Cristo Jesus. 
                    
                    
                    Muitas pessoas, quando estão passando por provações, se 
                    esquecem completamente de Deus, de suas bocas saem somente 
                    palavras de queixas e de pessimismo. 
                    
                    
                    Sejamos fortes e perseverantes no caminho do 
                    bem. Saibamos olhar para frente, mesmo quando tudo se 
                    escurecer diante de nós: 
                    “A vida sempre foi 
                    semelhante a uma viagem. Frequentemente também, nós 
                    caminhamos no mundo cansados e aflitos por tantas desgraças; 
                    não raro também, como os dois discípulos de Emaús, somos 
                    atormentados por dúvidas de fé que nos tiram a luz da 
                    esperança futura, e nos deixam presa das tentações”
                    (Pe. João Colombo). 
                    
                    
                    
                     Os 
                    discípulos de Emaús 
                    
                    “... conversavam sobre todos esses 
                    acontecimentos”. 
                    Durante a nossa caminhada aqui na terra, imitemos os dois 
                    discípulos, isto é, usemos a nossa língua para dizer somente 
                    aquilo que edifica e agrada a Deus: 
                    “Não saia dos vossos 
                    lábios nenhuma palavra inconveniente, mas na hora oportuna, 
                    a que for boa para edificação, que comunique graça aos que a 
                    ouvirem” 
                    (Ef 4, 29). 
                    
                    
                    Usemos bem a nossa língua para falar das 
                    coisas do alto, principalmente daquele Senhor que deu a vida 
                    para nos salvar, a exemplo de São Domingos de Gusmão que
                    “só 
                    falava com Deus ou sobre Deus” 
                    (Acta 
                    canonizationis sancti Dominici). 
                    
                    
                    Em Lc 24, 15-16 diz: 
                    “Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio 
                    Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles; seus olhos, 
                    porém, estavam impedidos de reconhecê-lo”. 
                    
                    
                    O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve:
                    “Jesus 
                    ressuscitado, como um viajante, alcançou-os e juntou-se com 
                    eles. Isto não era raro nos caminhos da Palestina. Mas não 
                    perceberam que era Ele, pois os seus olhos estavam 
                    incapacitados para o reconhecerem. O Senhor não queria ainda 
                    ser identificado, e eles podiam ter pensado qualquer coisa, 
                    menos que o Mestre estava ao seu lado”, 
                    e: “A 
                    razão disso é que, permanecendo inteiramente idêntico a si 
                    mesmo, o corpo do Ressuscitado encontra-se num estado novo, 
                    que modifica sua forma exterior (Mc 16, 12) e o liberta das 
                    condições sensíveis desse mundo (Jo 20, 19). Quanto ao 
                    estado dos corpos gloriosos, cf. 1 Cor 15, 44+” 
                    (BJ). 
                    
                    
                    
                     Nosso 
                    Senhor entra no diálogo dos discípulos de Emaús com uma 
                    pergunta: 
                    “Que palavras são essas que trocais enquanto 
                    ides caminhando?’ E eles pararam, com o rosto sombrio”
                    (Lc 
                    24, 17). Um deles, Cléofas, 
                    entristecido, respondeu-lhe: 
                    “Tu és o único forasteiro em Jerusalém que ignora os fatos 
                    que nela aconteceram nestes dias?” 
                    (Lc 24, 18). 
                    Cristo pergunta: 
                    “Quais?” 
                    Os discípulos falaram de Nosso Senhor como se 
                    fala de um grande Mestre; mas eles estavam desconcertados e 
                    tristes: 
                    “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta 
                    poderoso em obra e em palavra, diante de Deus e diante de 
                    todo o povo: nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o 
                    entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós 
                    esperávamos que fosse ele quem iria redimir Israel; mas, com 
                    tudo isso, faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 
                    É verdade que algumas mulheres, que são dos nossos, nos 
                    assustaram. Tendo ido muito cedo ao túmulo e não tendo 
                    encontrado o corpo, voltaram dizendo que tinham tido uma 
                    visão de anjos a declararem que ele está vivo. Alguns dos 
                    nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas tais como as 
                    mulheres haviam dito; mas não o viram!” 
                    (Lc 24, 19-24). 
                    
                    
                    Os discípulos de Emaús estavam tristes, mas 
                    não desligados. Amavam a Cristo Jesus de coração, mas 
                    duvidavam: 
                    
                    “Vós, ó Senhor, aparecestes a dois discípulos 
                    que ainda não criam em vós, mas falavam de vós pelo caminho. 
                    Mas não vos destes a conhecer: quisestes aparecer-lhes 
                    externamente aos olhos de seu coração. No fundo de seu 
                    coração eles vos amavam, mas duvidavam. Concedestes-lhes o 
                    benefício de vossa presença porque falavam de vós; mas 
                    porque ainda duvidavam, ocultastes-lhes vossas feições que 
                    vos teriam feito reconhecer...”
                    (São Gregório Magno, Homiliae in 
                    Evangelia 23, 1-3). 
                    
                    
                    Que Nosso Senhor, Luz Eterna, nos ajude a 
                    vivermos sempre na Sua graça, para que O enxerguemos 
                    continuamente, principalmente quando as nuvens das tentações 
                    e perseguições tentarem nos cegar espiritualmente: 
                    “Ó Senhor, 
                    não permitais que minhas culpas ofusquem os olhos do meu 
                    espírito, de modo que, tendo-vos presente, não vos veja, e, 
                    ouvindo no coração vossa voz, não vos reconheça. Se por 
                    vossa  misteriosa providência, vos quiserdes ocultar, não me 
                    falte a presença de vossa graça, a fim de que não deixe eu, 
                    por minha fraqueza, de fazer o que devo” 
                    (Luiz da Ponte, 
                    Meditações V). 
                    
                    
                    Eles falam de Cristo Jesus como de uma 
                    realidade passada: 
                    “Reparai no contraste. Dizem foi!... 
                    E, no entanto, têm-no ao seu lado, caminha com eles, está na 
                    sua companhia perguntando-lhes pela razão, pelas raízes 
                    íntimas da sua tristeza! “Foi”... dizem eles. Nós, se 
                    fizéssemos um exame sincero e detido da nossa tristeza, dos 
                    nossos desalentos, dos nossos altos e baixos, 
                    compreenderíamos que estamos incluídos nessa passagem do 
                    Evangelho. Verificaríamos que dizemos espontaneamente: 
                    “Jesus foi...”, porque esquecemos que, como no caminho 
                    de Emaús, Jesus está vivo e ao nosso lado agora mesmo. Esta 
                    redescoberta aviva a fé, ressuscita a esperança, mostra-nos 
                    Cristo como uma felicidade presente: Jesus é, Jesus prefere, 
                    Jesus diz, Jesus manda, agora, agora mesmo” 
                    (A. G. Dorronsoro). 
                    
                    
                    Em Lc 24, 22 diz: 
                    “É verdade que algumas mulheres, que são dos nossos, nos 
                    assustaram”. 
                    Temos aqui uma imagem dos acontecimentos e da Igreja 
                    incipiente: 
                    “Cléofas e o seu companheiro abrigam o 
                    sentimento de pertencer a uma comunidade que, ainda sem 
                    nome, tem já consciência de existir” 
                    (Pe. Francisco 
                    Fernández-Carvajal). 
                    
                    
                    Depois de ouvir pacientemente os dois 
                    discípulos, Nosso Senhor diz-lhes com amabilidade: 
                    “Insensatos e 
                    lentos de coração para crer tudo o que os profetas 
                    anunciaram! Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso 
                    e entrasse em sua glória?’ E, começando por Moisés e por 
                    todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o 
                    que a ele dizia respeito” 
                    (Lc 24, 25-27). 
                    
                    
                    O Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena 
                    escreve:  
                    “Escutam-no de bom grado, mas ainda não 
                    crêem! A Maria, bastou ser chamada pelo nome para crer no 
                    ressuscitado; aos dois discípulos não basta sua voz, nem 
                    longa conversa com ele, nem ouvi-lo explicar as Escrituras”
                    
                    (Intimidade Divina, 100), e o mesmo 
                    padre explica: 
                    “Na realidade, podemos ter o Senhor junto de 
                    nós, caminhar ao seu lado e não reconhecer! Podemos ter 
                    grande conhecimento da Escritura e não lhe apanhar o sentido 
                    profundo que revela Deus. É assim que não conseguem muitos 
                    dar o salto entre o conhecer e o crer, entre o saber tantas 
                    coisas e perceber a única necessária. Nem o ver o Senhor é 
                    suficiente para crer, se a fé não ilumina interiormente”
                    
                    (Idem). 
                    
                    
                    
                     Em 
                    Lc 24, 28-29 diz: 
                    “Aproximando-se do povoado para onde iam, Jesus simulou que 
                    ia mais adiante. Eles, porém, insistiram, dizendo: 
                    ‘Permanece conosco, pois cai a tarde e o dia já declina’. 
                    Entrou então para ficar com eles”. 
                    
                    
                    Os discípulos disseram ao Senhor: 
                    “Permanece 
                    conosco...” 
                    Não foi um simples convite, algo frio e 
                    indiferente, mas eles 
                    “insistiram” 
                    com Cristo Jesus para que entrasse na casa. 
                    
                    Eles 
                    ouviram profundas e piedosas palavras daquele misterioso 
                    peregrino, e querem ouvi-lO mais. 
                    
                    
                    Tiremos do nosso coração toda frieza e apego 
                    às coisas da terra, e convidemos o Senhor para que entre 
                    nele: 
                    “Ó bom Jesus, ficai comigo, porque na minha alma se vai 
                    escurecendo a luz da fé, vai-se esfriando o fervor da 
                    caridade! Se vos afastardes, tornar-me-ei noite escura e 
                    fria. Ficai comigo, Senhor, porque o dia da minha vida vai 
                    declinando e tenho, mais que nunca, necessidade de vossa 
                    presença... Ficai comigo, Senhor, para que eu possa realizar 
                    meu desejo, e chegar à vida eterna, para ficar, para sempre, 
                    convosco” 
                    (Luis da Ponte, Meditações V). 
                    
                    
                    “Permanece conosco Senhor!” 
                    Sem a Sua doce 
                    presença, a nossa alma se tornaria escrava do pecado: 
                    “Também a 
                    alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela 
                    jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado”
                    (São Macário). 
                    
                    
                    “Permanece conosco Senhor!” 
                    Longe de Sua 
                    proteção, a nossa alma será estraçalhada pelas feras, 
                    inimigas da salvação: 
                    “Ai da alma, se nela 
                    não passeia Deus e com sua voz afugenta as feras espirituais 
                    da maldade!”
                    (São Macário). 
                    
                    
                    “Permanece conosco Senhor!” 
                    Sem a Sua ajuda, a 
                    nossa alma naufragará em paixões vergonhosas: 
                    “Ai da alma que não 
                    tiver em si o verdadeiro piloto, o Cristo! Porque lançada na 
                    escuridão do mar impetuoso e sacudida pelas ondas das 
                    paixões, jogada pelos maus espíritos como em tempestade de 
                    inverno, encontrará afinal a morte”
                    (São Macário). 
                    
                    
                    “Permanece conosco Senhor!” 
                    Tu és a Luz Eterna 
                    que ilumina o nosso caminho; sem a Sua ajuda, já estaríamos 
                    soterrados nos vícios: 
                    “Ficai, luz de minha 
                    alma, porque já é tarde. Sombras densas, que não vêm de vós, 
                    estão para cobrir-me... No meu desalento, na minha tristeza 
                    sinto a necessidade de algo que eu mesmo não consigo chamar 
                    pelo nome. É de vós que tenho necessidade!”
                    (J. H. Newman, Maturidade cristã, pp. 
                    282-284). 
                    
                    
                    “Permanece conosco Senhor!” 
                    Porque
                    
                    longe de Ti, ó Fonte do Amor verdadeiro, o nosso coração 
                    estará sempre seco: 
                    “Ó Jesus, fonte da vida, fazei que eu possa 
                    beber daquela água viva que emana de vós, a fim de que, 
                    depois de vos ter saboreado, só de vós tenha sede para 
                    sempre” 
                    (Santa Gertrudes, Exercícios 1, pp. 68-70). 
                    
                    
                    “Permanece conosco Senhor!” 
                    Em Ti encontramos 
                    a verdade que necessitamos para permanecermos firmes no 
                    caminho da santidade: 
                    “Só vós, Senhor, 
                    ensinais a verdade, indicais o caminho da salvação” 
                    (Santa 
                    Teresa de Jesus, Exclamações 8). 
                    
                    
                    “Permanece conosco Senhor!” 
                    Porque Tu és Tudo, 
                    e nós somos nada: 
                    
                    “Quem sou eu sem vós, ó Senhor? Que valho se 
                    não estou unida a vós? E onde vou acabar se mesmo por um 
                    pouco me afasto de vós?”
                    (Santa Teresa de Jesus).
                     
                    
                    
                    Os discípulos de Emaús insistiram com Nosso 
                    Senhor, e Ele, Bondade Infinita, encontrou na casa: 
                    “Entrou então para ficar com eles” 
                    (Lc 24, 29). 
                    
                    
                    Insistamos nós também com o Senhor, para que entre no nosso 
                    coração e nos ajude a percorrermos o caminho da santidade 
                    com alegria e segurança. Se pedirmos com fé, Nosso Senhor 
                    não recusará o nosso pedido.  
                    
                    
                    
                     Em 
                    Lc 24, 30-32 diz: 
                    “E, uma vez à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, depois 
                    partiu-o e distribuiu-o a eles.
                    Então 
                    seus olhos se abriram e o reconheceram; ele, porém, ficou 
                    invisível diante deles. E disseram um ao outro: ‘Não ardia o 
                    nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos 
                    explicava as Escrituras?” 
                    
                    
                    O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
                    “Chegou a hora da ceia, e Jesus presidiu à mesa e realizou 
                    os gestos acostumados: pronunciou a bênção, partiu o pão, 
                    distribuiu-o... como fazia sempre, com o seu estilo próprio. 
                    Então reconheceram-no; os seus gestos eram inconfundíveis”. 
                    
                    
                    Muitos Santos Padres viram nesta ação do 
                    Senhor uma consagração do pão como na Última Ceia. O modo 
                    peculiar com que abençoa e parte o pão fá-los ver que é Ele:
                    “E eis 
                    que vos oferecem hospitalidade... preparam a mesa, e vos 
                    servem pão e iguarias; e como não vos tinham reconhecido 
                    quando lhes explicáveis as Escrituras, vos reconhecem na 
                    fração do pão”
                    (São Gregório Magno, Homiliae in 
                    Evangelia 23). 
                    
                    
                    
                     Os 
                    discípulos reconheceram o Senhor, mas Ele ficou invisível: 
                    “Então seus olhos se abriram e o reconheceram; ele, porém, 
                    ficou invisível diante deles”. 
                    
                    
                    O Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena 
                    escreve: 
                    
                    “Jesus se faz reconhecer num clima de oração 
                    e humildade. Foi o terreno preparado pela explicação das 
                    Escrituras, mas a fé nasce da oração e da intimidade com o 
                    Senhor Ressuscitado. 
                    
                    
                    Se em muitos cristãos a fé é fraca, quase adormecida, 
                    incapaz de informar e transformar sua vida, frequentemente 
                    deve o motivo ser procurado na falta de oração profunda e de 
                    intimidade pessoal com Cristo. Crêem muitos em Jesus, até 
                    aceitar sua pessoa histórica, e admitir o que a Escritura e 
                    os Evangelhos dizem dele; mas não crêem nele como pessoa 
                    ainda hoje viva e presente, que quer ser o companheiro de 
                    seu caminho, o amigo, o hóspede de seu coração. Ainda não se 
                    encontraram com ele na intimidade da oração, do sentar-se 
                    com ele à mesa para partir o pão. Para eles é o banquete 
                    eucarístico simples rito simbólico, mas não um alimentar-se 
                    de Cristo morto e ressuscitado pela sua salvação, um 
                    recebê-lo vivo palpitante no próprio coração, para se 
                    entreterem amistosamente com ele” 
                    (Intimidade 
                    Divina, 100). 
                    
                    
                    Os discípulos de Emaús, depois de ouvir o 
                    Mestre, comentaram entre si: 
                    “Não ardia o nosso 
                    coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos 
                    explicava as Escrituras?” 
                    Está claro que só 
                    Jesus Cristo conseguia falar daquela maneira. 
                    
                    Que 
                    Cristo Jesus esteja sempre no nosso coração! Que Sua Doce 
                    presença o aqueça, transformando-o numa fornalha ardente de 
                    amor. 
                    
                    
                    Em Lc 24, 33- 35 diz: 
                    “Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para 
                    Jerusalém. Acharam aí reunidos os Onze e seus companheiros, 
                    que disseram: ‘É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a 
                    Simão!’ E eles narraram os acontecimentos do caminho e como 
                    o haviam reconhecido na fração do pão”. 
                    
                    
                    Santa Teresa do Menino Jesus escreve: 
                    “Uma alma 
                    inflamada do amor de Deus não consegue ficar inativa”. 
                    Os discípulos de Emaús sentem agora a urgência de voltar a 
                    Jerusalém, onde os apóstolos e alguns outros discípulos se 
                    encontravam reunidos com Pedro. 
                    
                    
                    Quem possui verdadeiramente Cristo no coração 
                    não consegue ficar parado nem de braços cruzados: 
                    “Naquela 
                    mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém”. 
                    
                    Já 
                    era tarde, mesmo assim, não quiseram deixar para o outro 
                    dia; o amor por Cristo Jesus ardia em seus corações. 
                    Voltaram a Jerusalém na mesma hora! 
                    
                    
                    Sejamos católicos fervorosos! Sejamos missionários! Saiamos 
                    do nosso comodismo e indiferença! Falemos a todos que Cristo 
                    ressuscitou, que sem a Sua Luz cairemos nas trevas. 
                    
                    
                    Falemos de Cristo com alegria e convicção! 
                    Falemos hoje, ou melhor, agora! Milhões de pessoas estão 
                    congeladas na vida espiritual, justamente porque faltam 
                    pessoas generosas que as aqueçam com o Amor de Cristo:
                    
                    “Caríssimos irmãos... não basta chamar, convocar e esperar 
                    que as pessoas venham... Deveis ser uma Igreja que procure 
                    as pessoas, que as convide não somente no chamado geral dos 
                    meios de comunicação, mas no convite pessoal, de casa em 
                    casa, de rua em rua, num trabalho permanente, respeitoso mas 
                    presente em todos os lugares e ambientes” 
                    (João Paulo II, 
                    aos Bispos brasileiros dos regionais Nordeste 1 e 4, por 
                    ocasião da visita ad limina Apostolorum 1995-1996). 
                    
                    
                    Descruzemos os braços, deixemos a 
                    “poltronice” e a vida fácil, e caminhemos apressadamente em 
                    busca das pessoas que estão engordando Satanás no chiqueiro 
                    de seus corações. Sacudamos essas pessoas com um fervoroso 
                    convite, chamando-as de volta ao caminho da salvação: 
                    “Nada mais 
                    frio do que um cristão que não se preocupa com a salvação 
                    dos outros”
                    (São João Crisóstomo, Homilia 20, 4: 
                    Pg 60, 162-164). 
                    
                    Hoje, 
                    milhões de católicos, como urubus, correm desesperadamente à 
                    procura da carniça dos bailes e carnaval; mas não dedicam, 
                    sequer, um minuto para evangelizar. 
                    
                    
                    Passam horas e horas nas praias endeusando o próprio corpo; 
                    e não reservam nem uma hora por ano para levar Deus aos 
                    congelados espiritualmente. 
                    
                    O que 
                    esses católicos dirão a Deus na hora do julgamento, quando 
                    comparecerem diante do Senhor com as mãos vazias? 
                    
                    
                    Cuide-se católico! 
                    “Ai de mim, se eu 
                    não anunciar o evangelho!” 
                    (1 Cor 9, 16). 
                      
                      
                    
                    Pe. 
                    Divino Antônio Lopes FP. 
                    
                    
                    Anápolis, 10 de abril de 2007 
              
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