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                    APARIÇÃO À MARGEM DO LAGO DE 
                    TIBERÍADES 
                    
                    
                    (Jo 21, 1-23) 
                      
                    
                    
                    
                    “1 
                    Depois disso, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, 
                    às margens do mar de Tiberíades. Manifestou-se assim: 
                    
                    2 
                    Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, 
                    que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e dois 
                    outros de seus discípulos. 
                    
                    3 
                    Simão Pedro lhes disse: ‘Vou pescar’. Eles lhe disseram: 
                    ‘Vamos nós também contigo’. Saíram e subiram ao barco e, 
                    naquela noite, nada apanharam. 
                    
                    
                    4 
                    Já amanhecera. Jesus estava de pé, na praia, mas os 
                    discípulos não sabiam que era Jesus. 
                    
                    5 
                    Então Jesus lhes disse: ‘Jovens, acaso tendes algum peixe?’ 
                    Responderam-lhe: ‘Não!’ 
                    
                    6 
                    Disse-lhes: ‘Lançai a rede à direita do barco e achareis’. 
                    Lançaram, então, e já não tinham força para puxá-la, por 
                    causa da quantidade de peixes. 
                    
                    7 
                    Aquele discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É o 
                    Senhor!’ Simão Pedro, ouvindo dizer ‘É o Senhor!’, vestiu 
                    sua roupa – porque estava nu – e atirou-se ao mar. 
                    
                    8 
                    Os outros discípulos, que não estavam longe da terra, mas 
                    cerca de duzentos côvados, vieram com o barco, arrastando a 
                    rede com os peixes. 
                    
                    
                    9 
                    Quando saltaram em terra, viram brasas acesas, tendo por 
                    cima peixe e pão. 
                    
                    10 
                    Jesus lhes disse: ‘Trazei alguns dos peixes que apanhastes’.
                    11 
                    Simão Pedro subiu ao barco e arrastou para a terra a rede, 
                    cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes; e apesar 
                    de serem tantos, a rede não se rompeu. 
                    
                    12 
                    Disse-lhes Jesus: ‘Vinde comer!’ Nenhum dos discípulos 
                    ousava perguntar-lhe: ‘Quem és tu?’, porque sabiam que era o 
                    Senhor. 13 
                    Jesus aproxima-se, toma o pão e o distribui entre eles; e 
                    faz o mesmo com o peixe. 
                    
                    14 
                    Foi esta a terceira vez que Jesus se manifestou aos 
                    discípulos, depois de ressuscitado dos mortos. 
                    
                    
                    15 
                    Depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro; ‘Simão, filho 
                    de João, tu me amas mais do que estes?’ Ele lhe respondeu: 
                    ‘Sim, Senhor, tu sabes que te amo’. Jesus lhe disse: 
                    ‘Apascenta os meus cordeiros’. 
                    
                    16 
                    Uma segunda vez lhe disse: ‘Simão, filho de João, tu me 
                    amas?’ – ‘Sim, Senhor’, disse-lhe, ‘tu sabes que te amo’. 
                    Disse-lhe Jesus: ‘Apascenta as minhas ovelhas’. 
                    
                    17 
                    Pela terceira vez disse-lhe: ‘Simão, filho de João, tu me 
                    amas?’ Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe 
                    perguntava ‘Tu me amas?’ e lhe disse: ‘Senhor, tu sabes 
                    tudo; tu sabes que te amo’. Jesus lhe disse: ‘Apascenta as 
                    minhas ovelhas. 
                    
                    18 
                    Em verdade, em verdade, te digo: quando era jovem, tu te 
                    cingias e andavas por onde querias; quando fores velho, 
                    estenderás as mãos e outro te cingirá e te conduzirá aonde 
                    não queres’. 
                    
                    
                    19 
                    Disse isso para indicar com que espécie de morte Pedro daria 
                    glória a Deus. Tendo falado assim, disse-lhe: ‘Segue-me’. 
                    
                    
                    20 
                    Pedro, voltando-se, viu que o seguia o discípulo que Jesus 
                    amava, aquele que, na ceia, se reclinara sobre seu peito e 
                    perguntara: ‘Senhor, quem é que te vai entregar?’ 
                    
                    21 
                    Pedro, vendo-o, disse a Jesus: ‘Senhor, e este?’ 
                    
                    22  
                    
                    Jesus lhe disse: 
                    ‘Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te 
                    importa? Quanto a ti, segue-me’. 
                    
                    23 
                    Divulgou-se, então, entre os irmãos, a notícia de que aquele 
                    discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse que ele não 
                    morreria, mas: ‘Se quero que ele permaneça até que eu venha, 
                    que te importa?” 
                      
                    
                    
                      
                      
                    
                    
                    Em Jo 21,1-3 
                    diz: “Depois 
                    disso, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, às 
                    margens do mar de Tiberíades. Manifestou-se assim: Estavam 
                    juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era 
                    de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e dois outros de 
                    seus discípulos. Simão Pedro lhes disse: ‘Vou pescar’. Eles 
                    lhe disseram: ‘Vamos nós também contigo’. Saíram e subiram 
                    ao barco e, naquela noite, nada apanharam”. 
                    
                    
                    Os apóstolos 
                    saíram de Jerusalém e foram para a Galiléia, cumprindo o 
                    mandato de Jesus ressuscitado: 
                    “Ide já contar aos 
                    discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que ele vos 
                    precede na Galiléia. Ali o vereis”
                    (Mt 28, 7). 
                    Em Jerusalém 
                    ficaram poucos peregrinos. 
                    
                    
                    Chegados à 
                    Galiléia, sete permaneceram unidos: 
                    “Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, 
                    que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e dois 
                    outros de seus discípulos”, 
                    e voltaram ao trabalho, ao que tinham quando o Senhor os 
                    chamou: “... 
                    lançai vossas redes para a pesca” 
                    ( Lc 5, 4), está claro que eram pescadores. 
                    
                    
                    Pedro diz aos 
                    outros apóstolos: 
                    “Vou pescar”. 
                    Os outros apóstolos, mostrando a união que reinava entre 
                    eles diz a Pedro: 
                    “Vamos nós também 
                    contigo”. 
                    Estão juntos porque os laços de fraternidade que os unem são 
                    muito fortes: 
                    “Pedro toma a 
                    iniciativa manifestando de alguma maneira a sua autoridade; 
                    por último, vemo-lo dedicados de novo ao seu ofício de 
                    pescadores, provavelmente à espera de novas instruções do 
                    Senhor”
                    (Edições 
                    Theologica). 
                    
                    
                    O ambiente 
                    onde se vive a união e o espírito de família, é agradável a 
                    Deus: 
                    
                    “Esforçai-vos, sobretudo, para manter a caridade entre vós”
                    (1 Pd 4, 
                    8). 
                    
                    
                    Como o mundo 
                    seria melhor, se em cada ambiente fosse arrancada a 
                    “faca” da inveja, e no seu lugar fosse plantada a 
                    flor da caridade: 
                    “Caridade mútua, 
                    caridade constante, caridade acima de tudo. A caridade é, de 
                    fato, o verdadeiro distintivo dos discípulos de Nosso Senhor 
                    Jesus Cristo”
                    (Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual, capítulo 24). 
                    
                    
                    O ambiente 
                    onde reina a inveja, pode ser considerado um pequeno 
                    inferno; por isso, São Pedro exortava aos primeiros 
                    cristãos: 
                    “Rejeitai... qualquer espécie de inveja” 
                    (1 Pd 2, 1). 
                    
                    
                    Os apóstolos 
                    eram unidos! Pedro foi pescar, os outros o acompanharam. 
                    
                    
                    Jogaram as 
                    redes durante toda a noite e nada apanharam! 
                    “...naquela noite, nada apanharam”. 
                    
                    
                    Aprendamos dos 
                    apóstolos a perseverarmos nos nossos trabalhos, mesma quando 
                    não enxergamos nenhum fruto. Eles jogaram as redes durante 
                    toda a noite e nada apanharam, nem por isso cruzaram os 
                    braços em sinal de desânimo. 
                    
                    
                    Eles 
                    trabalharam a noite inteira e 
                    “nada apanharam”. 
                    
                    
                    Cristo Jesus 
                    estava no barco junto deles? Não! O Divino Amigo lançara as 
                    redes junto com eles? Também não! Trabalharam muito e 
                    durante muitas horas, mas não apanharam nenhum peixe, porque 
                    Nosso Senhor estava ausente: 
                    “Na ausência de 
                    Cristo, tinham trabalhado inutilmente em plena noite, por 
                    conta própria; tinham perdido o tempo” 
                    (Pe. Francisco Fernández-Carvajal). 
                    
                    
                    Aquele que 
                    deseja progredir na vida espiritual precisa estar sempre 
                    unido a Cristo Jesus. Quem caminha longe de Nosso Senhor, 
                    perde tempo, cai continuamente pelo caminho e vive com a 
                    alma sempre mergulhada no vazio. 
                    
                    
                    É pura ilusão 
                    querer construir uma “casa espiritual” rejeitando a 
                    ajuda de Nosso Senhor. Quem age dessa maneira desastrosa, 
                    cansará e morará no relento. O prejuízo é irreparável!
                    
                    “Quão seco e 
                    duro és sem Jesus!”
                    (Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, capítulo VIII). 
                    
                     Em 
                    Jo 21, 4-6 diz: 
                    “Já amanhecera. 
                    Jesus estava de pé, na praia, mas os discípulos não sabiam 
                    que era Jesus. Então Jesus lhes disse: ‘Jovens, acaso tendes 
                    algum peixe?’ Responderam-lhe: ‘Não!’ Disse-lhes: ‘Lançai a 
                    rede à direita do barco e achareis’. Lançaram, então, e já 
                    não tinham força para puxá-la, por causa da quantidade de 
                    peixes”. 
                    
                    
                    De manhã, 
                    Cristo ressuscitado vem em busca dos apóstolos para os 
                    fortalecerem na fé e na Sua amizade. O Senhor está de pé, na 
                    praia, 
                    “mas 
                    os discípulos não sabiam que era Jesus”. 
                    
                    
                    O Amigo Divino 
                    está na praia; os apóstolos estão no mar: 
                    “A praia é a 
                    eternidade, o mar é o século, o mundo. Jesus está bastante 
                    perto dos seus discípulos para vê-los, mas não está com 
                    eles, como na primeira pesca milagrosa”
                    (Dom 
                    Duarte Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
                    
                    
                    O Mestre está 
                    de pé, na praia, mas eles não O reconhecem: 
                    “...mas os discípulos não sabiam que era Jesus”. 
                    São Josemaría Escrivá diz: 
                    “Passa ao lado dos 
                    Seus Apóstolos, junto daquelas almas que se Lhe 
                    entregaram... E eles não se dão conta disso! Quantas vezes 
                    está Cristo, não perto de nós. Mas dentro de nós, e temos 
                    uma vida tão humana!”, 
                    e: 
                    “O drama 
                    de um cristão começa quando deixa de ver Cristo na sua vida; 
                    quando a tibieza, o pecado ou a soberba nublam o seu 
                    horizonte; quando faz as coisas como se Jesus não estivesse 
                    a seu lado, como se Ele não tivesse ressuscitado” (Pe. Francisco 
                    Fernández-Carvajal). 
                    
                    
                     Os 
                    apóstolos não reconhecem a Nosso Senhor. Mas, depois de 
                    dizer-Lhe que não tinham peixe, atendem prontamente o Seu 
                    convite de lançar novamente as redes: 
                    “Lançaram, então, e já não tinham força para puxá-la, por 
                    causa da quantidade de peixes”. 
                    O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
                    “Na ausência de Cristo, o dia se faz noite; e o trabalho, 
                    estéril: não passa de mais uma noite, de uma noite vazia na 
                    vida. Para obtermos frutos, não bastam os nossos esforços; 
                    necessitamos de Deus. Ao lado de Cristo, quando o temos 
                    presente, os nossos dias enriquecem-se”. 
                    
                    
                     Em 
                    Jo 21,7-8 diz: 
                    “Aquele discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É o 
                    Senhor!’ Simão Pedro, ouvindo dizer ‘É o Senhor!’, vestiu 
                    sua roupa – porque estava nu – e atirou-se ao mar. Os outros 
                    discípulos, que não estavam longe da terra, mas cerca de 
                    duzentos côvados, vieram com o barco, arrastando a rede com 
                    os peixes”. 
                    
                    
                    João, o 
                    apóstolo do amor diz a Pedro: 
                    “É o Senhor!”
                    Pedro 
                    nem esperou pelo barco, mas atirou-se ao mar, depois de ter 
                    vestido sua roupa. A roupa de que se fala pode ser uma 
                    espécie de blusão que se tirava para trabalhar e que agora 
                    Pedro volta a tomar, cingindo-o à cintura. 
                    
                    
                    Pedro nadou 
                    aproximadamente 95 metros com os olhos fixos no Senhor que o 
                    esperava na praia. 
                    
                    
                    O Pe. Gabriel 
                    de Santa Maria Madalena escreve: 
                    “O amor torna João 
                    mais perspicaz que os outros, mas o mesmo amor torna Pedro 
                    mais ágil: logo se atira na água para alcançar, mais 
                    depressa, o Senhor”
                    (Intimidade Divina, 102, 1), e: 
                    “Cada um com o 
                    próprio caráter; um tinha maior penetração, o outro maior 
                    vivacidade. João foi o primeiro a reconhecer Jesus, mas 
                    Pedro foi o primeiro a ir-lhe ao encontro”
                    (São João Crisóstomo, Em Jo 87, 2), e também: 
                    
                    “É o Senhor! O amor vê. E de longe. O amor é o primeiro a 
                    captar aquela delicadeza. O Apóstolo adolescente, com o 
                    firme carinho que sentia por Jesus, pois amava Cristo com 
                    toda a pureza e toda a ternura de um coração que nunca se 
                    corrompera, exclamou: É o Senhor! Pedro é a fé. E lança-se 
                    ao mar, com uma audácia maravilhosa. Com o amor de João e a 
                    fé de Pedro, aonde podemos nós chegar!?” (São Josemaría 
                    Escrivá), 
                    e ainda: 
                    
                    “São João, o Apóstolo virgem, é mais vidente, não tem a 
                    embaraçar-lhe a vista interior nenhuma dessas nuvens que 
                    sobem de um coração menos puro. Por isso é ele sempre o 
                    primeiro a reconhecer o Divino Mestre. Quem tem alguma 
                    experiência do ministério das almas, pode verificar, a cada 
                    passo, fenômeno semelhante. Os corações puros e inocentes 
                    são naturalmente propensos à fé, são dóceis aos seus 
                    ensinamentos, fiéis às suas inspirações. Mas os corações 
                    impuros, oh! como são lentos e pesados! Dizem às vezes: Não 
                    posso crer...! Engano, meu amigo; engano. Purifica primeiro 
                    o teu coração e verás a que se reduzem as tuas dificuldades”
                    (Dom Duarte Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
                    
                    
                    “É o Senhor!” 
                    Se sabemos que 
                    Cristo é o Senhor, porque buscar fora d’Ele a felicidade? 
                    Somente n’Ele a encontraremos: 
                    “Quem pode fazer-me 
                    mais feliz do que Deus? N’Ele encontro tudo” 
                    (Santa Teresa 
                    dos Andes, Carta 81). 
                    
                    
                    “É o Senhor!” 
                    Se temos 
                    certeza que Jesus é o Senhor, porque correr à procura da paz 
                    do mundo? Nosso Senhor é a Fonte da verdadeira paz: 
                    “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá”
                    (Jo 14, 
                    27). 
                    
                    
                    Em Jo 21, 9-14 
                    diz: “Quando 
                    saltaram em terra, viram brasas acesas, tendo por cima peixe 
                    e pão. Jesus lhes disse: ‘Trazei alguns dos peixes que 
                    apanhastes’. Simão Pedro subiu ao barco e arrastou para a 
                    terra a rede, cheia de cento e cinqüenta e três peixes 
                    grandes; e apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. 
                    Disse-lhes Jesus: ‘Vinde comer!’ Nenhum dos discípulos 
                    ousava perguntar-lhe: ‘Quem és tu?’, porque sabiam que era o 
                    Senhor. Jesus aproxima-se, toma o pão e o distribui entre 
                    eles; e faz o mesmo com o peixe. Foi esta a terceira vez que 
                    Jesus se manifestou aos discípulos, depois de ressuscitado 
                    dos mortos”. 
                    
                    
                    Dom Duarte 
                    Leopoldo escreve: 
                    “A pesca desta 
                    manhã é a imagem da Igreja no fim do mundo... os peixes são 
                    em número determinado, são cento e cinqüenta e três grandes 
                    e bons peixes, apanhados à direita, de um lado só, mesmo 
                    sendo tantos e tão grandes não se partem as redes. Assim, no 
                    fim do mundo, na Igreja triunfante, os eleitos serão 
                    recolhidos de um só lado, o lado direito, onde há intenção 
                    reta e conformidade com o Direito que é a Justiça. 
                    
                    
                    
                    Todos serão grandes e bons no reino de Deus, e em número 
                    determinado pela presciência divina. Finalmente, não se 
                    partirão as redes porque todos serão salvos por toda a 
                    eternidade. 
                    
                    
                    Para que lado nos dirige a nossa intenção? Para onde se 
                    encaminham as nossas obras? Se para a esquerda, tremamos 
                    pelo dia de amanhã, porque aí não estão os grandes e bons 
                    peixes, e seremos excluídos daquela barca que nos conduz às 
                    praias da eternidade” 
                    (Concordância dos 
                    Santos Evangelhos), 
                    e: 
                    “A barca 
                    representa a Igreja, simbolizada na sua unidade pela rede 
                    que não se rompe; o mar é o mundo; Pedro, na barca, 
                    simboliza a suprema autoridade da Igreja; o número de peixes 
                    é uma referência aos que são chamados” (Santo 
                    Agostinho, Comentários sobre São João), e também: “Por 
                    que o Senhor contou com tantos pescadores entre os seus 
                    Apóstolos? Que qualidades viu neles? Penso que havia uma 
                    coisa que Ele apreciou particularmente naqueles que viriam a 
                    ser os seus enviados: uma paciência inquebrantável (...). 
                    Tinham trabalhado toda a noite, e nada haviam pescado; 
                    muitas horas de espera, em que as luzes cinzentas da aurora 
                    lhes trariam o prêmio, e não tinha havido prêmio nenhum 
                    (...). Quanto a Igreja de Cristo não esperou através dos 
                    séculos (...), oferecendo pacientemente o seu convite e 
                    deixando que a graça completasse a sua obra! (...) Que 
                    importância tem se num lugar ou noutro trabalhou duramente e 
                    recolheu muito pouco para o seu Mestre? Apoiada na sua 
                    palavra, apesar de tudo, voltará a lançar as redes, até que 
                    a graça divina, cuja eficácia ultrapassa o poder do esforço 
                    humano, lhe traga uma nova pesca” 
                    (R. A. Knox). 
                    
                    
                     Em 
                    Jo 21,15-17 diz: 
                    “Depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro; ‘Simão, filho 
                    de João, tu me amas mais do que estes?’ Ele lhe respondeu: 
                    ‘Sim, Senhor, tu sabes que te amo’. Jesus lhe disse: 
                    ‘Apascenta os meus cordeiros’. Uma segunda vez lhe disse: 
                    ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ – ‘Sim, Senhor’, 
                    disse-lhe, ‘tu sabes que te amo’. Disse-lhe Jesus: 
                    ‘Apascenta as minhas ovelhas’. Pela terceira vez disse-lhe: 
                    ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ Entristeceu-se Pedro 
                    porque pela terceira vez lhe perguntava ‘Tu me amas?’ e lhe 
                    disse: ‘Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo’. Jesus 
                    lhe disse: ‘Apascenta as minhas ovelhas”. 
                    
                    
                    Jesus Cristo tinha prometido a Pedro o primado da Igreja 
                    (Mt 16, 16-18). 
                    Apesar das três negações do Apóstolo durante a Paixão, 
                    confere-lhe agora o Primado prometido: 
                    
                    “Jesus Cristo interroga Pedro, por três vezes, como se lhe 
                    quisesse dar a oportunidade de reparar a sua tripla negação. 
                    Pedro já aprendeu, escarmentado com a sua própria miséria: 
                    está profundamente convencido de que são inúteis aqueles 
                    seus alardes temerários; tem consciência da sua debilidade. 
                    Por isso, põe tudo nas mãos de Cristo. Senhor, Tu sabes que 
                    eu Te amo”
                    (São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n° 267). 
                    A entrega do Primado a Pedro foi direta e imediata. Assim o 
                    entendeu sempre a Igreja e o definiu o Concílio Vaticano I:
                    
                    “Ensinamos, pois, e declaramos que, segundo os testemunhos do 
                    Evangelho, o primado de jurisdição sobre a Igreja universal 
                    de Deus foi prometido e conferido imediata e diretamente ao 
                    bem-aventurado Pedro por Cristo Nosso Senhor (...). Porque 
                    só a Simão Pedro conferiu Jesus depois da Sua Ressurreição a 
                    jurisdição de pastor e reitor supremo sobre todo o Seu 
                    rebanho, dizendo: ‘Apascenta os Meus cordeiros’. ‘Apascenta 
                    as Minhas ovelhas”
                    (Pastor aeternus, cap. 1). 
                    
                    
                    Santo Ambrósio 
                    escreve: “É 
                    certo que creste porque amavas, e que amavas porque creste. 
                    Por isso te entristece quando te perguntou Jesus pela 
                    terceira vez: ‘amas-me?’ Não duvidava o Senhor do teu amor, 
                    não perguntava para vir a saber, mas para instruir-te, pois 
                    no momento em que estava para subir ao céu, nos iria 
                    deixar-te como vigário do seu amor. E respondeste: ‘Bem 
                    sabes, Senhor, que te amo’. Consciente das disposições de 
                    teu espírito, mostras um amor que desde há tempos já o sabia 
                    Deus. Quem dentre os outros o poderia tão facilmente afirmar 
                    de si? Ó Pedro, tu que entre todos assim declaras teu amor, 
                    és preferido aos outros porque a caridade está acima de 
                    tudo” 
                    (Comentário ao Evangelho de São Lucas X, 174-175). 
                    
                    
                    Em Jo 21,18-19 
                    diz: “Em 
                    verdade, em verdade, te digo: quando eras jovem, tu te 
                    cingias e andavas por onde querias; quando fores velho, 
                    estenderás as mãos e outro te cingirá e te conduzirá aonde 
                    não queres’. 
                    
                    
                    
                    Disse isso para indicar com que espécie de morte Pedro daria 
                    glória a Deus. Tendo falado assim, disse-lhe: ‘Segue-me”. 
                    
                    
                    
                     Segundo 
                    a Tradição, São Pedro seguiu a Nosso Senhor até morrer 
                    crucificado de cabeça para baixo: 
                    “Pedro e Paulo 
                    sofreram martírio em Roma durante a perseguição de Nero aos 
                    cristãos, que teve lugar entre os anos de 64 e 68. O 
                    martírio de ambos os Apóstolos é recordado por São Clemente, 
                    sucessor do próprio Pedro na Sede da Igreja Romana, que 
                    escrevendo aos Coríntios lhes propõe os exemplos generosos 
                    dos dois atletas, com estas palavras: por causa dos zelos e 
                    da inveja, os que eram colunas principais e santíssimas 
                    padeceram perseguição e lutaram até à morte” 
                    (Paulo VI, Adhort. Apost. Petrum et Paulum, 22-II-1967), 
                    e: 
                    “Convinha 
                    que o primeiro Papa, o sucessor imediato de Nosso Senhor 
                    Jesus Cristo, O seguisse até ao Calvário. Se nós, os 
                     simples fiéis, temos de carregar a cruz, cruz que se torna 
                    cada vez mais pesada, à medida que nos aproximamos da morte, 
                    o Chefe da Igreja devia preceder-nos, legando-nos o exemplo 
                    de uma virtude heróica. São Pedro foi crucificado de cabeça 
                    para baixo”
                    (Dom Duarte Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
                    
                    
                    A seguir, 
                    disse Jesus a Pedro: 
                    “Segue-me”. 
                    
                    
                    “Segue-me”:
                    “Esta 
                    palavra evocaria no Apóstolo o seu primeiro chamamento (cfr 
                    Mt 4, 19) e as condições de entrega absoluta que o Senhor 
                    impõe aos Seus discípulos: ‘Se alguém quer vir após Mim, 
                    negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia, e siga-Me’ (Lc 
                    9, 23). O próprio São Pedro, numa das suas cartas, deixa-nos 
                    o testemunho de que a exigência da Cruz é necessária para 
                    todo o cristão: ‘Pois para isto fostes chamados, já que 
                    também Cristo padeceu por vós, dando-vos exemplo, para que 
                    sigais os Seus passos 
                    (1 Pd 2, 21)” (Edições 
                    Theologica). 
                    
                    
                    Em Jo 21, 
                    20-23: 
                    “Pedro, voltando-se, viu que o seguia o discípulo que Jesus 
                    amava, aquele que, na ceia, se reclinara sobre seu peito e 
                    perguntara: ‘Senhor, quem é que te vai entregar?’ Pedro, 
                    vendo-o, disse a Jesus: ‘Senhor, e este?’
                    Jesus lhe 
                    disse: ‘Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que 
                    te importa? Quanto a ti, segue-me’. Divulgou-se, então, 
                    entre os irmãos, a notícia de que aquele discípulo não 
                    morreria. Jesus, porém, não disse que ele não morreria, mas: 
                    ‘Se quero que ele permaneça até que eu venha, que te 
                    importa?” 
                    
                    
                     Segundo 
                    Santo Irineu 
                    (Adversus 
                    haereses, II, 22. 5; III, 3,4) 
                    São João viveu mais tempo que os outros Apóstolos, chegando 
                    aos tempos de Trajano (anos 98-117). Talvez: 
                    “O Evangelista 
                    tenha escrito estes versículos para desfazer aquela opinião 
                    de que ele não morreria. Segundo o texto, Jesus não responde 
                    à pergunta de Pedro. O importante não é satisfazer a 
                    curiosidade acerca do futuro, mas servir com fidelidade o 
                    Senhor seguindo o caminho que a cada um lhe marca”
                    (Edições Theologica). 
                      
                      
                    
                    
                    Pe. Divino 
                    Antônio Lopes FP. 
                    
                    
                    Anápolis, 15 
                    de abril de 2007 
                      
                      
  
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