TRAZEI ALGUNS DOS PEIXES
(Jo 21, 10)
“Jesus lhes
disse: ‘Trazei alguns dos peixes que apanhastes’”.
Bernard
disse
que parece que o PEIXE e o PÃO era o
“café da manhã” do próprio Jesus Cristo. E agora
pede OUTROS PEIXES para que se juntem a Ele os
Apóstolos para comer.
Se fomos
escolhidos por Jesus Cristo para pescar homens, isto é,
almas espirituais e imortais, temamos de comparecer diante
d’Ele com as mãos vazias, quando Ele nos pede os peixes que
pescamos.
Os Apóstolos,
pescadores do lago de Tiberíades, cheios de
alegria, contaram na presença de Jesus Cristo os peixes
pegos na rede: eram muitos e grandes. Também
pescaremos muitos e grandes peixes se trabalharmos unidos a
Jesus... fazendo a sua santa vontade, e lançando a rede onde
Ele ordena. Quem trabalha longe de Jesus Cristo poderá
passar noites inteiras sem pescar peixes... realizando um
trabalho estéril. Mas aquele que trabalha unido a Jesus
Cristo será consolado espiritualmente, porque o Senhor ajuda
aquele que confia no seu poder.
“Trazei alguns
dos peixes que apanhastes”.
Por qual motivo mandou Jesus Cristo
que seus discípulos trouxessem alguns dos peixes que haviam
pescado, como se aquele peixe que estava sobre as brasas
fosse imaginário e não apto para comer?
Teodoro de
Heraclea
diz:
“Jesus Cristo mandou fazer isso para que os
apóstolos, por aquele peixe e pelos peixes que haviam
pescado, conhecessem que o Salvador era criador de uns e de
outros”.
Leôncio,
Teofilacto
e Eutímio escrevem:
“Para que fizessem
comparação e, examinando-o, vissem que o peixe que estava
nas brasas era real e verdadeiro, e não imaginário”.
Eusébio Emiseno
interpreta assim:
“Jesus Cristo quer que os pregadores O levem
aos homens; quer que tudo se refira a Ele... que pregando
exclusivamente a Ele, façam o que o outro dizia: Nós
pregamos a Cristo crucificado (1 Cor 1, 23). Não julgueis
saber nada entre vocês, senão a Cristo Jesus, e esse,
crucificado”.
Ruperto diz:
“Jesus mandou levar os peixes que
haviam pescado para que no último juízo todos levem ao juiz
Cristo o bem que fizeram e os homens que ganharam para Ele;
pois ao voltar, voltam cantando, trazendo seus feixes (Sl
125, 6)”.
Outros
autores
dizem que Deus quer que dependamos de tal modo de sua
Providência e que confiemos n’Ele, que
jamais deixará que nos falte alguma coisa. Mas Deus
quer que cooperemos com Ele, ao invés de vivermos ociosos e
abusando de sua Providência, querendo viver sempre
de milagres e do maná que cai do céu. Ele quer que
pesquemos, aremos a terra, que semeemos a boa semente e
trabalhemos com garra: Do trabalho de tuas
mãos comerás, tranquilo e feliz (Sl 127, 2).
É PRECISO
TRABALHAR PARA O BEM DAS ALMAS ENQUANTO É TEMPO.
O amor de
Cristo leva-nos ao amor ao próximo:
a vocação que recebemos incita-nos a pensar nos outros, a
não temer os sacrifícios que um amor operante traz consigo,
pois não há sinal e marca que mais distinga o cristão
e aquele que ama a Cristo do que a solicitude pelos seus
irmãos e o zelo pela salvação das almas. Por isso, a
preocupação de dar a conhecer o Mestre é o indicador que
assinala a sinceridade de vida do discípulo e a firmeza com
que segue o seu Senhor. Se alguma vez notássemos que a
salvação das almas não nos preocupa, que as almas dos outros
não nos pesam, que o seu afastamento de Deus nos deixa
indiferentes, que as suas necessidades espirituais não
provocam uma reação na nossa alma, isso seria sinal de que a
nossa caridade se esfriou, pois não dá calor aos que estão
ao nosso lado. O apostolado não é algo
acrescentado ou superposto à atividade normal do cristão; é
a sua própria vida cristã, que tem como manifestação natural
o interesse apostólico pelos familiares, colegas e amigos.
Pe. Divino Antônio
Lopes FP (C)
Anápolis, 10 de
maio de 2014
Bibliografia
Sagrada Escritura
Pe. Manuel de Tuya,
Bíblia comentada
Pe. Juan de
Maldonado, Comentário do Evangelho de São João
Dom Isidro Gomá y
Tomás, O Evangelho explicado
Teodoro de
Heraclea, Escritos
Eusébio Emiseno,
Escritos
Ruperto, Escritos
Bernard, Escritos
Pe. Francisco
Fernández Carvajal, Falar com Deus
Teofilacto,
Escritos
Leôncio, Escritos
Eutímio, Escritos
Pe. Juan Leal, A
Sagrada Escritura (texto e
comentário)
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