CONFIANÇA E FERVOR

(Mt 16, 21)

“... e ressurgisse ao terceiro dia”.

Ressuscitarei ao terceiro dia, tinha dito Jesus Cristo aos seus discípulos. Entretanto, dois discípulos, não sabendo esperar, partem tristes para Emaús. Parecia-lhes tudo perdido.

Muitas pessoas não sabem esperar em Deus e tomam decisões precipitadas e perdem tudo. A “estrela” da esperança deve nos guiar sempre, principalmente quando nuvens escuras pairarem sobre a nossa vida: “... só tu, Deus, me fazes viver em segurança” (Sl 4, 9).

Diante das provações, não devemos enveredar por caminhos tortuosos com a cabeça “cheia” e irritados. É preciso saber esperar o momento certo... com paciência: “A paciência, portanto, é a virtude moderadora da tristeza que provém dos males presentes; modera as vicissitudes do ânimo, para que as adversidades não o oprimam, mas se mantenha inalterável e as suporte tranquilamente” (Bem-aventurado José Allamano).

É ilusão voltar as costas para Deus para buscar consolação nas criaturas... principalmente quando não “entendemos” a sua santa vontade. Só Deus pode nos consolar verdadeiramente: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1, 3).

É muito perigoso querer “transformar” Deus, Eterno e Imenso, num empregadinho... exigindo que atenda imediatamente os nossos pedidos, muitas vezes cheios de caprichos:  “Pedis, mas não recebeis, porque pedis mal, com o fim de gastardes nos vossos prazeres” (Tg 4, 3). Diante de qualquer demora, muitas pessoas ficam perturbadas e com a confiança abalada.

Os dois discípulos de Emaús ouvem com grande respeito os ensinamentos de Jesus Cristo e unem-se a Ele, não querendo deixá-lo mais. Feliz da pessoa que vive na amizade com Nosso Senhor: “Estar com Jesus é suave paraíso” (Tomás de Kempis).

Milhões de cristãos querem se salvar longe do sofrimento... pura ilusão! Cristo sofreu... e a nossa vida não pode ser diferente. Ele disse aos discípulos de Emaús: “Porventura não era preciso que o Messias sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?” (Lc 24, 26).

A concepção de um Messias político que teria assegurado a prosperidade de Israel impediu os dois discípulos de Emaús de reconhecerem em Cristo sofredor o Salvador prometido: “Na realidade, podemos ter o Senhor junto de nós, caminhar ao seu lado e não o reconhecer! Podemos ter grande conhecimento da Escritura e não lhe apanhar o sentido profundo que revela Deus. É assim que não conseguem muitos dar o salto entre o conhecer e o crer, entre o saber tantas coisas e perceber a única necessária” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).

Longe da amizade de Jesus não existe alegria nem paz... devemos implorar todos os dias a presença do Senhor na nossa vida: “Fica conosco porque é tarde e já declinou o dia” (Lc 24, 29).

Quem vive no pecado mortal não ouve a Palavra de Deus com atenção e docilidade... nem deseja enxergar o caminho da verdade: “Ó Senhor, não permitais que minhas culpas ofusquem os olhos do meu espírito, de modo que, tendo-vos presente, não vos veja, e, ouvindo no coração vossa voz, não vos reconheça” (Pe. Luiz da Ponte).

Feliz do pecador que abre o coração para o Salvador, dizendo: “Fica (comigo)...” (Lc 24, 29). Esse pedido cheio de fé e sinceridade, “estremece” e conquista o Coração de Deus, cheio de Amor pelas almas.

OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 24 de abril de 2017

Bibliografia

Sagrada Escritura

Frei Pedro Sinzig, Breves meditações para todos os dias do ano

Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual

Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina

Pe. Luiz da Ponte, Meditações V