DA IMACULADA NASCEU O IMACULADO
(Mt 13, 55-56)
“Não é ele o filho do
carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago,
José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós?”
Católico, sabemos que a Bíblia não somente
designa com o nome de irmãos aqueles que são filhos do
mesmo pai ou da mesma mãe, como eram Caim e Abel, Esaú e
Jacó, São Tiago Maior e São João Evangelista (que eram filhos de
Zebedeu)... mas também aqueles que são parentes próximos,
como tios e primos.
A Bíblia está cheia destes exemplos.
Abraão chama de irmão a Lot:
“Que não haja discórdia entre mim e ti,
entre meus pastores e os teus, POIS SOMOS IRMÃOS”
(Gn 13,8). No livro do Gênesis 12,5 fala claro que
Lot era apenas SOBRINHO de Abraão:
“Abraão tomou sua mulher
Sara, seu sobrinho Lot…”
No livro do Gênesis 29,12-15, Jacó se declara
IRMÃO de Labão, quando na
verdade, era filho de Rebeca, irmã de Labão. Este confirma o
apelativo, embora se tratasse de tio e sobrinho.
No Antigo Testamento são muitas passagens semelhantes
às que já foram citadas. Conferir:
Gênesis 14,14-16; 31,23; 1 Crônicas 15,5; 23,21-23; 2
Crônicas 36,10; 2 Reis 10,13; Juízes 9,3; 1 Samuel 20,29.
No Novo Testamento, principalmente nas Cartas
Paulinas, São Paulo usa a expressão IRMÃOS para com os
seguidores de Cristo.
Em Romanos 1,13 diz: “E
não escondo, IRMÃOS, que muitas vezes me propus ir ter convosco”.
Em 1 Coríntios 14,26 diz:
“Que fazer, pois, IRMÃOS?”
Querem ter provas os protestantes?
Dá alguma vez o Evangelho os nomes desses
IRMÃOS de JESUS para que possamos
identificá-los?
Sim, dá. Sabe-se o nome de pelo menos QUATRO:
Tiago, José, Judas e Simão:
“Não é este o carpinteiro, filho de Maria,
IRMÃO de TIAGO, de JOSÉ, de JUDAS e de SIMÃO? Não vivem aqui entre
nós também suas IRMÃS?” (Mc 6,3; Mt 13,55-56).
Pois bem, este TIAGO que encabeça a
lista é um Apóstolo; pois diz São Paulo na Epístola aos Gálatas:
“E dos outros Apóstolos, não vi nenhum,
senão a Tiago, IRMÃO do SENHOR” (Gl 1,19).
Quer dizer então que, segundo a opinião desses
protestantes, este Tiago Apóstolo era filho de Maria, Mãe de
Jesus... filho de Maria e de José.
Vamos provar que é pura mentira, engano e falta
de conhecimento da Sagrada Escritura.
Temos dois Apóstolos com o nome de Tiago: Tiago
Maior e Tiago Menor. Vamos ver se algum deles
era filho de José com Maria.
Em Lc 5, 10 diz:
“… e também de Tiago e João, filhos de Zebedeu…”
Já descobrimos que o Tiago Maior era
irmão de João e ambos, filhos, não de José,
mas sim, de Zebedeu. A Bíblia mostra claro que a mãe dos filhos de
Zebedeu não é Maria Santíssima. Em Mateus 20, 20-23 diz:
“Então a mãe dos filhos de Zebedeu,
juntamente com os seus filhos, dirigiu-se a Ele”. Está
claro que não é Maria, a Mãe de Jesus. A Bíblia não diz – a
mãe dos filhos de José – mas sim, mãe dos filhos de Zebedeu.
Tiago, na sua Carta, deixa claro que não é irmão de
Jesus, mas servo: “Tiago,
servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo…” (Tg 1,1).
Em Mt 10,3 diz: “Tiago,
filho de Alfeu, e Tadeu”. São Tiago Menor, que era irmão
de Judas, era filho de Alfeu e não de José.
Em Mc 6, 3 diz:
“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, IRMÃO de TIAGO,
de JOSÉ, de JUDAS e de SIMÃO? Não vivem aqui
entre nós também suas IRMÃS?”
TIAGO, JOSÉ, JUDAS e SIMÃO.
Já vimos que o TIAGO MAIOR era filho de
Zebedeu (Mt 10,2), e que TIAGO MENOR era filho de
Alfeu (Mt 10, 3). Portanto, nenhum dos dois é filho de José
com Maria, a Mãe de Jesus.
Agora vamos descobrir quem era JOSÉ,
JUDAS e SIMÃO que na Bíblia são chamados IRMÃOS
de JESUS. Quero lembrar que a palavra IRMÃO aqui
equivale a primo. De fato, na língua hebraica não existe a palavra
PRIMO. Há muitos exemplos na Bíblia onde primos e parentes
próximos são chamados de irmãos, como já foi explicado.
Nossa Senhora tinha uma irmã que também se chamava
Maria. Era casada com Cleofas ou Alfeu. De fato, lemos assim na
Bíblia: “Perto da cruz de Jesus,
permanecia de pé, sua Mãe, a IRMÃ DE SUA MÃE, MARIA, MULHER DE
CLEOFAS, E MARIA MADALENA” (Jo 19,25).
A única dificuldade, esta agora sem importância,
que pode fazer o protestante, é que Tiago Menor é filho de Alfeu, e
sua mãe é apresentada como mulher de Cleofas.
Temos que observar o seguinte: 1º O texto
original não diz: Mulher de Cleofas, mas diz simplesmente:
“... a irmã de sua Mãe, Maria, a do Cleofas”
(Texto grego de Jo 19,25); podia chamar-se
Maria, a do Cleofas, por causa do pai ou por outro motivo. 2º
Pode ser que o próprio Alfeu seja o mesmo Cleofas. É muito comum nas
Escrituras (Bíblia) uma pessoa ser conhecida por dois nomes
diversos: O sogro de Moisés é chamado Raguel (Ex 2, 18-21), e
logo depois é chamado Jetro (Ex 3,1). No Novo Testamento, o
mesmo Mateus é chamado Levi (Mt 9,9; Mc 2,14). O mesmo que é
chamado José é chamado Barsabás (At 1,23).
Seja Alfeu o mesmo Cleofas ou não, isto não importa.
O fato é que, Maria de Cleofas é irmã de Maria, Mãe de Jesus, e é ao
mesmo tempo mãe de TIAGO e de JOSÉ, que
são chamados IRMÃOS do Senhor.
JOSÉ era filho da
irmã de Nossa Senhora, então, sobrinho de Nossa Senhora e primo de
Jesus. De fato:
“Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, Mãe de Tiago e de
José” (Mt 27, 56; Mc 15,40).
Descobrimos que esse JOSÉ não é IRMÃO
de JESUS, mas primo do Senhor.
JUDAS era irmão
de TIAGO e de JOSÉ, filhos da irmã de
Nossa Senhora: “JUDAS, IRMÃO de TIAGO”
(Lc 6,16). E também:
“JUDAS, servo de Jesus Cristo e IRMÃO de
TIAGO” (Jd 1). Judas escreve
dizendo ser SERVO de Jesus Cristo e não IRMÃO.
SIMÃO, pelo mesmo
motivo, era irmão dos parentes.
Esses hereges que
negam a virgindade perpétua de Maria Santíssima, e dizem que
IRMÃOS de Jesus quer dizer FILHOS de MARIA
atribuem à Santíssima Virgem um RENQUE de filhos.
Além de TIAGO, JOSÉ,
JUDAS e SIMÃO,
estão as IRMÃS de JESUS, sobre as quais
São Mateus apresenta dizendo: “E suas
irmãs não vivem elas TODAS entre nós?” (Mt 13, 56).
Ora, para se dizer TODAS é preciso que sejam de
TRÊS para cima.
São João, no seu Evangelho, fala também de
IRMÃOS que são hostis (provocantes, contrários) a
Jesus; esses IRMÃOS Lhe dizem:
“Sai daqui e vai para a Judéia, para que
também TEUS DISCÍPULOS vejam as obras que tu fazes”
(Jo 7, 3). Ali, na Galiléia, o ambiente não
estava de todo favorável ao Divino Mestre, porque
“nem ainda seus IRMÃOS criam n’Ele”
(Jo 7,5). É, portanto, segundo os
protestantes, mais outra “tropa” de irmãos a engrossar a
fileira dos filhos de Maria.
Se colocarmos na ponta da caneta, daria mais de
QUINZE FILHOS e FILHAS
(Tiago, José, Judas, Simão... as filhas – umas três –
depois os “irmãos” hostis...).
É bom notar que os “IRMÃOS de
JESUS” nunca são chamados “FILHOS de
MARIA”, mas somente Jesus: “FILHO de
MARIA” (Mc 6,3).
E, no entanto, o Evangelho, descrevendo a vida da
família em Nazaré, relatando a ida de Jesus ao templo de Jerusalém,
quando o Menino Deus já tinha doze anos (Lc 2,42), não
faz a mínima referência a irmão nenhum que Jesus tivesse. Se
Maria teve assim tantos filhos, nessa ocasião já deveria ter no
mínimo DEZ.
Se por acaso, depois dessa peregrinação, Maria
tivesse gerado outros filhos, o mais velho desses “irmãos de
Jesus” teria então, no início da vida pública, cerca de
DEZOITO anos: “Ao iniciar o
ministério, Jesus tinha mais ou menos TRINTA anos”
(Lc 3,23); ao passo que os outros seriam mais jovens
ainda. Ora, o que os Evangelhos narram a respeito dos “irmãos
do Senhor” não permite que se atribua a estes uma idade
tão juvenil ou adolescente. Em Mc 3, 21 mostra uma atitude
autoritária de pessoas adultas e não de jovenzinhos:
“E quando os seus tomaram conhecimento
disso saíram para detê-lo, porque diziam: enlouqueceu”
(Jo 7, 2.5). No Oriente, não teria cabimento
nem verossimilhança se esses “irmãos” fossem mais
jovens; porque a mentalidade judaica atribui aos irmãos mais moços
um comportamento de reverência para com o primogênito, como se
deduz, por exemplo, das palavras de Isaac a Jacó:
“Sê o senhor dos teus irmãos,
diante de ti se curvem os filhos de tua mãe!” (Gn
27,29). Os homens autoritários que se dirigem a Jesus
em Mc 3,21 e Jo 7,2.5 deveriam ser mais velhos do que
o Senhor; por conseguinte, não eram filhos de Maria:
“… como é que vai ser isso, se eu não
conheço homem algum?” (Lc 1,26-38).
Em Jo 19, 26 ss diz que na hora da morte, é a João
Evangelista, filho de Zebedeu e de Salomé, que Jesus encarrega de
ficar tomando conta de sua Mãe Santíssima:
“Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao
discípulo: Eis aí tua mãe. E desta hora em diante o discípulo a
recebeu em sua casa”.
Se Maria tivesse tantos filhos e
filhas; como se explica que ela tenha sido entregue aos
cuidados de João e que este a tenha levado para sua casa?
Os protestantes lêem a Bíblia tão às pressas... tão
descuidadamente... e saem depois, sem o menor escrúpulo, a blasfemar
daquilo que ignora: “Com efeito, há
muitos insubmissos e enganadores… pois estão pervertendo famílias
inteiras…” (Tt 1,10-11). É esta a
interpretação protestante: uma interpretação superficial que
não aprofunda o sentido dos textos e que se ilude facilmente com as
aparências.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 16 de agosto de 2011
|