Respondeu-lhe Tomé: “Meu Senhor, e meu
Deus!”
(Jo 20, 28). |
Jesus Cristo é Deus
Jesus Cristo é Deus. Essa verdade não depende da língua e
do veneno que os hereges espalham contra Nosso Senhor.
É estranho que haja cristãos professos que
neguem que a DIVINDADE, em qualquer sentido absoluto da palavra, tenha
sido reclamada para Cristo ou por Cristo no Novo Testamento.
O Evangelho de São João abre-se com
declaração de que “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus,
e o VERBO ERA DEUS... Por Ele todas as coisas foram feitas... e o VERBO SE
FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS” (Jo
1, 1-14).O Papa Paulo VI escreve:
"Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus.
Ele é o Verbo Eterno, nascido do Pai antes de todos os séculos e
consubstancial ao Pai, isto é, homoousios to Patri; por Quem foram feitas
todas as coisas. E encarnou por obra do Espírito Santo, de Maria Virgem, e
Se fez homem: portanto, igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai
segundo a humanidade, completamente um não por confusão da substância (que
não pode fazer-se), mas pela unidade da pessoa"(Credo
do Povo de Deus, n.º 11), e São João Crisóstomo
escreve: "No princípio": "Não significa senão que
foi sempre e é eterno (...). Porque se é Deus, como de verdade o é, não há
nada antes d'Ele; se é Criador de todas as coisas, então Ele mesmo é o
primeiro; se é Dominador e Senhor de tudo, tudo é posterior a Ele: as
criaturas e os séculos"(Hom. sobre S.
João, 2, 4). Assim como nas palavras de
abertura do Gênesis, onde a criação é descrita, nos é dito que todas as
coisas devem a sua existência ao Verbo de Deus (Deus disse: Haja a luz; e
houve luz), assim também agora nos é dito por São João que esse Verbo de
Deus, existente antes que todas as coisas fossem feitas, estava em Deus
pela sua própria Personalidade distinta, embora fosse Deus, essencialmente
identificado com o próprio Ser da Natureza Divina. E essa Pessoa Viva,
prossegue ele dizendo-nos, se fez homem e habitou entre nós nesta terra
sob o nome de Jesus Cristo. Esse Verbo de Deus, como perfeita expressão de
Deus, como verdadeira imagem de tudo o que Deus é, não poderia ser mais
adequadamente descrito do que como Filho de Deus. E foi esse Filho pré
existente que se fez homem a fim de redimir o gênero humano do pecado e
possibilitar para nós a eterna salvação.
Que o próprio Cristo tinha consciência de
ser esse Filho eterno de Deus, isto ele o tornou claro repetidas vezes.
Quando Ele disse aos Judeus: “EU e o PAI
SOMOS UM”, eles não deixaram de compreendê-lo. Conheceram que Ele
queria dizer “UM ÚNICO SER” com Deus; e apanharam pedras para o
apedrejarem, explicando: “Não te apedrejamos por uma boa obra, mas por
blasfêmia; porque sendo homem, te fazes Deus”
(Jo 10, 30-33).
E Ele não os declarou enganados em lhe atribuírem essa pretensão.
Deus é misterioso. Jesus igualmente é
misterioso. “Ninguém conhece o filho senão o Pai; nem ninguém conhece o
Pai senão o Filho” (Mt 11, 27).
Deus é eterno. Jesus igualmente é eterno. “Antes que Abraão fosse”,
disse Ele aos Judeus “EU SOU”. E novamente os Judeus apanharam
pedras para o apedrejar (Jo *, 58).
Na sua prece final pelos seus discípulos, Ele não hesitou em dizer:
“E
agora glorifica-me, ó Pai, contigo, com aquela glória que eu tinha contigo
ANTES QUE O MUNDO FOSSE FEITO” (Jo
17, 5). A expressão “ANTES QUE O
MUNDO FOSSE FEITO” significa antes que a criação ocorresse, e antes
que começasse a duração sucessiva que nós conhecemos como tempo. Essas
palavras não podem ter outro significado senão que, nas eternas condições
próprias a Deus, a viva e divina Personalidade de Cristo coexistia com o
pai e possuía a mesma glória. Ademais, DEUS é o JUIZ FINAL. JESUS também é
esse JUIZ FINAL quando, como “FILHO DO HOMEM”, vier, em toda a sua
majestade, decidir a sorte de todo o gênero humano
(Mt 25, 31-32).
Jesus difere pois, de todos nós por todas as diferenças que existem entre
o Criador e a Criatura.
A verdade foi mostrada mui fortemente no
incidente, ocorrido após a ressurreição, quando o Apóstolo São Tomé se
dirigiu pessoalmente a Cristo com aquelas palavras: “MEU SENHOR E MEU
DEUS” (Jo 20, 28).
Nos Atos dos Apóstolos é nos citada a cura milagrosa do coxo por Pedro e
João. Mas quando o povo, cheio de admiração e de espanto, olhou para eles
quase como uns semi-deuses, Pedro foi pronto em negar qualquer direito à
admiração deles, desviando-lhes imediatamente a atenção para Cristo.
“Vós,
homens de Israel”, disse ele, “por que olhais para nós como se pela
força ou poder houvéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, e o
Deus de Isaac, e o Deus de Jacó, o Deus de nossos Pais, glorificou seu
Filho Jesus” (At 3, 12-13).
Deveremos dizer que Cristo, era menos honesto do quer os seus Apóstolos?
Impossível. Contudo, longe de repudiar as palavras a Ele dirigidas por São
Tomé, “MEU SENHOR, MEU DEUS”, Jesus aceitou-as e aproveitou a
ocasião para dizer: “Porque viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que
não viram e creram”.
São Paulo não tinha dúvida quanto ao que os
cristãos deviam crer. Escrevendo aos Romanos, declarou que CRISTO era
“DEUS
BENDITO ETERNAMENTE” (Rm 9, 5);
e a Tito declarou que CRISTO era “NOSSO GRANDE DEUS E SALVADOR”
(Tt 2, 13).
Aos Filipenses falou de “CRISTO JESUS, QUE, EXISTINDO EM FORMA DE DEUS,
NÃO JULGOU USURPAÇÃO O SER IGUAL A DEUS”.
(Fl 2, 5-6).
E de outra vez, aos Colossenses disse de Cristo: “NELE HABITA
CORPORALMENTE TODA A PLENITUDE DA DIVINDADE”
(Cl 2, 9).
No último livro do Novo Testamento, o
Apocalipse (Revelação), deparamos com estas palavras:
“EU SOU O ALFA E
O ÔMEGA, O PRINCÍPIO E O FIM, diz O SENHOR DEUS, o qual é, e o qual foi, e
o qual será o TODO-PODEROSO” (Ap
1, 8). Estas palavras só podem
aplicar-se ao verdadeiro Deus; e 23, 13 torna claro que elas devem ser
aplicadas a Cristo.
Há quem pense solapar tudo isto dizendo que
Cristo nos disse que seu Pai também é nosso Pai, e que portanto nós somos
filhos de Deus, atingindo nele a humanidade a sua mais alta perfeição. E
por certo que esses tais pretendem sugerir que Cristo, embora homem
perfeito, não passava de homem, mas há algo muito importante a notar nas
referências dele a seu Pai em conexão com isto.
Cristo sempre tornou claro que seu Pai
tinha um parentesco com Ele totalmente diferente do parentesco para
conosco. Ele era o FILHO ÚNICO DE DEUS. Como era que ELE falava de Deus?
Sempre como “MEU PAI NO CÉU”, nunca como
“NOSSO PAI”. Quando
falava aos seus discípulos, dizia: “VOSSO PAI”, mas nunca se
classificava com eles. Disse-lhes que orassem assim: “PAI NOSSO”.
Mas nunca usou estas palavras como se incluindo a si mesmo com eles. Aos
seus discípulos, ELE disse: “SE ALGUÉM ME AMA, MEU PAI O AMARÁ”
(Jo 14 23).
Ninguém pode enganar-se sobre o fato de haver Jesus usado a expressão
“MEU
PAI” em referência a si mesmo num sentido inteiramente diferente
daquele que poderia aplicar-se a qualquer pessoa neste mundo.
Busca-se então refúgio no fato de tantas
vezes referir-se a si mesmo, como o “FILHO DO HOMEM”, e então se
argüi que com isso ELE admitiu ser um ente meramente humano como qualquer
um de nós.
Ora, sem dúvida, pela Encarnação, o Filho
de Deus tornou-se um ente verdadeiramente humano; mas não era somente
isso. E, quando aplicava a si mesmo o título de “FILHO DO HOMEM”,
fazia-o num sentido muito especial, muito além daquele que poderia
aplicar-se a um ser humano comum. Ele tinha em mente a profecia messiânica
de Daniel concernente a uma pessoa misteriosa, de aparência exterior como
a de ser humano, mas pertencente a uma ordem de realidade, muito mais
alta, e vinda “nas nuvens do céu”
(Dn 7, 13-14).
Assim Cristo declarou que como “Filho do Homem”, Ele tinha o poder
sobre-humano de perdoar pecados (Lc
5, 25); era Senhor do Sábado
(Mc 2, 28),
tinha vindo para redimir os pecadores
(Mt 20, 28);
e como vimos, é como “Filho do Homem” que Ele virá uma Segunda vez
no fim do mundo, Juiz Supremo do gênero humano
(Mt 25, 31).
Nenhuma dessas expressões é aplicável a alguém que não seja mais do que um
ente ordinariamente humano.
Finalmente, falando da necessidade da fé
nele, Cristo disse: “Deus não enviou seu Filho ao mundo para julgar o
mundo, mas para que por Ele o mundo pudesse ser salvo. Quem nele crê não é
julgado. Mas quem não crê nele já está julgado, porque não crê no nome do
Filho Unigênito de Deus” (Jo 3,
17-18). Por certo, esta última
expressão põe fim a todas as tentativas de reduzir Cristo ao nosso próprio
nível com o argumento de que nós mesmos às vezes somos chamados
“Filhos
de Deus”. Como “Filho Unigênito de Deus” Cristo é inteiramente
único e completamente diferente dos outros, que não podem pretender a
filiação em nada mais do que no sentido lato, em razão da sua criação por
Deus. Porquanto Cristo não seria o “Filho Unigênito” se o resto de
todos nós fôssemos filhos de Deus nesse mesmo sentido.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Este texto não pode ser reproduzido sob
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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Jesus Cristo
é Deus”.
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