Disse Jesus Cristo:
“Aquele, porém, que me renegar diante
dos homens, também o renegarei diante de meu Pai que está nos
Céu”
(Mt 10, 33).
Com estas palavras Jesus está a ensinar-nos
que a confissão pública da fé n’Ele – com todas as suas
consequências – é condição indispensável para a salvação eterna.
Cristo receberá no Céu, depois do Juízo, os que deram testemunho
da sua fé, e condenará os que covardemente se envergonharam
d’Ele. Sob o nome de “confessores” a Igreja honra os santos
que, sem terem sofrido o martírio de sangue, com a sua vida
deram testemunho da fé católica. Embora todo o cristão deva
estar disposto para o martírio, a vocação cristã ordinária é a
de ser confessores da fé (Edições Theologica). O católico
não pode se envergonhar de Jesus Cristo e da sua Santa Igreja. A
Igreja necessita de católicos convictos, não de “morcegos”
escondidos em cantos escuros: “Se
estivermos convencidos de que a nossa religião é a única
verdadeira, de que Deus existe, de que Jesus Cristo é a única
salvação, e de que fora d’Ele e da sua Igreja não há senão ruína
eterna, devemos sentir-nos capazes de manifestar estas ideias
mesmo exteriormente”
(Pe. João Colombo).
Mas, infelizmente há muitos católicos de meias
medidas, os quais não querem renunciar à sua fé, mas, ao mesmo
tempo, não têm a coragem das suas convicções. São escravos de um
sentimento vil que os dobra como caniços sob o vento. Tal
sentimento chama-se respeito humano: um belo nome, mas
pessimamente aplicado. Primeiramente é preciso respeitar a
Deus, primeiramente é preciso respeitar a própria fé, e depois
tenha-se também consideração com nossos irmãos. Tende isto em
mente quando, entre pessoas que falam mal, que vestem mal, que
ofendem abertamente as leis de Deus, sentirdes medo de agir
diversamente delas. É muito perigoso ser amado por Jesus
Cristo e voltar as costas para Ele! Aquele que se envergonha de
Jesus e de suas palavras caminha apressadamente para o inferno
eterno. Ouvirá do Senhor no dia do Juízo:
“Não vos conheço!”
(Mt 25, 12).
Entre na minha guarita (confessionário)!
O veterano capitão Hurtaux, cavaleiro da
Legião de Honra, não era católico praticante; tinha, como muitos
homens, certo temor ou respeito humano de chagar-se à confissão.
Muito antes de dar o passo definitivo, gostava de invocar a
Virgem Maria, indo rezar no Santuário de Nossa Senhora de
Chartres, onde morava.
Um dia, estando de joelhos diante de um grande
Cristo na catedral, viu que um sacerdote, que o conhecia e tinha
a franqueza de um militar, se aproximou, bateu-lhe no ombro e
disse:
- Capitão, pouco adianta estar o senhor aí a
rezar, se não se põe na graça de Deus.
E tomando-o pelo braço, acrescentou:
- Entre na minha guarita (confessionário).
O capitão deixou-se levar, fez a sua confissão
e saiu com o rosto radiante e a alma revestida da graça de Deus.
Foi desde esse dia um cristão modelo: todos os dias fazia a sua
hora de guarda aos pés de Nossa Senhora e não se levantava sem
lançar um afetuoso olhar para a Mãe do céu.
Um dia, afinal, já não pôde ir fazer a guarda
e teve Nosso Senhor, sem dúvida acompanhado de sua Mãe, que vir
ao leito de morte de seu servo.
Recebeu os sacramentos com fé viva e, ao
apresentar-lhe o padre a Sagrada Hóstia, exclamou:
- Senhor, não sou digno... não sou digno que
venhais à minha casa, mas sois tão bom!
O capitão não se envergonhava de suas crenças
nem dissimulava suas práticas piedosas e sabia tapar a boca dos
que o interpelavam.
- Aonde vais? Perguntou-lhe certo dia um
amigo, ao vê-lo entrar numa igreja.
- Vou aonde tu deverias ir e não tens coragem.
Com este seu gênio tão simples como firme,
granjeara o respeito de todos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
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