Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

MENSAGEM Nº 14

(14/02/2018)

 

 

 

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

 

No Livro do Profeta Joel 2, 12-13 diz:   “Agora, portanto — oráculo do Senhor — retornai a mim de todo vosso coração, com jejum, com lágrimas e com lamentação’. Rasgai os vossos corações, e não as vossas roupas, retornai ao Senhor, vosso Deus, porque ele é bondoso e misericordioso, lento na ira e cheio de amor, e se compadece da desgraça”.

A Igreja no-lo indica nas orações recitadas por seus ministros: “Deus, que não quereis a morte, mas a conversão dos pecadores, apiedai-vos da fragilidade humana e abençoai estas cinzas que pretendemos colocar sobre a nossa cabeça, como sinal de humildade cristã por nós professada, e em sinal de penitência para obtermos perdão”. É, pois, a penitência que a Igreja nos quer ensinar pela cerimônia deste dia.

Já no Antigo Testamento os homens cobriam-se de cinzas para exprimir sua dor e humilhação (Jó 42, 6). Nos primeiros séculos da Igreja, os penitentes públicos apresentavam-se nesse dia ao bispo ou penitenciário, pediam perdão revestidos de um saco; e como sinal da sua  contrição, cobriam a cabeça de cinzas. Mas como todos os homens são pecadores, diz Santo Agostinho, estenderam essa cerimônia a todos os fiéis, para lhes recordar o preceito da penitência. Não havia exceção alguma: pontífices, bispos, sacerdotes, reis, almas inocentes, todos se submetiam a essa humilhante expressão de arrependimento.

Entremos nos mesmos sentimentos. Deploremos as nossas faltas ao recebermos das mãos do ministro de Deus as cinzas bentas pelas orações da Igreja. Quando o sacerdote nos disser: “Lembra-te que és pó e em pó te há de tornar”, humilhemos o nosso espírito pelo pensamento da morte, que, reduzindo-nos ao pó, nos porá sob os pés de todos. – Assim dispostos, longe de lisonjearmos o nosso corpo destinado à dissolução, decidir-nos-emos a tratá-lo com dureza, a maltratar o nosso paladar, os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa língua, todos os sentidos; a observar, o mais possível, o jejum e abstinência que a Igreja nos prescreve.

A Igreja termina a bênção das cinzas por uma exortação aos fiéis: admoesta-nos a não nos contentarmos com sinais externos de penitência, mas a lhe bebermos o espírito e os sentimentos. Jejuemos, diz ela, como o Senhor deseja, mas acompanhemos o jejum com lágrimas de arrependimento, prostremo-nos diante de Deus e deplorando a nossa ingratidão na amargura dos nossos corações. – Mas essa contrição, para ser proveitosa, deve ser acompanhada de confiança. Por isso a Igreja acrescenta, a seguir, que nosso Deus é cheio de bondade e misericórdia, sempre pronto a perdoar-nos. Forte motivo este para esperarmos firmemente a remissão das nossas faltas, se delas nos arrependermos! Deus não despreza jamais um coração contrito e humilhado (Pe. Luís Bronchain).

No Livro do Gênesis 3, 19 diz: “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar”.

Para compreendermos em toda a sua extensão o sentido destas palavras, imaginemos ver uma pessoa que acaba de morrer. Ó Deus, a cada um que vê esse corpo, inspira nojo e horror. Não passaram bem vinte e quatro horas depois que aquela pessoa morreu, e já o mau cheiro se faz sentir. É preciso abrir as janelas e queimar bastante incenso, a fim de que o mau cheiro não infeccione a casa toda. Os parentes com pressa mandam levar o defunto para fora da casa e sepultá-lo.

Colocado que foi o cadáver na sepultura, vai-se tornando amarelo e depois preto. Em seguida, aparece em todos os membros uma penugem branca e repelente, donde sai um pus fedorento que corre pela terra e donde se gera uma multidão de vermes. Os ratos vem também procurar alimento nesse cadáver, roendo-o uns por fora, ao passo que outros entram na boca e nas entranhas. As faces caem por terra, os lábios, os cabelos também; escarnam-se os braços e as pernas apodrecidas, e afinal os vermes, depois de consumidas todas as carnes, consomem-se a si próprios. E deste corpo só restará um esqueleto fedorento, que com o tempo se divide, ficando reduzido a um punhado de pó.

Eis ai o que é o homem, considerando como criatura mortal. Eis ai o estado a que tu também, meu irmão, serás, talvez em breve, reduzido: um punhado de pó fedorento. Nada importa ser alguém moço ou velho, são ou doente... a todos caberá a mesma sorte, o que a Igreja recorda pondo a cinza benta sobre a cabeça de todos:  “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar” (Gn 3, 19).

Os loucos e mundanos que não creem no Céu e tem as verdades eternas por lendas, estimulam-se, com a lembrança da morte, a levar vida folgada e a gozarem: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (Is 22, 13).

De maneira bem diferente, porém, diz Santo Agostinho, deve proceder o cristão, que pela fé sabe que a alma sobrevive ao corpo, e que depois da morte deste, terá de dar contas rigorosíssimas de tudo quanto tiver feito. – O cristão, que se lembra de que em breve deverá deixar o mundo, cuidará da sua eternidade e procurará aplacar a justiça divina com penitências e orações. É por isso exatamente que a Igreja, depois de nos ter posto as cinzas sobre a cabeça, ordena a seus ministros que notifiquem aos fiéis o jejum quaresmal: “Fazei soar as trombetas em Sião, santificai o jejum” (Jl 2, 15).

Conformemo-nos, portanto, com as intenções de nossa Santa Igreja; e como ela mesma ordena, sejamos no santo Tempo da Quaresma mais sóbrios em palavras, na comida, na bebida, no sono, nos divertimentos; e, o que é mais necessário, afastemo-nos mais de toda a culpa por meio de uma vida recolhida e consagrada à oração, porquanto, no dizer de São Leão Magno, “sem proveito se subtrai o alimento ao corpo, se o espírito não se afasta da iniquidade” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Você que participou da festa do demônio, isto é, do carnaval... que pisou o Sangue de Jesus Cristo durante alguns dias e que serviu o demônio, rei das trevas; peça perdão a Deus e mude de vida... abandonando essa festa do demônio para sempre. A terça-feira que antecede a quarta-feira de cinzas é o feriado do demônio.

A vida é breve e a sua hora de prestar contas a Deus chegará... pode demorar cem anos, mas chegará!

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)

 

 

 

Ajude-nos!

 

 

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP(C).

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP(C). “Mensagens aos leitores”.

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/mensagens/diaria_aos_leitores/2018/014.htm