LIÇÃO DE HUMILDADE QUE NOS DÁ A IGREJA
CATÓLICA COM A CERIMÔNIA DA CINZA
Se a Igreja Católica Apostólica Romana põe
sobre a cabeça, que é a sede do orgulho, a cinza que é símbolo
do nada das coisas humanas, não é somente para nos pregar a
penitência e o pensamento da morte; é também e principalmente
para nos dizer a todos: “Não te
inches tanto, homem soberbo. Lembra-te que és pó e em pó te hás
de tornar. É do pó e da cinza que provéns; é esta a tua origem.
Deus tomou um pouco de lama e formou com ela o primeiro homem.
És pó e cinza; um pouco de lama com a forma de homem”
(Tertuliano). Ora, é admissível
que a lama se inche do que é; se levante pelo orgulho contra
Aquele que, animando-a com o seu espírito, a elevou por
misericórdia acima do que era? É em pó e cinza que bem
depressa vos convertereis; porque vos tornareis em pó, com esse
melindre que se ofende tão facilmente, com esses pensamentos de
amor próprio e de complacência em vós mesmos, com esses desejos
de mostrar-vos e de vos fazer conhecer. Tudo isso, em certo
dia, não terá em resultado senão um pouco de cinza, se perderá
na cinza, e desaparecerá como a cinza levada pelo vento, depois
de haver sido vil como ela, estéril e inútil como ela. Ainda
que tivésseis igualado ou excedido em glória os homens mais
ilustres e famosos, em riqueza os homens mais opulentos; tudo
isto, afinal, se reduzirá a um pouco de cinza; e esse pouco de
cinza ainda será desconhecido... não se saberá de quem é, um
sopro de vento a espalhará pelos ares, e o próprio nome daquele
de quem ela provém será tão esquecido sobre a terra como se
nunca tivesse existido. Que lição de humildade bem própria
para nos desenganar de todos os atrativos do amor próprio, e nos
fazer entrar nestes humildes sentimentos que devemos ter sempre
a respeito de nós mesmos! Que loucura querer ser admirado,
venerado, louvado, pois que, por fim... tudo isto tem em
resultado um pouco de cinza! (M. Hamon).
Desprezemos as coisas oferecidas pelo mundo,
porque tudo é vaidade... grande
vaidade!
“Tudo é vaidade”.
Vaidade são as riquezas, as honras, os divertimentos. Vaidade em
si, para nós, perante Deus e para a eternidade. Os bens da
fortuna são limitados. A maior parte dos homens fica sem eles
por toda a vida. Mas, ainda que tenham tudo quanto o mundo possa
dar, este não sacia, antes, qual água do mar, aumenta a sede. O
abismo de querer, jamais será cheio, pois não tem fundo. O
imoderado desejo de gozar prejudica, como veneno, a saúde da tua
alma e causa nojo dos bens eternos que, de preferência a todos,
deves aspirar.
É de pouca duração o que o mundo dá. Só pode
dar por pouco tempo! Não é passageira tua vida como um sonho? O
que são 50 e 100 anos no mar da eternidade? Hoje, talvez,
riqueza, glória, saúde, amor e felicidade; amanhã, a última
lágrima dos olhos a se fecharem. Só um bem sacia a sede: Deus.
Diz Santo Agostinho: “É inquieto o
coração até que repouse no Senhor”.
Se não achares repouso e felicidade, sem
fim e sem medida, em Deus, que será de ti? Nasceste para coisas
sublimes. O mundo, que jamais poderá encher o vazio do coração,
não é digno de ti (Frei Pedro
Sinzig).
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
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