Disse Jesus Cristo:
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a
si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”
(Mt 16, 24).
“Tome a sua cruz”:
Eis a condição sem a qual não se pode seguir a Cristo.
A cruz não falta a ninguém... é tomá-la e
seguir com ela a Jesus até a morte.
Cruz é tudo que nos contraria ou torna a
vida difícil. São as dores do corpo, tédio e agonia da alma,
reveses da fortuna, estragos do tempo, prejuízos do inimigo,
tudo, enfim, que nos aflige... tudo que nos arranca lágrimas e
aperta o coração.
Devemos receber essas cruzes com ânimo
generoso, abraçá-las com regozijo, pois são mimos com que Deus
nos visita.
“Tome a sua cruz”,
nos diz a todos Jesus Cristo – porque o discípulo não é
mais que seu mestre, nem o servo mais que seu senhor; porque se
foi necessário que Jesus carregasse a cruz para entrar na sua
glória, muito mais nos é necessário levá-la para podermos entrar
na glória, que só o combate nos fará nossa.
Seguir a Cristo levando com Ele a nossa cruz é
preciso para salvar a nossa alma.
A salvação é o maior dos bens, a posse do
mundo inteiro é nada em sua comparação; é um bem cuja perda
não se pode reparar.
Não salvaremos a nossa alma, se não estivermos
prontos a sacrificar por ela a vida temporal. Quem, para
salvar a vida temporal, nega a Cristo, perde a vida da alma; e
quem sacrifica a vida temporal por Cristo, alcança a vida eterna
– a salvação da alma.
Toma, pois, a tua cruz, porque nela está a
salvação e a vida, a felicidade e a gloria eterna
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Não basta tomar a cruz, mas é preciso seguir a
Jesus Cristo com alegria, fé, amor e perseverança. Infeliz da
pessoa que toma a cruz e fica estacionada... de braços
cruzados... “acariciado” a preguiça.
São João Maria Vianney escreve:
“Lamentamo-nos porque sofremos; maior razão teríamos para queixar-nos se
não sofrêssemos, visto que nada nos torna mais semelhantes a
Nosso Senhor. Oh! Bela união da alma com Nosso Senhor Jesus
Cristo mediante o amor de sua cruz! Nosso Senhor é o nosso
modelo: tomemos nossa cruz e sigamo-lo”.
Santo André de Creta ensina:
“Se não houvesse a Cruz, Cristo não
seria crucificado. Se não houvesse a Cruz, a Vida não seria
pregada ao lenho com cravos. Se a Vida não tivesse sido cravada,
não brotariam do Lado as fontes da imortalidade, o sangue e a
água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do
pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos
provado da árvore da Vida, não se teria aberto o Paraíso. Se não
houvesse a Cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido
derrotado o inferno. É, portanto, grande e preciosa a Cruz.
Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e
tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo,
mais excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa também
porque a Cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte
voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido
e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos
infernos, a Cruz também se tornou a comum salvação de todo o
mundo”.
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
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