Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

014

Santo Retiro

 

(A 80 fiéis de Jaraguá-GO, Interlândia-GO e Souzânia-GO. Escola Estadual Americano do Brasil, Souzânia-GO, em 15 de novembro de 1997)

 

 

1ª - Palestra

 

O tempo

 

Filho, aproveita o tempo (Eclo 4, 23).

 

Nós, que estamos aqui na terra de passagem, devemos aproveitar bem o nosso tempo, porque ele é precioso, riquíssimo dom que Deus concede ao homem mortal.

São Bernardo de Sena dizia: Um só momento vale tanto como Deus, porque nesse instante, com um ato de contrição ou de amor perfeito, pode o homem adquirir a graça divina e a glória eterna.

O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida, mas não na outra, nem no céu, nem no inferno. É este o grito dos condenados: "Oh! Se tivéssemos uma hora..." Uma hora para reparar todo o tempo perdido com as vaidades do mundo. Os condenados, por todo o preço comprariam uma hora a fim de reparar suas ruínas; porém, essa hora jamais lhes será dada.

Santo Afonso Maria de Ligório diz: No céu não há pranto; mas se os bem-aventurados pudessem sofrer, chorariam o tempo perdido na sua vida mortal, o qual lhes poderia ter servido para alcançar grau mais elevado na glória; porém, já se passou a época de merecer.

Nada há mais precioso que o tempo e não há coisa menos estimada nem mais desprezada pelos mundanos. Diz São Bernardo de Claraval: Passam rapidamente os dias de salvação, e ninguém reflete que esses dias desaparecem e jamais voltam.

O povo em geral brinca com o tempo, e sabemos que com o tempo bem empregado, podemos comprar o céu, e mal empregado, compramos o inferno.

O povo tem o costume de dizer: Estou aqui passando tempo. Quando perguntamos para aquele que fica no bar; diante da televisão; nas rodas de amigos; sentados na porta de casa; e em outros lugares! O que está fazendo? Ele diz: Estou passando tempo. São pobres cegos, que não enxergam o gravíssimo erro que estão cometendo, estão jogando fora o tesouro mais precioso para a salvação, e assim vão perdendo tantos dias, dias que nunca mais voltarão.

O tempo é semelhante uma mina que bem explorada nos dá o céu, mas se for mal explorada, nos dá o inferno.

O tempo desprezado será a coisa que os mundanos mais desejarão na hora da morte... Eles quererão então dispor de mais um ano, mais um mês, mais um dia; mas não o terão, e ouvirão dizer que: Já não haverá mais tempo (Ap 10, 6). Diz São Lourenço Justiniano: O que não daria cada mundano para ter mais uma semana, um dia de vida, a fim de poder melhor ajustar as contas da alma! Ainda que fosse para alcançar só uma hora, dariam todos os seus bens.

Diz Santo Afonso Maria de Ligório: A consciência recordar-lhe-á todo o tempo que teve e que empregou em prejuízo de sua alma; todas as graças que recebeu de Deus para se santificar e de que não quis aproveitar; e ver-se-á depois privado de todos os meios de fazer o bem. Por isso exclamará gemendo: como fui louco!... Ó tempo perdido, em que podia ter-me santificado!... Mas não o fiz e agora já não é tempo de o fazer... De que servem tais suspiros e lamentações, quando a vida está prestes a terminar e a lâmpada se vai extinguindo, vendo-se o moribundo próximo do solene instante de que depende a eternidade?

Muitos dizem: Sou ainda moço; mais tarde me converterei a Deus. É muito perigoso pensar assim; porque Jesus amaldiçoou aquela figueira que achou sem frutos, sendo que não era época de dar frutos, como está em Mc 11, 13. Com este fato quis Jesus Cristo dar-nos a entender que o homem, em todo tempo, sem excetuar a mocidade, deve produzir frutos de boas obras, senão será amaldiçoado e nunca mais dará frutos no futuro. Nunca jamais coma alguém fruto de ti (Mc 11, 14).

São Bernardo de Claraval diz: No dia do Juízo, Jesus Cristo nos pedirá conta de toda palavra ociosa. Todo o tempo que não é empregado para Deus, é tempo perdido. Santo Afonso Maria de Ligório diz: Hoje Deus te chama a fazer o bem; faze-o hoje mesmo, porque amanhã talvez já não terás tempo, ou Deus não te chamará.

E tu, meu irmão, em que empregas o tempo?... Por que sempre adias para amanhã o que podes fazer hoje? Reflete que o tempo passado desapareceu e já não te pertence; que o futuro não depende de ti.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “O tempo”.
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2ª Palestra

 

O respeito humano

 

Em Mt 10, 32-33 diz: Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.

O respeito humano é um fantasma que intimida muitos católicos, fazendo-os afastarem da igreja, da freqüência dos sacramentos e do exercício da virtude.

Muitos católicos andam amedrontados com o: Que dirão os homens?, ou Que dirão de mim os meus companheiros?. Esses pensamentos são laços que o demônio usa para prender muitos católicos de todas as idades, impedindo-os de caminharem livremente na virtude, com perigo para a própria salvação.

Deixar de fazer o bem por temor às críticas, gozações e outras coisas, é declarar-se covarde, é ser vencido antes de entrar em campo com o inimigo. E infelizmente, a maioria está se curvando diante desse tirano.

Não podemos dar valor ao que dirão os homens, é o mesmo que valorizar o lixo ou um monte de palha; mas é preciso agir com convicção profunda, e nunca com dupla personalidade, nada de personalidade camaleônica, nada de caniço agitado pelo vento, como está em Mt 11, 7: Tendo eles partido, disse Jesus à multidão a respeito de João: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?

O que dizem os homens são palavras que o vento leva; e o bem que eu deixo de fazer por medo das críticas, é o ouro que desperdiço.

Os homens poderão escarnecer ao verem-me praticar a minha religião; porém melhor é para mim ser escarnecido dos homens, do que ser escarnecido de Deus. Melhor é ouvir um grito de zombaria dos homens por me verem cumprir a lei de Deus, do que, por  não cumpri-la, ter de ouvir dos lábios divinos aquelas horríveis palavras que está em Mt 25, 41: Apartai-vos de mim, malditos, ide para o fogo eterno.

Os mundanos zombam das pessoas piedosas, mas essa zombaria é só com os lábios, sendo que no coração sabem muito bem que as pessoas piedosas é que estão certas, são pessoas de bem, que cumprem os deveres religiosos, e que não são cristãos somente de nome, mas de fato.

Não devemos temer com o que dirão os homens, mas sim, com o que Deus pensa de nós.

Deus julgará com rigor o católico que deixou de servi-lo por um vil respeito humano, por isso, em Rm 1, 20-21 diz: ... de modo que não se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus.

Que desculpa dará um católico ao comparecer carregado de pecados diante de Jesus Cristo, tendo Ele deixando na Sua Igreja remédio para os perdoar?

Como se há de desculpar diante de Deus de ignorar as verdades religiosas quem, tendo na pregação, na catequese e em muitos outros meios de se instruir?

É muito perigoso, respeitar mais um – que dirão os homens? – do que os terríveis juízos de Deus! Quem assim procede, não merece o nome de cristão! Que diferença entre os católicos de hoje, com os da Igreja Primitiva. Os da Igreja Primitiva enfrentaram espadas, fogueiras, leões, touros e muitas outras dificuldades, mas não fugiram. Enquanto que hoje, um confessionário, um sermão enérgico, uma roupa longa, uma gozação, crítica e outras coisas afastam centenas e centenas de católicos do caminho de Deus.

Hoje, os católicos em geral estão buscando sempre o mais fácil, aquilo que exige menos e por isso, andam sem convicção e se inclinando diante de qualquer crítica.

Nunca devemos ser oportunistas; a nossa atitude deve ser clara, coerente com a fé que professamos. Quantas vezes, este modo de agir decidido, sem dissimulações nem medos, não é de uma grande eficácia apostólica! Diz o Bem-Aventurado Josemaría Escrivá: Assusta o mal que podemos causar se nos deixamos arrastar pelo medo ou pela vergonha de nos mostrarmos como cristãos na vida diária.

Toda a vida de Jesus está cheia de unidade e de firmeza. Nunca o vemos vacilar. Como escreve Karl Adam: Já o seu modo de falar, as repetidas expressões: Eu vim, Eu não vim, traduzem bem esse “sim” e esse “não”, conscientes e inabaláveis, e essa submissão absoluta à vontade do Pai que constitui a sua lei de vida. Durante todo o seu ministério, nunca foi visto a calcular, hesitar, voltar atrás.

Sabemos muito bem que deixar-se levar pelos respeitos humanos é próprio de pessoas com uma formação superficial, sem critérios claros, sem convicções profundas, ou de caráter fraco. Os respeitos humanos surgem quando se dá mais valor à opinião dos outros do que ao Juízo de Deus.

Os respeitos humanos podem agravar-se pelo comodismo de não querer passar um mau bocado, pois é mais fácil seguir a corrente; ou pelo medo de pôr em perigo, por exemplo, um cargo público; ou pelo desejo de não singularizar-se, de permanecer no anonimato. Quem segue Jesus deve lembrar-se de que está comprometido com Cristo e com a sua doutrina, dizia São João Crisóstomo: Brilhe o exemplo das nossas vidas e não façamos caso algum das críticas. Não é possível que quem de verdade se empenhe em ser santo deixe de ter muitos que não o estimam. Mas isso não importa, pois até por esse motivo aumenta a coroa da sua glória. Por isso, devemos prestar atenção a uma só coisa: a ordenar com perfeição a nossa própria conduta. Se o fizermos, conduziremos a uma vida cristã os que andam em trevas.

Uma vida coerente com as convicções mais íntimas merece o respeito de todos e não raras vezes é o caminho de que Deus se serve para atrair muitas pessoas à fé. O bom exemplo sempre deixa plantada uma boa semente que, em mais ou menos tempo, dará o seu fruto.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “O respeito humano”.
www.filhosdapaixao.org.br/escritos/palestras/palestra_014.asp


 

3ª Palestra

 

Ser missionário

 

O que é ser missionário?

 

Pode-se dizer marcados por especial vocação os sacerdotes, os religiosos e os leigos, autóctones ou estrangeiros, possuidores de boa índole e dotados de talento e inteligência, que se acham preparados para empreender a obra missionária. Enviados pela legítima autoridade, na fé e na obediência, vão àqueles que estão longe de Cristo, segregados para o trabalho a que foram escolhidos, como ministros do Evangelho para que a oblação dos gentios seja aceita, santificada pelo Espírito Santo (Decreto “Ad Gentes”, nº 23).

 

O Missionário deve deixar-se conduzir pelo Espírito:

 

Tal espiritualidade exprime-se antes de mais nada, no viver em plena docilidade ao Espírito, e em deixar-se plasmar interiormente por ele, para se tornar cada vez mais semelhante a Cristo. Não se pode testemunhar Cristo sem espelhar sua imagem, que é gravada em nós por obra e graça do Espírito.

Hoje, como no passado, a missão continua a ser difícil e complexa. Requer igualmente a coragem e a luz do Espírito: vivemos tantas vezes, o drama da primitiva comunidade cristã, que via forças descrentes e hostis “coligarem-se contra o Senhor e contra o seu Cristo” (At 4, 26). Como então, hoje é necessário rezar para que Deus nos conceda o entusiasmo para proclamar o Evangelho. Temos de perscrutar os caminhos misteriosos do Espírito e, por ele, nos deixarmos conduzir para a verdade total (cf. Jo 16, 13)(Cf. Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 87, João Paulo II).

 

O Missionário deve amar a Igreja e os homens como Jesus os amou

 

Uma pessoa que não ama a Igreja e as almas, jamais se dedicará ao trabalho missionário, porque esse exige uma entrega total.

O missionário é impelido pelo ‘zelo das almas’, que se inspira na própria caridade de Cristo, feita de atenção, ternura, compaixão, acolhimento, disponibilidade e empenho pelos problemas da gente.

O missionário deve amar a Igreja: ‘Cristo amou a Igreja e se entregou por ela’ (Ef 5, 25). Este amor, levado até o extremo de dar a vida, constitui um ponto de referência para ele. Só um amor profundo pela Igreja poderá sustentar o zelo do missionário (cf. Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 89, João Paulo II).

 

O Verdadeiro Missionário é o Santo

 

Todo missionário só o é, autenticamente, se se empenhar no caminho da santidade... Todo fiel é chamado à santidade e à missão... O renovado impulso para a missão ad gentes exige missionários santos. Não basta explorar, com maior perspicácia, as bases teológicas e bíblicas da fé, nem renovar os métodos pastorais, nem ainda organizar e coordenar melhor as forças eclesiais: é preciso suscitar um novo ‘ardor de santidade’ entre os missionários e em toda a comunidade cristã, especialmente entre aqueles que são os colaboradores mais íntimos dos missionários (cf. Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 90, João Paulo II).

 

Todos são chamados a serem missionários

 

A missão não é um trabalho para um determinado grupo de pessoas, a missão é trabalho de todos os batizados, quem não trabalha como missionário está muito longe de ser um verdadeiro filho da Igreja Católica.

 

Dever dos casais

 

Mesmo casais cristãos, a exemplo de Áquila e Priscila (cf, At 18; Rm 16, 3s), oferecem o confortante testemunho de amor apaixonado por Cristo e pela Igreja com a sua presença ativa em terras de missão (cf. Exortação Apostólica, “Chistifideles Laici”, nº 35, João Paulo II).

 

Dever das crianças

 

A formação para o apostolado deve iniciar-se desde a primeira educação das crianças... Importa, além disso, educar as crianças a ultrapassarem as barreiras da família e abrirem o espírito para as comunidades tanto eclesiásticas quanto temporais (Cf. Concílio Vaticano II, Decreto “Apostolicam Actuositatem, nº 30).

 

Dever dos adolescente e jovens

 

De modo especial, no entanto iniciem-se no apostolado os adolescentes e jovens, imbuindo-se deste espírito apostólico (Cf. Concílio Vaticano II, Decreto “Apostolicam Actuositatem, nº 30).

E, do mesmo modo, que não tenham medo de evangelizar nas praças e nas ruas como os primeiros Apóstolos, de tornar Cristo conhecido nas modernas metrópoles. Este não é o momento de se envergonharem de testemunhar o Evangelho (cf. Rm 1, 16) “por cima dos tetos (Mt 10, 27) (Cf. Homilia da Missa conclusiva da VIII Jornada Mundial da Juventude, Denver, 15-08-1993, João Paulo II).

 

Dever dos idosos

 

Às pessoas idosas, muitas vezes injustamente tidas por inúteis se não mesmo um peso insuportável, lembro de que a Igreja lhes pede e delas espera que continuem a sua missão apostólica e missionária, que não só é obrigatória e possível, mas de certo modo, tornada específica e original também nessa idade (Exortação Apostólica “Christifideles Laice”, nº 48, do Papa João Paulo II).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Ser missionário”.
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