Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

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(Aos membros do Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima. Cidade Missionária do Santíssimo Crucifixo, Anápolis-GO, em 07 de fevereiro de 1998, às 09:30 h.)

 

Correção fraterna

 

A correção fraterna não é uma invenção do homem, mas sim, foi deixada pelo próprio Deus. No Antigo Testamento a Bíblia nos mostra como Deus se serve freqüentemente de homens cheios de fortaleza e de caridade para fazer notar a outros o seu afastamento do caminho que conduz a Ele. Muitos pensam que correção é falta de respeito ou caridade, muito pelo contrário, é sinal de amor.

O Livro de Samuel apresenta-nos o profeta Natã, enviado por Deus ao rei Davi para falar-lhe dos pecados gravíssimos que este havia cometido.

Para fazê-lo perceber a gravidade do seu delito, Natã expôs-lhe uma parábola: Havia numa cidade dois homens; um rico e outro pobre. O rico tinha muitos rebanhos de ovelhas e de bois; o pobre só tinha uma ovelhinha que havia comprado; ia criando-a e ela crescia com ele e com os seus filhos, comendo do seu pão e bebendo da sua taça, dormindo nos seus braços: era para ele como uma filha. Certo dia, chegou uma visita à casa do rico e este, não querendo perder uma ovelha ou um boi para dar de comer ao seu hóspede, subtraiu a ovelha do pobre e preparou-a para o seu hóspede. Davi pôs-se furioso contra aquele homem e disse a Natã: Pela vida de Deus! Aquele que fez isso é réu de morte! (2 Sm 12, 1-5).

O profeta Natã respondeu então ao rei: Tu és esse homem (2 Sm 12, 7). E Davi tomou consciência do pecado que havia cometido, cheio de arrependimento desafogou a sua dor num Salmo que a Igreja nos propõe como modelo de contrição: Tem piedade de mim, ó Deus, segundo a tua bondade; e conforme a imensidão da tua misericórdia, apaga a minha iniqüidade (Sl 50, 3-4).

Davi fez penitência e foi grato a Deus. Tudo graças a uma advertência oportuna e cheia de fortaleza.

A correção fraterna deve ser recebida de coração, a bom exemplo de Davi. Quem não aceita a correção fraterna, está muito longe de ser um cristão e também não agrada a Deus: O que odeia a repreensão segue as pegadas do pecador (Eclo 21, 6).

Quando alguém deseja progredir na vida espiritual e ama a Deus de verdade, aceita com alegria a correção: Aquele que teme ao Senhor aceita a correção... (Eclo 32, 14).

Um dos maiores bens que podemos prestar àqueles a quem mais queremos e a todos, é a ajuda, muitas vezes heróica, da correção fraterna. Muitas vezes, adquirimos certos costumes que não agradam a Deus nem faz bem aos irmãos que convivem conosco, então é preciso alguém para nos corrigir: A correção fraterna faz parte deste espírito de família, desta união fraternal. Alegremo-nos, portanto, quando nos corrigem e, de nossa parte, usemos a mesma caridade para com os outros (Bem-aventurado José Allamano).

 

Como deve ser praticada a correção fraterna?

 

a) Particular, quando o erro for cometido em particular: Vai e corrige-o a sós (Mt 18, 15).

b) Pública, quando o erro for cometido publicamente.

c) Caridade: Quando tiveres de corrigir, faze-o com caridade... (Bem-aventurado Josemaría Escrivá).

Nunca devemos corrigir uma pessoa com voz alterada ou com ira no coração, a caridade deve reinar na correção fraterna.

d) Compreensão: Não “vomitar” sobre a pessoa um monte de palavras, mas conversar para saber realmente a causa e saber também os limites da pessoa.

e) Humildade: Ensina-nos a encontrar as palavras certas e o modo de falar que não ofende, ao recordar-nos que nós também precisamos de muitas ajudas semelhantes.

f) Prudência: Leva-nos a fazer a correção com prontidão e no momento mais adequado; esta virtude é-nos necessária para levarmos em conta o modo de ser da pessoa e as circunstâncias pela qual está passando.

 

Qual deve ser a atitude da pessoa corrigida?

 

a) Aceitação: Mostrar com o rosto e com palavras que aceitou a correção fraterna.

b) Humildade: Na humildade entra a serenidade do rosto e o agradecimento pela correção, só que esse agradecimento deve ser sincero e não irônico.

c) Silêncio: Não discutir com quem está nos corrigindo.

d) Sem nos desculparmos: É muito feio se desculpar de tudo e nunca encontrar um defeito.

e) Ver a mão de Deus nesse amigo.

f) Alegria: não sorriso cínico ou maldoso, mas principalmente a alegria do coração.

Depois de receber a correção, cabe ao corrigido, seguir os conselhos e usar todos os meios possíveis para crescer na santidade.

O orgulhoso age pelo contrário, despreza os conselhos e prefere viver no erro chutando as graças de Deus.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Correção fraterna”.
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