Correção fraterna
A correção fraterna não é uma invenção do homem, mas sim, foi
deixada pelo próprio Deus. No Antigo Testamento a Bíblia nos mostra
como Deus se serve freqüentemente de homens cheios de fortaleza e de
caridade para fazer notar a outros o seu afastamento do caminho que
conduz a Ele. Muitos pensam que correção é falta de respeito ou
caridade, muito pelo contrário, é sinal de amor.
O Livro de Samuel apresenta-nos o profeta Natã, enviado por Deus ao
rei Davi para falar-lhe dos pecados gravíssimos que este havia
cometido.
Para fazê-lo perceber a gravidade do seu delito, Natã expôs-lhe uma
parábola: “Havia numa cidade dois homens; um rico e outro pobre. O
rico tinha muitos rebanhos de ovelhas e de bois; o pobre só tinha
uma ovelhinha que havia comprado; ia criando-a e ela crescia com ele
e com os seus filhos, comendo do seu pão e bebendo da sua taça,
dormindo nos seus braços: era para ele como uma filha. Certo dia,
chegou uma visita à casa do rico e este, não querendo perder uma
ovelha ou um boi para dar de comer ao seu hóspede, subtraiu a ovelha
do pobre e preparou-a para o seu hóspede. Davi pôs-se furioso contra
aquele homem e disse a Natã: Pela vida de Deus! Aquele que fez isso
é réu de morte!” (2 Sm 12, 1-5).
O profeta Natã respondeu então ao rei:
“Tu és esse homem”
(2 Sm 12,
7). E Davi tomou consciência do pecado que havia cometido, cheio de
arrependimento desafogou a sua dor num Salmo que a Igreja nos propõe
como modelo de contrição: “Tem piedade de mim, ó Deus, segundo a tua
bondade; e conforme a imensidão da tua misericórdia, apaga a minha
iniqüidade” (Sl 50, 3-4).
Davi fez penitência e foi grato a Deus. Tudo graças a uma
advertência oportuna e cheia de fortaleza.
A correção fraterna deve ser recebida de coração, a bom exemplo de
Davi. Quem não aceita a correção fraterna, está muito longe de ser
um cristão e também não agrada a Deus: “O que odeia a repreensão
segue as pegadas do pecador” (Eclo 21, 6).
Quando alguém deseja progredir na vida espiritual e ama a Deus de
verdade, aceita com alegria a correção: “Aquele que teme ao Senhor
aceita a correção...” (Eclo 32, 14).
Um dos maiores bens que podemos prestar àqueles a quem mais queremos
e a todos, é a ajuda, muitas vezes heróica, da correção fraterna.
Muitas vezes, adquirimos certos costumes que não agradam a Deus nem
faz bem aos irmãos que convivem conosco, então é preciso alguém para
nos corrigir: “A correção fraterna faz parte deste espírito de
família, desta união fraternal. Alegremo-nos, portanto, quando nos
corrigem e, de nossa parte, usemos a mesma caridade para com os
outros” (Bem-aventurado José Allamano).
Como deve ser praticada a correção fraterna?
a) Particular, quando o erro for cometido em particular:
“Vai
e corrige-o a sós” (Mt 18, 15).
b) Pública, quando o erro for cometido publicamente.
c) Caridade: “Quando tiveres de corrigir, faze-o com
caridade...” (Bem-aventurado Josemaría Escrivá).
Nunca devemos corrigir uma pessoa com voz alterada ou com ira no
coração, a caridade deve reinar na correção fraterna.
d) Compreensão: Não “vomitar” sobre a pessoa um monte de
palavras, mas conversar para saber realmente a causa e saber também
os limites da pessoa.
e) Humildade: Ensina-nos a encontrar as palavras certas e o
modo de falar que não ofende, ao recordar-nos que nós também
precisamos de muitas ajudas semelhantes.
f) Prudência: Leva-nos a fazer a correção com prontidão e no
momento mais adequado; esta virtude é-nos necessária para levarmos
em conta o modo de ser da pessoa e as circunstâncias pela qual está
passando.
Qual deve ser a atitude da pessoa corrigida?
a) Aceitação: Mostrar com o rosto e com palavras que aceitou
a correção fraterna.
b) Humildade: Na humildade entra a serenidade do rosto e o
agradecimento pela correção, só que esse agradecimento deve ser
sincero e não irônico.
c) Silêncio: Não discutir com quem está nos corrigindo.
d) Sem nos desculparmos: É muito feio se desculpar de tudo e
nunca encontrar um defeito.
e) Ver a mão de Deus nesse amigo.
f) Alegria: não sorriso cínico ou maldoso, mas principalmente
a alegria do coração.
Depois de receber a correção, cabe ao corrigido, seguir os conselhos
e usar todos os meios possíveis para crescer na santidade.
O orgulhoso age pelo contrário, despreza os conselhos e prefere
viver no erro chutando as graças de Deus.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Correção
fraterna”.
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