(Gravada em CD no dia 22 de abril de
2005)
Em Lc 7, 11 diz: “Ele
foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus discípulos e
numerosa multidão caminhava com ele”.
Comentarei primeiro dentro desse
versículo 11, o seguinte: “Ele foi em seguida
a uma cidade chamada Naim”.
Depois do Sermão da Montanha e da cura
do servo do centurião, Jesus Cristo manifestou firmemente a intenção
de caminhar para Jerusalém. E mandou mensageiros à sua frente.
Decidiu ir pelo interior, através da Samaria.
Jesus Cristo abandonou o lago e
dirigiu-se primeiro a Nazaré, no interior, para tomar a Via Maris.
No caminho, Jesus passou por uma pequena cidade chamada Naim, a
atual Néus, a 32 km de Cafarnaum, onde tinha curado o servo do
centurião, e a uns 10 km a sudeste de Nazaré. Nosso Senhor não tinha
preguiça, Ele andava dezenas de quilômetros em busca da ovelha perdida.
Nesse versículo 11, como já foi falado,
diz: “Ele foi em seguida a uma cidade chamada
Naim”. “Ele foi em seguida”,
está claro que Jesus Cristo era um missionário incansável, Ele não
vivia no comodismo, não buscava a mordomia, estava sempre a missionar, como
escreve o Papa Paulo VI: “O próprio Jesus… foi
o primeiro e o maior dos evangelizadores”; e o próprio Cristo diz:
“Devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus, pois é para isso que fui
enviado” (Lc 4, 43).
O incansável Senhor nos ensina com o seu
exemplo a sermos missionários fervorosos e zelosos; a trabalharmos
para conquistar almas para o céu, como escreve o Papa João Paulo II:
“Nenhum crente, nenhuma instituição da Igreja
pode esquivar-se deste dever supremo: anunciar Cristo a todos os
povos”.
O católico deve descruzar os braços, sacudir a poeira do comodismo e trabalhar com zelo e entusiasmo
pelo bem das almas. São Bernardo de Claraval escreve:
“É
uma vergonha fazer-se de membro regalado sob um a cabeça coroada de
espinhos”, e São João Crisóstomo também escreve:
“Nada
mais frio do que um cristão que não se preocupa com a salvação dos
outros”.
Ainda no versículo 11 diz:
“Seus
discípulos e numerosa multidão caminhava com ele”.
Nosso Senhor atraia multidões, porque
pregava com autoridade, como está em Mt 7,28: “Aconteceu
que ao terminar Jesus essas palavras, as multidões ficaram
extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade
e não como os seus escribas”, e de seus lábios saiam somente
palavras verdadeiras, como está em Jo 18, 37: “Para
isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade.
Quem é da verdade escuta a minha voz”. Nosso Salvador não
bajulava nem mentia, pregava somente a verdade, por isso, atraía
multidões.
O pregador não deve pregar com a
intenção de agradar o povo, e sim, de agradar somente a Deus, como
escreve São João Crisóstomo: “… em suas
pregações procure apenas agradar a Deus”. E no meio dessa
multidão, com certeza existiam pessoas que criticavam a Jesus
Cristo, porque, como escreve Santo Agostinho: “A
verdade gera o ódio”, e o mesmo santo ainda diz:
“A
verdade possui poucos amigos”, e São Josemaría Escrivá
escreve o seguinte: “Jesus: por onde quer que
tenhas passado, não ficou um coração indiferente. – Ou Te amam ou Te
odeiam”. Jesus nunca mentiu, nunca escondeu a verdade. Hoje,
muitos pregadores escondem a verdade com medo de perder o dízimo e a
simpatia do povo, preferem falar em política e reforma agrária, e
assim o povo vai se afastando da Igreja, porque mentira e política
não atraem os corações sedentos de Deus, mas somente a verdade os
atraem; por isso, multidões seguiam a Jesus Cristo, porque de seus
lábios saiam somente palavras edificantes.
Em Lc 7, 12 diz: “Ao se
aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um
morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade
estava com ela”.
Naquela região, o enterro normalmente
acontecia à tarde do mesmo dia da morte; o cemitério estava situado,
como era normal entre os hebreus, fora do povoado.
Nosso Senhor Jesus Cristo, o zeloso
missionário, aproxima-se com o Seu Coração ardente de amor pelas
almas da porta da cidade de Naim. Jesus parou com a multidão que O
seguia, porque quando se produziam estes encontros, era costume
esperar e deixar passar o cortejo fúnebre. O que Ele contempla nesse
enterro? Contempla uma mulher chorosa, mas ao mesmo tempo conformada
com a morte do seu único filho. Em seu comportamento não se via
desespero nem gritaria, como escreve o Cônego Duarte Leopoldo:
“Havia
já perdido o marido e, com ele a sua glória. Restava-lhe um filho
único, a sua consolação, a sua vida. Também esse paga tributo à
natureza, e ei-la que o acompanha para o túmulo silenciosamente,
nessa dolorosa mudez tanto mais pungente, quanto mais concentrada”.
A atitude silenciosa e o choro
controlado da viúva de Naim deve servir-nos de exemplo quando
tivermos que passar por semelhante situação. Diante da morte de
uma pessoa querida, devemos nos conformar com a vontade de Deus e
afastar do nosso coração qualquer desespero ou reclamação, e
aproveitar o tempo para rezar pela alma do falecido, como escreve
Santo Afonso Maria de Ligório: “Na morte de
algum parente, em vez de perdermos tempo chorando sem proveito
algum, empreguemo-lo rezando pelo falecido, e ofereçamos a Jesus a
dor que sentimos nessa perda”, ou então dizer:
“O
Senhor o deu, o Senhor o tirou, bendito seja o nome do Senhor”
(Jó 2, 21).
Será que você obedece os conselhos de Santo Afonso no velório de uma
pessoa querida ou age como alguém que não tem fé?
Em certos velórios, se o defunto pudesse
fugir, com certeza colocaria o caixão na cabeça e fugiria, porque ao
invés de rezar pela alma do mesmo, muitos preferem gritar e
blasfemar contra Deus; e alguns “adoram” se aparecer
justamente em velórios, dando shows e escândalos, mas no dia
seguinte já estão dançando bailes. Quanta hipocrisia!
Jesus contempla também no enterro do
filho da viúva de Naim uma multidão fria e indiferente em relação à
viúva, pelo menos a Bíblia não menciona se alguém da multidão a
consolava; penso que estavam ali mais por interesse e curiosidade,
porque era uma viúva rica e estimada, como escreve o Cônego
Duarte Leopoldo: “A multidão que a acompanha
mostra que ela era senhora de condição, e da mesma classe devia ser
o seu marido. Ela era rica, estimada e feliz”.
Também hoje, infelizmente, em muitos
enterros, a maioria das pessoas vai somente por curiosidade, somente
uma minoria se preocupa em consolar a família com orações e bons
conselhos.
Em Lc 7, 13 diz:
“O Senhor, ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe ‘Não chores!”
Jesus Cristo não esperou que a viúva
aproximasse d’Ele para pedir-lhe uma ajuda ou que enviasse alguém
para tal; Ele, o Deus da caridade foi ao seu encontro e derramou
sobre o seu coração sofrido de mãe aquela paz que ninguém da
multidão poderia dar-lhe, como escreve São Josemaría Escrivá:
“Jesus
vê a angústia daquelas pessoas com quem se cruza ocasionalmente.
Podia ter passado de lado ou ter esperado que O chamassem e lhe
fizessem um pedido. Mas não se afasta, nem fica na espectativa. Toma
Ele próprio a iniciativa, movido pela aflição de uma viúva que
perdera a única coisa que lhe restava: o filho”, e o mesmo
santo acrescenta: “Jesus sente-se singelamente
afetado pelo sofrimento daquela mulher, não pode deixar de a
consolar. Então, aproximou-se e disse-lhe: não chores. Que é como se
lhe dissesse: não te quero ver desfeita em lágrimas, pois eu vim
trazer à terra a alegria e a paz”.
São Josemaría Escrivá diz:
“Se
não aprendermos de Jesus, não amaremos nunca”. Está claro que
precisamos possuir um coração generoso e cheio da verdadeira
caridade para com o próximo, como escreve o mesmo santo:
“…
temos de pedir ao Senhor que nos conceda um coração bom, capaz de se
compadecer das penas das criaturas, capaz de compreender que, para
remediar os tormentos que acompanham e não poucas vezes angustiam as
almas neste mundo, o verdadeiro bálsamo é o amor, a caridade: todos
os outros consolos apenas servem para distrair por um momento, e
deixar mais tarde um saldo de amargura e desespero”.
Você que anda tão angustiado e triste
por causa de inúmeras dificuldades que aparecem todos os dias na sua vida; você que sofre com a sua família, sofre no seu emprego,
sofre com doenças, etc., não fique desesperado e não pense em
cometer loucuras, como vingança ou suicídio, aproxime com confiança
de Jesus Cristo, e Ele, o Deus Amor, enxugará as suas lágrimas e te
consolará, assim como fez à viúva de Naim.
Lembre-se de que o desespero, a vingança
e o suicídio não resolvem nada; corra para os braços de Jesus Cristo
e Ele te ajudará. O próprio Cristo te convida dizendo:
“Vinde
a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu
vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para
vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”
(Mt 11, 28-30).
Em Lc 7, 14 diz: “Depois,
aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam.
Disse ele, então: ‘Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”
A Palavra de Deus, em Mc 7, 37 diz:
“Ele
tem feito tudo bem…”, isto é, Jesus Cristo faz tudo com
perfeição. Ele consolou a viúva de Naim dizendo:
“Não
chores!” (Lc 7, 13);
não foi uma consolação só de palavras como as dos outros; Ele foi
além, aproximou-se e tocou o féretro, isto é, o caixão. Este
consistia numas simples padiolas em que se levava o cadáver
envolvido num lençol: “Todos estavam admirados
da majestade e simplicidade de Cristo diante do defunto”
(Pe. Francisco
Fernández-Carvajal). Os que
carregavam o caixão pararam; está claro que a presença de Cristo
impõe respeito e confiança. Eles não estavam ali diante de uma
criatura, e sim, diante do Deus Todo-Poderoso e Senhor da vida.
Cristo Jesus disse para o morto:
“Jovem,
eu te ordeno, levanta-te!”
(Lc 7, 14).
Quando alguém comete o pecado mortal, morre espiritualmente; para
resolver tão triste situação, o remédio não consiste em desânimo ou
desespero, e sim, em arrepender do erro que cometeu e com o coração
humilhado aproximar-se do sacramento da confissão, e Cristo Jesus dirá
ao morto espiritualmente: “… eu te ordeno,
levanta-te!” Não tenhas medo de aproximar de Jesus Cristo,
Ele é o Deus consolador.
Em Lc 7, 15 diz: “E o
morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”.
Com certeza a viúva de Naim ficou muito
feliz ao recuperar vivo o seu filho, isso recorda a alegria da Santa
Igreja Católica Apostólica Romana pelos seus filhos pecadores
regressados à vida da graça, como comenta Santo Agostinho:
“A
mãe viúva alegra-se com seu filho ressuscitado. A Mãe Igreja
alegra-se diariamente com os homens que ressuscitam na sua alma.
Aquele, morto quanto ao corpo; estes, quanto ao seu espírito”,
e o Cônego Duarte Leopoldo escreve: “Em
sentido místico, esta viúva é a Igreja, o filho morto é o pecador.
Jesus o ressuscita para a vida da graça e o restitui de novo à Sua
Igreja. Mãe carinhosa, a Igreja se alegra muito mais ainda com a
ressurreição de um filho pelo sacramento da penitência, do que com o
seu nascimento pelas águas do Batismo”.
Em Lc 7, 16-17 diz: “Todos
ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: 'Um grande
profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo'. E essa
notícia difundiu-se pela Judéia inteira e por toda a redondeza”.
As duas multidões, a que seguia a Jesus
Cristo e a que acompanhava o enterro do filho da viúva de Naim,
presenciaram o milagre da ressurreição, como escreve São Josemaría
Escrivá: “Cristo sabe que O rodeia uma grande
multidão, a quem o milagre enchera de pasmo”, agora era uma
única multidão; e a notícia desse milagre, como está em Lc 7, 17:
“…
difundiu-se pela Judéia inteira e por toda a redondeza”. O Pe. Francisco Fernández-Carvajal diz:
“O
milagre não era para menos. Aquele rapaz converteu-se num sinal vivo
da divindade de Jesus”.
Assim como aquela multidão difundiu pela
Judéia e por toda a redondeza o
milagre que Nosso Senhor Jesus Cristo acabara de fazer; nós, que somos seguidores de Cristo Jesus,
que conhecemos o Seu Amor e a Sua Bondade, não podemos ficar de
braços cruzados nem acomodados; mas sim, com o coração cheio
de fervor e zelo devemos pregar que Cristo Jesus é o Caminho, a
Verdade e a Vida, que Ele é a Luz do mundo, o Príncipe da paz, e que
fora d’Ele tudo é ilusão e tristeza.
Não tenha medo nem vergonha de difundir
a Santa Doutrina sobre Jesus Cristo, porque somente Ele é capaz de
satisfazer a nossa alma imortal, por isso, escreve o Papa Paulo VI:
“Não haverá nunca evangelização verdadeira se
o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de
Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados”.
Que o Amor do Coração de Jesus Cristo
esteja na vossa alma. Ame apaixonadamente a Nosso Senhor, porque
somente n’Ele você encontrará a verdadeira felicidade.
Pe. Divino Antônio
Lopes FP.
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