No
esplendor da primavera, os campos e as florestas da região perto da
cidade de Port Orange, no Canadá, davam sinal de vida, pequenas
flores do campo, assim como o aroma das matas enchia de alegria os
pássaros e animais que lá viviam. Tudo era beleza, canto e encanto;
e naquele cenário privilegiado, veio ao mundo, a indiazinha Tekawita,
da nação indígena Iroquesa.
Seu pai era o grande chefe
da tribo, e sua mãe, que havia sido raptada pela tribo de seu pai e
com ele foi obrigada a desposar, nascendo dessa união a pequena
Tekawita. Como católica, sua mãe, que fora batizada pelos jesuítas,
desejava que sua filha também fosse batizada, e recebesse o nome de
Catarina, em homenagem a Santa Catarina de Alexandria.
O costume indígena
determinava que o chefe da tribo escolhesse o nome de todas as
crianças da nação, e para a criança escolheram Tekawita (a que
coloca as coisas em ordem). Sua mãe, em segredo, a chamava de
Catarina e desde o colo ensinava orações e cânticos cristãos.
A pequena Tekawita, aos 4
anos, experimenta uma tragédia em sua tribo: uma epidemia de varíola
mata um grande número de índios e entre eles, seus pais. Tekawita
também é contaminada, quase perde a visão. As marcas da doença a
acompanharão pelo resto da vida, além da fragilidade de sua saúde.
Catarina foi levada pelos
tios, e por eles educada e criada nos costumes pagãos da tribo. Foi
maltratada, humilhada e era discriminada pelos familiares que a
tinham de pouca serventia.
Apesar da idade, nutria em
seu coração sentimentos cristãos, repetia em silencio as orações que
aprendera da mãe e meditava os princípios básicos da fé católica que
também ouvira de sua mãe. A jovem Tekawita acompanhava a tribo, na
busca do alimento diário pelas florestas, e lá, contemplava o amor
de Jesus, olhando para a tosca cruz que ela mesma confeccionara com
galhos secos de árvores.
Com o passar do tempo,
Catarina repetia para as crianças da tribo as histórias que sua mãe
contava sobre Jesus, e enquanto tecia evangelizava os pequenos de
sua nação indígena.
Sempre que era abordada
pelos familiares sobre seu futuro e seu casamento, respondia com
calma e serena que tinha Jesus como seu único esposo... o que levou
os familiares a tratá-la com indiferença e a expulsá-la da tribo.
Catarina, sabendo da
existência das missões jesuítas, nas proximidades, foge da tribo e
da casa de seus tios, e, enfrentando perigos sem conta, consegue
chegar na missão, quase esgotada de forças. Aos 20 anos Catarina
recebe o batismo e assim realiza o sonho de sua mãe, também
colocando na frente de seu nome, o de Catarina, passando a chamar-se
Catarina Tekawita.
Desde aquele momento,
Catarina consagrou-se totalmente a Cristo, na virgindade consagrada
ao esposo divino, e finalmente pode alimentar-se do pão dos fortes,
Jesus na eucaristia. Os padres missionários ficaram pasmados em
reconhecer naquela alma eleita, ensinada unicamente pelo Espírito
Santo em tantos anos de isolamento, virtudes cristãs de elevada
perfeição.
Sempre ocupada nos
serviços da missão, a sua dedicação impressionava a todos: sua
disponibilidade, carinho e afeição pelos irmãos doentes e idosos era
realmente maternal. Jamais descuidava da vida de oração, da
penitência e dos sacrifícios oferecidos por amor.
No ano de 1680, quando
completara 24 anos, foi acometida por uma grave doença, que além de
causar dores horríveis, consumia suas forças a cada dia. Sempre no
silêncio resignado, sem queixas nem murmúrios, Catarina sofria e
amava e tudo oferecia a Jesus pela conversão de sua tribo.
Já sem forças físicas e
toda transformada em uma rocha de fé, a jovem Catarina entrega sua
alma ao Senhor da Vida. Era dia 17 de abril de 1680.
Momentos antes de morrer,
seu rosto, desfigurado pela varíola aos 4 anos, torna-se belo e sem
manchas e de uma beleza celestial. Seus olhos, quase cegos,
tornaram-se brilhantes e iluminados, e suas últimas palavras foram:
“Meu Jesus, eu Te Amo!”.
O pedido de beatificação
partiu dos membros da tribo, e muitos estavam presentes na praça de
São Pedro em junho de 1980, quando o Papa declarava bem-aventurada
Catarina Tekawita.
No ano de 2002, o Papa
João Paulo II a nomeou padroeira da 17.ª Jornada Mundial da
Juventude realizada no Canadá. E, ao lado de São Francisco de Assis,
a beata Catarina Tekawita foi declarada Padroeira do Meio-Ambiente e
da Ecologia.
Que o exemplo de Catarina
Tekawita nos inspire na perseverança e na fidelidade ao nosso
batismo.
Foi canonizada pelo Papa
Bento XVI, no Vaticano, no dia 21 de outubro de 2012.
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