Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Biografia do Bem-aventurado Zeferino Namuncurá

 

 

Zeferino Namuncurá era um jovem de quase 19 anos, um mapuche “homem da terra”, como sugere a etimologia dos pampas: uma terra dura, estéril, flagelada pelo vento ou queimada pelo sol, imobilizada pela neve ou encharcada pela chuva. Portanto, Zeferino era um cidadão dos pampas, filho de um povo acostumado a combater desde o amanhecer até ao anoitecer e, frequentemente, também do anoitecer até ao amanhecer contra os elementos naturais. Zeferino foi forjado por esta terra, obrigado a crescer depressa, como todos os seus contemporâneos; uma infância curta, uma adolescência mais ou menos inexistente; a vida nos pampas exige de quem tem 9 ou 10 anos a agilidade de um adulto: cavalgar, caçar, pescar... conhecer, enfim, todos os truques para a sobrevivência.

Filho do cacique dos mapuches, Zeferino nasceu a 26 de Agosto de 1886, na Argentina. Foi batizado a 24 de Dezembro de 1888, pelo missionário Dom Milanésio que permaneceu sempre um dos seus pontos de referência. Quando o pai foi proclamado coronel do exército argentino, aceitou que o filho fosse estudar na capital. Após uma breve experiência numa escola estadual, Zeferino foi acolhido para o colégio salesiano de Buenos Aires a 20 de Setembro de 1897. A vida no colégio não foi muito fácil para esse filho do deserto, mas ele aceitou tudo em silêncio e, em contato com os sacerdotes salesianos de grande talento apostólico e cultural, iniciou uma rápida transformação que se tornou um propósito permanente na base da sua santidade: “Vim estudar para ser útil ao meu povo”. A antiga sabedoria herdada dos seus antepassados encontrou-se e integrou-se admiravelmente com a sabedoria cristã, por ele percebida como o ápice, o complemento daquela do seu povo.

Na Argentina, Zeferino é o “santo” mais conhecido e amado. Feito santo pelo seu povo antes que a Igreja o declarasse tal. Por conseguinte, é um santo inusitado, portador de uma santidade dos pampas, regada pelas fadigas, valores, obediência; sem impulsos místicos, orações martirizantes, propósitos clamorosos, sem grandes escritos: um santo da terra, um santo ao alcance de todos, um santo, enfim, segundo o coração de Dom Bosco, que incentivava os seus alunos a terem duas características que pela sua simplicidade teria provocado alguma perplexidade nos grandes santos do passado, mas que para o sacerdote dos jovens eram o sinal inequívoco de uma santidade ao alcance dos jovens: “honesto cidadão e bom cristão”. É o quanto basta para se tornar santo. Dom Bosco estava convencido disso e a história deu-lhe razão: Domingos Sávio, Laura Vicuña e, agora, Zeferino Namuncurá.

Zeferino Namuncurá faleceu em Roma, a 11 de Maio de 1905, enquanto percorria o seu caminho de preparação para o sacerdócio.