Santa
Luzia nasceu na cidade de Siracusa – Itália no ano 283 d. C.
Seu pai, de nome desconhecido, morreu quando Luzia
era pequena. Sua mãe — Eutíquia — era uma mulher de família cristã,
nobre, abastada e possuidora de muitos latifúndios.
Luzia foi criada dentro dos sentimentos de piedade e
da religião. Recebeu uma primorosa educação cristã de modo que se
sentiu dominada pelo amor a Cristo emitindo, desde cedo, o voto de
perpétua virgindade. Guardou absoluto segredo deste voto até mesmo
para sua mãe.
Eutíquia desejava que Luzia contraísse matrimônio com
um jovem de distinta família, mas pagão. Na sua perplexidade, Luzia
pediu a sua mãe que lhe concedesse um certo prazo para melhor
amadurecer sua solução de castidade pela oração.
Neste tempo, Eutíquia adoeceu de um mal terrível sem
que houvesse esperança de recuperar a saúde, apesar de ter gasto
muito com os melhores médicos da Itália.
Luzia, muito carinhosa com sua mãe e sofrendo no
íntimo a doença dela, convidou-a a ir para cidade de Catânia —
Itália, para rezar junto ao túmulo de Santa Águeda, santa famosa em
operar curas e milagres.
Depois de ter passado algum tempo em oração, Luzia
teve uma visão: Apareceu-lhe a Mártir Águeda dizendo:
Que deseja de mim, querida irmã? Tua mãe está
restabelecida graças a tua fé. Como Deus se dignou glorificar a
cidade de Catânia por causa do meu martírio, assim Siracusa será
celebre por ti, porque, por tua virgindade, preparaste agradável
morada a Deus em teu coração.
Voltando para Siracusa com a mãe completamente
curada, recebe novamente a proposta de casamento. Luzia fez este
pedido a sua mãe:
Mamãe, agora que Santa Águeda te restituiu a saúde,
peço-te que me concedas entregar-me toda e com inteira liberdade ao
amor de meu Divino Esposo: Jesus Cristo.
Sua mãe permitiu, e, a partir deste momento, as duas
começaram a trabalhar juntas pelos pobres e necessitados.
Prevendo uma vingança e o martírio, Luzia distribuiu
seus bens aos pobres e, com oração fervorosa, se preparou para o que
lhe acontecesse.
O jovem que nutria a esperança de casar com Luzia,
tendo a notícia da obstinada recusa e do gesto em favor dos pobres,
transformou o amor em ódio e denunciou-a perante o Governador
Pascásio, de dois crimes: de não ter cumprido a palavra e de ser
cristã, e, portanto, desprezadora dos deuses nacionais.
Luzia foi incursa nas leis que mandavam punir
rigorosamente os seguidores do Novo Evangelho, pois, neste tempo
estava havendo perseguição do Imperador Diocleciano aos cristãos.
Luzia foi conduzida ao tribunal do Governador
Pascásio. O Juiz procurou seduzi-la e convencê-la de que devia se
sacrificar aos deuses e manter a palavra do casamento.
Luzia respondeu ao Juiz:
Nem uma e nem outra coisa farei. Adoro a um só Deus
Verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade.
O Juiz continuou com ameaças, intimidações, inclusive
de ser levada a uma casa de prostituição para ser desvirginada.
Luzia respondeu:
Quem vive casta e santamente é templo do Espírito
Santo. Sem a minha vontade, a virtude nada sofrerá. Podes, a força,
por incenso nas minhas mãos para que o ofereça aos ídolos? De nada
vale porque Deus, que conhece os corações, não me julgará pelo o que
fiz coagida. Mesmo que não possa resistir a força, minha virtude
receberá dupla coroa.
Luzia previu que estava próximo o fim das
perseguições, como de fato aconteceu logo depois de sua morte.
Deus a preservou de maneira miraculosa tornando-se
presa na terra a fim de que nenhuma força humana a removesse do
local.
Furioso com o acontecido, o Governador Pascásio
mandou que ela fosse queimada após ser envolvida com piche e resinas
inflamáveis.
Mesmo assim, Luzia não morreu. O Governador Pascásio
envergonhado, mandou que ela fosse torturada e ferida a ferro frio.
Depois disso, os amigos cristãos de Luzia a levaram
para casa, e ela, assistida piedosamente em sua agonia, expirou
entregando o seu espírito ao Divino Esposo, depois de ser confortada
pela Sagrada Comunhão aos 13 de dezembro de 304 d.C.
Seus restos mortais foram guardados em Siracusa com
grande devoção dos fiéis, depois foram transportados para
Constantinopla com as devidas honras, e, por fim levados para
Veneza, onde até hoje são piedosamente venerados.
As preciosas relíquias de seu corpo foram
transferidas de Siracusa para Espoleto — Itália, depois para Abadia
de São Vicente de Metz, onde se tornou a Igreja por excelência de
Santa Luzia, centro de sua devoção.
Em escavações no Cemitério cristão de Siracusa, no
século IV, foi encontrado um Epitáfio nestes termos:
“Eutíquia, a irrepreensível, viveu santa e pura cerca
de quinze anos; morreu na festa de Santa Luzia, a qual não pode ser
louvada como merece.”
O culto a Santa Luzia se espalhou por toda a Itália e
mais tarde por toda a Europa e outros continentes. Só em Roma havia
vinte igrejas dedicadas à Santa Luzia.
Ela foi uma das quatro virgens, junto com as Santas
Inês, Cecília e Águeda, que gozavam de ofício próprio e cujos nomes
tiveram o privilégio de serem invocados no Cânon da Santa Missa.
Santa Luzia é invocada como protetora contra as
doenças dos olhos. Provavelmente, esta conexão se deve ao fato de
que o nome de Luzia, em latim, se liga à palavra LUZ. Os olhos são
elementos indispensáveis para a visão da luz.
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