Jesus Cristo: o
grande missionário
(Pe. Divino Antônio Lopes FP.)
I PONTO
Jesus Cristo: o
primeiro evangelizador
O Papa Paulo VI escreve:
“... o próprio Jesus, ‘Evangelho de
Deus’, foi o primeiro e o maior dos evangelizadores. Ele foi
isso mesmo até o fim, até a perfeição, até o sacrifício da
sua vida terrena” (Exortação Apostólica
“Evangelii Nuntiandi”, 7).
II PONTO
Jesus Cristo
preparou-se para a sua missão no silêncio e no recolhimento
Insondáveis são os desígnios de Deus,
imperscrutáveis os seus caminhos. Jesus veio a este mundo
para ser o Mestre e Salvador dos homens. Que ideia faríamos
d’Ele se não soubéssemos como passou a sua vida terrestre?
Certamente no-lo representaríamos a consumir os seus dias
desde os mais tenros anos, na preparação da doutrina do
reino a fundar. A realidade, porém, mostra o contrário.
Jesus passa trinta anos no retiro e na obscuridade da casa
de Nazaré, para gastar apenas três anos na vida pública.
Jesus nos ensina com este seu exemplo a amar
o silêncio, o recolhimento e a
solidão.
É impossível imaginar-nos o Filho de Deus
falando com excesso em qualquer sentido.
Também na sua natureza humana, Jesus estava
sempre unido ao Pai celestial (cfr.
Frei Basílio Röwer, 50 conferências para religiosas).
Edições Theologica comenta:
“Antes de começar a sua obra
messiânica e, portanto, de promulgar a Nova Lei ou Novo
Testamento, Jesus, o Messias, prepara-se com a oração e o
jejum no deserto”.
O Bem-aventurado João Paulo II escreve:
“Jesus jejuou quarenta dias e
quarenta noites antes de começar a ensinar”
(Audiência geral, 28/02/1979).
O Papa Bento XVI escreve:
“De fato, a Quaresma traz à mente
os quarenta dias de jejum vividos pelo Senhor no deserto
antes de empreender a sua missão pública”
(Mensagem para a Quaresma de 2009).
III PONTO
Jesus Cristo: o
incansável
Quem ama nunca diz basta, mas trabalha
incansavelmente para o bem das almas:
“A caridade de Cristo
estimula, incita-nos a correr e voar com as asas do santo
zelo. Quem ama a Deus de verdade também ama o próximo; o
verdadeiro zeloso é o mesmo que ama, mas em grau maior,
conforme o grau de amor; quanto arde de amor, tanto mais é
impelido pelo zelo” (Santo Antônio Maria
Claret, Obras).
Jesus é o nosso modelo, Ele é o grande
missionário cheio de amor e de zelo... é o incansável que
percorria campos, povoados, vilas e
cidades pregando a Boa Nova:
“Jesus percorria todas as cidades e povoados ensinado em
suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino, enquanto
curava toda sorte de doenças e enfermidade”
(Mt 9, 35).
Acompanhemos os passos de Nosso Senhor em seu
trabalho missionário lendo algumas passagens bíblicas, e
envergonhemo-nos do nosso comodismo e falta de zelo pelas
almas.
● “Quando Jesus
acabou de dar instrução a seus doze discípulos, partiu dali
para ensinar nas cidades deles” (Mt 10,1).
● “Naquele dia,
saindo Jesus de casa, sentou-se à beira-mar. Em torno dele
reuniu-se uma grande multidão. Por isso, entrou num barco e
sentou-se, enquanto a multidão estava em pé na praia. E
disse-lhes muitas coisas em parábolas” (Mt
13,1-3).
● “Quando Jesus
acabou de proferir essas parábolas, partiu dali e,
dirigindo-se para a sua pátria, pôs-se a ensinar as pessoas
que estavam na sinagoga, de tal sorte que elas se
maravilhavam e diziam: ‘De onde lhe vêm essa sabedoria e
esses milagres?’” (Mt 13,53-54).
● “Jesus, ouvindo
isso, partiu dali, de barco, para um lugar deserto,
afastado. Assim que as multidões o souberam, vieram das
cidades, seguindo-o a pé. Assim que desembarcou, viu uma
grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus
doentes”(Mt 14,13-14).
● “Jesus, partindo
dali, foi para as cercanias do mar da Galiléia e, subindo a
uma montanha, sentou-se. Logo vieram até ele numerosas
multidões trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos
outros, e os puseram aos seus pés e ele os curou, de sorte
que as multidões ficaram espantadas ao ver os mudos falando,
os aleijados sãos, os coxos andando e os cegos a ver. E
renderam glória ao Deus de Israel” (Mt
15,29-31).
●
“Saindo dali, foi para o território de
Tiro” (Mc 7,24).
● “Saindo de novo do
território de Tiro, seguiu em direção do mar da Galiléia,
passando por Sidônia e atravessando a região da Decápole”
(Mc 7,31).
● “Tendo partido
dali, caminhava através da Galiléia”(Mc
9,30).
● “Partindo dali,
ele foi para o território da Judéia e além do Jordão, e
outra vez as multidões se reuniram em torno dele. E, como de
costume, de novo as ensinava” (Mc 10,1).
● “Jesus voltou
então para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama
espalhou-se por toda a região circunvizinha. Ensinava em
suas sinagogas e era glorificado por todos”
(Lc 4,14-15).
● “Antes do nascer
do sol, já se achava outra vez no Templo. Todo o povo vinha
a ele e, sentando-se, os ensinava” (Jo
8,2).
Existem dezenas de passagens na Sagrada
Escritura que mostram Nosso Senhor pregando a Boa Nova, mas
essas são suficientes para mostrar o seu zelo pelas almas, e
servem também para acordar os católicos... são sinos que
tinem nos ouvidos acomodados de milhões de católicos,
convidando-os para missionarem com zelo e fervor.
Nosso Senhor percorria as estradas poeirentas
da Palestina, sob um sol escaldante, pregando o Evangelho do
Reino para as multidões. O incansável missionário não
buscava uma vida fácil, mas enfrentava inúmeras dificuldades
em busca das ovelhas desgarradas:
“Também a sua última viagem, de Jericó
a Jerusalém, constituiu uma demonstração de notável
resistência física sob o sol abrasador, por estradas sem
sombra, ou através de colinas rochosas e desertas, venceu
numa caminhada de seis horas uma subida de mais de mil
metros. É de admirar que à chegada, ainda se achasse bem
disposto. Na mesma noite, com efeito, tomou parte num
banquete que Lázaro e suas irmãs lhe haviam preparado”
(Karl Adam, Jesus Cristo).
Se cada católico descruzasse os braços e
imitasse o exemplo de Jesus Cristo, com certeza a Santa
Igreja Católica seria mais fervorosa e conquistaria um maior
número de almas para o céu. Mas o que vemos é totalmente o
contrário; a maioria vive adormecida no comodismo, correm de
qualquer compromisso, são como que cadáveres ambulantes...
esse tipo de gente é a vergonha da Igreja e também os seus
piores inimigos: “É uma vergonha
fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de
espinhos” (São Bernardo de Claraval,
Sermões), : “...
nada tanto afoita a audácia dos maus, como a pusilanimidade
dos bons” (Leão XIII, “Sapientiae
Christianae”, 18).
IV PONTO
Jesus Cristo: o
pregador da verdade
Jesus Cristo é o missionário da verdade, Ele
nunca bajulou ninguém e jamais agiu com duplicidade:
“Falei abertamente ao mundo. Sempre
ensinei na Sinagoga e no Templo, onde se reúnem todos os
judeus; nada falei às escondidas” (Jo
18,20); e de seus lábios jamais saiu mentira:
“... mentira nenhuma foi achada em
sua boca” (1 Pd 2, 22).
O Amado Senhor não se envolvia com política
ou com outros assuntos vazios; mas sim, somente com a
Palavra que salva e que consola a alma imortal:
“... a multidão se comprimia ao
redor para ouvir a palavra de Deus...” (Lc
5,1).
Nosso Senhor, o missionário da verdade, não
pregava para tapear o povo, como acontece hoje com muitos
mercenários; de sua boca saía somente a verdade, e assim,
tocava a alma dos ouvintes que ficavam maravilhados:
“Todos testemunhavam a seu
respeito, e admiravam-se das palavras cheias de graça que
saíam de sua boca” (Lc 4,22).
Se cada sacerdote imitasse o exemplo de Nosso
Senhor e pregasse somente a verdade, com certeza o mundo
seria melhor; se cada pregador pregasse somente para agradar
a Deus, o fruto da pregação seria bem maior:
“... em suas pregações procure
apenas agradar a Deus” (São João
Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro V, 7).
É ridículo ouvir sacerdotes pregando com
bajulações e mentiras para enganar o povo; essa maneira de
pregar não muda os corações e não agrada a Cristo Jesus que
sempre pregou com sinceridade:
“Aconteceu que ao terminar Jesus essas palavras, as
multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque
as ensinava com autoridade e não como os seus escribas”
(Mt 7,28-29).
Hoje, infelizmente, muitos fiéis vão à igreja
e saem revoltados, escandalizados
e vazios, porque só ouvem coisas vazias e
sem convicção, verdadeiras baboseiras.
V PONTO
Jesus Cristo: o
forte
Os evangelistas no-lo informam de maneira
muito clara. O que os impressionou antes de tudo, na
natureza humana de Jesus, foi a extraordinária lucidez do
seu pensamento, assim como a inquebrantável firmeza da sua
vontade. Se se quisesse tentar o impossível e exprimir numa
palavra a fisionomia humana de Jesus, seria necessário dizer
que foi verdadeiramente um homem de caráter inflexível e
totalmente voltado para o seu fim; um homem que discerniu
nitidamente o seu dever na vontade de seu Pai, e o aceitou e
cumpriu até o fim, até o derramamento do seu sangue.
Seu modo de falar, as expressões que se
repetem sem cessar: “Eu vim…”, “Eu não
vim…”, traduzem bem esse “sim” e esse
“não” claros e inabaláveis.
“Eu não vim trazer a paz, mas a
espada” (Mt 10, 34);
“Eu não vim chamar os justos, mas
os pecadores” (Mt 9, 13);
“O Filho do homem veio procurar e
salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10);
“O Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por
muitos” (Mt 20, 28);
“Eu não vim para suprimir a Lei e
os profetas, mas para os cumprir” (Mt 5,
17); “Eu vim trazer
fogo á terra e quero senão que arda?” (Lc
12, 49). Jesus sabe o que quer, e sabe-o
desde o começo. Na idade dos doze anos, quando seus pais o
encontram no templo, exprime tão claramente quanto possível
todo o programa da sua vida: “Não
sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de meu Pai?”
(Lc 2, 49).
Diante de tantos obstáculos Jesus não deixa
por isso de continuar o seu caminho, decidido a avançar
sozinho, abandonado de todos, se for preciso. Nem uma
palavra de pesar destinada a apaziguar os discípulos.
Acrescenta simplesmente a pergunta lacônica e cortante:
“E vós, também quereis ir-vos
embora?” (Jo 6, 67). Esse é
Jesus: o homem da vontade pronta, da ação decidida e
confiante. Durante todo o seu ministério, jamais foi visto a
calcular, hesitar e voltar atrás.
Esta mesma vontade pronta, firme, inflexível,
exige-a também dos seus discípulos.
“Ninguém que mete a sua mão no arado e olha para trás é
apto para o reino de Deus” (Lc 9, 62),
e: “Quem quer edificar uma torre
senta-se e faz o cálculo dos gastos que são necessários”
(Lc 14, 28). É bem a sua própria marca
que imprime nos discípulos. A irreflexão e a precipitação,
tanto como a hesitação ou os compromissos covardes, não são
com Ele. Todo o seu ser, toda a sua vida se traduzem
simplesmente num “sim” ou num “não”.
Jesus é sempre Ele mesmo, está sempre pronto,
porque nunca fala ou age senão com toda a sua consciência
luminosa e com a sua vontade enérgica e total. Pode muito
bem dizer, mas só Ele: “Que o vosso
falar seja sim, sim; não, não. Toda outra palavra procede do
maligno” (Mt 5, 37). Todo o
seu ser, toda a sua vida, é unidade, firmeza, claridade,
pureza e verdade. Causou uma tal impressão de verdade, de
lealdade, de força, que nem os seus próprios inimigos se lhe
podiam esquivar: “Mestre, nós
sabemos que és veraz e não receias ninguém”
(Mc 12, 14) (cfr. Karl Adam, Jesus
Cristo).
VI PONTO
Jesus Cristo: o
orante e silencioso
Jesus Cristo nos ensina que o missionário
deve rezar muito. Sem a oração não existe trabalho frutuoso.
É preciso também fazer silêncio.
1.
“Naqueles
dias, ele foi à montanha para orar e passou a noite inteira
em oração a Deus” (Lc 6,
12).
2.
“De
madrugada, estando ainda escuro, ele se levantou e
retirou-se para um lugar deserto e ali orava”
(Mc 1, 35).
3.
“Tendo-as despedido, subiu ao monte a fim de orar a sós. Ao
chegar a tarde, estava ali, sozinho”
(Mt 14, 23).
4.
“Ele,
porém, permenecia retirado em lugares desertos e orava”
(Lc 5, 16).
5.
“Ao raiar do dia, saiu e foi para um
lugar deserto” (Lc 4, 42).
6.
“Vinde
vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco”
(Mc 6, 31).
VII PONTO
Jesus Cristo: o
Bom Pastor
Jesus Cristo é o Bom Pastor! De todos os
pastores, Ele é o único que não mata nem ofende as ovelhas,
mas dá a própria vida por elas. Imitemo-Lo!
1.
“Eu sou o
bem pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas”
(Jo 10, 11).
2.
“Não
são os que têm saúde que precisam de médicos, mas os
doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”(Mc
2, 17).
3.
“Pois o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida em resgate por muito”
(Mc 10, 45).
O católico não pode permanecer de braços
cruzados vendo tantas pessoas vivendo no caminho da
perdição:
“Quando eu disser ao ímpio: ‘Ó ímpio, certamente há de
morrer’ e tu não o desviares do seu caminho ímpio, o ímpio
morrerá por causa da sua iniquidade, mas o seu sangue o
requererei de ti. Por outra parte, se procurares desviar o
ímpio do seu caminho, para que se converta, e ele não se
converter do seu caminho, ele morrerá por sua iniquidade,
mas tu terás salvo a tua vida” (Ez 33,
8-9).
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