É, pois, vosso ofício, ó minha dulcíssima
Senhora, conforme as palavras de Guilherme de Paris, ser medianeira
entre Deus e os pecadores. Exercei vosso ofício em meu favor,
pedir-vos-ei com São Tomás de Vilanova. Não digais que minha causa é
muito difícil de ganhar, porque sei que todos me afirmam que nenhuma
causa defendida por vós se perdeu, por mais impossível que parecesse
o seu vencimento. E perder-se- á a minha? Não, isto não temo eu. Só
deveria temer que não procurásseis defender-me, se olhasse somente
para a multidão dos meus pecados. Considerando, porém, vossa imensa
misericórdia, e o sumo desejo que reina em vosso dulcíssimo coração
de socorrer os mais degradados pecadores, nem mesmo esse receio
posso ter.
Quem se perdeu jamais, tendo implorado vosso
auxílio? Chamo-vos, pois, em meu socorro, ó minha grande advogada,
meu refúgio, minha esperança, ó minha Mãe Maria Santíssima! Em
vossas mãos entrego a causa de minha eterna salvação e deposito a
minha alma. Ela estava perdida, mas haveis de salvá-la. Muitas
graças dou sempre ao meu Senhor, que me dá essa grande confiança em
vós; ela me assegura da minha salvação, apesar da minha indignidade.
Só me resta um temor que muito me aflige, ó minha amada Rainha: é de
vir eu a perder um dia, por negligência de minha parte, esta
confiança em vós. Rogo-vos, portanto, ó Maria, pelo amor que tendes
ao vosso Jesus, conservai e cada vez mais aumentai em mim esta
dulcíssima confiança em vossa intercessão.
Por
ela espero recuperar certamente a divina amizade, por mim tão
loucamente desprezada e perdida. E recuperando-a espero finalmente
pelos vossos rogos ir um dia render-vos por tudo as graças no
paraíso, e ali cantar as misericórdias do Senhor e as vossas por
toda eternidade. Amém. Assim o espero, assim seja.
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