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“Começamos, pois, a nossa
exortação, filhos caríssimos, por vos excitar à santidade de vida que
requer a vossa dignidade. Efetivamente, quem exerce o sacerdócio, não para
si o exerce, mas para os outros também” (Encíclica “Haerent Animo”,
04).
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“O próprio Jesus Cristo
manifestou o mesmo pensamento quando, para dar a entender em que consiste
a ação sacerdotal, comparava os padres ao sal e à luz” (idem).
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“O padre é, portanto, a luz do mundo e o sal
da terra. Ninguém, sem dúvida, ignora que o padre desempenha a sua missão
sobretudo quando prega a verdade cristã. Porém este mistério não se torna
quase inútil, quando ele não apóia com o exemplo o que ensina de viva voz?
Os que o escutam poderão dizer injuriosamente, é verdade, mas não de todo
sem razão: Afirmam conhecer a Deus, mas negam-no com os seus atos (Tt
1,16). E depois acabariam recusando os ensinamentos do
padre, cujas luzes seriam para eles de nenhum proveito. Eis por que o
próprio Cristo, feito modelo dos padres, ensinou primeiro com o exemplo e
depois com a palavra: A respeito de todas as coisas que Jesus fez e
ensinou desde o início (At 1,1)”. (Idem).
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“O padre, que não faz caso
da santidade de vida, também não poderá ser, de maneira alguma, o sal da
terra. É impossível que o que está corrompido e contaminado seja fator de
conservação. Onde falta a santidade, inevitavelmente se introduz a
corrupção” (Idem, 05).
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“Esta santidade de vida, sobre a qual ainda é bom insistir, é objeto de
grandes e incessantes preocupações da parte da Igreja. Uma idéia presidiu
à instituição dos seminários: os que aí se educam, para ingressarem nas
fileiras do clero, não há dúvida, hão de ser instruídos nas letras e nas
ciências, mas é mister que sejam ao mesmo tempo bem formados, desde os
mais tenros anos, em tudo quanto diz respeito à piedade. E a Igreja, com
solicitude maternal, aproveita depois a ocasião em que faz os candidatos
subirem degrau por degrau, e em largos intervalos, para então prodigalizar
em cada etapa as exortações à santidade” (Idem, 08).
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“Entre o padre e um homem honesto qualquer, deve haver tanta diferença
como do céu para a terra. E o padre deve ter cuidado para que a sua
virtude seja isenta de toda censura, não só em matéria grave, como também
em matéria leve” (Idem, 10).
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“Examinemos, pois, em que
consiste esta santidade, cuja falta no padre seria a maior desgraça. A
ignorância ou erro nesta matéria seria gravemente perigoso. Há os que
pensam e até ensinam que o mérito do padre está em se dedicar inteiramente
ao serviço do próximo. E, por isto, não dão importância às virtudes que
contribuem para a santificação pessoal, que chamam por isto mesmo virtudes
passivas. E julguem que devem consagrar todas as suas forças e todo zelo
em cultivar e praticar as virtudes ativas. Esta doutrina é singularmente
errônea e perniciosa” (Idem, 11).
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“Só uma coisa, na verdade,
é capaz de realizar a união do homem com Deus; só uma coisa faz o homem
agradável a Deus e o torna ministro menos indigno da sua misericórdia: a
santidade de vida e de costumes. Se faltar ao padre esta santidade, que
outra coisa não é senão a ciência supereminente de Jesus Cristo, falta-lhe
tudo. Porque, sem a santidade, a própria ciência (e envidamos esforços
para desenvolvê-la entre o clero), as habilidades e talentos, por mais
úteis que possam ser à Igreja e aos indivíduos, quase sempre têm sido uma
fonte de lamentáveis prejuízos. Ao contrário, suponhamos um homem
profundamente santo. Fosse o último de todos. Quantas obras maravilhosas
não pode empreender e realizar para a salvação do povo de Deus!”
(Idem, 15).
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“No
entanto, é bem claro que tal dignidade por si mesma exige em todos quantos
dela estão revestidos uma elevação de espírito, uma pureza de coração, uma
integridade de costumes que condigam com a sublimidade e santidade da
profissão sacerdotal” (Encíclica “Ad Catholici Sacerdotii”, 46).
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“Deve, portanto, o Sacerdote avizinhar-se, quanto possível, da perfeição
daquele, cujas vezes faz, e tornar-se cada dia mais agradável a Deus pela
santidade da vida e das obras, já que Deus mais que o suave aroma do
incenso, mais que o esplendor dos templos sagrados estima e ama a virtude” (Idem, 47).
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“Demais, o Sacerdote deve ensinar a verdade da fé; mas nunca as verdades
religiosas se ensinam digna e eficazmente, senão quando a virtude é guia e
mestra desse ensino, segundo o ditado: “as palavras movem, os exemplos
arrastam” (Idem, 53).
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“Deus favorece e abençoa benignamente as canseiras daqueles pregadores do
Evangelho que, antes de tudo, com todo o empenho e diligência, se dedicam
de todo o coração à obra da sua própria santificação: é assim que brotam
copiosamente e desabrocham as flores regadas com o seu suor, germinam e
amadurecem os frutos; e deste modo, no tempo da colheita, “ao voltarem,
voltarão com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 125,6).
(Idem 57).
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“É
mister, contudo, advertir que o Sacerdote cairá num gravíssimo perigo de
erro, se, atraído e arrastado por um zelo menos ordenado, descurando a sua
própria santificação, se entregar com ardor excessivo às obras exteriores
do seu ministério, por louváveis que sejam” (Idem, 58).
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“Em
suma, se a todos os cristãos está mandado: “Sede perfeitos, como vosso Pai
celestial é perfeito” (Mt 5,48), muito maior
obrigação de considerar como a eles especialmente dirigidas essas mesmas
palavras do divino Mestre têm os Sacerdotes, que por vocação especial de
Deus foram chamados a uma imitação mais perfeita de Cristo” (Idem,
59).
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“E,
já que o Sacerdote “exerce a sua embaixada em nome de Cristo” (cf.
2Cor 5,20), deve viver de tal modo que possa fazer suas as
palavras do Apóstolo: “Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo”
(1 Cor 4,16; 11,1); é mister que viva como outro
Cristo, que com o fulgor da sua virtude iluminava e continua iluminando o
mundo inteiro” (Idem, 61).
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