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             Capítulo I 
            - Deveres para com Deus  | 
           
          
            
            
              - 
              
              O 
              homem não é o senhor do mundo. Acima dele está um Ser Onipotente, 
              que pode o que ele não pode, que vê o que ele não vê, que sabe o 
              que ele ignora. Por isso, o homem criado por Deus tem como 
              primeiro dever o amor a Ele: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo 
              o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. 
              Esse é o maior e o primeiro mandamento”  
              (Mt 22,37-38),  
              e: 
              “Quem só quer Deus, é rico de todos os bens”  
              (Santo Afonso 
              Maria de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, Resumo das 
              Virtudes). Ele, o nosso Criador e Senhor, merece, portanto, todo o 
              nosso respeito e adoração: “... adorai a Deus nos seus átrios 
              sagrados!”  
              (1 Cr 16,29). Consagra-Lhe pois os melhores afetos 
              de teu coração e tributa-Lhe, todos os dias, a homenagem da 
              oração, temendo sumamente ofendê-Lo: “Morrer, mas não pecar”  
              (São Domingos Sávio), e: “Filho, 
              deves evitar tudo quanto sabes desagradar a Deus, quer dizer, todo 
              pecado mortal, de tal forma que prefiras ser atormentado por toda 
              sorte de martírios a cometer um pecado mortal”  
              (São Luís  de França, Do 
              Testamento Espiritual de São Luís a seu filho).  
              - 
              
              Lembra-te que o temor de Deus é o 
              princípio da sabedoria: “Feliz o homem que teme a Deus...” 
               
              
              (Sl 111,1), e ele é também a base da santidade. Segue o conselho 
              do bom Tobias a seu filho: “Meu filho, lembra-te do Senhor 
              todos os dias e não queiras pecar, nem transgredir seus 
              mandamentos”  
              (Tb 4,5).  
              - 
              
              Além de respeitar e amar a Deus, 
              deves também amor e respeito à Santa Igreja Católica Apostólica 
              Romana, a única Igreja fundada por Jesus Cristo: “... tu és 
              Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja...”  
              (Mt 
              16,18), e: “Amar a Igreja, eis, amados filhos, o dever da hora 
              presente. Amá-la significa estimá-la e ser feliz em pertencer a 
              ela. Significa ser-lhe resolutamente fiel. Significa obedecer-lhe, 
              servi-la, ajudá-la com alegria até o sacrifício, na sua missão 
              difícil”  
              (Papa Paulo VI, 18-09-1968), é preciso também amar e 
              respeitar os seus ministros: “Não toqueis nos meus ungidos, não 
              façais mal aos meus profetas!”  
              (Sl 105,15). Dos ministros de 
              Deus ou falar bem ou então calar, como se faz com as pessoas que 
              nos são caras, porque Deus não deixará impune, aquele que 
              perseguir os seus ministros: “Quem os punir cairá na maior 
              infelicidade” 
              (Santa Catarina de Sena, O 
              Diálogo,116).  
              - 
              
              Faça apostolado com fervor, zelo, 
              fidelidade e caridade; e diante de uma crítica contra a santa 
              doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, defenda-a como 
              verdadeiro filho, mas evite discussões grosseiras: “Nós 
              nascemos da Igreja; ela nos comunica a riqueza de vida e de graça 
              de que é depositária, nos concebe pelo batismo, nos alimenta com 
              os sacramentos e a palavra de Deus, nos prepara para a missão, nos 
              leva ao desígnio de Deus, razão da nossa existência como cristãos. 
              Somos seus filhos. Nós a chamamos, com legítimo orgulho, de nossa 
              mãe, repetindo um título que vem dos primeiros tempos e atravessou 
              os séculos” 
              (Papa João Paulo II, 28-01-1979).  
              - 
              
              Confessa sincera e francamente a 
              sua fé, não haja em seu comportamento nem sombra de respeito 
              humano: “Todo aquele, portanto, que se declarar por mim diante 
              dos homens, também eu me declararei por ele diante de meu Pai que 
              está nos céus. Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, 
              também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus” 
              (Mt 10,32-33).  
              - 
              
              Guarda-te de usar em vão o 
              nome de Deus, da Santíssima Virgem e dos santos; em músicas, 
              conversas, piadas, ou para desafogarmos os nossos sentimentos, 
              como fazem alguns incrédulos: “Se amamos 
              a Deus, amaremos o seu nome e jamais o mencionaremos com falta de 
              respeito ou de reverência, como exclamação de ira, de impaciência 
              ou de surpresa: evitaremos tudo quanto possa desonrá-lo. Esse amor 
              pelo nome de Deus estender-se-á também ao de Maria, sua Mãe, ao de 
              seus amigos, os santos, e a todas as coisas consagradas a Deus, 
              cujos nomes pronunciaremos com reverência ponderada. Para que não 
              esqueçamos nunca este aspecto do nosso amor por Ele, Deus nos deu 
              o segundo mandamento: “Não pronunciarás em vão o nome de teu Deus, 
              pois Deus não deixará impune aquele que pronunciar em vão o seu 
              nome”  (Dt 5, 11)” 
               
              (Leo J. Trese, A Fé Explicada, Cap. XVII).  
             
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             Capítulo II - Deveres para com os pais  | 
           
          
            
            
              - 
              
              
              Depois de Deus, é aos nossos pais que somos mais devedores. Deus 
              promete vida longa e bênçãos nesta terra aos bons filhos: “Aquele 
              que honra o pai viverá muito...”  
              (Eclo 3,6), mas, Ele também 
              ameaça com seus castigos os maus filhos, que maltratam os pais: “... 
              amaldiçoado pelo Senhor aquele que irrita a sua mãe”  
              
              (Eclo 
              3,16).  
              - 
              
              O primeiro dever dos filhos para 
              com os seus pais é amá-los. Seria desnaturado o filho que não os 
              amassem e os respeitassem.  
              - 
              
              A primeira prova de amor para com 
              os pais é prestar-lhes obediência e submissão em tudo: “Filhos, 
              escutai-me, sou vosso pai, e fazei o que vos digo para serdes 
              salvos”  
              (Eclo 3,1). O filho só não deve obedecer quando o pai 
              manda algo ilícito. É intolerável grosseria, é má criação 
              responder aos pais “Não 
              quero”. Nunca lhes digas tão feia expressão.  
              - 
              
              Merece repreensão aquele filho que: 
              mostra importuno e exigente nos seus pedidos aos pais, trata-os 
              com indiferença, desprezo, grosseria, altera a voz ou canta 
              enquanto é corrigido ou aconselhado pelos pais, tratá-los de igual 
              para igual, usando “você” 
              no lugar de “senhor” 
              ou “senhora”, etc.: É 
              digno de maldição o filho que guarda ressentimento dos pais, 
              deixando até de conversar com eles: “Nem vale a pena lembrar 
              que odiar os pais, bater-lhes, ameaçá-los, insultá-los, 
              ridicularizá-los seriamente, amaldiçoá-los ou recusar-lhes ajuda, 
              se estão em grave necessidade, ou fazer qualquer outra coisa que 
              lhes cause grande dor ou ira, é pecado mortal. Estas coisas já o 
              são se feitas a um estranho; feitas aos pais, são pecados de dupla 
              malícia”  
              (Leo J. Trese, A Fé Explicada, Cap. XVIII).  
              - 
              
              Ao contrário, é louvável o 
              procedimento daquele filho que é dócil e que sempre se submete e, 
              em tudo consulta os seus pais pedindo-lhes licença; e isto, com 
              expressões educadas, tais como: “se 
              é do seu agrado, pai”; “se 
              a senhora deseja, mãe”; “se 
              me dá licença”; etc.  
              - 
              
              E que coisa insuportável, o 
              procedimento de um filho grosseiro, que nunca pede licença e que 
              usa de expressões como estas: “já 
              disse que não”; “eu 
              vou sair sim”; “não 
              quero nem saber”; etc.  
              - 
              
              Evita tudo quanto; direta ou 
              indiretamente, possa desgostá-los, como seria perturbá-los em suas 
              ocupações, pegar alguma coisa sem o seu consentimento, 
              contradizê-los, responder-lhes com maus modos. Procura, ao invés, 
              fazer tudo quanto lhes possa dar gosto.  
              - 
              
              Não diga nunca a menor coisa que 
              possa prejudicar a honra de teus progenitores; antes, nada deves 
              dizer do que se passa em tua casa.  
              - 
              
              Evita toda palavra de desprezo ou 
              injúria, toda palavra arrogante, ressentida e impertinente.  
              - 
              
              O filho não deve manifestar os 
              defeitos dos pais, nem mesmo criticá-los, mas rezar por eles e com 
              respeito orientá-los no caminho certo.  
              - 
              
              Não use para com seus pais maneiras 
              bruscas, como seria: sacudir desdenhosamente os ombros, 
              voltar-lhes as costas, abanar a cabeça, bater os pés ou objetos, 
              olhar de esguelha, levantar a voz ou, o que seria hediondo, 
              ameaçá-los e agredi-los.  
              - 
              
              É preciso manifestar sempre, nas 
              palavras e nos atos, o respeito e veneração que lhes tributas, 
              tanto em casa, como fora, nas conversas e em toda parte.  
              - 
              
              Reza pelos teus pais, todos os 
              dias. Retribua com sua gratidão e benevolência o amor que te 
              consagram. O filho que rejeita os carinhos de seus progenitores, 
              merece ser privado do amor dos mesmos: “Devemos desejar o bem 
              estar e a salvação eterna dos pais, e rezar por eles. Se já 
              faleceram, nossos deveres são simples: recordá-los em nossas 
              orações e na Missa, e oferecer periodicamente alguma Missa pelo 
              descanso de suas almas”  
              (Leo J. Trese, A Fé Explicada, Cap. 
              XVIII).  
              - 
              
              Vai-lhes ao encontro pela manhã e 
              saúda-os tomando-lhes a bênção. O mesmo fará à noite antes de te 
              deitares, quando sais de casa ou quando chegas.  
              - 
              
              Os pais merecem, mais do que 
              quaisquer outras pessoas, nossa estima e respeito. Quem se 
              mostrasse educado para com os outros e incivil para com seus pais, 
              seria um impostor.  
              - 
              
              Procura de bom grado sua companhia. 
              Há crianças e jovens que preferem a companhia dos amigos à dos 
              pais, dizendo que os pais os tem sempre perto de si. Que 
              ingratidão! E os pais (pobres pais!) vêem-se muitas vezes 
              constrangidos a disfarçar os seus sentimentos e a calar. Dias 
              virão em que estes filhos indiferentes sentirão falta de seus 
              progenitores e chegarão a compreender toda a sua ingratidão!  
              - 
              
              Sê aberto e franco para com teus 
              pais. Deposita neles toda a confiança, porque são eles os teus 
              amigos mais desinteressados e sinceros. E como é impossível 
              recompensar-lhes o amor que te dedicam, faze tudo para honrá-los e 
              alegrá-los.  
              - 
              
              Tuas maneiras e teu proceder sejam 
              tais, que só o fato de te verem lhes cause alegria e consolo. Todo 
              sorriso que os seus lábios fizeres a somar, toda consolação que 
              lhes despertares na alma, ser-lhes-á grande recompensa, recompensa 
              que redundará também em bênção para ti. As bênçãos dos pais são 
              sempre confirmadas por Deus.   
              - 
              
              Felizes os filhos que desempenharem 
              fielmente estes deveres. Serão abençoados por Deus. Mas ai dos 
              desobedientes, que amarguram os dias dos seus pais! Esses atraem 
              sobre si, ainda nesta vida, as maldições de Deus, que são os 
              prenúncios das maldições e castigos da outra vida. Maldito é o 
              filho que não honra o seu pai e sua mãe.  
             
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             Capítulo III - Deveres para com os superiores  | 
           
          
            
            
              - 
              
              Tudo o que se disse em relação aos 
              pais, toma-o como dito também em relação aos teus superiores, 
              porque eles fazem as vezes dos teus pais, e terão que prestar 
              contas a Deus de vossas almas: “Obedecei aos vossos dirigentes, 
              e sede-lhes dóceis; porque velam pessoalmente sobre as vossas 
              almas, e disso prestarão contas”  (Hb 13, 17). São teus 
              superiores: o diretor do colégio, ou escola e os que o auxiliam na 
              direção, os teus assistentes, vigilantes ou inspetores, como quer 
              que sejam chamados, os teus mestres e em geral todos aqueles dos 
              quais de alguma maneira, dependes. Como superiores considerarás 
              também os anciãos e como tais os respeitarás.  
              - 
              
              A obediência aos superiores é para 
              cada pessoa o fundamento de toda virtude, e por isso, o seu 
              primeiro dever: “... a obediência é melhor do que o sacrifício, 
              a docilidade mais do que a gordura dos carneiros”  
              (1 Sm 15, 
              22). A vontade de Deus se realiza obedecendo aos superiores, por 
              isso, é necessário grande espírito de fé, para não considerá-los 
              naturalmente, isto é, suas limitações e defeitos; e assim, 
              submeter a própria vontade a eles de forma consciente e perfeita: 
              “Por isso é necessário submeter-se não somente por temor do 
              castigo, mas também por dever de consciência”  
              (Rm 13, 5).  
              - 
              
              Deves estar certo de que os 
              superiores compreendem a obrigação que têm de promover o teu 
              bem-estar, e quando avisam, mandam e corrigem, não visam outra 
              coisa senão o teu bem.  
              - 
              
              Procedem mal os que não se aproximam 
              dos seus superiores, antes fogem deles; esse procedimento é 
              característica de uma pessoa rude e selvagem. Os que mais se 
              acercam dos superiores, são os que recebem mais avisos e 
              conselhos. “Os que governam incutem medo quando se pratica o 
              mal, não quando se faz o bem. Queres então não ter medo da 
              autoridade? Pratica o bem e dela receberás elogios, pois ela é 
              instrumento de Deus para te conduzir ao bem. Se, porém, praticares 
              o mal, teme, porque não é à toa que ela traz a espada: ela é 
              instrumento de Deus para fazer justiça e punir quem pratica o mal” 
               
              
              (Rm 13, 3-4).  
              - 
              
              Dá-lhes aquelas demonstrações de 
              afeto e reverência que bem merecem, saudando-os quando os 
              encontrares, conservando-te sem o chapéu em sua presença 
              antepondo-lhes ao título a palavra “senhor”, como:
              senhor diretor, senhor 
              professor, reverendíssimo padre, reverendíssima madre, 
              etc., e bem assim nas afirmações e negações: SIM SENHOR; NÃO 
              SENHOR.  
              - 
              
              Seja a tua obediência pronta, 
              respeitosa e alegre: “Obedecer com a vontade é obedecer 
              espontaneamente e não à força, como fazem os escravos”  
              (Santo 
              Afonso Maria de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, Cap. 
              XIII), não fazendo 
              observações para te esquivares, não murmurando ou fazendo gestos 
              de desgosto: “Quem se queixa e murmura não é perfeito, nem 
              mesmo bom cristão” 
              (São João da Cruz, Ditos de Luz e Amor, 172). 
              Obedece mesmo quando o que te mandarem não for de teu agrado, 
              porque então, será mais meritória a tua obediência.  
              - 
              
              Obedece ainda quando o superior 
              estiver ausente, porque só os que têm instintos perversos e agem 
              com hipocrisia, aproveitam da ausência ou distração do superior 
              para promover distúrbios, gritarias e indisciplinas. Esse tipo de 
              pessoa não merece confiança. “Servos, obedecei, com temor e 
              tremor em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, 
              como a Cristo, servindo-os, não quando vigiados, para agradar a 
              Deus, mas como servos de Cristo, que, põem a alma em atender à 
              vontade de Deus. Tende boa vontade em servi-los, como ao Senhor e 
              não como a homens, sabendo que todo aquele que fizer o bem 
              receberá o bem do Senhor”  
              (Ef 6,5-8).  
              - 
              
              Deves ter muita confiança em teus 
              superiores, mas nunca excessiva familiaridade, por mais que eles 
              se mostrem afáveis para contigo: “Devemos ter caridade para com 
              todos, mas a familiaridade não convém”  
              (Imitação de Cristo, Cap VIII, 2). Não busque imitá-los, porque somente Jesus Cristo é 
              perfeito: “Nunca tomes um homem, por exemplo, no que tiveres a 
              fazer, por santo que seja, porque o demônio porá diante de ti as 
              suas imperfeições; mas imita a Cristo que é sumamente perfeito e 
              sumamente santo e jamais errarás” 
              (São João da Cruz, Ditos de Luz e Amor, 155).  
              - 
              
              Será de boa educação oferecer aos 
              superiores alguma coisa que se tem à mão, como frutas, doces, 
              balas, etc; mas não se deve insistir demasiado para que aceitem. 
              Não é conveniente que lhes peças tais coisas; quando, porém, ele 
              lhas oferecerem, aceita com reconhecimento e agradece.  
              - 
              
              Abre com sinceridade o teu coração ao 
              superior, considerando-o como um pai, que só deseja o teu bem. 
              Encontrando-o, cumprimenta-o pedindo-lhe a bênção com uma vênia. 
              Encontrando-te sentado, ponha-te de pé imediatamente à chegada do 
              superior; não se sente se este, a isso não o autorizar com uma 
              palavra ou com um aceno; e nunca ponha o chapéu na cabeça em sua 
              presença sem a devida permissão.  
              - 
              
              Escuta reconhecido suas correções, e 
              recebe com humildade o castigo das tuas faltas, sem mostrar-te 
              zangado ou ressentido. É sinal de grande humildade agradecer-lhe a 
              correção; demonstra também inteligência e bom coração aquele que 
              no final do castigo volta para agradecer-lhe.  
              - 
              
              Constitui falta de respeito, cercar o 
              superior no meio do corredor ou sob os pórticos, para propor-lhe 
              coisas importantes ou simplesmente para lhe pedir alguma 
              permissão.  
              - 
              
              Quem precisa, procure, com toda 
              educação e respeito, o superior em seu escritório, nas horas de 
              expediente: exponha o seu caso e aceite, com docilidade e 
              gratidão, sua decisão.  
              - 
              
              Evita a companhia daqueles que, 
              enquanto os superiores se dedicam totalmente ao bem de seus 
              súditos, censuram-lhes as disposições. É este um sinal de máxima 
              ingratidão. Uma pessoa que age assim é um câncer maligno para a 
              comunidade em que vive.  
              - 
              
              Quando fores interrogado pelo 
              superior a respeito do proceder de algum colega, responde com 
              franqueza, principalmente se se tratar de impedir ou remediar 
              algum mal. O silêncio em tal caso seria de dano ao companheiro e 
              de ofensa a Deus.  
              - 
              
              Sê sempre grato aos teus 
              superiores. A gratidão é uma veste preciosa que torna a pessoa 
              agradável a todos; é o imã que atrai sobre ti os dons da 
              Providência. Esquece, muito embora, os benefícios que a outrem 
              fizeste; nunca, porém, te esqueças dos que tu próprio recebeste.  
             
             | 
           
         
        
       
           Subir 
             
      
        
              
                
            | 
             Capítulo IV - Deveres para com todos  | 
           
          
            
            
              - 
            
            
            Deves ser respeitoso e educado para com 
            todos: “Que vosso amor seja sem hipocrisia, detestando o mal e 
            apegados ao bem; com amor fraterno, tendo carinho uns para com os 
            outros, cada um considerando o outro como o mais digno de estima” 
            
            (Rm 12, 9 – 10). Honra e ama o teu próximo como a teu irmão: “Amarás 
            o teu próximo como a ti mesmo” 
            (Mt 22, 39).  
               
              - 
            
            
            Não mandem nem recebam cartas sem antes 
            mostrá-las ao superior. Perguntados a respeito de qualquer assunto, 
            respondam sempre com prudência e sinceridade. 
               
              - 
            
            
            Fujam, como da peste, das amizades 
            particulares, que se cultivam às escondidas. Esse tipo de amizade 
            prejudica a vida espiritual e os estudos: “Não vos deixeis 
            iludir: as más companhias corrompem os bons costumes”  
            (1Cor 15, 
            33) e: “São um dos maiores obstáculos ao progresso espiritual: 
            Deus, que não quer nada dum coração dividido, começa por fazer 
            censuras interiores e, se não se escuta a sua voz, retira-se pouco a 
            pouco da alma e priva-a de luz e consolações interiores. À medida 
            que os apegos vão crescendo, vai-se perdendo o recolhimento 
            interior, a paz da alma, o gosto dos exercícios espirituais e do 
            trabalho”  
            (Pe. João Ferreira Fontes, Compêndio de Ascética e 
            Mística, Ad Tanquerey, cap. V, 603-a). 
               
              - 
            
            
            É absolutamente proibido dar apelidos. 
            Chame-se cada pessoa pelo próprio nome: “Não faças a ninguém o 
            que não queres que te façam”  
            (Tb 4, 15). Nunca faça de alguém 
            objeto de riso e zombaria, criticando suas faltas de qualidades e 
            inteligência, debilidades, cor e condição social, que seria 
            discriminação: “Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis um 
            pecado e incorreis na condenação da Lei como transgressores”  
            (Tg 
            2, 9). 
               
              - 
            
            
            Não ridicularizes os defeitos físicos 
            ou morais de teu próximo, e não os arremedes, o que seria grande 
            insulto. A mais das vezes, aqueles que zombam dos defeitos alheios 
            são os que mais defeitos têm. 
               
              - 
            
            
            Sê disponível para prestar ao próximo 
            algum serviço ou dar-lhe algum conselho, isto sempre de bom grado e 
            sem almejar ou exigir algo em troca. “Todos vós, conforme o dom 
            que cada um recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros, como 
            bons dispenseiros da multiforme graça de Deus” 
            (1Pd 4, 10). 
               
              - 
            
            
            Não façam mau juízo de ninguém; não 
            sejam curiosos de saber as novidades, nem espalhem boatos: “Filho, 
            não sejas curioso, nem te embaraces com cuidados inúteis”  
            (Tomás 
            de kempis, “Imitação de Cristo”, Livro III, Cap. 24); isso 
            tudo prejudica a vida comunitária, onde deve reinar extrema 
            caridade. Não fales dos defeitos alheios a não ser que grave motivo 
            o exija; mas em tal caso não exageres nunca o que disseres. “Nosso 
            Senhor Jesus Cristo diz-nos expressamente: “Não julgueis, e não 
            sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados”  
            (Lc 6, 37). 
            As mais duras palavras saídas da sua boca foram precisamente para 
            aqueles que se faziam juízes dos outros: os fariseus. Daqui a 
            importância de evitar qualquer tipo de críticas interiores” 
            (Ricardo Sada e Alfonso Monroy, Curso de Teologia Moral, 
            14.2.2). 
               
              - 
            
            
            Evitem toda teimosia; suportem com 
            paciência e suavidade os defeitos dos colegas, pelos quais 
            alimentarão sempre sentimentos de respeito e estima: “Nós, os 
            fortes, devemos carregar as debilidades dos fracos e não buscar a 
            nossa própria satisfação. Cada um de nós procure agradar ao próximo, 
            em vista do bem, para edificar” 
            (Rom 15, 1-2). 
               
              - 
            
            
            Não sejas molesto a ninguém; perdoe as 
            ofensas e não cause desgosto a ninguém, embora seja seu inferior: “Portanto, 
            como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimento de 
            compaixão, de bondade, humildade, mansidão, longanimidade, 
            suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos mutuamente, se alguém 
            tem motivo de queixa contra o outro; como o Senhor vos perdoou, 
            assim também fazei vós”  
            (Col 3, 12-13). 
               
              - 
            
            
            Fuja, como peste da ociosidade e da 
            preguiça, sempre desagradáveis e prejudiciais, especialmente naquele 
            que é chamado a desempenhar um assíduo trabalho: “A preguiça faz 
            cair no torpor; o ocioso passará fome”  
            (Pr 19, 15), e: “O 
            desejo do preguiçoso causa a sua morte, porque suas mãos recusam o 
            trabalho” 
            (Pr 21, 25). 
               
              - 
            
            
            Evite o olhar indiscreto e o levantar a 
            voz em tom de arrogância. Evite também o barulho e as correrias: “O 
            olho não se sacia de ver, nem o ouvido se farta de ouvir”  
            (Ecl 
            1, 8), e: “A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se o teu olho 
            estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado; mas se o teu olho 
            estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há 
            em ti são trevas, quão grandes serão as trevas!” 
            (Mt 6, 22-23). 
               
              - 
            
            
            Há indivíduos cuja convivência se torna 
            terrivelmente pesada: falam alto e pisam rumorosamente quando os 
            outros descansam, batem as portas, arrastam camas e cadeiras: “O 
            barulho distrai a alma do recolhimento interior; andar ou fechar as 
            portas com ruído, conversar em voz alta, pode impedir os irmãos de 
            rezar; neste ponto, cada um deve esforçar-se por respeitar a vida 
            dos irmãos, por facilitá-la, evitando com cuidado tudo o que pode 
            constituir obstáculo. Pequenas coisas, é verdade, mas agradáveis a 
            Deus, pois facilitam a sua obra íntima nas almas”  
            (Dom Columba 
            Marmion, “Jesus Cristo o Ideal do Monge”). Deixam sujo tudo o 
            que usam, como por exemplo: banheiros, pias, o seu lugar na mesa, 
            etc. Isto é falta de caridade e de educação: “A limpeza exterior 
            representa, até certo ponto, a honestidade interior”  
            (São 
            Francisco de Sales, “Introdução à Vida Devota”, Cap. XXV). 
               
              - 
            
            
            É absolutamente proibida toda 
            brincadeira de mão; não há pretexto que a possa justificar. Avise ao 
            superior sobre qualquer infração a esta proibição: “...nunca 
            permitas a ti mesmo esses tratos que se dão aos outros por 
            brincadeiras, mas que são sempre repreensíveis. Jogar um no chão, 
            beliscar outro, pintar um terceiro de preto, enganar a um tolo, tudo 
            isso denota uma alegria desenfreada e maligna”  
            (São Francisco de 
            Sales, “Introdução à Vida Devota”, Cap. XXIV). 
               
              - 
            
            
            Evitem as conversas inúteis, imorais e 
            levianas e nunca ofendam a ninguém: “Tem todo o cuidado em não 
            deixar sair de teus lábios alguma palavra desonesta, porque, embora 
            não proceda duma má intenção, os que a escutam a podem interpretar 
            de outra forma... passemos o pouco de tempo que nos é dado para uma 
            conversa recreativa e agradável, de modo que a devoção aí praticada 
            nos assegure uma eternidade feliz”  
            (São Francisco de Sales, “Introdução 
            à Vida Devota”, Cap. XXVII). Evite também de dizer palavras em 
            louvor de si próprio: “...porque Deus resiste aos soberbos, mas 
            dá graça aos humildes”  
            (1 Pd 5, 5). 
               
              - 
            
            
            O humilde agrada a todos e é por todos 
            estimado, ao passo que o orgulhoso se torna antipático e 
            insuportável; pode ser temido, mas nunca será benquisto: “... 
            nada fazendo por competição e vanglória, mas com humildade, julgando 
            cada um os outros superiores a si mesmo...”  
            (Fl 
            2, 3). 
               
              - 
            
            
            Sê pródigo em demonstrações de afeto, 
            respeito e cortesia. Uma palavra, um gesto de estima pouco ou nada 
            custa, mas vale muito. Foge, contudo à adulação, que denota ânimo 
            mesquinho e hipócrita, e pode até tornar suspeitas as tuas 
            intenções. 
               
              - 
            
            
            Não se deve, porém, usar lisonjas e 
            carícias para com o próximo: enervam o caráter e produzem arrogantes 
            e impostores. 
               
              - 
            
            
            Na atitude, nos gestos e nas palavras 
            evitem toda arrogância e soberba, para não se tornar desagradável a 
            Deus e odioso aos olhos dos homens. 
               
             
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           Subir 
             
      
        
              
                
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             Capítulo V - Deveres para consigo mesmo  | 
           
          
            
            
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              Regra fundamental para a educação é a 
              que nos ensina a ser moderados e civis também quando estamos sós. 
              Um aluno só se mostra ser verdadeiro, quando ele se comporta 
              santamente em todos os lugares: “... tornai-vos também vós 
              santos em todo o vosso comportamento”  
              (1 Pd 1, 15). Se não 
              fores bem educado para contigo, aos poucos contrairás hábitos e 
              modos inconvenientes, que te será difícil abandonar, e muitas 
              vezes te acontecerá cometeres grosserias perante os outros, sem 
              dar-te conta, mas não sem desonra e sem vexame. Quantos, até gente 
              de boa sociedade, querem parecer bem educados, e, no entanto, 
              esquecem este preceito! — A verdade é que; um aluno só mostra 
              realmente que amadureceu, quando se comporta bem, longe dos 
              superiores.  
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              Quem se acostuma a ser pouco educado 
              para consigo, sê-lo-á também para com os outros; por isso deves 
              acostumar-te a proceder sempre com decoro. E esse tipo de aluno 
              aos poucos será desprezado por todos da Escola de Santificação.  
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              Quando ninguém te vê, seja teu 
              procedimento com se todos te vissem. Assim te habituarás a 
              proceder sempre civil e cristãmente, não parta agradar a outrem, 
              mas pelo sentimento de dignidade própria e pelo amor ao decoro. 
              Além disso, não é verdade que ninguém te vê: Deus te vê, e isto 
              basta.  
             
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           Subir 
             
       
       
      
       
       
      
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