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            Capítulo I - Procedimento na Igreja  | 
           
          
            
            
              - 
              
              A igreja é a casa de Deus e lugar de oração: “Minha 
              casa será chamada casa de oração” 
              (Mt 21, 13). Por isso, nela 
              não deves fazer rumor, conversar ou rir, mas expandir os afetos de 
              teu coração para com Deus.  
              - 
              
              Quando entrares na igreja, toma água benta e faze o 
              sinal da cruz. Faze inclinação ao altar, se aí só houver o 
              crucifixo ou alguma imagem; faze genuflexão simples, se houver o 
              Santíssimo, e genuflexão dupla, se o Santíssimo estiver exposto.  
              - 
              
              Depois de breve oração, se vieste à igreja para 
              visitá-la, podes levantar-te e, não havendo nenhuma função 
              religiosa, faze tua visita sem perturbar os outros. Se estiveres 
              com algum companheiro, poderás precisando trocar com ele algumas 
              palavras, mas em voz baixa, sem leviandade. Fica, porém, sempre 
              afastado de quem reza, para não incomodares. Quantos, nestas 
              ocasiões, se mostram levianos e irreverentes!  
              - 
              
              Nunca te ajoelhes com um joelho só, apoiando-te no 
              outro com o cotovelo. Não te sentes sobre os calcanhares, a 
              maneira dos cachorrinhos, nem te deites sobre o espaldar do  banco 
              da frente, fazendo arco com o corpo.  
              - 
              
              Durante as sagradas funções, abstêm-te de bocejar, 
              dormir, voltar-te de um lado para outro, e, especialmente de 
              cochichar ou rir com os companheiros.  
              - 
              
              Ouve com atenção os sermões e instruções morais. 
              Não sejas dos que perturbam o pregador e os ouvintes: tossindo, 
              assoando-se, trocando de lugar ou fazendo ranger os bancos. Não 
              saias nunca do sermão sem algum bom pensamento ou máxima para 
              praticar.  
              - 
              
              Fica mal sair da igreja durante o sermão ou durante 
              a bênção do Santíssimo Sacramento. Se alguém não puder ficar até o 
              fim, deve retirar-se antes do início de tais atos; mas durante os 
              mesmos, é preciso prestar-lhes toda atenção, evitando perambular 
              pela igreja ou rezar nos altares laterais. Estas são as regras de 
              religião e de boa educação.  
              - 
              
              Dá grande importância ao estudo da Santa Doutrina 
              da Igreja Católica Apostólica Romana e à sua prática, como fazem 
              os homens verdadeiramente grandes. Aquele que não estuda a 
              doutrina católica por preguiça e negligência peca mortalmente: “Cometem 
              falta grave aqueles que, por negligência ou má vontade, não a 
              quiserem aprender” (2º Catecismo 
              da Doutrina Cristã, lição preliminar, 15).  
              - 
              
              Não cuspas nunca no pavimento, porque isso, além de 
              ser anti-higiênico e incivil, expõe os vizinhos ao perigo de se 
              enxovalharem.  
              - 
              
              Sê recolhido, mesmo ao sair da igreja. Não te 
              apresses para sair por primeiro, nem te detenhas a falar ou rir 
              perto da porta. — Prepare-se para a Santa Missa com o máximo de 
              piedade, e não saia da mesma, sem antes fazer uma piedosa ação de 
              graças.  
              - 
              
              Quando cantares os cânticos sagrados, observas as 
              devidas pausas. Não faças dissonâncias de voz, gritando ou 
              cantando fora de tom, ou prolongando os finais das estrofes ou 
              refrões. Não abras nunca a boca só para fazer ostentação da tua 
              voz; pensa ao invés que, com o canto, honras ao Senhor, e que à 
              tua voz fazem eco os anjos do céu: “Quem 
              canta reza duas vezes” (Santo 
              Agostinho, En in Psal. 72, 1) — Quando fores 
              desentoado para cantar, não invejes aqueles que receberam esse 
              dom, mas fica feliz em ouvir a voz melodiosa de seus amigos, e 
              agradeça a Deus por isso. Ao invés de desanimar ou de perseguir os 
              que sabem cantar, peça ajuda, e assim, com teu esforço e com a 
              graça de Deus, aos poucos corrigirá a tua voz.  
              - 
              
              Tua oração seja freqüente e fervorosa, nunca feita 
              de má vontade ou com perturbação dos outros: “Orai 
              sem cessar” (1 Ts 5, 17). 
              Deves rezar as orações prescritas com atenção, devoção e respeito. 
              Quando rezares em comum, não levante demais a voz, nem rezes tão 
              baixo que não sejas ouvido. Dize as orações com as devidas pausas 
              e no mesmo tom dos outros.  
              - 
              
              Durante a oração em comum; não faças leituras 
              piedosas nem rezes outras orações.   
              - 
              
              É falta de piedade e de educação, voltar-se para 
              ver quem entra ou quem sai da igreja.  
              - 
              
              Se tiveres a ventura de ajudar a missa, procura 
              conhecer e observar com exatidão as cerimônias, especialmente as 
              inclinações e genuflexões. Muito asseio nas roupas e nas mãos, 
              seriedade e devoção.  
              - 
              
              Acontecendo vir a teu lado um senhor ou senhora de 
              mais idade, cede-lhes teu lugar, se for preciso.  
              - 
              
              Arremedar as cerimônias sagradas demonstra má 
              educação e provoca os castigos de Deus. Entrar em templos de outra 
              religião, mesmo por amor a arte, deve ser coisa excepcional, e 
              nunca em tempo de funções religiosas, para evitar perigos e para 
              não dar escândalo.  
              - 
              
              Na igreja, não se saúdam amigos e conhecidos. Em 
              casos excepcionais, fá-lo-ás com simples inclinação de cabeça e 
              nunca com aperto de mão.  
              - 
              
              Pêsames e parabéns dar-se-ão fora da igreja, na 
              saída.  
             
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      Subir 
      
        
              
                
            | 
             
            Capítulo II - 
            Procedimento na 
            aula  | 
           
          
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            Depois da igreja, é a escola que mais merece nosso 
            respeito. Aí se forma intelectual e moralmente as pessoas; aí se 
            adquire, a par dos conhecimentos literários e científicos, a nobreza 
            de coração e a força de caráter. Da escola depende em grande parte, 
            teu futuro, tua felicidade terrena e quiçá também a eterna. Por 
            isso, observa as seguintes normas: 
            
              - 
              
              Entra na sala de aula com seriedade e em silêncio; 
              dirige-te logo ao teu lugar, aí permanecendo sossegado. Apenas te 
              levantarás à chegada do professor, em sinal de respeito.  
              - 
              
              Quando o mestre tardar a chegar, não faças rumor, 
              mas espera em silêncio, recordando a lição ou lendo algum livro.  
              - 
              
              Procura não chegar tarde à aula. Se por justo 
              motivo tiver que faltar à aula, avisa previamente o professor, se 
              te for possível. Voltando à aula, antes de ires ao teu lugar, 
              dá-lhe satisfação da tua ausência.  
              - 
              
              Para evitar mau exemplo, é bom informar o 
              professor, no caso de, por justo motivo, ires à aula sem estar 
              preparado.  
              - 
              
              Durante a explicação, guarda-te de cochichar, 
              desenhar figuras, fazer bolinhas de papel, dar sinais de 
              admiração, ou o que é pior, mostrar enfado pela explicação. 
              Recortar ou rabiscar a carteira é ato de verdadeira selvageria...  
              - 
              
              Não te deves voltar para um e para outro lado, nem 
              mover o corpo à maneira de pêndulo, nem debruçar-te sobre a 
              carteira, nem apoiar-te sobre os cotovelos. Evita, sobretudo, os 
              atos triviais, como resmungar, menear as pernas, bater os pés no 
              chão, assobiar, falar alto, atirar objetos ao ar, etc. Tais atos, 
              além de causarem desordem, revelam falta de educação.  
              - 
              
              Não interrompas a explicação com perguntas 
              inoportunas. E quando interrogado, levanta-te prontamente e 
              responde sem pressa, mas também sem te fazeres esperar. Quando te 
              esqueceres de alguma passagem da lição, não te ponhas a olhar para 
              o teto, nem procures sopradores.  
              - 
              
              Se durante a aula entra algum superior ou alguma 
              visita, deves levantar-te em sinal de respeito.  
              - 
              
              Na aula e em outros lugares de respeito não se deve 
              ser absolutamente tolerado o feio hábito de cruzar as pernas ou 
              estar com as mãos no bolso.  
              - 
              
              Às perguntas do professor, deves responder clara e 
              distintamente. Nunca respondas secamente. “Sim, não!”; mas 
              “sim, senhor” — “não, senhor professor”, etc.  
              - 
              
              Quando repreendido, não respondas com arrogância, 
              tivesses embora muitas razões; no fim da aula poderás desculpar-te 
              em particular com o professor. Mostra-te humilhado, mas contente 
              de ter sido avisado. Não imites os que se encrespam, atiram o 
              livro ao chão, abaixam a cabeça sobre a carteira com fúria; atos 
              estes que indicam soberba e má educação.  
              - 
              
              Se fores repreendido, não digas: “que é que eu 
              fiz? Eu não fiz nada”, e coisas semelhantes. Nem te levantes 
              com altivez, lançando olhares de desdém ao professor ou sorrindo 
              para os companheiros. Será pior ainda, se, interrogado, 
              responderes com arrogância ou entre os dentes, com o semblante 
              carregado.  
              - 
              
              Não caçoes nunca de quem erra ou pronuncia mal as 
              palavras. É também falta de caridade zombar dos mais atrasados. A 
              inteligência e a memória te foram dadas por Deus. Assim como as 
              deu, poderia tirá-las.  
              - 
              
              Não faça garatujas na pedra, não escrevas palavras 
              que possam ofender os companheiros, não suje as paredes da sala ou 
              os mapas geográficos, não derrames tinta, nem sujem com ela a 
              roupa dos outros, não risques as carteiras. Todos esses atos 
              denotam pouca educação.  
              - 
              
              As tarefas ou temas de aula sejam feitos com 
              empenho, asseio e boa caligrafia. Temas bem feitos e asseados 
              denotam diligência e aplicação e granjeiam a benevolência dos 
              mestres.  
              - 
              
              Tanto pelo próprio decoro como pelo respeito devido 
              aos colegas, apresentar-te-ás à aula sempre decentemente vestido e 
              asseado; e não levarás brinquedos, figuras, livros estranhos, 
              revistas, jornais ou coisas semelhantes, cujo menor inconveniente 
              é a distração dos companheiros.  
              - 
              
              Não te afastes do teu lugar, nem dês sinais de 
              impaciência ou aborrecimento.  
              - 
              
              Tanto na saída, como na chegada, evita a desordem e 
              a confusão e espera em silêncio a tua vez.  
              - 
              
              Não quererás por certo imitar aqueles estouvados e 
              malcriadinhos, que pulam, correm e gritam pelas escadas e 
              corredores e empurram os colegas.  
              - 
              
              Respeita os professores, quer sejam da tua classe, 
              quer das outras. Deves ter especial estima aos que foram teus 
              mestres em anos anteriores: A gratidão é uma das virtudes que mais 
              ornam a tua idade.  
              - 
              
A virtude 
              que de modo especial se inculca aos estudantes é a humildade.  
             
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      Subir 
      
        
              
                
            | 
             
            Capítulo III 
            - Procedimento na 
            sala de 
            estudo  | 
           
          
            
            
              - 
              
              Tudo o que se disse quanto à aula, diga-se também 
              quanto à sala de estudo. Aí a tua primeira ocupação deve consistir 
              em fazer as tarefas e estudar as lições. Nos dias em que te sobrar 
              tempo, poderás ocupar-te em alguma leitura útil.  
              - 
              
              Quando escreves, evita estar recurvado, apoiar o 
              peito à carteira, torcer o pescoço, arregalar os olhos, contrair 
              os lábios e pôr a língua. Não estudas marcando as palavras em voz 
              alta, pois assim, além de perturbar os vizinhos, prejudicas a tua 
              saúde.  
              - 
              
              Tem cuidado com os livros, cadernos e em geral, com 
              tudo o que te pertence. Não faças garatujas e borrões nos livros, 
              não os estragues dobrando as extremidades das folhas e marcando-os 
              com tinta ou com a unha.  
              - 
              
              Não toques no que não te pertence. Em caso de 
              necessidade, pedirás com bons modos ao companheiro. Não atires 
              papel ao chão, mas guarda-o no bolso e à saída deposite-o no cesto 
              próprio para isso.  
              - 
              
              O lugar dos preguiçosos e negligentes distingue-se 
              pela desordem que aí reina, pelas manchas de tinta e pela desordem 
              geral. Distintivos dos negligentes são também as manchas de tinta 
              nas mãos, nas unhas, na roupa, e às vezes até no rosto e no 
              pescoço.  
              - 
              
              Demonstram pouco amor ao estudo, aqueles que se 
              voltam ao mínimo rumor, fitam quem entra ou sai e o acompanham com 
              o olhar para ver onde vai e o que faz.  
              - 
              
              
              Não têm franqueza e confiança, e por isso não 
              merecem a estima dos superiores, aqueles que conservam às ocultas, 
              livros perigosos, fotografias, figuras e cartões postais. Pior 
              procedem os que fazem circular tal material às escondidas entre os 
              companheiros. Estes, desde tenra idade, já mostram ânimo malévolo. 
              De quantos males deverão dar contas a Deus!  
             
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            Capítulo IV - À mesa  | 
           
          
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            À mesa, mais do que em qualquer outro lugar, 
            conhece-se uma pessoa bem educada, porque, sendo o comer e o beber 
            ações de todo materiais, assemelhar-nos-emos aos brutos, se não 
            usarmos os devidos cuidados. 
            
            Na verdade, que se há de dizer dos que se curvam 
            sobre o prato, e irrequietos lançam olhares ávidos para esta ou 
            aquela comida ou bebida? Esses podem ser comparados aos irracionais. 
            
            Estando, pois, à mesa, em tua casa ou na alheia, 
            especialmente num jantar de cerimônia, não te descuides de praticar 
            com atenção ao menos estas principais regras de civilidade. 
            
              - 
              
              Antes de te pores à mesa, tira o sobretudo e depõe 
              o chapéu. Para te sentares, espera que o façam os donos da casa; o 
              mesmo observarás quanto a desdobrar o guardanapo, ao beber e ao 
              comer.    
              - 
              
              Se os lugares estiverem marcados, toma o teu; de 
              outra forma, espera que o dono da casa o indique. Se tiveres 
              liberdade de escolher, escolhe de preferência os últimos lugares, 
              porque é melhor ser convidado a subir do que a descer...  
              - 
              
              Não te mostres descontentes do lugar que te coube e 
              muito menos dos vizinhos que tens; antes é bom fazer-lhes, logo no 
              princípio, um cumprimento e, durante a refeição, ter para com eles 
              toda deferência e cortesia.  
              - 
              
              À mesa deves ficar bem composto. Não arregaces as 
              mangas, não fiques debruçado sobre a mesa, nem tão pouco muito 
              afastado, não apóies os cotovelos na mesa, mas apenas os pulsos. 
              Não inclines a cabeça a cada bocado; deves levar a comida à boca e 
              não a boca à comida; assim também o guardanapo aos lábios e não 
              vice-versa.  
              - 
              
              O pão parte-se com a mão e leva-se à boca de uma só 
              vez todo o bocado que se partiu. As bebidas levam-se à boca com a 
              mão direita. Com a direita deve-se também fatiar e oferecer.  
              - 
              
              O guardanapo deve-se estender sobre os joelhos. 
              Familiarmente tolera-se prendê-lo à roupa por uma ponta.  
              - 
              
              Com o guardanapo só se deve limpar os dedos e os 
              lábios, principalmente antes e depois de beber; não é lícito 
              enxugar com ele o que quer que seja. É reprovável o costume de 
              enxugar com o guardanapo os pratos, os copos e talheres, salvo o 
              caso de evidente necessidade. Tal ato mostraria que o convidado 
              não tem muita confiança no asseio da família.  
              - 
              
              Se acontecer que tenhas mesmo de enxugar os 
              talheres muito molhados, farás isto com miolo de pão, que depois 
              se deixa no prato; nunca, porém, usarás o guardanapo ou a toalha.  
              - 
              
              A colher segura-se com a mão direita e não com 
              toda, mas com três dedos e com certa elegância. Não se deve 
              introduzir toda a colher na boca, mas só até a metade. No fim, 
              põe-se a colher no prato com a parte côncava para cima.  
              - 
              
              Conforme o uso mais comum, a faca se conserva na 
              mão direita para cortar carne e outros sólidos, que se levam à 
              boca com o garfo mantido na esquerda. A faca nunca se leva à boca.  
              - 
              
              As viandas tiram-se da travessa com talheres a isso 
              destinados, e nunca com os talheres individuais.  
              - 
              
              É coisa reprovável servir-se dos talheres para 
              tamborilar, gesticular, etc.  
              - 
              
              Quem serve, deve começar pela pessoa mais digna e 
              passar depois aos outros com certa ordem e sempre à esquerda do 
              convidado. É costume servir pela direita as bebidas: vinho, café, 
              etc. Nas refeições íntimas, os próprios comensais podem se 
              incumbir de passar as travessas. Passando ao vizinho um prato, um 
              talher ou outra coisa, deve-se fazer do modo mais cômodo para ele.  
              - 
              
              Sê discreto ao servir-te da travessa. Toma o que 
              estiver mais à mão e não voltes o prato em todas as direções para 
              escolher o melhor bocado. Não leves nisso muito tempo, há outros 
              que esperam a sua vez... Cúmulo de incivilidade seria cheirar as 
              iguarias. Se por acaso ficares privado de alguma coisa, não dês 
              sinal de desgosto, mas mostra-te indiferente e educado.  
              - 
              
              Quando o criado te levar a travessa, não recuses 
              servir-te, para que outros se sirvam antes de ti. Seria atrapalhar 
              o serviço e as ordens do dono da casa.  
              - 
              
              Se te sentares ao lado duma senhora ou duma pessoa 
              notável, não só a deverás servir por primeiro, mas procura que 
              nada lhe falte e oferece-lhe teus serviços quando perceberes que 
              ela precisa.  
              - 
              
              Nunca toques coisa úmida com as mãos. Só alimentos 
              enxutos, como pão, biscoito, sanduíches, coxinhas, algumas frutas, 
              etc., esses podem se tomar e levar à boca com as mãos.  
              - 
              
              Trinchando, oferecendo ou servindo-te evita que 
              caia molho sobre a mesa. E se cair um pedaço de carne ou coisa 
              semelhante, deverás tomá-lo com o garfo e pô-lo num prato à parte.  
              - 
              
              Quando colocares o talher na travessa ou na 
              compoteira, fazei-o com cuidado, para que fique apoiado nas bordas 
              e não mergulhe todo no molho.  
              - 
              
              Grande grosseria é tirar alguma coisa da travessa e 
              levá-la diretamente à boca. Pior seria tirar um pedaço de carne da 
              travessa com o próprio garfo já usado.  
              - 
              
              Não empurres o arroz para o teu prato. Tira-se às 
              colheradas, vagarosamente.  
              - 
              
              Geralmente, não peças coisa alguma, mas espera que 
              te ofereçam. Não critiques as iguarias, nem dês sinal de que te 
              não apetecem. Se depois de te servires de alguma coisa, não a 
              puderes comer, deixa-a intacta no prato, que te será retirado.  
              - 
              
              Olhar com avidez para o que se apresenta à mesa, 
              olhar para a boca dos vizinhos, como para lhes contar os bocados, 
              são atos de grande grosseria.  
              - 
              
              Tudo quanto puder suscitar repugnância, deve-se a 
              todo custo evitar, a saber:  
             
            
              - 
              
              Mostrar ao vizinho o que de repugnante se 
              encontrar na comida, como um cabelo, um inseto, etc. Em tal caso, 
              chame-se o servente e entrega-lhe o prato para que o retire.  
              - 
              
              Projetar da boca para o prato um osso, uma 
              pedrinha, uma espinha de peixe, etc. Deve-se tirar com a colher ou 
              garfo, sempre disfarçadamente, e depositar no prato ou numa 
              vasilha própria para isso.  
              - 
              
              Esgravatar os dentes com o garfo ou com as 
              unhas, enxaguar a boca com vinho, café ou outro líquido para 
              depois engolir ou cuspir fora, friccionar os dentes com os dedos 
              ou com o guardanapo. Para limpar os dentes, servem os palitos. 
              Quando saíres da mesa, não leves o palito na boca, à maneira dos 
              pássaros quando fazem seus ninhos...  
              - 
              
              Misturar no copo diversas bebidas, ou no prato 
              muitas espécies de comida, a não ser nas refeições familiares.  
              - 
              
              Deixar cair da boca os alimentos ou borrifar com 
              ele o visinho, ao falares. Quem tiver esse defeito, fale pouco e 
              com cuidado. Em nenhum caso porém, se deve falar com a boca cheia.  
              - 
              
              Fazer barulho ao tomar a sopa, fungar, ou com os 
              lábios e com a língua fazer outros ruídos intoleráveis.  
              - 
              
              Dar estalos com a boca, como para mostrar que 
              está saborosa a comida.  
              - 
              
              Enxovalhar a roupa ou a toalha, enchendo demais 
              o copo. Entornando molho, etc. Do copo deve-se encher somente três 
              quartas partes do máximo, e nunca esgotá-lo completamente. 
                
              - 
              
              Beber pelo prato: caldo, molho, calda de doce, 
              etc. Só é lícito usar a colher se inclinar o prato, sem pretender 
              esgotar o último pingo do líquido...  
              - 
              
              Cheirar a comida e os copos, etc., tirar com os 
              dedos alguma coisa que tenha caído no copo.  
              - 
              
              Falar ou beber com a boca cheia, pôr na boca 
              muita comida duma só vez.  
              - 
              
              Segurar a beirada do prato para que não fuja, ou 
              comer com o prato na mão, para ficar mais perto da boca...  
              - 
              
              Comer às pressas; o que, além de incivil, é 
              prejudicial à saúde. Evite-se porém, o excesso oposto.  
              - 
              
              Abrir a boca, mostrando assim o que se mastiga, 
              limpar o prato com o pão, lamber os dedos, enxugar os lábios com a 
              mão ou com a manga e repor na travessa alguma comida que já estava 
              no próprio prato.  
              - 
              
              Virar demasiado o copo na boca, deixando 
              impressa a marca dos lábios, ou olhar para os lados enquanto se 
              bebe.  
              - 
              
              Respirar, tossir, fazer qualquer rumor no copo, 
              tomar longa respiração depois de beber.  
              - 
              
              Coçar-se, cuspir, tossir, espirrar, tomar rapé 
              ou assoar, sem absoluta necessidade.  
             
            
              - 
              
              Não se deve falar muito ou muito alto, como os 
              bêbados, nem ficar sério e carrancudo, como se se tivesse 
              descontente do tratamento.  
              - 
              
              Não se critiquem as iguarias e as bebidas, nem se 
              louvem demasiado.  
              - 
              
              Use-se especial cuidado nas conversações, para não 
              sair dos limites da decência e do decoro, para o que de nada vale 
              a fórmula “com o perdão da palavra”.  
              - 
              
              Além destas regras gerais, daremos agora outras 
              particulares para os diversos alimentos.  
             
            
            Pão 
            — Em geral, o pão já se acha cortado em fatias num prato ou 
            cestinho apropriado, quando não se distribui a cada um dos convivas 
            um pequeno pão, que depois será repetido conforme for preciso. 
            Toma-se uma ou duas dessas fatias de cada vez e não muitas; 
            segurando a fatia com a esquerda, parte-se um bocado com a direita e 
            com a mesma leva-se à boca. Se porventura se tiver que cortar o pão 
            na mesa, tomar-se-á com a esquerda e cortar-se-á no ar ou apoiando-o 
            ao prato, e não encostando-o na mesa ou contra o peito. Não se 
            separe o miolo da crosta para comê-los separadamente; tão pouco é 
            lícito esmiuçar o pão para depois comer aos pedacinhos. 
            
            Sopa 
            — Se estiver muito quente, pode-se agitar um pouco com a colher 
            no fundo do prato. Os goles devem-se fazer sem ruído. No fim 
            poder-se-á inclinar um pouquinho o prato para recolher o resto, mas 
            sem tomar o prato na mão. 
            
            Enquanto se toma a sopa, não se deve beber qualquer 
            bebida, o que é muito prejudicial aos dentes. 
            
            É reprovável encher demasiado o prato, ensopar o pão, 
            principiar num ponto do prato e encontrá-lo com a colher e tomar 
            duas vezes uma só colherada. 
            
            Sal —
            Não se deve tirar o sal com o dedo, nem com o cabo da colher ou 
            do garfo. Quando não houver colherzinha apropriada, tirar-se-á com a 
            ponta da própria faca, se ainda não tiver sido usada. Em caso 
            contrário, pede-se uma ao criado; não o querendo ou não o podendo 
            fazer, coma-se do mesmo modo, ou então deixe-se no prato. 
            
            Molho —
            O molho serve-se com uma colher apropriada e não virando a 
            vasilha no próprio prato, a não ser quando é servido em vidro como o 
            molho inglês. 
            
            Carne —
            A carne, assim como os legumes, come-se com o garfo. Não se toca 
            com as mãos, não se destaca dos ossos com os dentes, mas com a faca 
            e o garfo. Os ossos de nenhum modo se devem roer ou chupar; não se 
            põem sobre a mesa ou debaixo dela, mas na beirada do prato ou 
            vasilhame apropriado. 
            
            A carne pode-se comer de dois modos: cortando-a antes 
            em pedacinhos, que se levarão à boca com o garfo, ou, o que é mais 
            comum, segundo o costume inglês, mantendo na direita a faca com que 
            se cortam vez por vez os pedaços, que são levados à boca com o garfo 
            conservado na esquerda. 
            
            Peixe —
            Tira-se o peixe com a faca ao longo do dorso e, quando estiver 
            servido, com o auxílio do garfo separam-se as espinhas. 
            
            Manteiga 
            — A manteiga é melhor não estendê-la de uma só vez por todo o 
            pão; à medida que se parte o pão, passa-lhe a manteiga, levando-o 
            depois à boca. 
            
            Quando a manteiga não for servida a cada um dos 
            convivas, deve-se tirar da manteigueira com a faca, que ao lado dela 
            estiver, uma certa quantidade, pô-la à beira do prato e servir-se 
            daí. 
            
              - 
              
              Apresentando-se à mesa uma iguaria que não 
              conheces e não sabes como se come, não te deves servir dela. Assim 
              também, não aceites a incumbência de trinchar, se não o souberes, 
              pois qualquer imperícia pode ter deploráveis conseqüências. Não é 
              pois delicado insistir muito para que alguém tome a si tal 
              encargo.  
              - 
              
              Quando for tempo de mudar os pratos, deixa que 
              os mudem sem cerimônia. Cabe ao servente tirá-los e não a ti 
              oferecê-los. Os que retiram os pratos devem fazê-lo do lado 
              direito.  
              - 
              
              Se durante a refeição houver leitura, deves 
              escutá-la com atenção e em silêncio, evitando fazer rumor com os 
              talheres; o mesmo se deve observar se houver canto, música, 
              declaração ou coisa semelhante.  
              - 
              
              Para os brindes, os costumes variam conforme os 
              países. Entre nós está prevalecendo a praxe de não se tocar entre 
              si as taças ao findar o brinde, mas fazer com elas simples acenos 
              às pessoas brindadas.  
              - 
              
              A oração antes e depois da comida é uma prática 
              que um cristão nunca deveria omitir.  
              - 
              
              Para coroar este capítulo importantíssimo, resta 
              dizer que a primeira e mais importante regra de educação à mesa é 
              a temperança no comer e no beber. Quem come até se empanzinar ou 
              bebe até ficar alterado, é indigno de sentar-se à mesa com pessoas 
              educadas. O alimento nos é dado, não para a satisfação do apetite, 
              como os brutos, mas sim para conservarmos são o corpo, instrumento 
              da nossa alma. Não é, pois, bem entendida a civilidade daqueles 
              que insistem muito com os comensais para que comam e bebam.  
              - 
              
              Não será supérfluo recomendar que se evite o 
              menor estrago de comida. Quantos pobres cobiçam os nossos sobejos! 
              Jesus Cristo, após o milagre da multiplicação dos pães, ordenou 
              aos seus discípulos que recolhessem os pedaços que sobraram, para 
              não se perderem.  
              - 
              
              Um bom cristão não aceita, em dias de 
              abstinência, convites de pessoas que não a observam. Sendo 
              surpreendido em tais refeições, deve-se ter bastante coragem para 
              obedecer às leis da Santa Igreja. O efeito de tal proceder é 
              sempre a estima dos comensais ajuizados.  
             
            
            
            Enfim, nem todas as regras aqui compendiadas têm 
            sempre o mesmo valor. Em família e no seio das comunidades, 
            permite-se algumas exceções; nunca, porém, em detrimento da 
            cortesia, pois aí, mais do que em qualquer outro lugar, deve dominar 
            o afeto, que é a norma da cortesia.  | 
           
         
        
       
      
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            Capítulo V 
            - Ainda sobre o procedimento à mesa  | 
           
          
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            Acrescentamos aqui, como complemento ao capítulo 
            precedente, que é sem dúvida dos mais importantes deste compêndio, 
            alguns preceitos particulares extraídos dos melhores autores. 
            
            Algumas coisas que se devem evitar: 
            
              - 
              
              Fazer sopas de pão dentro do molho ou café, 
              salvo o caso de intimidade.  
              - 
              
              Encher o garfo de comida com a faca, para depois 
              lavar à boca. Devemos levar no garfo o que ele pode apanhar com 
              facilidade, e não mais.  
              - 
              
              Pegar no talher desastradamente. Devemos apoiar 
              o cabo da faca e do garfo na palma da mão. A maneira de se manejar 
              graciosamente o talher, só se consegue pela prática e pela 
              observação.  
              - 
              
              Estar com o garfo espetado à maneira de punhal; 
              devemos sempre levar a comida à boca com um movimento curvilíneo 
              ou do garfo ou da colher.  
              - 
              
              Comer e engolir com sofreguidão. Devemos fazê-lo 
              sempre devagar.  
              - 
              
              Mastigar ruidosamente ou fungando.  
              - 
              
              Molhar o pão ou os biscoitos no leite, café, 
              chá, etc., salvo o caso de muita intimidade. Leva-se o bocado à 
              boca, mastiga-se um tanto e depois toma-se um gole do líquido. 
              Esta regra é geral também para qualquer alimento sólido.  
              - 
              
              Alargar os cotovelos, quando se cortam as 
              iguarias. Devemos conservar os cotovelos cingidos ao corpo.  
              - 
              
              Comer com a colher tudo o que pode ser comido 
              com o garfo. Mesmo os gelados são agora freqüentemente comidos com 
              o garfo.  
              - 
              
              Devorar a última colher de sopa, o último bocado 
              de pão, a última garfada de qualquer iguaria: a limpeza dos pratos 
              não pertence aos convivas...  
              - 
              
              Estender a mão por diante das outras pessoas, na 
              intenção de pegar qualquer coisa que esteja longe de nós.  
              - 
              
              Pedir ao vizinho que nos dê qualquer objeto que 
              não esteja ao nosso alcance, salvo quando em família. Para isso é 
              que servem os criados (quando os há).  
              - 
              
              Brincar com o guardanapo, com o copo ou com o 
              garfo, ou com qualquer outro objeto.  
              - 
              
              Limpar o rosto ou o queixo com o guardanapo. 
              Devemos somente passá-lo de leve pelos lábios.  
              - 
              
              Voltar as costas a uma pessoa com o propósito de 
              falar a outra.  
              - 
              
              Conversar por diante da pessoa que está sentada 
              ao lado.  
              - 
              
              Estar acanhado. Devemos fazer diligência por 
              estar à vontade, e ter por nós próprios o respeito que devemos aos 
              outros.  
              - 
              
              Deixar cair a faca ou o garfo no chão; caso 
              porém, tal aconteça, não devemos ficar atarantados. Dirijamo-nos 
              calmamente ao criado, pedindo outro, e não pensemos mais em 
              semelhante ninharia.  
              - 
              
              Debruçar-se sobre a cadeira.  
              - 
              
              Pegar na mão um pedaço de galinha ou de outra 
              carne.  
              - 
              
              Usar palito à mesa sem necessidade; caso nos 
              sirvamos dele, devemos cobrir a boca com uma das mãos, enquanto 
              tiramos dos dentes o que nos incomoda.  
              - 
              
              Comer cebola ou alho, quando se esperam visitas; 
              devemos guardas as comidas com tais temperos, para quando jantamos 
              sozinhos e tencionamos ficar sós algumas horas depois do jantar. 
              Não é agradável manifestar pelo olfato quais foram as nossas 
              refeições. Para o cheiro da cebola ou alho é eficaz, no entanto, 
              um copo de leite tomado logo a seguir.  
              - 
              
              Teimar com um convidado para que coma. 
              Antigamente isto era costume e era também considerado delicadeza 
              da parte do convidado aceitar ou desculpar-se por se ver forçado a 
              recusar. Aborrecer um conviva com oferecimentos contínuos, é 
              considerado mau gosto.  
              - 
              
              Como convidado, dobrar o guardanapo quando 
              acabares de jantar. Basta que o ponhas ao lado.  
              - 
              
              Ao recusar um prato, dar como razão “que pode 
              fazer mal” ou “que não gostas”.  
              - 
              
              Fazer a mais leve alusão à dispepsia, indigestão 
              ou incômodos semelhantes. A digestão é um assunto muito íntimo, 
              que fica só para nós.  
              - 
              
              Fazer notar, como conselho de amizade, que uma 
              certa vianda é indigesta ou prejudicial a qualquer doença, etc. 
              Não é delicado metermo-nos na vida alheia; naturalmente, a pessoa 
              a quem nos dirigimos está muito mais apta do que nós de saber o 
              que lhe faz mal ou bem.  
              - 
              
              Mostrar uma correção de maneira demasiado 
              afetada; devemos ser naturais na nossa delicadeza. Mais vale 
              cometer leves faltas, que mostrar esforços para não cometê-las.  
              - 
              
              Agradecer ao dono ou à dona da casa o jantar 
              para o qual foste convidado; devemos somente à saída expressar o 
              prazer que sentimos com o convite.  
              - 
              
              Assobiar ou cantar, estando à mesa.  
              - 
              
              Beber pelo pires.  
              - 
              
              Meter a colher na chávena de chá ou de café, 
              enquanto servirem; este costume faz que muitas vezes se entornem a 
              chávena. Devemos deixar ficar a colher no pires e não na xícara.  
              - 
              
              Levantarmos da mesa antes de acabar a refeição.  
              - 
              
              Ler jornais ou livros à mesa, quando haja outros 
              convivas.  
              - 
              
              
              Deixar cair pingos de café, leite, etc., ou deitar 
              nódoas de gordura na roupa. Basta um certo cuidado para evitar 
              estes incidentes.  
             
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