ALEGRA-TE, CHEIA DE GRAÇA
“26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. 28 Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’ 29 Ela ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O Anjo, porém, acrescentou: ‘Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. 31 Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; 33 ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim’. 34 Maria, porém, disse ao Anjo: ‘Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?’ 35 O anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril. 37 Para Deus, com efeito, nada é impossível’. 38 Disse, então, Maria: ‘Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!’ E o Anjo a deixou”.
Em Lc 1, 26-27 diz: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”.
São Beda escreve: “Como a encarnação de Cristo devia ter lugar na sexta idade do mundo e havia de aproveitar para o cumprimento da lei, o anjo enviado a Maria anuncia oportunamente, no sexto mês da concepção de João ao Salvador que havia de nascer. Por isso disse: ‘No sexto mês’. O sexto mês é o de março, em cujo dia 25 nosso Senhor foi concebido. Assim como nasceu em 25 de dezembro, segundo alguns crêem, neste dia tem lugar a primavera”, e: “Os espíritos celestiais não vêm a nós por si mesmos, mas quando convém para nossa utilidade, porque atendem ao decoro da divina sabedoria; de onde diz: ‘Foi enviado o anjo Gabriel” (São Basílio), e também: “A Maria Virgem não se envia um anjo qualquer, senão o arcanjo São Gabriel. Veio um dos primeiros anjos a anunciar os mistérios” (São Gregório Magno, Homiliae in Evangelia, 34), e ainda: “Indica o lugar onde é enviado: ‘À cidade de Nazaré’. Porque nazareno, isto é, Santo dos Santos, era o que se anunciava que havia de vir” (Glosa), e: “Somente a virgindade pode decentemente dar a luz Àquele que em seu nascimento não pode ter igual. Convinha, pois, que nosso Redentor nascesse, segundo a carne, de uma Virgem por meio de um insigne milagre para dar a entender que seus membros deviam nascer da Igreja virgem, segundo o espírito” (Santo Agostinho, De Sancta Virginitate, 5), e também: “Com razão envia o anjo à Virgem, porque a virgindade é afim dos anjos. E certamente, viver na carne, fora da carne, não é uma vida terrestre, senão celestial” (São Jerônimo), e ainda: “Não anuncia o Anjo à Virgem depois do parto, para que não se conturbasse em demasia, mas lhe fala ante da concepção. Não em sonhos, mas de uma maneira visível. Porque como havia de receber uma grande revelação, necessitava de uma visão solene antes do cumprimento” (São João Crisóstomo, Homiliae in Matthaeum, 4), e: “Todavia, enganou mais aos diabos. Porque a malícia dos demônios descobre até as coisas ocultas. Mas os que se ocupam nas vaidades do mundo não podem conhecer as coisas divinas. Por isso Deus se serve do marido – o testemunho mais seguro do pudor –. Diz-se dele: ‘Se chamava José, da casa de Davi” (Santo Ambrósio), e também: “O qual não só refere a São José, mas também à Virgem Maria. Estava mandado pela lei que cada um tomasse mulher de sua própria tribo ou família. Prossegue o mesmo evangelista: ‘E o nome da Virgem era Maria” (São Beda, Homil. Da Annunt. Sup), e ainda: “A palavra Maria em hebraico quer dizer estrela do mar, e em sírio, Senhora. E com razão, porque mereceu levar em suas entranhas o Senhor do mundo e a luz constante dos séculos” (Idem.).
Edições Theologica comenta sobre Lc 1, 26-27. A Anunciação a Maria e a Encarnação do Verbo é o fato mais maravilhoso, o mistério mais entranhável das relações de Deus com os homens e o acontecimento mais transcendente da História da humanidade. Que Deus Se faça Homem e para sempre! Até onde chegou a bondade, a misericórdia e o amor de Deus por nós, por todos nós! E, não obstante, no dia em que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu a débil natureza humana das entranhas puríssimas de Maria Santíssima, nada extraordinário acontecia, aparentemente, sobre a face da terra. Com grande simplicidade narra São Lucas o magno acontecimento. Com quanta atenção, reverência e amor temos de ler estas palavras do Evangelho, rezar piedosamente o Angelus cada dia, seguindo a divulgada devoção cristã, e contemplar o primeiro mistério gozoso do Santo Rosário. Deus quis nascer de uma mãe virgem. Assim o tinha anunciado séculos antes por meio do profeta Isaías (cfr Is 7, 14; Mt 1, 22-23). Deus, “desde toda a eternidade, escolheu-a e indicou-a como Mãe para que o Seu Unigênito Filho tomasse carne e nascesse d’Ela na plenitude ditosa dos tempos; e em tal grau a amou por cima de todas as criaturas, que só n’Ela se comprazeu com assinalada complacência” (Ineffabilis Deus). Este privilégio de ser virgem e mãe ao mesmo tempo, concedido a Nossa Senhora, é um dom divino, admirável e singular. Deus “engrandeceu tanto a Mãe na concepção e no nascimento do Filho, que Lhe deu fecundidade e a conservou em perpétua virgindade” (Catecismo Romano, 1,4,8). Paulo VI recordava-nos novamente esta verdade de fé: “Cremos que a Bem-aventurada Maria, que permaneceu sempre Virgem, foi a Mãe do Verbo encarnado, Deus e Salvador nosso Jesus Cristo” (Credo do Povo de Deus, n.° 14). Ainda que se tenham proposto muitos significados do nome de Maria, os autores de maior relevância parecem estar de acordo em que Maria significa Senhora. Não obstante, a riqueza que contém o nome de Maria não se esgota com um só significado.
Dom Duarte Leopoldo escreve: “Gabriel significa força de Deus. O mesmo anjo apareceu a Daniel, a Zacarias e à Santíssima Virgem, para anunciar o grande mistério da Encarnação. Segundo o testemunho dos primeiros Padres da Igreja e das imagens descobertas nas catacumbas, São José tinha então cerca de trinta anos. Maria quer dizer – senhora, soberana”.
Em Lc 1, 28-29 diz: “Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’ Ela ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação”.
Santo Ambrósio escreve: “Conhece aqui a Virgem por seus costumes. Sozinha, em sua casa, a quem nenhum homem podia vê-la, só um anjo podia encontrá-la. Por isso diz: ‘E havendo entrado o anjo onde estava Maria’. E para que não fosse manchada com um diálogo indigno dela, é saudada pelo anjo”, e: “Em contraposição da voz dirigida à primeira mulher, agora se dirige a palavra à Virgem. Naquela se castiga com as dores do parto a causa do pecado, nesta se afasta a tristeza por meio do gozo. Assim o anjo anuncia com razão a alegria à Virgem, dizendo: ‘Deus te salve’. Segundo outros comentaristas, o anjo testemunha que é digna de ser desposada quando disse: ‘Cheia de graça” (São Gregório Niseno, Orat. In Christi Nativit), e também: “É verdade que é cheia de graça, porque aos demais se distribui com medida, porém em Maria se derramou ao mesmo tempo toda a plenitude da graça. Verdadeiramente é cheia de graça aquela pela qual toda criatura foi inundada com a chuva abundante do Espírito Santo” (São Jerônimo), e ainda: “Mais que contigo, Ele está em teu coração, se forma em teu seio, enche teu espírito, enche teu ventre” (Santo Agostinho, No Serm. da Nativit. Dom. 4), e: “Como ela estava acostumada àquela classe de aparições, o Evangelista não atribuía a conturbação ao que se vê, mas ao que se ouve, dizendo: ‘Se turbou com as palavras dele” (Griego), e também: “Admirava também a nova forma de saudação, que não havia ouvido até então, pois estava reservada somente para Maria” (Santo Ambrósio), e ainda: “Se Maria houvesse conhecido que se havia feito uma saudação semelhante a algum outro – como que conhecia perfeitamente o conceito da lei – não se assustaria ante esta como se fosse estrangeira” (Orígenes). Tudo repousava em profundo silêncio, e a noite ia a meio do seu curso, e a jovem ainda estava recolhida em comovente meditação, quando o Arcanjo Gabriel entrou onde Ela estava. Neste ponto o Evangelho é claríssimo: O divino mensageiro não apareceu subitamente numa visão, mas entrou, como se fosse pessoa humana, porém, irradiando luz, e saudou-a com estas palavras: “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco” (Lc 1, 28). Ouvindo esta saudação do anjo, Maria perturbou-se e silenciosa cismava no que significariam as palavras do embaixador celeste. Estaria Ela enganada ou talvez sonhando? Mas não. O anjo continuava ali diante dela. Mas por que saudá-la, omitindo-lhe o nome, dando-lhe o de “Cheia de Graça”, em vez de chamá-la de Maria? Não, eu não posso atinar com o significado da saudação angélica. Por que chamar-me de “Cheia de Graça?” Sei que no passado o Senhor mudou os nomes de Abrão para Abraão e de Jacó para Israel, mas havia uma razão para isto. Mas a mim, por que chamar-me por outro nome que não Maria? Que desejará de mim, o Eterno? Quem sou, senão uma simples e obscura filha da Judéia? Por que essa deferência do Altíssimo em mandando proclamar-me a “Cheia de Graça?” A expressão “Cheia de Graça” vem da original grega “kexaritômenè” que, tomada no seu sentido bíblico se torna intraduzível, porque gramaticalmente, “kexaritômenè” significa “agraciada”. É necessário observar que esse vocábulo grego está no particípio perfeito feminino do verbo “xaritoô”. Nessa língua, o perfeito sempre indica um estado atual decorrente de uma ação passada. Assim sendo, o particípio “kexaritômenè” aponta uma qualidade atual da Santíssima Virgem, proveniente de uma ação passada de Deus. Essa ação divina é expressa pelo verbo “xaritoô”. Ora, em grego, todos os verbos em oô unidos a substantivos qualificativos, significam “dotar de alguma graça, favor (xaris), agraciar, ser dotado ou ser feito objeto da graça divina”. Tomando-se a expressão no sentido genuíno, quer dizer que a Virgem foi “dotada de graça” ou simplesmente “agraciada”. Todavia, isto não exprime exatamente o que o anjo quis dizer a Maria, se a expressão é olhada no frio sentido lingüístico. É necessário considerar que o anjo se dirigiu à jovem Maria em aramaico e não a chamou pelo nome, mas disse: “Ave, Cheia de Graça” (Lc 1, 28). O nome da Virgem foi propositadamente omitido, para significar que Ela era chamada por OUTRO NOME, e isto é biblicamente muito significativo. O mensageiro do Senhor deu-lhe da parte de Deus um NOME NOVO para significar que para o Eterno, Maria era a “CHEIA DE GRAÇA” no plano divino da nossa Salvação. Por isso mesmo, Maria ao ouvir a saudação ficou perturbada: Ser objeto das graças de Deus era ser excelentemente, infinitamente agraciada, e por isso mesmo era chamada A CHEIA DE GRAÇA. Eis porque não podemos chamá-la de “agraciada”, quando rezamos, mas devemos louvá-la dizendo: “Ave, Cheia de Graça” que é o que exprime melhor a plenitude de favor e de graça divina de que Maria foi feita objeto, por vontade do Altíssimo.
PIB comenta esse trecho de São Lucas. Maria estava, como se deduz do próprio texto, no interior de sua casa quando lhe apareceu o anjo Gabriel e dirigiu-lhe aquela entusiástica saudação: Salve, que é, em resumo, o augúrio de todos os bens. – cheia de graça: enriquecida, em sumo grau, de graças espirituais em todos os tempos. – o Senhor é contigo, para te assistir, proteger e socorrer, mas também com a sua presença corporal. Ante o magnífico elogio inteiramente superior ao baixo conceito que ela tinha de si própria, Maria perturbou-se na sua profunda humildade, e em seu coração ia procurando a causa disso.
Esse trecho de São Lucas é comentado por Dom Duarte Leopoldo. Ave é o inverso de Eva, é o mesmo nome às avessas. Observam os Santos Padres que esta saudação do anjo é inteiramente nova e única na Escritura Sagrada, o que denota a grande reverência do emissário celeste ante essa Virgem entre todas admirável pelas suas virtudes e, sobretudo, pelo privilégio da maternidade divina. – Ave, cheia de graça, isto é, enriquecida com a plenitude de todos os dons da graça. Maria não duvida como Zacarias, mostra-se apenas prudente. A prudência é, com efeito, uma virtude importantíssima, sobretudo nas coisas de Deus.
Santo Ambrósio comenta esse trecho de São Lucas. Reconhece a Virgem por seus costumes, reconhece a Virgem por seu pudor, reconhece a Virgem no oráculo, reconhece no mistério. É próprio de uma virgem estremecer e perturbar-se com a presença de um homem, temer falar com homem. Aprendam as mulheres a imitar este pudor. Sozinha no interior da casa, apenas um anjo haveria de encontrar aquela que homem algum veria; só, sem companhia; só, sem testemunha, a fim de não se macular no trato com as demais; é um anjo quem a saúda. Aprendei, ó virgem, a evitar a dissipação das palavras; Maria temia até mesmo a saudação de um anjo. “E ficou a cogitar que saudação seria aquela”. Perturbou-se, receou, acautelou-se, por lhe causar admiração a estranha fórmula de uma bênção que antes jamais ouvira, que jamais lera. Era exclusivamente para Maria que se reservava esta saudação. Com razão é dita, somente ela, “cheia de graça”, pois só ela obteve a graça que nenhuma outra merecera, a de ficar repleta pelo Autor da graça. Enrubesceu Maria como também Isabel, e vejamos que relação existe entre o pudor da mulher casada e o pudor da Virgem: aquela enrubescia por ter motivo; esta, por seu pudor. Em Isabel tem-se uma atitude de pudor, na Virgem a graça do pudor é aumentada.
Edições Theologica comenta Lc 1, 28-29. “Salve!”: Literalmente o texto grego diz: alegra-te! É claro que se trata de uma alegria totalmente singular pela notícia que lhe vai comunicar a seguir. “Cheia de graça”: O Arcanjo manifesta a dignidade e a honra de Maria com esta saudação desusada. Os Padres e Doutores da Igreja “ensinaram que com esta singular e solene saudação, jamais ouvida, se manifestava que a Mãe de Deus era assento de todas as graças divinas e que estava adornada de todos os carismas do Espírito Santo”, pelo que “jamais esteve sujeita a maldição”, isto é, esteve imune de todo o pecado. Estas palavras do arcanjo constituem um dos textos em que se revela o dogma da Imaculada Conceição de Maria (cfr Ineffabilis Deus; Credo do Povo de Deus, n.° 14). “O Senhor está contigo”: Estas palavras não têm um mero sentido deprecatório (o Senhor esteja contigo), mas afirmativo (o Senhor está contigo), e em relação muito estreita com a Encarnação. Santo Agostinho glosa a frase “o Senhor está contigo” pondo na boca do arcanjo estas palavras: “Mais que comigo, Ele está no teu coração, forma-Se no teu ventre, enche a tua alma, está no teu seio” (Sermo de Nativitate Domini, 4).
Em Lc 1, 30-33 diz: “O Anjo, porém, acrescentou: ‘Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim”.
São Beda escreve: “Como havia visto que a Virgem se havia perturbado com aquela saudação não acostumada, a chama pelo nome, como se a conhecesse mais familiarmente, e lhe disse para não temer. Pelo que acrescenta: ‘E o Anjo lhe disse: Não temas, Maria”, e: “Quem merece graça diante de Deus nada tem que temer, assim, prossegue: ‘Achaste graça diante de Deus’. Como pode encontrar essa graça, qualquer que seja, senão por meio da humildade? Pois Deus dá a graça aos humildes” (São João Crisóstomo), e também: A Virgem encontrou graça diante de Deus porque, adornando sua própria alma com o brilho da pureza, preparou ao Senhor uma habitação agradável. E não só conservou inviolável a virgindade, mas que também guardou sua consciência imaculada” (Griego), e ainda: “Muitos haviam encontrado graça antes que ela; e pelo mesmo acrescentou o que é próprio deste caso dizendo: ‘Eis que conceberás em teu seio” (Orígenes), e: “A palavra ‘Eis que’ denota a prontidão e a presença, insinuando com dita palavra que a concepção se havia celebrado ao ponto” (Griego), e também: “Disse: ‘Conceberás em teu seio’ para demonstrar que o Senhor toma carne do mesmo seio virginal e de nossa substância” (Severo de Antioquia), e ainda: “E como acontece especialmente que é concebido do Divino Espírito e ela dá a luz ao Espírito de salvação, segundo anunciara o profeta, o anjo acrescenta: ‘E dará a luz um Filho” (São Gregório de Nissa), e: “A palavra Jesus quer dizer Salvador ou saudável” (São Beda), e também: “Mas como este nome é comum como o sucessor de Moisés, insinuando o anjo que não será semelhante àquele, acrescenta: ‘Este será grande” (Griego), e ainda: “Todavia, o corpo puríssimo de Jesus Cristo não procede de José, ainda que descendia da mesma linha de parentesco que a Virgem, da qual o Unigênito do Pai tomou a forma humana” (São Cirilo, Contra Juliano, 8).
Edições Theologica comenta esse trecho de São Lucas. A Anunciação é o momento em que Nossa Senhora conhece com clareza a vocação a que Deus a tinha destinado desde sempre. Quando o Arcanjo a tranqüiliza e lhe diz “não temas, Maria”, está a ajudá-la a superar esse temor inicial que, ordinariamente, se apresenta em toda a vocação divina. O fato de que isto tenha acontecido à Santíssima Virgem indica-nos que não há nisso nem sequer imperfeição: é uma reação natural diante da grandeza do sobrenatural. Imperfeição seria não o superar ou não nos deixarmos aconselhar por aqueles que, como São Gabriel e Nossa Senhora, podem ajudar-nos. O arcanjo Gabriel comunica à Santíssima Virgem a sua maternidade divina, recordando as palavras de Isaías que anunciavam o nascimento virginal do Messias e que agora se cumprem em Maria Santíssima (cfr Mt 1, 22-23; Is 7, 14). Revela-se que o Menino será “grande”: a grandeza vem-lhe da Sua natureza divina, porque é Deus, e depois da Encarnação não deixa de sê-lo, mas assume a pequenez da humanidade. Revela-se também que Jesus será o Rei da dinastia de Davi, enviado por Deus segundo as promessas de Salvação; que o Seu Reino “não terá fim”: porque a Sua humanidade permanecerá para sempre indissoluvelmente unida à Sua divindade; que “chamar-se-á Filho do Altíssimo”: indica ser realmente Filho do Altíssimo e ser reconhecido publicamente como tal, isto é, o Menino será o Filho de Deus. No anúncio do Arcanjo evocam-se, pois, as antigas profecias que anunciavam estas prerrogativas. Maria, que conhecia as Escrituras Santas, entendeu claramente que ia ser Mãe de Deus.
Dom Duarte Leopoldo comenta Lc 1, 30-33. É evidente que o anjo alude e quase repete as mesmas palavras da célebre predição de Isaías. Deste modo faz saber à Maria que é ela a Virgem feliz em quem se havia de realizar o inaudito prodígio predito pelo Profeta. Jesus, como Josué, é aquele que salva, que introduz o povo na terra da promissão. Josué era apenas a figura do verdadeiro Salvador. Ser chamado, no estilo bíblico, significa ser verdadeiramente, porque Deus, a própria verdade, não pode dar um nome que não corresponde à realidade. Jesus não devia reinar como Davi, mas pela nova religião que há de durar até o fim do mundo. O seu reino não será temporal, mas espiritual. Reinará sobre a casa de Jacó, porque o seu reino é a Igreja, formada principalmente dos filhos de Jacó que reconheceram o Messias, e depois dos gentios que entraram em seu grêmio, formando um só povo cujo tronco é o santo patriarca.
Em Lc 1, 34-38 diz: “Maria, porém, disse ao Anjo: ‘Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?’ O anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril. Para Deus, com efeito, nada é impossível’. Disse, então, Maria: ‘Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!’ E o Anjo a deixou”.
São Gregório Magno escreve: “Considerei também as palavras da puríssima Virgem. O anjo lhe anuncia o parto; porém, ela insiste em sua virgindade, crendo que esta poderia manchar-se só com o aspecto de um anjo. Por isso diz: ‘Pois não conheço homem” (Orat. In diem Nat. Christi), e: “O conhecimento se entende de muitas maneiras. Chama-se conhecimento a sabedoria de nosso Senhor; também a notícia de sua grandeza; o cumprimento de seus mandatos; os caminhos que conduzem a Ele e a união nupcial, como aqui se entende” (São Basílio, Epístola 2, 35), e também: “Mas considerai como o anjo desfaz a dúvida à Virgem e lhe explica sua missão imaculada e o parto inefável. Pois segue: ‘O Anjo lhe respondeu: O Espírito Santo virá sobre ti...” (Griego), e ainda: “A virtude do Altíssimo te fará sombra’. A virtude do Rei Altíssimo é Cristo, formado na Virgem pela vinda do Espírito Santo” (São Gregório de Nissa, Lib. De Vita Moysis), e: “Não conceberás em virtude da obra de um homem, mas que conceberás por virtude do Espírito Santo, de quem será cheia. Não se dará em ti os ardores da concupiscência, posto que o Espírito Santo te fará sombra” (São Beda), e também: “Professamos que o corpo tomado da matéria da natureza humana existe verdadeiramente; e que é o mesmo – segundo a natureza – que nosso corpo. Maria é, pois, nossa irmã, posto que todos descendemos de Adão” (Santo Atanásio, Epístola at Epictetum), e ainda: “Considerai como o anjo menciona à Virgem toda a Santa Trindade. Cita o Espírito Santo, o poder, isto é ao Filho e ao Altíssimo, certamente o Pai” (Teofilacto), e: “Como o que foi dito superava o que a Virgem podia compreender, o anjo falou de coisas humildes, para persuadi-la por meio de coisas sensíveis, e lhe disse: ‘Eis que Isabel, tua parenta’. Observa a prudência de Gabriel. Não lhe recorda Sara, nem a Rebeca e nem a Raquel, porque estes exemplos eram já antigos, mas cita um fato recente para robustecer sua inteligência. E por isso faz menção da idade, quando disse: ‘Também ela concebeu um filho em sua velhice’, dando a entender sua capacidade natural. Prossegue: ‘E está no sexto mês’. Não anunciou desde o início a gravidez de Isabel, mas depois de transcorridos seis meses, a fim de que o crescimento do ventre servisse de prova” (São João Crisóstomo, Homilia in Gen., 49), e também: “Assim, pois, recebe o exemplo da anciã estéril, não porque havia desconfiado de que uma virgem pudesse dar a luz, mas para que compreenda que para Deus tudo é possível, ainda quando pareça contrária à ordem da natureza. Por isso segue: ‘Porque não há nada impossível para Deus” (São Beda), e ainda: “Pois como Ele é o Senhor da natureza, pode tudo o que quer, posto que faz e dispõe todas as coisas governando as rédeas da vida e da morte” (São João Crisóstomo), e: “Por um mistério profundo, a causa de sua concepção santa e seu parto inefável, a mesma Virgem foi Serva do Senhor e Mãe, segundo a verdade das duas naturezas” (São Gregório, Moralia 18, 34), e também: “Recebido o consentimento da Virgem, o anjo regressou imediatamente ao céu, de onde prossegue: ‘E o anjo se afastou dela” (São Beda), e ainda: “Não só pedindo o que desejava, mas admirando-se estupefato da forma virginal e da plenitude da virtude” (Eusébio).
PIB comenta Lc 1, 34-38. Maria não manifesta dúvida nenhuma; mas, prudentíssima como era, pergunta-lhe de que maneira se realizarão nela os desígnios divinos. Suas palavras são um seguro indício de que ela resolvera conservar-se virgem e assim o prometera a Deus e que, sendo noiva, estava de pleno acordo com José a respeito desse propósito. Explica-lhe o anjo como se dará nela o grande mistério da Encarnação do verbo. O Deus onipotente, que criou do nada o mundo e a vida, e que tem poder para fazer germinar e crescer os frutos até duma árvore estéril, como fez com Isabel, depositará um germe de vida em Maria. Por ser obra de amor, o mistério da Encarnação é atribuído ao Espírito Santo. A humildade de Maria e sua plena submissão aos desígnios de Deus a seu respeito sugerem-lhe a resposta: Eis a serva do Senhor. Então o Verbo se fez carne (Jo 1, 14). Para realizar nela esse milagre de amor, Deus esperou o consentimento de Maria. Quanta grandeza daquela que é a mais humilde e a mais sublime das criaturas!
O Trecho de Lc 1, 34-38 é comentado por Santo Ambrósio. “Disse, porém, Maria ao anjo: — Como se fará isso, se não conheço varão?” Pareceria aqui, se não se observasse atentamente, que Maria não acreditou. Seria lícito julgar incrédula a eleita para gerar o Filho unigênito de Deus? Mas como Zacarias, não crendo, seria condenado por seu silêncio, e Maria, igualmente não crendo, seria exaltada pela infusão do Espírito Santo? Já considerando a prerrogativa da maternidade, não se iria pensar assim,- pois à maior dignidade se devia reservar mais fé. Todavia, nem convinha a Maria deixar de crer no anjo, nem usurpar temerariamente mistérios divinos. Não era fácil conhecer o mistério oculto há séculos em Deus, que nem as potências angélicas podiam conhecer. Contudo, não negou sua fidelidade, não recusou a missão, mas acomodou o afeto e prometeu o assentimento. Pois quando disse: “Como se fará isso?” não duvidava do que ia acontecer, indagava apenas o modo como aconteceria. E quanto é mais prudente sua resposta do que a do sacerdote! Ela disse: “Como se fará isto?” Ele respondera: “Como entenderei isto?” Ela já trata do assunto, ele ainda duvida da notícia. Nega-se ele a crer, pois diz não saber, e como que procura ainda outro testemunho para o que é proposto à sua fé; ela promete cumprir o que lhe é anunciado, não duvida de que se realizará, pergunta apenas de que modo possa realizar-se. Pois assim se lê: “Como se fará isto, se não conheço varão?” É que primeiro devia ser notificada (a geração admirável e inefável) para nela se poder crer. Uma virgem dando à luz é sinal de mistério divino, não algo de humano. Enfim, “recebe para ti o sinal: eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho”. Maria lera isso, crendo que aconteceria. Mas de que modo? Não o lera, pois não tinha sido revelado ao profeta. O mistério de uma missão tão grande haveria de ser proferido por boca angélica e não humana. Eis que hoje pela primeira vez foi ouvido: “o Espírito Santo descerá sobre ti”. Alguém o ouviu e creu. Enfim, diz ela: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim, segundo a tua palavra”. Vede que humildade, vede que devoção! Diz-se escrava do Senhor a que é eleita para ser sua Mãe. Não se exaltou com a inesperada promessa. Dizendo-se imediatamente escrava não requeria para si nenhuma prerrogativa da grande graça: faria o que se lhe mandasse. Vês a entrega. “Faça-se em mim segundo tua palavra”: é a expressão de uma entrega. “Faça-se em mim segundo tua palavra”: é a expressão de um voto. E com que presteza acreditou Maria ainda na estranheza da concepção! Pois que haveria mais estranho do que referir o Espírito Santo ao corpo? Que mais inaudito do que uma virgem gestante — até contra a lei, contra o costume, até contra o pudor, cujo cuidado é a maior graça de uma virgem? Zacarias duvidou, não pela singularidade da condição, mas por causa da idade senil. Com efeito, a condição era côngrua: de homem e mulher, o parto provém como algo de normal. Nada tem de incrível, concorda com a natureza. Pois sendo a idade condicionada pela natureza e não a natureza pela idade, acontece geralmente que a idade estorva a natureza; não é, porém, “irrazoável” que uma causa menor ceda à maior e uma prerrogativa da natureza, de dignidade maior, supere as leis da idade. Eis por que Abraão e Sara receberam um filho na velhice e José foi também filho da senilidade. Se Sara, por ter rido, foi repreendida, mais justamente se pune aquele que, nem com o oráculo nem com o exemplo, acreditou. Maria, porém, quando diz: “Como se fará isto, pois não conheço varão”, não manifesta ter duvidado do fato, apenas interroga quanto ao modo do mesmo. Evidentemente cria que se realizaria, pois indagava como se faria. Mereceu pois ouvir: “Bem-aventurada tu que creste!” Verdadeiramente bem-aventurada e mais digna que o sacerdote: ele recusou-se a crer, a Virgem reparou a falta. Nem é de se admirar que o Senhor, havendo de remir o mundo, tenha começado sua obra por Maria: para que primeiro se beneficiasse da salvação aquela por meio de quem a salvação se preparava para o mundo. Foi com razão que indagou sobre o modo como se faria, pois lera que uma virgem ia gerar, não como geraria. Lera, como acima: “Eis que uma virgem conceberá no seio”. Mas, como isso se daria, foi o anjo no Evangelho quem por primeiro o disse.
Edições Theologica comenta Lc 1, 34-38. O Papa João Paulo II comentava assim este passo: “Virgo fidelis, Virgem fiel. Que significa esta fidelidade de Maria? Quais são as dimensões dessa fidelidade? A primeira dimensão chama-se busca. Maria foi fiel, antes de mais, quando com amor se pôs a buscar o sentido profundo do desígnio de Deus n’Ela e para o mundo. “Quomodo fiet? Como acontecerá isto?” perguntava Ela ao anjo da Anunciação (...). Não haverá fidelidade se não houver na raiz esta ardente, paciente e generosa busca (...).
A segunda
dimensão da fidelidade chama-se acolhimento, aceitação. O quomodo fiet
transforma-se, nos lábios de Maria, em um fiat. Que se faça, estou pronta,
aceito: este é o momento crucial da fidelidade, momento em que o homem Coerência é a terceira dimensão da fidelidade. Viver de acordo com o que se crê. Ajustar a própria vida ao objeto da própria adesão. Aceitar incompreensões e perseguições antes que permitir rupturas entre o que se vive e o que se crê: esta é a coerência (...). Mas toda a fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a da duração. Por isso a quarta dimensão da fidelidade é a constância. É fácil de ser coerente por um dia ou por alguns dias. Difícil e importante é ser coerente toda a vida. E fácil de ser coerente na hora da exaltação, difícil sê-lo na hora da tribulação. E só pode chamar-se fidelidade uma coerência que dura ao longo de toda a vida. O fiat de Maria na Anunciação encontra a sua plenitude no fiat silencioso que repete aos pés da cruz” (Homilia Catedral México). A fé de Maria nas palavras do Arcanjo foi absoluta: não duvida como duvidou Zacarias (cfr 1,18). A pergunta da Santíssima Virgem “como será isso” exprime a sua prontidão para cumprir a Vontade divina diante de uma situação que parece à primeira vista contraditória: por um lado Ela tinha a certeza de que Deus lhe pedia para conservar a virgindade; por outro lado, também da parte de Deus, é lhe anunciado que vai ser mãe. As palavras imediatas do arcanjo declaram o mistério do desígnio divino e o que parecia impossível, segundo as leis da natureza, explica-se por uma singularíssima intervenção de Deus. O propósito de Maria de permanecer virgem foi certamente algo singular, que interrompia o modo ordinário de proceder dos justos do Antigo Testamento, no qual, como expõe Santo Agostinho, “atendendo de modo particularíssimo à propagação e ao crescimento do Povo de Deus, que era o que tinha de profetizar e donde havia de nascer o Príncipe e Salvador do mundo, os santos tiveram de usar do bem do matrimônio” (De Bono Matrimonii, 9,9). Houve, porém, no Antigo Testamento alguns homens que por desígnio de Deus permaneceram “célibes”, como Jeremias, Elias, Eliseu e João Batista. A Virgem Santíssima, inspirada de modo muito particular pelo Espírito Santo para viver plenamente a virgindade, é já uma primícia do Novo Testamento, no qual a excelência da virgindade sobre o matrimônio adquirirá todo o seu valor, sem diminuir a santidade da união conjugal, que é elevada à dignidade de sacramento. A “sombra” é um símbolo da presença de Deus. Quando Israel caminhava pelo deserto, a glória de Deus enchia o Tabernáculo e uma nuvem cobria a Arca da Aliança (Ex 40, 34-36). De modo semelhante quando Deus entregou a Moisés as tábuas da Lei, uma nuvem cobria a montanha do Sinai (Ex 24,15-16), e também na Transfiguração de Jesus se ouve a voz de Deus Pai no meio de uma nuvem (Lc 9,35). No momento da Encarnação o poder de Deus enroupa com a Sua sombra Nossa Senhora. É a expressão da ação onipotente de Deus. O Espírito de Deus — que, segundo o relato do Gênesis (1,2), pairava sobre as águas dando vida às coisas — desce agora sobre Maria. E o fruto do seu ventre será obra do Espírito Santo. A Virgem Maria, que foi concebida sem mancha de pecado (cfr Ineffabilis Deus), fica depois da Encarnação constituída em novo Tabernáculo de Deus. Este é o Mistério que recordamos todos os dias na recitação do Angelus. Uma vez conhecido o desígnio divino, Nossa Senhora entrega-se à Vontade de Deus com obediência pronta e sem reservas. Dá-se conta da desproporção entre o que vai ser — Mãe de Deus — e o que é — uma mulher —. Não obstante, Deus o quer e nada é impossível para Ele, e por isto ninguém é capaz de pôr dificuldades ao desígnio divino. Daí que, juntando-se em Maria a humildade e a obediência, pronunciará o sim ao chamamento de Deus com essa resposta perfeita: “Eis a escrava do Senhor, seja-me feito segundo a tua palavra”. “Ao encanto destas palavras virginais, o Verbo se fez carne”. Das puríssimas entranhas da Santíssima Virgem, Deus formou um corpo, criou do nada uma alma, e a este corpo e alma uniu-Se o Filho de Deus; desta sorte o que antes era apenas Deus, sem deixar de o ser, ficou feito homem. Maria já é Mãe de Deus. Esta verdade é um dogma da nossa santa fé definido no Concílio de Éfeso (ano 431). Nesse mesmo instante começa a ser também Mãe espiritual de todos os homens. O que um dia ouvirá dos lábios de seu Filho moribundo, “eis aí o teu filho (...), eis aí tua mãe” (Jo 19, 26-27), não será senão a proclamação do que silenciosamente tinha acontecido em Nazaré. Assim, “com o seu fiat generoso converteu-se, por obra do Espírito, em Mãe de Deus e também em verdadeira Mãe dos vivos, e converteu-se também, ao acolher no seu seio o único Mediador, em verdadeira Arca da Aliança e verdadeiro Templo de Deus” (Paulo VI, Marialis cultus, n. 6). O Evangelho faz-nos contemplar a Virgem Santíssima como exemplo perfeito de pureza (“não conheço homem”); de humildade (“eis a escrava do Senhor”); de candura e simplicidade (“como será isso”); de obediência e de fé viva (“seja-me feito segundo a tua palavra”). “Procuremos aprender, seguindo também o seu exemplo de obediência a Deus, numa delicada combinação de submissão e de fidalguia. Em Maria, nada existe da atitude das virgens néscias, que obedecem, sim, mas como insensatas. Nossa Senhora ouve com atenção o que Deus quer, pondera aquilo que não entende, pergunta o que não sabe. Imediatamente a seguir, entrega-se sem reservas ao cumprimento da vontade divina: eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa palavra (Lc 1, 38). Vedes esta maravilha? Santa Maria, mestra de toda a nossa conduta, ensina-nos agora que a obediência a Deus não é servilismo, não subjuga a consciência, pois nos move interiormente a descobrir a liberdade dos filhos de Deus (cfr Rom 8, 21)” (São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n.° 173).
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 17 de dezembro de 2008
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