| 
             
            
          
          OS SETE DONS DO ESPÍRITO SANTO 
          
          (Is 11, 2) 
            
          
          "Sobre ele 
          repousará o espírito do Senhor, espírito de sabedoria e de 
          inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de 
          conhecimento e de temor do Senhor". 
            
          
          
            
            
          
          Os 
          dons do Espírito Santo são sete: 
          "1° Sabedoria; 2° 
          Entendimento; 3° Conselho; 4° Fortaleza; 5° Ciência; 6° Piedade; 7° 
          Temor de Deus. Os dons do Espírito Santo servem para nos confirmar na 
          Fé, na Esperança e na Caridade, e para nos tornar solícitos aos atos 
          das virtudes necessárias para conseguir a perfeição da vida crista"
          (São Pio X, Catecismo Maior, 913 e 914). 
          
          O Pe. 
          Gabriel de Santa Maria Madalena escreve: 
          "Instruídos pelo Mestre e por 
          ele enviados a ser suas testemunhas no mundo, os apóstolos precisavam 
          aprofundar os ensinamentos recebidos e também de força e coragem para 
          praticá-los até as últimas consequências. Jesus completará e 
          aperfeiçoará a formação deles por meio de seu Espírito, o Espírito 
          Santo. De modo análogo, tal se dá com cada cristão. A boa vontade, 
          sustentada pela graça e pelas virtudes infusas, não é suficiente para 
          produzir os frutos de santidade que o Evangelho espera dos discípulos 
          de Cristo. Fica sempre uma desproporção a preencher, isto é, a do modo 
          de agir humano diante das exigências da santidade que é participação 
          da vida e da própria santidade de Deus! 'Sede perfeitos como é 
          perfeito vosso Pai celeste' (Mt 5, 48). Pode e deve o homem exercitar 
          as virtudes, mas estas, embora sobrenaturais, agem por meio das 
          faculdades naturais; a fé, por exemplo, o ilumina através da 
          inteligência que pode ser mais ou menos limitada; a caridade é 
          infundida nele através da vontade que pode ser mais ou menos  dócil, e 
          assim por diante. O Espírito Santo, com seus impulsos, com seus dons, 
          ultrapassa as limitações congênitas do homem e nele infunde luz, amor, 
          força além de suas capacidades naturais. Então já não é o cristão que 
          toma as iniciativas de sua fé, de sua caridade e das outras virtudes; 
          é o Espírito Santo que as põe em ato diretamente, infundindo nele sua 
          luz e sua força: 'Sereis revestidos da força do alto' (Lc 24, 49). No 
          batismo, o cristão recebe, juntamente com a graça e as virtudes 
          infusas, os dons do Espírito Santo. Enquanto são as virtudes infusas, 
          princípios sobrenaturais que tornam a pessoa capaz de agir de modo 
          virtuoso e meritório em ordem à vida eterna, os dons são princípios 
          sobrenaturais que a tornam capaz de receber os auxílios do Espírito 
          Santo, de captar suas inspirações, seus impulsos, e capaz de os pôr em 
          prática. Compara Santo Tomás os dons às velas do barco; assim como 
          pode a barca, por meio das velas, ser movida e levada pelo vento, 
          assim pode a pessoa, por meio dos dons, ser movida e guiada pelo 
          Espírito Santo. Fica, deste modo, mais fácil e seguro o caminhar da 
          santidade"(Intimidade 
          Divina, 311). 
          
          Que é 
          a Sabedoria? "A 
          Sabedoria é um dom pelo qual nós, elevando o espírito acima das coisas 
          terrenas e frágeis, contemplamos as eternas, isto é, a Verdade, que é 
          Deus, no qual pomos nossa complacência, amando-O como ao nosso Sumo 
          Bem" (São Pio X, 
          Catecismo Maior, 915). 
          
          
          Existe um conhecimento de Deus e do que se refere a Ele a que só se 
          chega pela santidade: 
          "O Espírito Santo, mediante o dom da sabedoria, coloca-o ao alcance 
          das almas simples que amam o Senhor: Eu te glorifico, Pai, Senhor do 
          céu e da terra - exclamou Jesus diante de umas crianças -, porque 
          escondeste estas coisas aos sábios e prudentes e as revelaste aos 
          pequeninos. É uma sabedoria que não se aprende nos livros, mas que é 
          comunicada à alma pelo próprio Deus, que ilumina e ao mesmo tempo 
          cumula de amor a mente e o coração, a inteligência e a vontade; é um 
          conhecimento mais íntimo e saboroso de Deus e dos seus mistérios"
          (Pe. Francisco Fernández-Carvajal), e: "Quando 
          temos na boca uma fruta, apreciamos o seu sabor muito melhor do que se 
          lêssemos as descrições que dela fazem todos os livros de Botânica. Que 
          descrição se pode comparar ao sabor que experimentamos quando provamos 
          uma fruta? Do mesmo modo, quando estamos unidos a Deus e o saboreamos 
          por íntima experiência, isso nos faz conhecer muito melhor as coisas 
          divinas do que todas as descrições que os eruditos e os livros dos 
          homens mais sábios possam dizer" 
          (L. M. Martinez, El Espíritu Santo, 6ª ed., Studium, Madrid, 1959, 
          pág. 201), e também:
          "... a sabedoria 
          envolve toda a vida do cristão, ensinando-o a ver Deus em todas as 
          coisas e todas as coisa em Deus. É um saber, um julgar, todo segundo 
          Deus; portanto, não segundo os critérios humanos, mas segundo os 
          critérios divinos. É a sabedoria anunciada pelos Apóstolos: 'Uma 
          sabedoria não deste mundo... uma sabedoria envolta em mistério, 
          revelada 'mediante o Espírito', fruto de seus 'ensinamentos' 
          interiores; sabedoria que 'o homem natural não compreende' porque as 
          coisas de Deus se julgam só por meio do Espírito' (1 Cor 2, 6-14)"
          (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 320). 
          
          
          Iluminados pelo dom da Sabedoria, os santos entenderam no seu 
          verdadeiro sentido os acontecimentos desta vida: tanto os que 
          consideramos grandes e importantes como os aparentemente pequenos. Por 
          isso, não chamaram desgraça a doença e as tribulações que tiveram que 
          sofrer; compreenderam que Deus abençoa de muitas maneiras, e 
          frequentemente com a Cruz; sabiam que todas as coisas, mesmo aquelas 
          que são humanamente inexplicáveis, cooperam para o bem dos que amam a 
          Deus: "As inspirações 
          do Espírito Santo, que este dom faz acolher com docilidade, 
          esclarecem-nos pouco a pouco sobre a ordem admirável do plano 
          providencial, mesmo e precisamente naquelas coisas que antes nos 
          deixavam desconcertados, nos casos dolorosos e imprevistos, permitidos 
          por Deus em vista de um bem superior" (R. 
          Garrigou-Lagrange, Las tres edades de la vida interior, 4ª ed., 
          Palabra, Madrid, 1983, pág. 82). 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "Através do dom da sabedoria, 
          as moções da graça trazem-nos uma grande paz, não somente para nós, 
          mas também para o nosso próximo; ajudam-nos a semear alegria onde quer 
          que estejamos e a encontrar a palavra oportuna que ajuda a 
          reconciliarem-se os que estão desunidos. É por isso que este dom está 
          em correspondência com a bem-aventurança dos pacíficos, daqueles que, 
          tendo paz em si mesmos, podem comunicá-la aos outros. Esta paz, que o 
          mundo não pode dar, é o resultado de se verem os acontecimentos dentro 
          do plano providente de Deus, que em momento algum se esquece dos seus 
          filhos. O dom da Sabedoria concede-nos uma fé amorosa, penetrante, uma 
          clareza e segurança absolutamente insuspeitadas na compreensão do 
          mistério inabarcável de Deus. Assim, por exemplo, a presença real de 
          Jesus Cristo no Sacrário produz em nós uma felicidade inexplicável por 
          nos acharmos diante de Deus", 
          e: "Vossa sabedoria, ó 
          Verbo, é como aquela sarça que mostrastes a Moisés, que arde e não se 
          consome... Aborrece esta sabedoria os que procuram e vão atrás da 
          sabedoria humana, que perante Deus é estultícia... Aborrece também 
          esta sabedoria quem se priva da união convosco, pois quem vos ofende 
          vos perde e de perde... Que fazeis vós, ó sabedoria do meu Verbo? 
          Exaltais a alma e a despenhais no abismo; edificais e lançais por 
          terra o edifício; sempre gemeis e cantais, vigiais e dormis, caminhais 
          e jamais vos moveis; sabedoria que tendes em vós todos os tesouros e 
          longe estais de toda estultícia... Como conquistaremos esta sabedoria? 
          Conquista-la-emos com uma iluminada inteligência do ser de Deus, com 
          um contínuo afeto e desejo de Deus em Deus. E quem aqui chegou 
          conquistou a complacência da sabedoria. Experimenta-a quem a saboreia; 
          e a entende quem nada sabe. Oh! Por que não andamos nós constantemente 
          em contínuo movimento para adquirir esta sabedoria? Ó sabedoria, 
          estabelecestes os céus que estão sempre em movimento, glorificais os 
          espíritos angélicos e humanos, saciais as esposas do Verbo, dais poder 
          aos seus Cristos; confundis toda sabedoria terrena e exaltais toda 
          ignorância, verificais toda verdade e confundis toda mentira. Ó 
          sabedoria, sois a coroa da Igreja, vossa espera, e a riqueza da alma, 
          vossa esposa" (Santa 
          Maria Madalena de Pazzi, Colóquios, Op., v. 3, pp. 170-171). 
          
          Que é 
          o Entendimento? "O 
          Entendimento é um dom pelo qual nos é facilitado, quanto possível a um 
          homem mortal, a inteligência das verdades da Fé e dos divinos 
          mistérios, os quais não podemos conhecer com as luzes naturais da 
          nossa razão" (São 
          Pio X, Catecismo Maior, 916). 
          
          
          Mediante o dom do Entendimento, o Espírito Santo faz a alma penetrar 
          de muitas maneiras nos mistérios revelados. De uma forma sobrenatural 
          e portanto, gratuita, ensina no íntimo do coração o alcance das 
          verdades mais profundas da fé: 
          "É como se alguém, sem ter 
          aprendido nem trabalhado nada para saber ler, nem estudado coisa 
          alguma, se visse na posse de toda a ciência, sem saber como e donde 
          lhe veio, pois jamais se esforçou sequer por aprender o abecedário. 
          Esta última comparação parece-me explicar em parte este dom celestial, 
          porque, de um momento para outro, a alma se vê tão instruída no 
          mistério da Santíssima Trindade e em outras coisas muito subidas, que 
          não há teólogo com quem não se atreva a discutir sobre a verdade 
          dessas grandezas"
          (Santa Teresa de 
          Jesus, Vida, 27, 8-9). 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "O dom do entendimento leva a 
          captar o sentido mais profundo da Sagrada Escritura, a vida da graça, 
          a presença de Cristo em cada sacramento e, de uma maneira real e 
          substancial, na Sagrada Eucaristia. É um dom que confere como que um 
          instinto divino para o que há de sobrenatural no mundo. Ante o olhar 
          daquele que crê, iluminado pelo Espírito Santo, surge um universo 
          totalmente novo. Os mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação, 
          da Redenção, da Igreja, convertem-se em realidades extraordinariamente 
          vivas e atuais, que orientam toda a vida do cristão e influem 
          decisivamente no seu trabalho, na família, nos amigos... Chega-se a 
          ver Deus no meio das tarefas habituais, nos acontecimentos agradáveis 
          ou dolorosos da vida diária. O caminho para chegarmos à plenitude 
          deste dom é a oração pessoal, em que contemplamos as verdades da fé, 
          bem como a luta, alegre e amorosa, por manter-nos na presença de Deus 
          ao longo do dia. Não se trata de uma ajuda sobrenatural 
          extraordinária, reservada a pessoas muito excepcionais, mas de um dom 
          que o Senhor concede a todos aqueles que queiram ser-lhe fiéis no 
          lugar em que se encontram, santificando as suas alegrias no lugar em 
          que se encontram, santificando as suas alegrias e dores, o seu 
          trabalho e o seu descanso", 
          e: "Ao Espírito Santo é atribuído, de modo particular, o papel de 
          iluminar os fiéis no sentido profundo do Evangelho, de toda a 
          Revelação, dos mistérios divinos; verdades todas que transcendem a 
          mente humana. Embora possuindo a fé, procede o homem sempre por meio 
          de idéias, de conceitos que, por serem limitados, são insuficientes 
          para exprimir as realidades divinas. A própria Revelação chega ao 
          homem por meio de palavras humanas, incapazes, portanto, de manifestar 
          a íntima essência de Deus e das verdades reveladas. Sustentado somente 
          pela fé, o cristão tem de contentar-se com um conhecimento mormente 
          externo e obscuro dos mistérios; sabe com certeza que foram revelados 
          por Deus, aceita-os e adere a eles com todas as forças, mas não lhe 
          capta o sentido profundo. Quando, ao contrário, intervém o influxo do 
          Espírito de verdade, o fiel recebe uma inteligência penetrante: intui 
          que em Deus e nos seus mistérios há algo de imensamente mais profundo 
          e sublime do que possa ele compreender; e tão viva é esta intuição 
          que, embora não a podendo exprimir, dá-lhe um conhecimento totalmente 
          novo dos mistérios divinos. Nada de novo é acrescentado aos dados da 
          Revelação, mas são estes iluminados por dentro e assim são percebidos 
          de modo antes desconhecido. O Espírito Santo, mediante seus dons, 
          quase parece rasgar o véu das proposições, dos conceitos humanos e 
          permitir ao fiel lançar rápido, mas penetrante olhar na substância dos 
          mistérios. Os mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação, da 
          Redenção, da Igreja deixam de ser verdades abstratas e se tornam 
          realidades vivas e vitais, atuais e familiares que invadem e orientam 
          toda a vida do cristão"
          (Pe. Gabriel de 
          Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 317). 
          
          Que é 
          o Conselho? "O 
          Conselho é um dom pelo qual, nas dúvidas e incertezas da vida humana, 
          conhecemos o que mais convém à glória de Deus, à nossa salvação e à do 
          próximo" 
          (São Pio X, Catecismo Maior, 917). 
          
          O 
          Espírito Santo é o nosso melhor Conselheiro, o Mestre mais sábio, o 
          melhor Guia: "... não 
          vos preocupeis nem com a maneira com que haveis de falar nem com o que 
          haveis de dizer, porque naquele momento vos será dado o que devereis 
          dizer. Porque não sereis vós que falareis, mas será o Espírito do 
          vosso Pai que falará em vós" 
          (Mt 10, 19-20), 
          e: "Mediante o dom do 
          conselho, o Espírito Santo aperfeiçoa os atos da virtude da prudência, 
          que diz respeito aos meios que se devem empregar para resolver cada 
          situação. Na nossa vida, é muito frequente termos que tomar decisões, 
          umas mais importantes, outras menos. Em todas elas, de alguma maneira, 
          está comprometida a nossa santidade. Pois bem, às almas dóceis à ação 
          do Espírito Santo, Deus concede o dom do conselho para que possam 
          decidir com retidão e rapidez. É como que um instinto divino para que 
          possam acertar com o caminho que mais convém à glória de Deus. Da 
          mesma maneira que a virtude da prudência abarca todo o campo da nossa 
          atuação, o Espírito Santo, pelo dom do conselho, é Luz e Princípio 
          permanente das nossas ações: inspira a escolha dos meios para 
          realizarmos a vontade de Deus em todas as nossas tarefas, e conduz-nos 
          pelos caminhos da caridade, da paz, da alegria, do sacrifício, do 
          cumprimento do dever. Inspira-nos o caminho que devemos seguir em cada 
          circunstância... O dom do conselho é de grande ajuda para manter uma 
          consciência reta, sem deformações, porque, quando somos dóceis a essas 
          luzes e conselhos com que o Espírito Santo ilumina a nossa 
          consciência, a alma não se evade nem se justifica diante das faltas e 
          dos pecados, mas reage com a contrição, com uma maior dor por ter 
          ofendido a Deus. Este dom ilumina a alma fiel a Deus para que não 
          aplique erradamente as normas morais, nem se deixe levar pelos 
          respeitos humanos, pelos critérios do ambiente ou da moda, mas pelo 
          querer de Deus. Diretamente ou por meio de outros, o Paráclito dá 
          luzes para discernir o rumo certo e mostra os caminhos a seguir"
          (Pe. Francisco 
          Fernández-Carvajal), 
          e também: "Todo o bom 
          conselho sobre a salvação dos homens vem do Espírito Santo" (Santo 
          Tomás de Aquino, Sobre o Pai-Nosso, in Escritos de catequese), 
          e ainda: "O dom do 
          conselho é necessário para a vida diária, tanto para os nossos 
          assuntos pessoais como para podermos aconselhar os nossos amigos na 
          sua vida espiritual e humana. É um dom que corresponde à 
          bem-aventurança dos misericordiosos"(Idem), e: "Pois é 
          necessário sermos misericordiosos para sabermos dar prudentemente um 
          conselho salutar aos que dele carecem; um conselho proveitoso que, 
          longe de desanimá-los, os estimule com força e suavidade ao mesmo 
          tempo" (R. 
          Garrigou-Lagrange, Las tres edades de la vida interior, pág. 637). 
          
          Que é 
          a Fortaleza? "A 
          Fortaleza é um dom que nos incute energia e coragem para observar 
          fielmente a santa Lei de Deus e da Igreja, vencendo todos os 
          obstáculos, e os assaltos dos nossos inimigos" 
          (São Pio X, Catecismo Maior, 918). 
          
          O dom 
          da fortaleza produz na alma dócil ao Espírito Santo uma ânsia sempre 
          presente de santidade, que não esmorece perante os obstáculos e 
          dificuldades: "Nunca 
          nos sintamos satisfeitos nesta vida, como nunca se sente satisfeito o 
          avaro" (Santo Tomás de 
          Aquino, Compêndio sobre São Mateus, 5, 2), e: "O exemplo dos 
          santos incita-nos a crescer mais e mais na fidelidade a Deus no meio 
          das nossas obrigações, amando o Senhor tanto mais quanto maiores forem 
          as dificuldades que experimentemos, sem deixar que se avolume o 
          desânimo ante a ausência de progresso nas metas de melhora pessoal"
          (Pe. Francisco 
          Fernández-Carvajal), 
          e também: "Importa 
          muito, e tudo, uma grande e mui determinada determinação de não parar 
          até chegar à fonte, venha o que vier, suceda o que suceder, custe o 
          que custar, murmure quem murmurar; quer se chegue ao fim, quer se 
          morra no caminho ou não se tenha coragem para os trabalhos que nele se 
          encontrem; ainda que o mundo se afunde"
          (Santa Teresa de Jesus, Caminho de perfeição, 21, 2). 
          
          O Pe. Francisco 
          Fernández-Carvajal escreve: "A virtude da 
          fortaleza, aperfeiçoada pelo dom do Espírito Santo, não suprime a 
          fraqueza própria da natureza humana, o temor ao perigo, o medo à dor, 
          à fadiga, mas permite superá-los graças ao amor. Precisamente porque 
          ama, o cristão é capaz de enfrentar os maiores riscos, ainda que a sua 
          sensibilidade manifeste repugnância em ir para a frente, não só no 
          começo, mas também ao longo de todo o tempo da prova ou enquanto não 
          tiver alcançado aquilo que ama. Esta virtude leva ao extremo de 
          sacrificar voluntariamente a vida em testemunho da fé, se o Senhor 
          assim o vier a pedir. O martírio é o ato supremo da fortaleza, e Deus 
          não deixou de pedi-lo a muitos fiéis ao longo da história da Igreja. 
          Os mártires foram - e são - a coroa da Igreja, bem como uma prova mais 
          da sua origem divina e da sua santidade. Cada cristão deve estar 
          disposto a dar a vida por Cristo, se as circunstâncias o exigirem. O 
          Espírito Santo dar-lhe-á então as forças e a coragem necessárias para 
          enfrentar essa prova suprema... Devemos pedir frequentemente o dom da 
          fortaleza: para vencer a relutância em cumprir os deveres que custam, 
          para enfrentar os obstáculos normais em qualquer existência, para 
          aceitar com paz e serenidade a doença, para perseverar nas tarefas 
          diárias, para dar continuidade à ação apostólica, para encarar os 
          contratempos com espírito de fé e bom humor. Devemos pedir este dom 
          para ter essa fortaleza interior que nos ajuda a esquecer-nos de nós 
          mesmos e a estar mais atentos àqueles com quem convivemos, para 
          mortificar o desejo de chamar a atenção, para servir os outros sem que 
          o notem, para vencer a impaciência, para não ficar remoendo os 
          problemas e dificuldades pessoais, para não explodir em queixas 
          perante as contrariedades ou a indisposição física, para mortificar a 
          imaginação afastando os pensamentos inúteis... Necessitamos de 
          fortaleza para falar de Deus sem medo, para nos comportarmos sempre de 
          modo cristão, ainda que entremos em choque com um ambiente paganizado, 
          para fazer uma correção fraterna quando for preciso... Precisamos de 
          fortaleza para cumprir em toda a linha os nossos deveres: prestando 
          uma ajuda incondicional aos que dependem de nós, exigindo-lhes ao 
          mesmo tempo, com amável firmeza, o cumprimento das suas 
          responsabilidades... O dom da fortaleza converte-se assim no grande 
          meio contra a tibieza, que conduz ao desleixo e ao aburguesamento". 
          
          São João Crisóstomo 
          escreve: "As árvores que crescem em lugares 
          sombreados e livres de ventos, enquanto externamente se desenvolvem 
          com aspecto próspero, tornam-se fracas e moles, e facilmente qualquer 
          coisa as fere; mas as árvores que vivem no cume dos montes mais altos, 
          agitadas pelos muitos ventos e constantemente expostas à intempérie e 
          a todas as inclemências, atingidas por fortíssimas tempestades e 
          cobertas por frequentes neves, tornam-se mais robustas que o ferro"
          (Homilia sobre a glória da 
          tribulação). 
          
          Na cidade de 
          Siracusa, Itália, perante o tribunal de Pascácio foi arrastada a 
          virgem Luzia. A tímida moça não tremia, mas dizia ao juiz: "Tu 
          observas os decretos do teu César, e eu observo a lei do meu Deus, dia 
          e noite". 
          
          Diabolicamente, 
          Pascácio ordenou conduzirem-na a um lugar infame, e, depois, 
          fazerem-na passar de tortura em tortura. Mas, quando os soldados 
          pegaram-na para levar, não conseguiram movê-la um passo e caíram-lhe 
          em torno. 
          
          Recorreu à força 
          dos bois, porém a virgem de Cristo ficou firme como uma rocha. Todos a 
          acusaram de bruxa e lançavam-lhe em cima amuletos e esconjuros. 
          
          Pascácio lhe disse: 
          "Qual é a arte mágica que te dá tanta força?" E Santa Luzia respondeu: 
          "É o Espírito Santo: sinto-o em mim, que diz: mil cairão à tua 
          esquerda e dez mil à tua direita, mas não te tocarão". 
          
           Também a nossa 
          alma, neste mundo, tem muitos inimigos que quereriam arrastá-la a um 
          lugar infame, e, depois, de pecado em pecado; é o demônio, são as 
          paixões, é o mundo com as suas lisonjas, o estímulo dos sentidos e os 
          maus companheiros. 
          
          Quem poderá 
          sustentar-nos na dura guerra da vida, se nos sentimos tão fracos e tão 
          propensos ao mal? Aquele que fortificou a menina de Siracusa: o 
          Espírito Santo, que é Espírito de força. 
          
          Os Apóstolos também 
          não eram pessoas fracas? Todos haviam fugido na hora das trevas, e São 
          Pedro por três vezes perjurou antes que o galo cantasse. Mas, depois 
          de descido o Espírito Santo, eles exprobravam intrepidamente aos 
          judeus o seu deicídio: "Recusastes o Santo, o Justo. Pedistes graça 
          para um ladrão homicida, e fizestes morrer o autor da vida". 
          
          Espantados, os 
          judeus gritavam: 
          
          "Calai-vos! 
          Calai-vos!" 
          
          E eles: "Não 
          podemos calar-nos". 
          
          "Podemos sofrer, 
          podemos morrer, mas não podemos trair o Evangelho". E das palavras 
          passaram aos fatos, e dos fatos ao supremo testemunho do sangue. 
          
          Que vergonha para 
          nós, que, mesmo tendo recebido o Espírito Santo, ainda somos tão vis! 
          
          Que é a Ciência?
          "A Ciência é um dom pelo qual julgamos 
          retamente das coisas criadas, e conhecemos o modo de bem usar delas e 
          de as dirigir ao último fim, que é Deus" 
          (São Pio X, Catecismo Maior, 919). 
          
          
          Iluminado por esta ciência abandona São Francisco de Assis, de 
          repente, a companhia dos folgazões, para desposar a dama Pobreza; e 
          quando o pai, indignado, o repudia, exclama: 
          "Daqui por diante poderei 
          dizer, com todo o direito, Pai nosso que estais nos céus! E não, pai 
          Pedro Bernardone"
          (Sticco, Vida, pág. 70). 
          
          Sob o 
          impulso desta ciência escreve Santa Teresa de Jesus: 
          "Tudo passa - Deus não 
          muda... Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta"
          (Poesias 9); e 
          Santa Maria Bertilha morre dizendo: 
          "Cumpre trabalhar por Jesus 
          só. Tudo o mais nada é". 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "O dom da ciência permite que 
          o homem veja mais facilmente as coisas criadas como sinais que levam a 
          Deus, e que compreenda o que significa a elevação à ordem 
          sobrenatural. Através do mundo da natureza e da graça, o Espírito 
          Santo faz-nos perceber e contemplar a infinita sabedoria de Deus, a 
          sua onipotência e bondade, a sua natureza íntima... Mediante o dom da 
          ciência, o cristão dócil ao espírito Santo sabe discernir com perfeita 
          clareza o que o conduz a Deus e o que o separa d'Ele. E isto no 
          ambiente, nas modas, na arte, nas ideologias... Verdadeiramente, esse 
          cristão pode dizer: O Senhor guia o justo por caminhos retos e 
          comunica-lhe a ciência das coisas santas... O cristão, que deve 
          santificar-se no meio do mundo, tem uma especial necessidade deste dom 
          para encaminhar para Deus as suas atividades temporais, convertendo-as 
          em meio de santidade e apostolado... à luz do dom da ciência, o 
          cristão reconhece a brevidade da vida humana sobre a terra, a relativa 
          felicidade que este mundo pode dar, comparada com a que Deus prometeu 
          aos que o amam, a inutilidade de tanto esforço se não se realiza de 
          olhos postos em Deus... Ao recordar-se da vida passada, em que talvez 
          Deus não tenha estado em primeiro lugar, a alma sente uma profunda 
          contrição por tanto mal e por tantas ocasiões perdidas, e nasce nela o 
          desejo de recuperar o tempo malbaratado, sendo mais fiel ao Senhor. 
          Todas as coisas do mundo - deste mundo que amamos e em que nos devemos 
          santificar - aparecem-nos à luz deste dom sob a marca da caducidade, 
          ao mesmo tempo que compreendemos com toda a nitidez o fim sobrenatural 
          do homem e a necessidade de subordinar-lhe todas as realidades 
          terrenas". 
          
          Que é 
          a Piedade? "A piedade 
          é um dom pelo qual veneramos e amamos a Deus e aos Santos, e 
          conservamos ânimo bondoso e benévolo para com o próximo, por amor de 
          Deus" (São Pio X, 
          Catecismo Maior, 920). 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "O cristão que se deixa 
          conduzir pelo espírito de piedade sabe que seu Pai-Deus quer o melhor 
          para cada um dos seus filhos e que nos preparou todas as coisas para o 
          nosso maior bem. Por isso, sabe também que a felicidade consiste em ir 
          conhecendo o que Deus quer de nós em cada momento e em realizá-lo sem 
          dilações nem atrasos. Desta confiança na paternidade divina nasce a 
          serenidade, mesmo no meio das coisas que parecem um mal irremediável, 
          pois contribuem para o bem dos que amam a Deus. O Senhor nos mostrará 
          um dia por que foi conveniente aquela humilhação, aquele revés 
          econômico, aquela doença... Este dom do Espírito Santo permite ainda 
          que se cumpram os deveres de justiça e os ditames da caridade com 
          presteza e facilidade. Ajuda-nos a ver os demais homens como filhos de 
          Deus, criaturas que têm um valor infinito porque Deus os ama com um 
          amor sem limites e os redimiu com o sangue do seu Filho derramado na 
          Cruz. Anima-nos a tratar com imenso respeito os que estão ao nosso 
          redor, a compadecer-nos das suas necessidades e a procurar 
          remediá-las; a julgá-las sempre com benignidade, dispostos também a 
          perdoar-lhes facilmente as ofensas que nos façam, pois o perdão 
          generoso e incondicional é um bom distintivo dos filhos de Deus. Mais 
          do que isso, o Espírito Santo faz-nos ver nos outros o próprio 
          Cristo... Entre os frutos que o dom da piedade produz nas almas dóceis 
          às graças do Paráclito, contam-se, enfim, a serenidade em todas as 
          circunstâncias; o abandono cheio de confiança na Providência, porque, 
          se Deus cuida de todas as coisas criadas, muito maior ternura 
          manifestará para com os seus filhos". 
          
          Que é 
          o Temor de Deus? "O 
          Temor de Deus é um dom que nos faz reverenciar a Deus, e ter receio de 
          ofender a sua Divina Majestade, e que nos afasta do mal, incitando-nos 
          ao bem" (São Pio X, Catecismo Maior, 921). 
          
          Santa 
          Teresa de Jesus escreve: 
          "Em face de tantas tentações 
          e provas que temos de padecer, o Senhor nos concede dois remédios: 
          amor e temor. O amor nos fará apressar o passo; o temor nos fará olhar 
          bem onde pomos os pés para não cair" 
          (Caminho de perfeição, 
          40, 1). 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "O santo temor de Deus, dom 
          do Espírito Santo, é o mesmo que, com os demais dons, pousou na Alma 
          santíssima de Cristo, o mesmo que ornou a Virgem Maria; o mesmo que 
          tiveram as almas santas, o mesmo que permanece para sempre no Céu e 
          que leva os bem-aventurados a prestar um louvor contínuo à Santíssima 
          Trindade, juntamente com os anjos. Durante a vida terrena, este dom 
          produz um grande horror ao pecado e, se se tem a desgraça de 
          cometê-lo, uma vivíssima contrição. À luz da fé, esclarecida pelos 
          resplendores dos demais dons, a alma compreende um pouco da 
          transcendência de Deus, da distância infinita e do abismo que o pecado 
          cava entre ela e Deus... O dom do temor leva-nos também a detestar o 
          próprio pecado venial deliberado, a reagir com energia contra os 
          primeiros sintomas da tibieza, do desleixo ou do aburguesamento... O 
          dom do temor é a base da humildade, pois dá à alma a consciência da 
          sua fragilidade e da necessidade de manter a vontade em fiel e amorosa 
          submissão à infinita majestade de Deus; leva-nos a permanecer sempre 
          no nosso lugar, sem querer usurpar o lugar de Deus, sem pretender 
          honras que são para glória de Deus. Uma das manifestações da soberba é 
          o desconhecimento do temor de Deus... O santo temor de Deus leva-nos 
          com suavidade a desconfiar prudentemente de nós mesmos, a fugir com 
          prontidão das ocasiões de pecado; e inclina-nos a ser mais delicados 
          com Deus e com tudo o que a Ele se refere". 
            
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 12 de setembro de 2007 
            
          
			
                    VIDE TAMBÉM: 
			
			
			Pentecostes 
			
			
			
			Aparição aos discípulos 
			
			
			Santíssima Trindade 
			
			Os 
			discípulos e o mundo 
            
			  
           |