VEM ALEGRAR-TE (Mt 25, 21)
“Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!”
Católico, lembre-se continuamente de que ESTAMOS aqui na terra somente para SALVAR a nossa alma imortal; tudo o que fazemos afora isso estamos roubando de Deus… jogando o tempo fora… vivendo na ilusão… caminhando apressadamente para a condenação eterna: “A obra de minha salvação é, por conseguinte, o meu primeiro dever, enquanto tudo o mais não passa de bagatela e loucura” (São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3). Fomos CRIADOS por Deus e um dia TEREMOS que DEIXAR esse mundo: “Só a morte é certa; os demais bens e males nossos são incertos” (Santo Agostinho), e: “Por muitos anos que ainda tenhas de viver, há de chegar um dia, e nesse dia uma hora, que te será a última” (Santo Afonso Maria de Ligório). Católico, se TUDO ACABA… TUDO PASSA… TUDO MORRE… aproveite então o TEMPO que lhe resta para FAZER o BEM, isto é, para ENTESOURAR TESOUROS no céu. Aproveite o TEMPO para MULTIPLICAR os seus TALENTOS como fez o servo bom e fiel. Seja um católico BOM é FIEL correspondendo generosamente com a graça de Deus. Não digas, como os preguiçosos, que você não recebeu talentos: “Deus distribui seus talentos a todos os homens: o dom da vida, a capacidade de compreender e querer, de amar e agir, a graça, a caridade, as virtudes infusas e a vocação pessoal. Não pratica injustiça ao distribuir, em medidas diversas, seus dons, já que dá a cada um o suficiente para a salvação. O importante não é receber muito ou pouco, e, sim, negociar com diligência o dom recebido. É falsa humildade não reconhecer os dons de Deus. Pusilanimidade e preguiça é deixá-los inativos” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena). Feliz do servo bom e fiel do Evangelho que MULTIPLICOU os TALENTOS, por isso, foi RECOMPENSADO pelo SENHOR: “Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!” (Mt 25, 21). Esse servo não ganhou um salário… uma fazenda… uma casa… muitas jóias… mas sim, RECEBEU o CÉU por RECOMPENSA: “Vem alegrar-te com o teu senhor!” (Mt 25, 21). São Gregório Magno escreve: “O servo, pois, que entregou multiplicados os talentos, é elogiado pelo Senhor e levado à eterna recompensa. Pelo que acrescenta: ‘Disse o Senhor’: alegra-te” (Homiliae in Evangelia, 9, 2), e: “Alegra-te, é uma interjeição, pela qual indica seu gozo no Senhor, que convida à eterna felicidade ao servo que trabalhou bem; pelo que disse o Profeta, ‘nos inundará em gozo de teu rosto’(Sl 15, 11)” (Rábano), e também: “Servo bom, porque se refere à caridade para com o próximo; e fiel, porque não se apoderou de nada que pertencia ao Senhor” (São João Crisóstomo, Homiliae in Matthaeum, hom. 78, 2), e ainda: “Foste fiel no pouco, porque tudo o que possuímos no presente, ainda que pareça grande e abundante, todavia, é pouca coisa em comparação dos bens futuros” (São Jerônimo), e: “Então o servo fiel será posto sobre o muito; porque livre de toda moléstia de corrupção, gozará no céu de eterno gozo. Então entrará em perfeito gozo de seu Senhor, quando arrebatado àquela eterna pátria, e reunido aos coros dos anjos, se achará possuído de um gozo, que não será interrompido pela corrupção exterior” (São Gregório Magno, Homiliae in Evangelia, 9, 2), e também: “Que maior prêmio pode ser dado ao servo fiel, que desfrutar do gozo de seu Senhor?” (São Jerônimo), e ainda: “Esta é a expressão de toda bem-aventurança” (São João Crisóstomo, Homiliae in Matthaeum, hom. 78, 3), e: “Este será nosso gozo completo, que maior não pode haver; gozar de Deus na Trindade, a cuja imagem temos sido feitos” (Santo Agostinho, de Trinitate, 1, 8). Católico, você pensa no CÉU? Pensa nessa PÁTRIA ETERNA que nunca será invadida pelo demônio, o mundo e a carne? Deseja entrar nessa MORADA onde a tristeza não tem vez? Luta para conquistar esse OCEANO de felicidade? Não se vai ao Céu de avião, nem de carro, nem de navio… mas sim, sendo um católico BOM e FIEL.
O que é o céu?
São Cipriano diz que “o céu é a nossa Pátria”. Santo Agostinho decidira escrever a São Jerônimo para lhe pedir uma opinião sobre a bem-aventurança do Paraíso. Mas, antes de chegar a carta, São Jerônimo morreu. E apareceu-lhe em sonho para lhe dizer: “Agostinho, podes compreender como se possa encerrar num punho toda a redondeza da terra?” – “Não”. – “Ao menos podes compreender como se possa reunir num pequeno vaso toda a água dos mares e dos rios?” – “Não”. – “Então também não podes compreender como tanta beatitude possa entrar no coração do homem”. A Santa Bernadette Subiroux, depois de ver a alvura da veste da Imaculada, tudo pareceu negro; até o sol. Um mercador de tecidos mostrava-lhe alguns tipos de branco, começando pelos mais luzidios: “Mais branco”, dizia ela, “Mais branco ainda! Muito mais branco!” E não achou um só que, ao menos de longe, se assemelhasse ao branco do vestido de Nossa Senhora. O próprio São Paulo, depois de contemplar a Deus, não soube balbuciar senão escassas palavras: “… que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor 2, 9). O Céu é um belo lugar onde não há pecado! Nunca qualquer desordem, nunca um furto, nunca uma mentira, nenhuma calúnia, nenhuma murmuração; ali todos se amam como irmãos e mais do que irmãos. Todos são de um só coração, de uma só alma, unidos a Deus e unidos entre si. O Paraíso não só é sem pecado, mas também é sem as consequências do pecado: lá nada de doenças, nada de dores, nada de trabalhos, nada de morte, nada de remorsos: “Não haverá mais a noite, nem mais será preciso a candeia para fazer luz, e nem sequer o sol: com a sua alegria, Deus iluminará os bem-aventurados que o verão face a face” (Ap 22, 5), e: “Deus enxugará para sempre, de toda lágrima, os olhos dos eleitos: não mais haverá a morte, não mais os gritos, não mais o luto, não mais a dor: tudo será destruído e tudo feito de novo” (Ap 21, 4). O Paraíso é, pois, uma cidade sem pecado e sem as consequências do pecado. Mas não basta: lá possuímos a Deus, e Deus nos possui. Sabeis o que quer dizer possuir a Deus? Quer dizer possuir todos os bens. Moisés dissera ao Senhor: “Mostra-me a tua glória!” E o Senhor respondeu-lhe: “Mostrar-te-ei todo bem” (Ex 33, 18-19). Católico, São José Calazans escreve: “Para ganhar o céu, todo sofrimento é pouco”, e São Paulo: “Os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá se revelar em nós” (Rm 8, 18). Católico, sabendo que se conquista a PÁTRIA ETERNA com a oração, cruz, recepção digna dos sacramentos, boas obras… NÃO PERCA mais TEMPO, mas saia em disparada MULTIPLICANDO os talentos que você recebeu de Deus. Católico, não canse de FAZER o BEM, porque a VIDA é CURTA: “Hoje Deus te chama a fazer o bem; faze-o hoje mesmo, porque amanhã talvez já não terás tempo, ou Deus não te chamará”(Santo Afonso Maria de Ligório). O senhor disse ao servo BOM e FIEL: “Vem alegrar-te com o teu senhor!” (Mt 25, 21). Católico, viva santamente cada momento presente, e Deus lhe dirá na hora do julgamento: “Vem alegrar-te com o teu senhor!” Para “se alegrar com Deus no Céu”, vale a pena desapegar de tudo e de todos, suportar as doenças com paciência, carregar as cruzes com alegria, suportar os desprezos por amor a Deus, consumir-se pelo Senhor que nos criou, trabalhar zelosamente pelas almas imortais… Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Mas, afastemos de nosso espírito tão tristes pensamentos que não servem para nada, senão para diminuir a confiança e esfriar o amor. Amemos a Jesus Cristo o quanto podemos neste mundo. Desejemos a todo o instante ir vê-lo no céu para lá o amarmos perfeitamente. Seja esse o principal objeto de toda a nossa esperança: ir lá amá-lo com todas as nossas forças. Temos nesta vida o mandamento de amar a Deus com todas as nossas forças: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças’. Mas, diz Santo Tomás que esse mandamento não pode ser perfeitamente cumprido pelos homens nesta vida. Somente Jesus Cristo, o homem e Deus, e Maria Santíssima, a cheia de graça e livre da culpa original, é que o cumpriram perfeitamente. Nós, pobres filhos de Adão, contagiados pelo pecado, não podemos amar a Deus sem alguma imperfeição. Só no céu, quando virmos Deus face a face, nós o amaremos e até teremos necessidade de amá-lo com todas as nossas forças. Eis a meta a que devem tender todos os nossos desejos, aspirações, pensamentos, nossas esperanças: ir gozar de Deus no paraíso para amá-lo com todas as nossas forças e gozar do gozo de Deus! Gozam, sim, os santos da sua felicidade no céu, mas o gozo principal que ultrapassa todos os outros prazeres será o de conhecerem a felicidade infinita de Deus, pois amam mais a Ele do que a si mesmos. Qualquer santo, pelo amor que tem a Deus, perderia com prazer todas as suas alegrias e sofreria tudo para que não faltasse a Deus – se lhe fosse possível faltar – uma parcela mínima da felicidade que ele goza. Todo o seu paraíso consiste em ver que Deus é infinitamente feliz e que sua felicidade nunca lhe pode faltar. Dessa forma se entende o que diz o Senhor a toda a alma, ao lhe dar o céu: ‘Entra no gozo de teu Senhor’. Não é o gozo que entra na alma, mas é a alma que entra na felicidade de Deus. A felicidade de Deus é o objeto da felicidade do bem-aventurado. Dessa forma, o bem de Deus será o seu bem, a riqueza de Deus será a sua riqueza, a felicidade de Deus será a sua felicidade. Logo que uma alma entra no céu e vê claramente com a luz da glória a infinita beleza de Deus, achar-se-á toda presa e consumida pelo amor. Ela fica perdida e mergulhada no mar infinito da bondade divina. Esquece de si mesma e, inebriada pelo amor de Deus, não pensa em mais nada, senão em amar o seu Deus: ‘Eles se saciam da abundância de vossa casa’. Uma pessoa embriagada não pensa mais em si. Do mesmo modo quem está no céu não pensa senão em amar e contentar a Deus. Deseja possuí-lo todo, e já o possui todo sem o medo de poder perdê-Lo. Deseja dar-se inteiramente a Ele, por amor, em todos os momentos, e já o consegue, porque a todo o momento se entrega sem reservas a Deus. Deus o abraça com amor e, assim abraçado, o tem e terá por toda a eternidade” (A Prática do amor a Jesus Cristo, Capítulo XVI). Católico, agora não é tempo de dormir ou cochilar na prática do bem. Cuidado para NÃO MORRER com as MÃOS VAZIAS.
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 14 de agosto de 2008 Vide também: Pôs-se a ajustar contas com eles
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