<%@LANGUAGE="VBSCRIPT"%> Comentários bíblicos sobre o Natal
 

 

 

A PEQUENEZ DO DEUS IMENSO

(Lc 2, 7)

 

 “... envolveu-o com faixas”

 

 

São João Crisóstomo escreve: “Os reis da terra não dão audiência a todos”. Jesus, o Rei dos reis, não se recusa a ninguém, a qualquer hora que a Ele se chegue.

Católico, se o Nosso Deus está sempre pronto a nos receber... sem dia e horário marcados, por que demorar tanto para aproximar d’Ele? Será que existe melhor amizade que a de Nosso Senhor?

Quem acha a Jesus acha um tesouro precioso, ou antes, um bem acima de todo o bem.

Feliz do católico que abandona o mundo e sua falsidade e coloca-se sob a amizade de Cristo Jesus. Feliz de quem entrou na amizade do Deus Eterno.

Quem escolheu a Jesus por amigo, pôs-se à sombra de boa árvore; pois, em Jesus, terá uma égide que a toda hora do dia e da noite o estará protegendo contra os assaltos de seus inimigos. Em Jesus terá um braço forte que pelejará por ele e lhe dará a vitória na tentação.

Quem entrou na amizade com Jesus, pôs-se no caminho da salvação, porque ser amigo de Jesus é ser amigo de Deus, do bem e da virtude.

Nosso Senhor não aceita um coração dividido. Para ser amigo de Jesus é necessário ser inimigo do mundo, do demônio e do pecado.

Jesus é o melhor amigo e o mais necessário, porque, quem não tem a Jesus por amigo, tem-no por inimigo, e ter a Jesus por inimigo é estar excluído do céu.

São milhões os que gastam dinheiro e perdem tempo para encontrarem com um artista ou autoridade... permanecem dias e horas numa fila... passam sede e fome... Quanta loucura!

E Cristo Jesus, que não exige essas coisas, por que é tão ignorado e desprezado? Quanta ingratidão! Quanta cegueira!

Loucos e estúpidos são os que deixam a Luz para seguirem as trevas. Esses precipitarão num abismo de amargura e tristeza.

Católico, Cristo Jesus nasce em um estábulo aberto, de noite, para significar que a todo o momento está à disposição dos homens. Ele mesmo se chama a flor dos campos, exposta aos olhares de todos, diferentemente da flor dos jardins, que deleita a um limitado número de pessoas. — Sempre que quisermos, podemos todos ir a Jesus, entreter-nos com ele, pedir-lhe suas graças, consagrar-nos sem reserva a seu serviço. Assim faziam os santos nas festas do Natal; conservavam-se, dia e noite, aos pés do Menino Deus, para o adorar, louvar, amar, agradecer e meditar os inefáveis mistérios de seu nascimento entre os homens. A pequenez, a pobreza do Deus imenso, a quem tudo pertence, o seu silêncio, as suas privações e sofrimentos, tudo nele os encantava e comovia até às lágrimas.

O Divino Infante é o Deus acolhedor.

Feliz do católico que se levanta e que sai de suas misérias para buscar consolo e apoio em Cristo Jesus.

Ao invés de buscar os botecos, os clubes, as boates... na noite de Natal, corramos para a Gruta de Belém, e nesse santo lugar encontraremos o Príncipe da Paz, o Deus Onipotente, a Luz Eterna, a Caridade Infinita... Aquele que inundará a nossa alma imortal da verdadeira felicidade.

Aproximemos de Jesus Menino e Lhe diremos: Quero mudar de vida; não quero mais Vos causar desgosto; para o futuro não quero buscar senão a Vossa vontade, e por isso Vos dou todo o meu coração. Possuí-o, e possuí-o para sempre, a fim de que eu seja sempre Vosso e todo Vosso.

O Menino Jesus nos dirá: Estou aqui para enriquecer-te de mim, apressa-te, achega-te a mim... Amiga minha: sim, alma querida, não é mais minha inimiga, mas sim minha amiga, uma vez que me amas e eu te amo também. Minha toda formosa: a minha graça é que  te fez tão bela. E vem: achega-te, pois, a mim, lança-te nos meus braços e pede-me com grande confiança tudo o que quiseres.

A exemplo dos santos, vamos também nós difundir os nossos corações na presença do Menino Jesus; meditemos as suas grandezas e rebaixamentos; consideremos, sobretudo, o amor que o leva a aniquilar-se em prol das nossas almas. Ao contemplarmos a sua fronte sagrada e seu belo semblante, lembremo-nos que um dia O coroarão de espinhos, cobrirão de escarros e contusões por causa dos nossos pecados. — Ao beijarmos as suas mãozinhas e tenros pezinhos, figuremo-nos os cravos que os transpassarão e prometamos a Jesus de em tudo o satisfazer e de palmilhar constantemente o caminho dos seus preceitos. — Os paninhos que o envolvem recordam-nos a veste de ignomínia que lhe prepararão no pretório de Pilatos; e o duro presépio em que repousa, a cruz em que deverá expirar, e o frio sepulcro do jardim em que será sepultado.

Essas são as reflexões que nos poderiam ocupar o espírito em nossas visitas a Jesus no estábulo de Belém. Acessível a todos, ama de preferência as almas contemplativas. Estas se compadecem de suas dores e choram suas próprias faltas a seus pés divinos; formam propósitos firmes de imitá-lO em suas virtudes.

Cordeiro sem mancha, imolado desde a origem do mundo, eu Vos adoro, Vos amo e rendo agradecimentos, por Vos terdes rebaixado até à nossa miséria. Dignai-vos inspirar-me: 1.º Os mais vivos sentimentos de compaixão à recordação das Vossas dores e dos meus pecados; 2.° O mais ardente desejo de Vos oferecer um coração agradável aos Vossos olhos, isto é, um coração contrito e humilhado, que sempre se esforce para vos pertencer e tornar-se semelhante a Vós.

Como é que podiam os santos passar tão facilmente dias e noites junto a seu Salvador ou em espírito no estábulo, ou nas igrejas, para O adorar, amar, suplicar e agradecer? É que seus corações não estavam presos pelo apego às coisas terrestres nem por defeitos contrários ao amor do Menino Jesus. — Vós os ensinastes, ó Jesus, a não terem o coração repartido, pois não acha prazer em vossa companhia quem não é livre dos afetos mundanos, das inclinações viciosas, do egoísmo e da vontade própria.

Católico, arranque do seu coração tudo aquilo que possa atrapalhar a sua amizade com o Divino Infante. Um coração cheio das coisas terrenas não pode agradar ao Deus Eterno.

A alma tão apegada às criaturas não poderá de forma alguma unir-se ao ser infinito de Deus, porque não pode existir conveniência entre o que é  e o que não é.

É preciso buscar somente a Cristo Jesus, n’Ele está a verdadeira felicidade.

Aproximemos do Senhor e digamos-Lhe de coração: Senhor, vivo no mundo, mas só vejo a Ti, não quero ninguém mais senão a Ti, a Ti e a Tua cruz. Este mundo não pode satisfazer-me.

Milhões desprezam a Nosso Senhor. Quanta indiferença para com o Menino Deus!

Donde vem que muitas vezes a miséria de um mendigo nos comove até às lagrimas, enquanto que permanecemos insensíveis vendo um Deus deitado sobre palhas, desprovido do necessário e no mais tocante estado de abjeção. É que o amor natural dos nossos semelhantes tem mais força sobre os nossos corações do que o amor sobrenatural que devemos a Deus. Essa disposição provém, sem dúvida, da nossa natureza decaída, mas também da nossa negligência em fazer triunfar a graça em nossas almas.

Recusamos imolar a Jesus as nossas idéias, caprichos, aversões, repugnâncias, não deixando o Espírito Santo agir em nós livremente. Esquecemo-nos que a virtude sólida, fruto das dores do Menino Deus, não pode casar-se com a nossa natureza decaída sem as incisões da abnegação própria.

Não é, de fato, necessário que a humildade corte ao vivo o nosso orgulho, a nossa vaidade, as nossas pretensões que sempre nos brotam nos corações?

Não é preciso que o apego ao mundo e às suas honrarias, a procura das satisfações e dos prazeres dos sentidos, a paixão do bem-estar e da independência, em tudo, sejam substituídos em nossos corações pelo gosto da solidão, do silêncio e da oração, pelo espírito de penitência e mortificação, pelo desejo constante de obedecer e de nos unir inteiramente à vontade divina? — Só assim a nossa alma se tornará sensível aos atrativos do amor divino. O pensamento do estábulo em que Jesus nasceu, do presépio em que repousa, do tabernáculo em que habita dia e noite, enternecer-nos-á como aos santos e produzir-nos-á atos do mais ardente amor a Deus, que leva sua ternura ao ponto de tornar-se criança e prisioneiro em prol de nossa salvação.

Jesus, santidade incriada, não reinais inteiramente em uma alma onde imperam hábitos de faltas voluntárias, de impaciências, maledicências, críticas e resistência a vossos representantes. Concedei-me, pois, a vitória sobre mim mesmo e sobre todos os meus defeitos. Fazei que me alegre em pensar em Vós e em entreter-me constantemente convosco. Para esse fim estou resolvido: 1.° A fazer miúdo atos de amor, para com Vossa infinita bondade; 2.° A afastar de mim todos os obstáculos à vida de recolhimento e oração.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 18 de dezembro de 2008

 

 

Bibliografia

 

Bíblia Sagrada

Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Bem-aventurada Elisabete da Trindade, Obras Completas

Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora

Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de Luz

São João da Cruz, Obras Completas

Pe. Luis Bronchain, Meditações para todos os dias do ano

Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “A pequenez do Deus imenso”
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