... SUBIU DE NAZARÉ PARA BELÉM

(Lc 2, 4-5)

 

“Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, para a Judéia, na cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, para se inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida”.

 

 

MENSAGENS PARA A VIDA

 

1.ª mensagem: Deus decretou.

 

Havia Deus decretado que seu Filho nascesse, não na casa de José, em Nazaré, senão numa gruta que servia de estrebaria, do modo mais pobre e mais penoso, que uma criança pode nascer: “Por isso dispôs que César lançasse um edito por meio do qual cada um deveria alistar-se na cidade própria donde trazia a sua origem” (Santo Afonso Maria de Ligório). Devemos inclinar a cabeça diante da vontade do Criador: “Vontade de Deus, meu paraíso” (Santa Paula Frassinetti).

 

2.ª mensagem: A Virgem Maria sabia.

 

Quando São José teve conhecimento do mando, perturbou-se na dúvida se deveria deixar a Virgem Maria em casa ou levá-la consigo, visto que estava próxima a dar à luz. “Minha esposa e senhora”, disse-lhe, “por um lado não queria deixar-vos só; por outro, se vos levo, aflige-me o triste pensamento que muito tereis de sofrer numa viagem tão longa, por um tempo tão rigoroso”. Maria, porém, anima-o dizendo: “José meu, não temais: eu vos acompanharei, e o Senhor nos ajudará”. – Por inspiração divina e pelo conhecimento da profecia de Miquéias, a Virgem sabia que o divino Infante devia nascer em Belém. Toma, pois, as faixas e os pobres paninhos já preparados e parte com José. Quem ama não mede esforços... não busca o comodismo: “A obra de Deus se realiza no meio de muito sacrifício” (Santa Elisabete da Trindade).

 

3.ª mensagem: Casal incansável.

 

São José e a Virgem Maria percorreram aproximadamente 140 quilômetros de Nazaré até Belém para se inscreverem. Quando se trata de cumprir o dever, devemos enfrentar todas as dificuldades.

 

4.ª mensagem: Casal responsável.

 

São José e Nossa Senhora não se rebelaram diante do edito de César Augusto que ordenava o recenseamento, mas cumpriu o dever sem olhar a distância.

 

5.ª mensagem: Falavam sobre o Verbo divino.

 

Consideremos aqui as devotas e santas conversações que durante a viagem faziam entre si aqueles santos esposos acerca da misericórdia, da bondade e do amor do Verbo divino, que em breve ia nascer e fazer a sua entrada no mundo pela salvação dos homens.

 

6.ª mensagem: Rezavam durante a viagem.

 

Consideremos os atos de louvor, de bênção, de agradecimento, de humildade e de amor que aqueles excelsos viajantes praticavam no caminho.

 

7.ª mensagem: Silêncio.

 

O Santo Casal, amigo do silêncio, fez momentos de silêncio durante a longa viagem para Belém. Ela, a Virgem do silêncio... ele, o silencioso, aproveitaram aquele lugar deserto para “mergulharem” ainda mais em Deus: “O recolhimento interior de Maria foi constante... O seu silêncio interior era riqueza, plenitude e contemplação” (Pe. Francisco Fernández Carvajal). Santo Ambrósio se pergunta: “É conveniente ficarmos sempre calados?” E o mesmo santo responde: “Não”. Em seguida mostra como se deve falar: “Ou cala, ou dize coisas que sejam melhores que o silêncio”. São Francisco de Sales, desenvolvendo a mesma ideia, declara: “As nossas palavras sejam poucas e boas, poucas e suaves, poucas e simples, poucas e repassadas de caridade, poucas e amáveis”.

 

8.ª mensagem: Sofrimento durante a viagem.

 

Com certeza sofreu a Mãe do Senhor, próximo a dar à luz, tendo de fazer uma viagem tão longa; mas suportou tudo em paz e com amor. Ofereceu a Deus todos os seus sofrimentos, unindo-os com os sofrimentos de Jesus Cristo, que trazia no seio.

 

9.ª mensagem: Quem está com Jesus sofre com paciência.

 

A Virgem Maria não reclamou do sofrimento durante a viagem, mas suportou tudo com paciência... ela trazia no seio a Jesus Cristo, Deus Bendito.

 

10.ª mensagem: Pobreza.

 

O Santo Casal, São José e Maria Santíssima, era muito pobre... nem por isso deixou de cumprir o dever de se inscrever longe de Nazaré. Pobreza não é defeito; preguiça sim, é pecado.

 

11.ª mensagem: Não se desculpou.

 

A Santíssima Virgem não se desculpou dizendo que era muito jovem (aproximadamente 15 anos) para fazer tão longa viagem (aproximadamente 140 quilômetros)... que estava grávida... mas obedeceu prontamente. Infeliz da pessoa que se “apoia” numa dificuldade para não cumprir o dever!

 

12.ª mensagem: Grande esforço.

 

O Santo Casal se esforçou muito para chegar até Belém, porque a viagem exigiu muito esforço: SUBIU da cidade de Nazaré... penhasco... dificultoso (Belém está a uma altitude de 765 metros acima do nível do mar... e Nazaré, 350 metros). Sem esforço é impossível alguém chegar ao lugar desejado... sem esforço não há vitória!

 

13.ª mensagem: União.

 

A Virgem Maria amava a São José, e ele também a amava com um amor puro. Apenas os homens eram chamados ao recenseamento... e ela o acompanhou: O historiador Paulo Orósio, do século V, afirma: “Augusto ordenou que fosse feito um recenseamento em todas as províncias e que todos os homens fossem registrados. Assim, naquela época, Cristo nasceu e foi incluído na lista do recenseamento romano”. Quem ama verdadeiramente suporta qualquer dificuldade para estar unido à pessoa amada. A Santíssima Virgem amava ternamente a seu esposo, como ao eleito do Espírito Santo, que o chama homem justo, isto é, santo.

 

14.ª mensagem: Mulher forte.

 

A Virgenzinha de 15 anos de idade... grávida... suportou o calor, penhascos, poeira, sede... perseverou sem desanimar. Grande exemplo para as mulheres de hoje que se prostram por terra diante de qualquer obstáculo. Com certeza, e, certeza absoluta, a Virgem Maria não ficou seminua sob o sol escaldante, como acontece hoje com milhões de católicas perversas, mundanas e escandalosas, que não suportam um calor normal: “Certamente, uma mulher que veste roupa imoral pode condenar-se. E pode condenar-se, quer pelo pecado que comete ela mesma, quer por que causa a condenação de outras pessoas” (São João Eudes). Grande “mistério”: as medonhas, brucutus, estrupícios e feias, são as mais escandalosas.

 

15.ª mensagem: Coragem.

 

O Santo Casal enfrentou esses 140 quilômetros de Nazaré até Belém com coragem. Não ficou calculando se valeria ou não a pena: “A vida é muito curta para que nós a encurtemos ainda mais com a nossa visão temerosa e mesquinha” (Disraeli). Nada de melosidade ou meiguice efeminada... mas sim, coragem... muita coragem.

 

16.ª mensagem: Sacrifício.

 

Foi uma viagem difícil... com muito sacrifício: um pouco de pão numa sacola, água num pequeno recipiente, alguns panos para servir de colchão à noite... Meio de transporte? Um jumentinho... não sabemos! Banho? Um pano molhado passado no corpo... não sabemos! Banheiro? Melhor não opinar! E nós, reclamamos de que?

 

17.ª mensagem: Paz.

 

Nossa Senhora suportou todas as dificuldades encontradas pelo caminho em paz e com muito amor: “Ofereceu a Deus todas as suas penas, unindo-as com as penas de Jesus, que trazia no seio” (Santo Afonso Maria de Ligório). Quem faz a vontade de Deus com fidelidade não se perturba diante das provações, mas permanece em paz.

 

18.ª mensagem: Dóceis e resignados.

 

O Santo Casal caminhava conformado com tudo: calor, distância, poeira, sede... Não reclamava, não se irritava... não fechava o semblante. Alegria no coração e semblante sereno.

 

19.ª mensagem: “Admirar” sem se apegar.

 

O Santo Casal, no caminho de Nazaré até Belém, atravessou a planície de Esdrelon, onde ecoava ainda a glória bélica de Débora, a profetiza; ia-se para o sul, de povoado em povoado, cada um dos quais evocava determinadas personagens da longa história de Israel: Sulam, Eliseu, o homem dos milagres, e essa Sulamita, de quem o Cântico dos Cânticos eternamente exalta “o nome brando como um aroma”; Izreel, a rainha idólatra Jezabel e as suas práticas abomináveis; no limiar de Gilboé, dispensava-se uma lembrança a Saul e a Jonatas, infelizes heróis ali caídos em combate. A seguir, embrenha-se a gente através da Samaria, não sem tristeza, pois que a terra de Garizim tantas vezes bendita, aquela que guardava ainda a sepultura de José e o poço de Jacó, seria de futuro o país do cisma e da traição. Era, enfim, a Judeia, a agreste e vermelhusca; Silo, Betel, os antiquíssimos lugares santos dos Patriarcas já não eram mais que nomes; mas quando, ao deixar um desfiladeiro, Jerusalém surgia, toda branca, vincando bem o perfil dessa longa prega de terreno pardacento que a sustém, eriçada de torres e palácios, todo o filho de Israel sentia o coração contrair-se de ternura e, buscando com os olhos o Templo, esse Templo que Herodes acabava de reerguer, murmurava, em ação de graças, o Schema dos avós. O Verbo divino estava no seio da Virgem Maria... somente Ele merecia toda a atenção. Não devemos nos distrair com o que passa!

 

20.ª mensagem: Perseverança.

 

O Santo Casal suportou todas as dificuldades sem desanimar e chegou a Belém. Somente aquele que caminha com firmeza chega ao lugar desejado... os desanimados perecem pelo caminho. Depois de tantos penhascos e de tantos ermos, onde só alguns arbustos, e um ou outro tufo de anêmonas vermelhas e de cíclames são vestígios de vida, era um espetáculo bastante reconfortante avistar aquela pequena vida branca, empoleirada a cerca de 765 metros de altitude, nos flancos de duas colinas muito iguais. Para além, empolado como chumbo fervente que, de súbito, houvesse coagulado, continua o deserto, que desce, dirigindo ao Mar Morto. Em volta da povoação, só se veem pomares, campos dourados e olivais de prata. Beth-Léem (Belém – “a casa do pão”) segundo a etimologia popular, chamada ainda Ephrata, “rica de frutos”, merece bem tais nomes. Hoje é uma cidade de trinta mil almas, com ruas tortuosas, populosas, semelhantes a tantas que se encontram no Oriente (infelizmente, Belém possui 60% de muçulmanos e 40 % de cristãos. Há alguns anos atrás era quase totalmente cristã).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 23 de outubro de 2017

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP(C). “... subiu de Nazaré para Belém”
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