O SENHOR SOFREU DESDE O SEIO DE MARIA (Lc 1, 38)
“... faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Quando, recebida a mensagem angélica, Maria inclinou a cabeça e disse: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, Deus Espírito Santo (a quem se atribuem as obras de amor) engendrou (formou) no seio de Maria o corpo e a alma de uma criança, a quem Deus Filho se uniu no mesmo instante. Começou aqui a sua dolorosa Paixão! E nós, ingratos e pecadores, reclamamos de que? “Como, pois, buscas tu outro caminho para entrar no céu que não seja o caminho real da santa cruz?” (Tomás de Kempis).
Tudo quando Jesus Cristo padeceu no correr da sua vida, “foi-lhe posto diante dos olhos quando ainda se achava no seio de sua Mãe” (Santo Afonso Maria de Ligório). E nós? Queremos viver sem cruzes? “Nem ainda Jesus Cristo Nosso Senhor esteve, enquanto viveu, uma hora sem padecer” (Tomás de Kempis). O Senhor não se rebelou, mas aceitou tudo por nosso amor.
No primeiro instante da encarnação o Pai Eterno mostrou ao Senhor toda a série de desprezos, de dores e de angústias que no correr da sua vida deveria sofrer, a fim de livrar os homens do seu estado de miséria. Infeliz daquele que desprezar o amor do Salvador percorrendo o caminho longe da cruz e do sacrifício: “É altamente consolador ser amado por Deus, mas também é assustador ser amado por Deus e não o amar” (Pe. Fernando Cintra).
Desde então compreendia bem quanto teria de sofrer, “primeiro nascendo numa gruta fria, pousada de animais; em seguida, tendo de morar trinta anos desconhecido na loja de um simples oficial. Já então viu que os homens haviam de tratá-lo de ignorante, de escravo, de sedutor, de réu de morte, digno da mais infamante e dolorosa morte destinada aos criminosos” (Santo Afonso Maria de Ligório). Tudo isso sofreu o Senhor para salvar-nos da morte eterna (inferno)... miseráveis pecadores. Não podemos nos acomodar nem desprezar o amor do Salvador: “Deus quer que consideremos frequente e vivamente a sua misericórdia, não para que nos acomodemos, nem para que nos sintamos justificados para pecar despreocupadamente, mas para que valorizemos o seu Amor” (Pe. Fernando Cintra).
Considera como, no mesmo instante em que foi criada a alma de Jesus e unida com seu pequenino corpo no seio de Maria, o Pai Eterno manifestou a seu Filho a sua vontade que morresse para a redenção do mundo: “No mesmo tempo colocou diante dos olhos a vista triste de todos os sofrimentos que deveria sofrer até a morte a fim de remir o gênero humano. Mostrou-lhe todos os trabalhos, desprezos e pobreza que deveria suportar em toda a sua vida, tanto em Belém como no Egito... e em Nazaré. Mostrou-lhe as dores e ignomínias de sua Paixão: os açoites, os espinhos, os cravos e a cruz; todos os desgostos, tristezas, agonias e abandono em que havia de terminar a sua vida no Calvário” (Santo Afonso Maria de Ligório). Nosso Senhor aceitou tudo sem reclamar... sem murmurar contra a vontade do Pai Eterno. Inclinemos a cabeça diante da vontade de Deus: “Querer o que Deus quer; querê-lo no modo, no tempo e nas circunstâncias que Ele quer; e querer tudo isto não por outros motivos, mas somente porque Deus quer assim” (São José Cafasso).
Quando Abraão levava seu filho à morte, não quis contristá-lo comunicando-lhe a sorte com antecedência, nem no pouco de tempo de que precisavam para chegarem ao monte. Com Jesus Cristo não foi assim! Deus Pai quis que o seu Filho encarnado, destinado a ser vítima da divina justiça pelos nossos pecados, sofresse já então todas as penas (desde o ventre materno): “Desde o instante em que baixou ao seio de sua Mãe, Jesus sofreu sem interrupção a tristeza que o acabrunhou no horto, e que era suficiente para tirar-lhe a vida... De sorte que desde então ele sentiu vivamente e sofreu o peso todo de todos os tormentos e opróbrios que o esperavam” (Santo Afonso Maria de Ligório).
O Senhor sofreu no seio de Maria... sem testemunhas, sem ao menos ter quem o aliviasse ou d’Ele compadecesse. Sofreu tudo isso a fim de satisfazer pelas penas eternas e pela agonia sem fim que deviam ser a nossa sorte no inferno por causa dos nossos pecados. Infeliz daquele que desprezar o amor do Salvador para seguir as coisas passageiras e caducas do mundo.
O Verbo divino, no primeiro instante em que se fez homem e criança, no seio de Maria Santíssima, ofereceu-se a si mesmo, sem reserva, aos sofrimentos e à morte, para o resgate do mundo. Não podemos ficar indiferentes diante do sofrimento do Senhor: “Ele não nos salvará sem a nossa colaboração” (Santo Agostinho).
Apenas concebido no seio de Nossa Senhora, Jesus Cristo viu a ingratidão despiedada que receberia da parte dos homens: “Baixara do céu para acender o fogo do divino amor; somente este desejo fizera-o descer sobre a terra para ali sofrer um abismo de dores e ignomínias” (Santo Afonso Maria de Ligório).
Do seio da Virgem Maria, o Salvador viu um abismo de pecados que os homens haviam de cometer, depois de presenciarem o seu grande amor: “Foi isso que o fez sofrer dores infinitas” (São Bernardino de Sena). Infeliz daquele que “usa” da bondade do Senhor para multiplicar seus pecados. Qual não deve, pois, ter sido a dor que nossa ingratidão causou a Jesus, nosso Deus, quando viu que os seus benefícios e o seu amor lhe seriam retribuídos por nós com desgostos e injúrias!
OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 25 de outubro de 2017
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