HAVIA UNS PASTORES (Lc 2, 8)
“Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho”.
Nosso Salvador nascer de noite; mas ainda assim quis ter quem o adorasse. Foi aos pastores, que vigiavam os seus rebanhos, que o Anjo anunciou a vinda do Salvador. Não foram à corte de Herodes, nem aos grandes da Judeia, nem aos Césares de Roma, porque, ainda que para todos nascia, eram os pobres e os humildes os que mais agradavam a seus olhos. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
O Menino Jesus, a Virgem Maria e São José estão sós na gruta. Mas Deus procurou gente simples para acompanhá-los: uns pastores que, por serem humildes, não se assustariam certamente ao encontrarem o Messias numa gruta, envolto em panos. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Nesta noite, os pastores são os primeiros e os únicos a sabê-lo: “No entanto, hoje sabem-no milhões de homens em todo o mundo. A luz da noite de Belém chegou a muitos corações, e, apesar disso, a escuridão permanece; às vezes, parece até mais densa” (São João Paulo II). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores ficaram cheios de alegria porque não acolheram uma criatura pecadora; mas sim, o Deus Eterno, fonte da verdadeira felicidade: “Os que acolheram o Senhor naquela noite experimentaram uma grande alegria, a alegria que brota da luz. A escuridão do mundo foi dissipada pela luz do nascimento de Deus” (São João Paulo II). Somente em Deus encontramos a verdadeira alegria… aquela que o mundo não pode dar. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Deus quis que os pastores fossem também os seus primeiros mensageiros. Eles irão contando o que viram e ouviram. E todos os que os ouviam maravilhavam-se com o que eles diziam (Lc 2, 18). A nós, Jesus também se revela no meio da normalidade dos nossos dias; e também nós necessitamos das mesmas disposições de simplicidade e humildade dos pastores para chegarmos até Ele. É possível que, ao longo da nossa vida, o Senhor nos envie sinais que, vistos com olhos humanos, nada signifiquem. Devemos estar atentos para descobrir Jesus na simplicidade da vida habitual, envolto em panos e deitado numa manjedoura, sem manifestações chamativas. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
É natural pensar que os pastores não se puseram a caminho sem levar presentes para o Menino Jesus: “No mundo oriental de então, era inconcebível que alguém se apresentasse a uma pessoa importante sem algum presente. Devem ter levado o que tinham ao seu alcance: um cordeiro, queijo, manteiga, leite, requeijão…” (F. M. Willam). Nós também não podemos ir à gruta de Belém sem o nosso presente: “E talvez aquilo que mais agrade à Virgem Maria seja uma alma mais delicada, mais limpa, mais alegre por ser mais consciente da sua filiação divina, mais bem preparada por meio de uma confissão realmente contrita, a fim de que o Senhor resida com mais plenitude em nós: essa confissão que talvez Deus esteja esperando há tanto tempo” (Pe. Francisco Fernández Carvajal). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores foram então às pressas (Lc 2, 16). Os pastores foram quase correndo… parece dizer o evangelista. É a pressa da alegria e dos acontecimentos importantes. Não podemos encurtar os passos quando caminhamos ao encontro do Salvador; mas sim, devemos correr com alegria para Ele. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores não estavam andando pelas ruas de Belém; estavam no campo… era noite… silêncio total. Precisamos construir o nosso deserto no meio desse mundo barulhento e agitado, sem jamais deixar uma brecha para que ele possa nos incomodar com as suas gritarias: “Se alguém estiver aflito de barulhos exteriores, apertado por turbas populares, mas assim mesmo mantiver o coração livre de ânsias materiais, este homem não está na cidade” (São Gregório Magno). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores não deixaram para depois nem ficaram indiferentes… adormecidos; mas foram imediatamente para a gruta. Infeliz da pessoa que fica acomodada na vida espiritual… que deixa para se aproximar de Jesus Cristo quando estiver tudo tranquilo, isto é, quando o “dia clarear”: “Procurai a Deus enquanto pode ser achado, invocai-o enquanto está perto” (Is 55, 6). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores não fizeram reunião para decidir o dia ou horário… mas partiram, pois, a toda pressa. Não levaram todas as ovelhas e outros pertences para a gruta. Nisto mostraram a pronta obediência à voz de Deus que os chamava ao presépio de Jesus. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores não perguntaram: quem vai cuidar do nosso rebanho e dos nossos pertences na nossa ausência? Confiaram na Providência divina, crendo que o mesmo Deus que os chamava, lhes havia de guardar o rebanho… e assim partiram a toda pressa e sem mais cuidados. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
São Jerônimo diz que não era grande a distância entre a gruta e o campo onde estavam os pastores: “Não longe dali fica a Torre de Ader, isto é, do rebanho, junto à qual apascentou Jacó seu rebanho e os pastores mereceram escutar naquela noite: Glória a Deus nas alturas…” Mas os pastores foram corajosos porque poderiam encontrar ladrões e lobos pelo caminho (Pe. José Caballero). Devemos buscar a Cristo Jesus com coragem… nada nesse mundo pode impedir a nossa busca pelo Salvador. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores passavam a noite velando (vigiado, protegendo) o rebanho das garras dos ladrões e lobos. Ao modo militar, os judeus dividiam a noite em quatro vigílias: opsé, mesonyktion, alecktorophonía e proí (Pe. Manuel de Tuya). Imitemos o exemplo dos pastores vigiando dia e noite a “ovelhinha” que é a nossa alma espiritual e imortal. Muitos ladrões (carne, mundo e demônio) rondam-na querendo roubá-la: “Atende que, então, mais que nunca, deves estar prevenido para o combate, porque nossos inimigos: o mundo, o demônio e a carne, se armarão para te atacar e fazer-te perder tudo o que tiveres conquistado” (Santo Afonso Maria de Ligório). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores sofriam muito, pois não tinham uma residência fixa… eram transumantes (migração periódica dos rebanhos da planície para o alto das montanhas e vice-versa): “Os pastores não eram de Belém, mas eram transumantes… estavam ali até as primeiras chuvas que iniciam em novembro e vai até janeiro. A temperatura pode ser suave. No dia 26 de dezembro de 1912, à sombra, 26º graus” (Strack-B., Kommentar… II, p. 114 ss; Lagrange, Évangile s. St. Luc (1927) h. 1). Esse mundo é um vale de lágrimas! Estamos aqui também de passagem… somos peregrinos. Devemos suportar os sofrimentos com alegria e paciência para salvar a nossa alma: “Porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir” (Hb 13, 14). Enquanto isso, devemos cuidar com zelo da “ovelhinha” que é a nossa alma. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores não tinham boa fama na região, “eram tidos por ladrões” (Baba qamma X 9). Um fariseu tinha medo de comprar-lhes lã e leite por temor que fosse tudo roubado. Mas nem todos os pastores eram bandidos: “Entre eles encontravam pastores simples e justos, como esses pastores” (Pe. Manuel de Tuya). Quem sabe os pastores justos ouviram palavras pesadas sem merecer! Não desanimaram e continuaram percorrendo o caminho do bem. Façamos o mesmo! Não deixemos de realizar o bem por causa do péssimo exemplo do próximo… assim calaremos a boca de todos: “… pois esta é a vontade de Deus que, fazendo o bem, tapeis a boca à ignorância dos insensatos” (1 Pd 2, 15). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores justos e simples conviviam com os outros sem imitar os seus vícios. O campo dos pastores é uma planície a leste de Belém, bastante temperada, porque estende para o Mar Morto, clima muito quente. À margem oeste do vale está o atual Beit-Sahur, povo dos pastores. No oriente se reúnem vários rebanhos com muito pastores… eles eram tratados como pecadores e publicanos, por sua ignorância e porque não respeitavam o campo alheio (C. Kopp, p. 55-66). As múltiplas chamadas que o Senhor nos dirige para que vivamos a todo o momento a caridade, devem estimular-nos a segui-lo de perto com atos concretos, procurando oportunidades de ser úteis, de proporcionar alegrias aos que estão ao nosso lado, sabendo que nunca progrediremos suficientemente nessa virtude. O preceito da caridade não se estende somente àqueles que nos querem e nos tratam bem, mas a todos sem exceção (Pe. Francisco Fernández Carvajal). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores se aproximam do Menino Jesus, Fonte da verdadeira Felicidade… felicidade que o mundo não pode dar: “E os pastores? Jamais tinham vivido momentos tão felizes como estes. Apressados, correm a Belém para verem ali o Menino Jesus. Encontram logo o estábulo. De mansinho entram. Pé ante pé aproximam da manjedoura. Silenciosos, se ajoelham do lado de Maria e José. Com lágrimas nos olhos contemplam o lindo Menino, o querido Salvador. E o Menino olha para eles e lhes sorri. Gosta tanto dos corações simples e humildes! Passam horas, que parecem instantes rápidos, ao lado do presépio” (Leituras da Doutrina Cristã). Longe de Jesus Cristo é impossível alguém encontrar a verdadeira felicidade. Para encontrá-la é preciso deixar tudo aquele que desagrada a Deus… no Senhor encontramos a alegria que a nossa alma tanto deseja: “Quando Jesus está presente, tudo é bom e nada parece dificultoso… estar com Jesus é o Paraíso… Quem acha a Jesus acha um tesouro precioso, ou antes, um bem acima de todo o bem” (Tomás de Kempis). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores que olhavam as ovelhas… agora contemplam o Imaculado Cordeiro, Jesus, na manjedoura, Maria, a humilde “ovelhinha” (Melitão de Sardes), e o puríssimo São José: “Depois entregam a Maria e a José seus humildes presentes para o Menino Jesus” (Leituras da Doutrina Cristã). Feliz da pessoa que busca a santidade com fé, fervor e perseverança; depois da morte, contemplará a Sagrada Família no céu para sempre: “Que sentirá a alma ao penetrar, pela primeira vez, naquele reino de venturas e vir aquela cidade de Deus, insuperável em formosura? Os anjos e os santos a recebem alegres e lhe dão amorosas boas-vindas Ali encontrará, sob indizível júbilo, os seus santos padroeiros e os parentes e amigos que a precederam na vida eterna. A alma quererá prostrar-se diante deles, mas estes a impedirão, recordando-lhe que são também servos do Senhor. Levá-la-ão depois a beijar os pés da Santíssima Virgem, Rainha dos céus. A alma sentirá imenso delíquio de amor e de ternura vendo, pela primeira vez, sua excelsa e divina Mãe que tanto lhe ajudou a salvar-se e que agora lhe estende amorosamente os braços, fazendo-lhe reconhecer todas as graças que alcançou por sua intercessão perante nosso Rei Jesus Cristo, que a receberá como esposa amantíssima, e lhe dirá: ‘Vem do Líbano, minha esposa; vem e serás coroada’ (Ct 4, 8)” (Santo Afonso Maria de Ligório). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores Misael e Acael velavam, enquanto Ciríaco e Estêvão dormiam, e eis que de repente o campo todo se inundou de luz. Foram depressa a Belém para ver a maravilha que o Senhor lhes anunciou. Lá chegados, encontraram Maria, José e o Menino Jesus em faixas posto na manjedoura, e o adoraram. Foram os primeiro adoradores. Não foram onde estava o Menino Jesus por simples curiosidade ou para perder tempo. Mas sim, para adorá-lo. Imitemos os pastores! Entremos em nossas igrejas não para passar o tempo em curiosidades; mas sim, para adorar a Jesus Sacramentado: “Na Santíssima Eucaristia está verdadeiramente o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem Maria” (São Pio X). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores não voltaram imediatamente para o campo, mas ficaram na gruta o resto da noite, esquecidos de seu rebanho, e só voltaram quando o dia clareou, louvando e glorificando a Deus, por tudo o que tinham ouvido e visto. Infelizmente, muitas pessoas vazias dizem que adorar a Deus é perder tempo… essas não possuem o verdadeiro amor no coração: “É um erro dos ‘modernistas’ afirmar que os tempos atuais reclamam obras externas e não tantas orações, vida ativa e não contemplativa; que é preciso trabalhar, sair da sacristia, como se o tempo dedicação à oração fosse perdido” (Bem-aventurado José Allamano). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores foram diretamente para a gruta onde estava o Menino Jesus… não foram para os lugares de pecado e bebedeira… não abandonaram o verdadeiro caminho. Hoje, infelizmente, milhões de católicos participam das festas dos santos, de Jesus Cristo e da Virgem Maria, não para crescerem espiritualmente; mas sim, para profanarem essas festas com bebedeiras, danças e até assassinatos: “Que maneira é esta? Com a superabundância do beber e do comer quereis honrar quem viveu na solidão e na modéstia evangélica? Vós amais a festa do santo, mas não o santo”. “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores foram chamados para visitar o Menino Jesus porque eram homens trabalhadores… sem preguiça, sempre ocupados… não contentes somente com o trabalho durante o dia, vigiavam ainda durante a noite, tempo destinado ao descanso. Deus não suporta os ociosos e preguiçosos que desperdiçam o tempo: “A ociosidade traz a pobreza e a penúria, porque a mãe da indigência é a ociosidade” (Tb 4, 13), e: “O ócio é pai dos vícios; e o vício da incontinência é o primogênito de todos. Os santos sempre evitaram o ócio e amaram o trabalho, inclusive os que se dedicavam de modo especial à oração. Quando se trabalha, não sobra mais espaço para maus pensamentos” (Bem-aventurado José Allamano). “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
Os pastores cumpriam bem o dever, por isso foram chamados para visitar o Menino Jesus… não eram homens relaxados nem irresponsáveis. Deus quer que cada um na terra cumpra a missão que lhe coube por sorte. O irresponsável vive no mundo da “fantasia”… “engaveta” os deveres e exige que todos o carreguem nos ombros como grande campeão. Que coisa vomitante! O irresponsável é um “eterno” fugitivo… foge continuamente dos deveres. E quando está presente não assume nenhum cargo… nem se envolve com o que “pesa”. Que parasita! “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho” (Lc 2, 8).
OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 11 de novembro de 2017
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