MARIA, ENTÃO, DISSE…
Lc 1, 46-55:
“Minha
alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus
em meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua
serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de
bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas
em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia
perdura de geração em geração, para aqueles que o temem.
Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de
coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a
humildes exaltou. Cumulou de bens a famintos e despediu
ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo,
lembrando de sua misericórdia – conforme prometera a
nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência,
para sempre!”
I.
Querida Mãe, tu disseste:
“Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta
em Deus em meu Salvador”.
Tua alma, ó Belíssima Senhora, “engrandece”
o Senhor e não ao mundo e suas máximas…
“engrandece” o Deus Eterno e não às coisas
passageiras e caducas da terra… “engrandece”
o Senhor Criador e não às criaturas falsas, traidoras e
limitadas.
O
teu espírito, ó Puríssima Mãe, “exulta” em
Deus Salvador e não no vício… se “alegra”
no Senhor e não nas vaidades oferecidas pelo mundo.
Tua alma “engrandece”…
teu espírito “exulta”:
“A
Igreja ensina que esta distinção não introduz uma
dualidade na alma. ‘Espírito’ significa que o homem está
ordenado desde a sua criação para seu fim sobrenatural,
e que sua alma é capaz de ser elevada gratuitamente à
comunhão com Deus”
(Catecismo da
Igreja Católica, 367).
Humilde Senhora, ajude-nos a viver somente para Deus… a
buscarmos somente o Criador… a sermos servos fiéis do
Rei do universo.
Dai-nos força para pisarmos tudo aquilo
que é terreno e a lutar para conquistar o eterno.
Contamos com a sua ajuda e apoio:
“Nos perigos,
nas angústias, nas perplexidades, penso em ti, Maria, e
te invoco”
(São Bernardo de Claraval).
II.
Silenciosa ovelhinha, tu disseste:
“… porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim!
Doravante as gerações todas me chamarão de
bem-aventurada”.
Em 1 Pd 5, 5 diz:
“… porque Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”.
Deus Criador olhou para a humildade de
sua serva:
“Maria Santíssima foi certamente a mulher
mais honrada por Deus, elevada acima de todas as
criaturas, contudo, nenhuma outra jamais se abaixou e se
humilhou tanto!”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).
A sua humildade, ó serva do Senhor, nos
encanta! Quanto mais a eleva Deus, tanto mais se
humilha:
“Se não te é possível seguir na
virgindade a Maria, imita ao menos sua humildade. Digna
de louvor é a virgindade; porém, mais necessária é a
humildade”
(São Bernardo de Claraval), e:
“Convinha, pois,
que assim como tinha entrado a morte no mundo pela
soberba dos nossos primeiros pais, se manifestasse a
entrada da Vida pela humildade de Maria”
(São Beda).
Tu és a serva do Senhor… não serva
daquilo que passa, mas serva do Eterno e Infinito. Estás
pronta para aceitar incondicionalmente não só qualquer
desejo manifestado por Deus, mas também qualquer
circunstância por Ele permitida:
“Cheia de fé na
palavra celeste, inteiramente submissa à vontade divina
que se vos manifestou, respondeis, ó Maria, com inteiro
e absoluto abandono”
(Bem-aventurado Columba Marmion).
Ajude-nos, ó Mãe, a
servirmos a Deus com humildade… deixando de lado tudo
aquilo que é terreno para vivermos somente para o
Criador:
“Deus é Senhor da nossa vida inteira. Não
queiramos deixar para a velhice o servi-Lo, entregando
ao demônio e ao mundo as forças da mocidade; mas desde a
nossa juventude sirvamo-Lo”
(Frei Mateus
Maria do Souto).
“Doravante as
gerações todas me chamarão de bem-aventurada”.
Ó Santíssima Virgem, a sua humildade foi
premiada pelo Deus Eterno:
“Deus premia a
humildade da Virgem Santíssima com o reconhecimento por
parte de todos os homens da sua grandeza: ‘Me hão de
chamar ditosa todas as gerações’. Isto se cumpre sempre
que alguém pronuncia as palavras da Ave-Maria. Este
clamor de louvor à nossa Mãe é ininterrupto em toda a
terra”
(Edições Theologica), e:
“Nosso Senhor
olhou para a humildade, a nulidade de sua serva,
exaltou-a, operou nela coisas maravilhosas, de sorte que
todas as gerações, estupefatas, a proclamarão
bem-aventurada”
(Bem-aventurado José Allamano).
Bondosa Senhora, pronunciaremos com
atenção, devoção e respeito a Ave-Maria várias vezes ao
dia… viveremos unidos a ti chamando-a de Bem-aventurada:
“Saudai-a com a Ave-Maria, porque ela
gosta muito dessa saudação”
(Tomás de Kempis), e:
“A Ave-Maria é
uma oração que nunca cansa. Quando se fala das coisas da
terra, do comércio, da política, a gente se cansa: mas
quando se fala de Nossa Senhora é sempre novo”
(São João Maria Vianney).
Quem vive unido a ti, ó Bendita Mãe,
trilha o caminho do bem e não é vencido pela serpente
infernal:
“Onde está Maria, não entra o espírito
maligno; e um dos sinais mais infalíveis de que se está
sendo conduzido pelo bom espírito, é a circunstância de
ser muito devoto de Maria, de pensar nela muitas vezes e
de falar-lhe frequentemente”
(São Luís Maria Grignion de Montfort), e:
“Como a
respiração é sinal inconfundível de que o corpo não está
morto, o pensamento assíduo e a invocação amorosa de
Maria é um sinal certo de que a alma não está morta pelo
pecado”
(São Germano de Constantinopla).
III.
Fiel Senhora, tu disseste:
“… pois o
Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome
é santo
e
sua misericórdia perdura de geração em geração, para
aqueles que o temem”.
Ó Santíssima Mãe, o Todo-poderoso não fez
pequenas e insignificantes coisas em ti; mas sim,
grandes coisas a seu favor. Tu és humilde… humilde e
humilde… não atribui a ti as grandes coisas como fazem
as criaturas orgulhosas, mas ao Senhor que é
Todo-poderoso:
“Não há dúvida
que alguma coisa boa há em nós, o nosso ser natural e
sobretudo os nossos privilégios sobrenaturais. A
humildade não nos impede de os ver e admirar; mas, assim
como, quando se admira um quadro, é para o artista que o
pintou que vai a nossa homenagem, e não para a tela,
assim também, quando admiramos os dons e graças de Deus
em nós, é a Ele e não a nós mesmos que se deve dirigir a
nossa admiração”
(Adolfo
Tanquerey).
São Francisco de Sales escreve:
“Assim
a Santíssima Virgem confessou publicamente que Deus
tinha operado nela grandes coisas e fez isso ao mesmo
tempo para se humilhar e para dar glória a Deus”.
Desde os tempos mais antigos a Santíssima
Virgem é honrada com o título de “Mãe de Deus”, e
sob a sua proteção se acolhem os fiéis em todos os
perigos e necessidades. Foi, sobretudo, a partir do
Concílio de Éfeso que o culto do Povo de Deus para com
Maria cresceu admiravelmente, na veneração e no amor, na
invocação e na imitação, segundo as suas proféticas
palavras:
“… as gerações todas me chamarão de
bem-aventurada… pois o Todo-poderoso fez grandes coisas
em meu favor. Seu nome é santo…”
A
misericórdia do Senhor perdura de geração em geração
para aqueles que o temem… não para os que abusam dela.
A misericórdia de Deus perdura de geração
em geração; isto é, é perpétua, infinita e eterna:
“A misericórdia do Senhor é para sempre”
(Sl 102, 17).
O Pe. Juan de Maldonado escreve:
“Parece que a Santíssima Virgem não teve outra intenção
em dizer essas palavras; a não ser expressar que Deus
exercitava sua misericórdia com aquele seu povo antigo,
senão também com o novo, por meio de seu Filho”.
IV.
Imaculada Mãe, tu disseste:
“Agiu com a
força de seu braço, dispersou os homens de coração
orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes
exaltou”.
O
braço, segundo a língua hebraica, significa poder e
energia.
“Agiu
com a força de seu braço”
equivale em dizer: realizou tão esforçadamente com seu
braço, que mostrou pela energia com que realizou, a
força de seu braço. Parece excluir também com essa frase
toda ajuda humana, como se dissesse que Ele só realizou
grandes milagres:
“Bendito seja o
Senhor, o Deus de Israel, porque só ele realiza
maravilhas!”
(Sl 71, 18), e:
“Só ele realizou
maravilhas, porque o seu amor é para sempre!”
(Sl 135, 4).
V.
Amável Rainha, tu disseste:
“Cumulou de bens
a famintos e despediu ricos de mãos vazias. Socorreu
Israel, seu servo, lembrando de sua misericórdia –
conforme prometera a nossos pais – em favor de Abraão e
de sua descendência, para sempre!”
“Cumulou de bens a famintos e despediu
ricos de mãos vazias”.
O Pe. Juan de Maldonado escreve:
“Levantou aos humildes até colocá-los no trono de onde
havia derrubado os soberbos”.
Segundo Teofilacto e São Cirilo,
“são
os demônios ‘ricos’ que antes da vinda de Cristo
reinavam no mundo; e os humildes ‘famintos’ são
os homens tentados pelos demônios”.
Teofilacto entende por poderosos “ricos”
aos fariseus e escribas que se sentavam na cátedra de
Moisés; e os humildes “famintos” é
o povo ignorante e miserável, sobre o qual colocam um
pesado fardo, sem ajudá-lo, sequer, com um dedo.
Outros dizem que a Virgem Maria faz alusão a exemplos de
outros tempos, como a Saul, a quem Deus expulsou do
trono, e a Davi, colocado em seu lugar.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 14 de agosto de 2011
Vide também:
Solenidade da Assunção de
Nossa Senhora
Tu que deixaste a terra, levai-nos para o céu!