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                    A 
                    PERSEVERANÇA DEPOIS DA PÁSCOA 
                      
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do 
                    alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Pensai nas 
                    coisas do alto, e não nas da terra”
                    (Cl 3, 1-2). 
                      
                     
                        
                      
                    
                    O que 
                    dizer de uma senhora que coloca a sua casa em ordem, somente 
                    quando está para receber uma visita?  
                    
                    Pode 
                    muito bem intitulá-la de porcalhona. 
                    
                    Que nome 
                    se dá ao diretor de um colégio, que organiza as salas e o 
                    uniforme dos alunos, só quando o inspetor marca uma visita? 
                    
                    Esse pode 
                    muito bem ser chamado de inepto.  
                    
                    E o que 
                    dizer de um católico, batizado e crismado, que se preparou 
                    muito bem para a Páscoa; mas que durante a oitava, já está 
                    mergulhado no túmulo do mundo, embalando em seus braços o 
                    monstro do pecado mortal? 
                    
                    Esse deve 
                    ser chamado de volúvel, infiel e leviano. 
                    
                    Como é 
                    triste ver milhares de pessoas ascenderem velas a Satanás, 
                    ao mundo e à carne, logo no início da oitava da Páscoa. 
                    Esses participaram das cerimônias, mas não encontraram a 
                    Face de Nosso Senhor, por isso, vivem como se Cristo não 
                    houvesse ressuscitado. 
                    
                    Quando 
                    falta a perseverança, é impossível caminhar com Cristo 
                    ressuscitado: “Fazer uma boa 
                    confissão na Páscoa, fazer ótimos propósitos, é bastante 
                    fácil; difícil, porém, é perseverar no bem” 
                    (Pe. João Colombo). 
                    
                    Perseverar 
                    no esforço “consiste em lutar e 
                    sofrer até o fim, sem sucumbir ao cansaço, ao desalento ou à 
                    moleza” (Ad 
                    Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 1093). 
                    
                    Não 
                    adianta encher cadernos com preciosos propósitos, se tudo 
                    não passa de fogo de palha. O Senhor ressuscitado quer que 
                    perseveremos no caminho da luz, que passemos por cima de 
                    todos os obstáculos, que deixemos tudo para trás e O sigamos 
                    até o fim: “Muitos começam bem, mas 
                    poucos são os que perseveram... Nos cristãos não se procura 
                    o princípio, mas o fim. O Senhor não exige somente o começo 
                    da boa vida, quer também seu bom termo; o fim é que 
                    alcançará a recompensa” 
                    (São Jerônimo). 
                    
                    Existem 
                    muitos católicos “ressuscitados”, que não passam de 
                    católicos “mumificados”; porque voltam, após a Páscoa, a 
                    residirem nos túmulos escuros dos vícios.  
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    não volte a seguir mais as máximas do mundo, porque elas 
                    sepultarão a sua alma imortal na lama do pecado: 
                    “Adúlteros, não 
                    sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? 
                    Assim, todo aquele que quer ser amigo do mundo torna-se 
                    inimigo de Deus”
                    (Tg 4, 4), 
                    e: 
                    “Não 
                    ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, 
                    não está nele o amor do Pai”
                    (1Jo 2, 15). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    corte a amizade com aquelas pessoas que te convidam com 
                    freqüência para percorrer o caminho da imoralidade: 
                    “Certas amizades 
                    loucas entre pessoas de diverso sexo, e sem intenção de 
                    casamento, não podem merecer o nome de amizade nem de amor, 
                    pela sua incomparável leviandade e imperfeição. São abortos 
                    ou, melhor ainda, fantasmas da amizade” (São Francisco 
                    de Sales, Introdução à Vida Devota, capítulo XVIII), 
                    e: 
                    “Não vos 
                    deixeis iludir: ‘As más companhias corrompem os bons 
                    costumes” (1 Cor 
                    15, 33). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    deixe de contar piadas com duplo sentido e de falar 
                    palavrões, porque essas bocas sujas podem ser comparadas a 
                    túmulos cheios de podridão: 
                    “Não saia dos 
                    vossos lábios nenhuma palavra inconveniente, mas na hora 
                    oportuna, a que for boa para edificação, que comunique graça 
                    aos que a ouvirem”
                    (Ef 4, 29). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    jogue fora, ou melhor, coloque no fogo todas as suas roupas 
                    imorais; elas são tarrafas que o demônio usa para pescar os 
                    homens curiosos. Esvazie o seu guarda-roupa dessas modas 
                    pagãs: 
                    “Ou 
                    não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que 
                    está em vós e que recebestes de Deus?... e que, portanto, 
                    não pertenceis a vós mesmos? Alguém pagou alto preço pelo 
                    vosso resgate; glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo”
                    (1 Cor 6, 
                    19-20), e:
                    
                    “... os pais 
                    devem vigiar a fim de que certas modas e certas atitudes 
                    imorais não violem a integridade da casa”
                    
                    (Sexualidade Humana: Verdade e Significado, 56). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    não volte a participar mais do carnaval e dos bailes, isso 
                    ofende muito a Deus: 
                    “Numa palavra, é 
                    uma loucura fazer da noite dia e do dia noite, e trocar os 
                    exercícios de piedade por vãos prazeres. Todo baile está 
                    cheio de vaidade e emulação e a vaidade é uma disposição 
                    muito favorável às paixões desregradas e aos amores 
                    perigosos e desonestos, que são as conseqüências ordinárias 
                    dessas reuniões”
                    (São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, capítulo XXXIII), 
                    e: 
                    “No tempo 
                    do carnaval, Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites 
                    inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus 
                    o Sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores”
                    (Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    abandone de uma vez por todas a bebida alcoólica; ela é a 
                    urina de Satanás: 
                    “Não vos iludais... 
                    nem os bêbados... herdarão o Reino de Deus” 
                    (1 Cor 6, 10). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    viva humildemente, aceitando com alegria as correções 
                    fraternas, sem jamais se azedar: 
                    “A pessoa santa é humilde, quando é repreendida, arrepende-se 
                    da falta que fez. Ao contrário, quem é orgulhoso fica 
                    magoado quando é corrigido. Fica magoado por ver descoberto 
                    o seu defeito e por isso responde e indigna-se com quem o 
                    adverte” 
                    (São João Crisóstomo: In Mathaeum, hom. 68 (al. 69), n° 1-2, MG 58 
                    de 341 a 344). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    fuja da vida fácil e da “poltronice”, e entre pelo caminho 
                    apertado, carregando a cruz com paciência e por amor a Deus:
                    
                    “...não 
                    existe coisa mais agradável a Deus do que sofrer com 
                    paciência e paz todas as cruzes por ele enviadas”
                    (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, 
                    capítulo V), 
                    e:
                    “O sinal mais certo para saber se 
                    uma pessoas ama a Jesus Cristo é, não tanto o sofrer, mas o 
                    querer sofrer por amor dele” 
                    (Santo Afonso 
                    Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, capítulo 
                    V). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    deixe de perder tempo com as coisas vazias da terra, e
                    reserve 
                    alguns horários por dia para a oração e meditação: 
                    “Quem reza se 
                    salva, quem não reza se condena” 
                    (Santo Afonso Maria de Ligório, A Oração), 
                    e: 
                    “Quem não medita, não julga com severidade a si mesmo, porque não se 
                    conhece. A oração controla nossos afetos e dirige nossos 
                    atos para Deus”
                    (São Bernardo de Claraval, De consideratione ad Eugenium III, I. I, 
                    c. 2, n° 3 ML 182-730; idem, 1, 1, c. 7. ML 182-737). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    viva nesse mundo sem se apegar às coisas passageiras; elas 
                    são grandes obstáculos para o progresso espiritual: 
                    “Desapeguemos o 
                    coração de todas as criaturas. Quem está agarrado a alguma 
                    coisa da terra, ainda que mínima, nunca poderá voar e 
                    unir-se todo a Deus” (Santo Afonso Maria de Ligório, Resumo das Virtudes), 
                    e: 
                    “Quanto 
                    afeto pomos nas criaturas, tanto tiramos a Deus” (Bacci, Vita, 1. 
                    2, c, n° 4: São Felipe Néri). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    busque fervorosamente a santidade de vida, porque sem ela, 
                    ninguém verá o Senhor: 
                    “Porquanto, é esta 
                    a vontade de Deus: a vossa santificação”
                    (1 Ts 4, 3), e:
                    
                    “Pois Deus 
                    não nos chamou para a impureza, mas sim para a santidade”
                    (1 Ts 4, 7). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    não busque apoio nas criaturas, mas recorra a Deus quando 
                    surgirem insistentes tentações: 
                    “Oxalá todos os 
                    homens recorressem a Deus, quando são tentados a ofendê-lo; 
                    certamente nenhum o ofenderia”
                    (Santo 
                    Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, 
                    capítulo XVII), 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”,
                    
                    participe piedosamente da Santa Missa e confesse com 
                    freqüência: 
                    
                    “A Eucaristia é, na verdade, a alma da piedade e o centro da 
                    religião cristã...” (São 
                    Francisco de Sales, Introdução à Vida devota, capítulo XIV), 
                    e: 
                    
                    “Confessa-te com humildade e devoção todos os oito dias e, 
                    se for possível, sempre que comungares, conquanto tua 
                    consciência não te acuse de algum pecado mortal” 
                    (São Francisco de Sales, Introdução à Vida devota, capítulo 
                    XIX). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, 
                    trabalhe fervorosamente para tornar Cristo Jesus conhecido:
                    
                    “Ai de mim, 
                    se eu não anunciar o evangelho”
                    (1 Cor 9, 
                    16). 
                    
                    
                    
                    “Se, pois, ressuscitastes com Cristo”,
                    se esforce para amá-lO sobre todas as coisas, porque esse é o 
                    caminho mais curto para a santidade: 
                    “A perfeição 
                    consiste em amar a Deus de todo o coração” 
                    (Camus, Esprit de 
                    S. François de Sales, p. I, c. 25). 
                    
                    
                    Não nos 
                    acomodemos nem deitemos pelo caminho empoeirado do mundo, 
                    mas perseveremos com fé e valentia no caminho da perfeição. 
                    
                    
                    Cristo 
                    ressuscitou! Não olhemos para o Senhor como se fosse um 
                    mito, mas sim, como o Deus que ressuscitou e que nos convida 
                    a segui-lO diariamente sem nos determos nas coisas 
                    passageiras desse mundo. 
                    
                    
                    Cristo 
                    ressuscitou! Jamais voltará ao túmulo! 
                    
                    
                    Ressuscite 
                    você também espiritualmente e persevere no caminho do bem. 
                    Jamais volte ao túmulo do pecado. 
                    
                      
                    
                      
                    
                    
                    Pe. Divino 
                    Antônio Lopes FP. 
                    
                    
                    Anápolis, 20 de abril de 2007 
                      
                      
  
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