JESUS
CRISTO NOS VISITA
(Jo 20, 19)
“Jesus veio e, pondo-se no meio deles...”
I.
Jesus
Cristo visita-nos de diversas maneiras
Nosso Senhor Jesus Cristo é o Doce visitador de nossa
alma. O Deus Eterno visita a alma imortal, e somente Ele é
capaz de fazê-la feliz:
“Sou a pessoa mais
feliz. Já não desejo nada porque meu ser está saciado com o
Deus-Amor”
(Santa
Teresa dos Andes),
e: “Que
eu não procure nada senão a ti, ó Jesus, porque somente tu
podes contentar o meu coração”
(Bem-aventurada Elisabete da Trindade),
e também:
“Se Jesus estiver
contigo, nenhum inimigo te poderá ofender. Quem acha a Jesus
acha um tesouro precioso, ou antes, um bem acima de todo o
bem” (Tomás de Kempis).
Louco e estúpido é aquele que tranca a
“porta” da alma para não receber o Deus Eterno
e cheio de amor; sua alma virará morada dos vícios, porque
onde a Luz Eterna não reina, reinam as trevas:
“Se uma casa não
for habitada pelo dono ficará sepultada na escuridão,
desonra e desprezo, repleta de toda espécie de imundície.
Também a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que
nela jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de
sentimentos vergonhosos e de completa ignomínia”
(São
Macário).
Jesus visita as almas por sua GRAÇA, isto é, por
luzes e inspirações. Do fundo do tabernáculo,
onde reside, difunde os seus benefícios ao redor de Si. Sol
divino, ilumina pela fé as nossas inteligências,
acalenta os nossos corações pela caridade,
fecunda as nossas vontades, inspirando-lhes
o fervor, o zelo de nossa perfeição,
o desejo de trabalhar e morrer para a sua glória.
Tais são as visitas de Jesus.
Mas, quantas vezes o ruído do mundo e a dissipação nos impedem de
notá-las! Se vivêssemos mais calmos, mais recolhidos...
ouviríamos melhor a voz de Nosso Senhor que fala ao nosso
coração, e seguiríamos com mais constância a Sua luz, em vez
de nos deixar guiar por nossos caprichos.
O católico que vive com o mundo dentro da cabeça é surdo
espiritualmente e não pode ouvir a voz de Nosso Senhor:
“Com
grande empenho devemos, portanto, afastar o coração e o
apego ao mundo tirano e depositá-los livres e
desinteressados em Deus, sem intermediários. Nosso coração
não pode ser dividido ou fingido, pois o nosso bondoso Deus
conserva seu olhar sobre nós e vê o segredo do nosso íntimo”
(Santa Catarina de Sena).
As
cruzes são outras espécies de visitas de Jesus e,
aos olhos dos santos, não são as menos preciosas. Eles viram
sempre nas tribulações um sinal da presença de Deus, que
disse: “Estou com aqueles que
sofrem e esperam em mim”(Sl
90, 15). Tremiam
quando não sofriam e queixavam-se como se o Redentor os
tivesse esquecido.
Quando São
Francisco de Assis passava um dia sem nada sofrer por Deus,
temia que Deus tivesse se
esquecido dele.
São
Vicente de Paulo escreve: “O
sinal de que Jesus tem grandes desígnios sobre uma alma,
evidencia-se pelo fato de lhe mandar tribulações”.
Com isso, Ele a purifica e une a Si da maneira mais forte e
constante. Temos da cruz o mesmo modo de pensar dos santos?
Procuremos curar, nesse ponto, os nossos preconceitos,
ditados quase sempre pelo espírito mundano.
Os
apóstolos exultaram de prazer, diz o Evangelho, à vista de
Jesus ressuscitado (Jo 20, 20). Que ventura deve ser a nossa
na Comunhão, ao recebermos o Verbo encarnado, que se digna
visitar-nos em pessoa, cumular-nos de bens e fazer-se o
nosso alimento! Ele promete morar em nós, fazer-nos viver da
sua vida e ressuscitar no último dia (Jo 6, 58 ss).
Magníficas promessas da parte de um Deus que dá sempre mais
do que se possa imaginar! Se compreendêssemos o valor de
seus favores, não seríamos tão descuidados em merecê-los.
“Jesus, destruí em mim os obstáculos
ao Vosso reino perfeito, isto é, os hábitos da vida natural
e sensual, vida mais mundana e terrena do que espiritual e
celeste; vida, numa palavra, tão distante da que quereis
estabelecer em mim. Dai-me: 1.° A fidelidade às Vossas luzes
e inspirações; 2.° A força de carregar com paz a cruz de
cada dia ou o conjunto das penas inerentes aos meus deveres;
3.° Uma união estreita e contínua com Vosso Sagrado Coração,
mormente no Vosso sacramento de amor, penhor da ressurreição
gloriosa e da imortalidade que ela confere”
(Pe. Luis Bronchain).
II. As
nossas visitas a Jesus Cristo
Grande
honra e ventura é para nós podermos ir cada dia em alguma
igreja onde Jesus Cristo reside, e entreter-nos ao menos por
alguns instantes com o Rei do universo:
“Para conservar os frutos da
Eucaristia e dispor-se sempre mais perfeitamente a
recebê-la, é de grande eficácia a visita cotidiana ao
Santíssimo Sacramento, sempre recomendada pela Igreja”
(Pe. Gabriel de Santa
Maria Madalena).
No céu,
Ele manifesta a Sua glória, majestade e perfeições
infinitas, e sobre a terra fica encerrado em pobres
tabernáculos; ignorado e desconhecido da maior parte dos
homens. Que é que O prende assim tão perto de nós? Que poder
retém o Todo-poderoso entre suas ingratas criaturas? Não
pode ser senão a força do amor. Sim, a caridade que consome
a Jesus, o faz afrontar todos os obstáculos para permanecer
conosco. Prestemos-Lhe, pois, nossas homenagens diárias,
agradeçamos-Lhe e peçamos-Lhe graças na proporção da
imensidade das nossas precisões.
Essas
graças, nós as obtemos mais facilmente quando, em nossas
visitas a Jesus Cristo, temos a ventura de assistir à Sua
imolação sobre os altares. A Santa Missa atrai-nos favores
celestes mais abundantes, porque nela o Homem-Deus,
sacrificando-se por nós, faz subir ao Pai celeste o suave
odor do mais sublime dos holocaustos, e abre-nos assim os
canais das divinas misericórdias.
Mais
favorável ainda é o tempo da Comunhão. Negociamos então, no
íntimo da nossa alma, com Aquele que, tendo-nos resgatado
com Seu sangue, tem para conosco inefável ternura. Que
oração não seria atendida nessas condições? Nesse momento o
nosso coração se aproxima do Coração do Homem-Deus, pode
falar-Lhe sem temor, suplicar-Lhe, insistir e forçá-lO de
certo modo a conceder-nos Seus favores. Que ocasião preciosa
para nos purificarmos, tomarmos alento, retemperarmos nossa
coragem, aumentarmos em nós o fervor e renovarmos
eficazmente todas as nossas boas resoluções. Jesus então não
se acha somente nos tabernáculos e no altar, mas dentro do
nosso coração transformado em Seu santuário e em Sua
hospedaria.
São Pedro
Julião Eymard escreve: “A Sagrada
Comunhão é a derradeira graça de amor, e nela Jesus Cristo
se une espiritual e realmente ao fiel, a fim de nele
produzir a perfeição de sua Vida e de sua Santidade”.
“Amantíssimo Redentor meu, que
reinais no céu sobre os príncipes da milícia angélica,
reinai em minha alma e fazei-me prestar ao vosso divino
Sacramento um culto respeitoso, terno e assíduo: respeitoso
pela fé viva em Vossas infinitas grandezas; terno por uma
devoção formada pelo reconhecimento e amor; assíduo pela
prática constante de visitar-Vos com freqüência, de unir-me
à Vossa imolação sobre os altares, de receber-Vos e de nunca
Vos esquecer nem de dia nem de noite”
(Pe. Luiz
Bronchain).
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 23 de abril de 2009
Bibliografia
Sagrada Escritura
Santa Teresa dos Andes, Cartas.
Bem-aventurada Elisabete da Trindade, Obras Completas
Pe. Luis Bronchain, Meditações para todos os dias do ano
Tomás de Kempis, Imitação de Cristo
São Macário, Homilias
Santa Catarina de Sena, Cartas
Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina
Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo
São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 5
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