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					JAMAIS RESISTIR 
					A JESUS CRISTO 
					
					(Lc 24, 29) 
					  
					
					“Eles, porém, 
					insistiram, dizendo: ‘Permanece conosco, pois cai a tarde e 
					o dia já declina”. 
					  
					
					  
					  
					
					I PONTO 
					  
					
					Jesus Cristo 
					repreende docemente os discípulos de Emaús 
					  
					
					Admiremos o modo 
					de agir do Príncipe dos pastores: apenas ressuscitado, 
					põe-se a reunir as ovelhas dispersas e a levá-las ao aprisco. 
					Dois discípulos se haviam afastado dos apóstolos e seguiam o 
					caminho de Emaús. A sua fé vacilava. Jesus 
					teve compaixão deles, e que fez? Enquanto conversavam, o 
					Salvador aproximou-se sem se dar a conhecer e informou-se do 
					assunto de sua confabulação (trocar ideias). 
					Que caridade! 
					
					A vida 
					sempre foi semelhante a uma viagem. Frequentemente também 
					nós caminhamos no mundo cansados e aflitos por tantas 
					desgraças; não raro também,  como os dois discípulos de 
					Emaús, somos atormentados por dúvidas de fé que nos tiram a 
					luz da esperança futura, e nos deixam escravos das 
					tentações. Escutemos a Palavra de Deus, sejamos solícitos em 
					ouvir Jesus que fala pela boca dos seus sacerdotes, e então 
					sentiremos o nosso coração alargar-se, a nossa vida 
					tornar-se bela e mais cristã, a nossa fé mais viva e 
					operante. 
					
					Vendo a pouca fé 
					dos discípulos, repreende-os docemente e mostra-lhes 
					meticulosamente como a Escritura anuncia os sofrimentos do 
					Messias prometido e a glória de sua ressurreição; e que por 
					isso não deviam escandalizar-se vendo morrer o Cristo, nem 
					duvidar da Redenção de Israel; pois que precisamente por 
					seus tormentos remiria os homens. 
					Quem não admirará a ternura generosa de Jesus 
					Cristo? Enquanto dissipa as trevas de sua inteligência por 
					sua palavra, acalenta com a graça e o amor aqueles corações 
					entristecidos e dispõe-nos a abraçar prontamente sua 
					doutrina. 
					
					Na 
					realidade, podemos ter o Senhor junto de nós, caminharmos ao 
					seu lado e não o reconhecer! Podemos ter grande conhecimento 
					da Escritura e não lhe apanhar o sentido profundo que revela 
					Deus. 
					
					Para terminar a 
					sua obra, Jesus Cristo aceita o convite e vai à casa dos 
					discípulos de Emaús. Sentado à mesa, com eles, toma o pão, 
					benze-o e, segundo vários intérpretes, consagra-o e 
					apresenta-lhos. Então reconheceram o divino Mestre que logo 
					desapareceu, deixando-os inteiramente transformados. 
					
					Tais são os 
					EFEITOS preciosos da Palavra de Deus e 
					da Santa Comunhão. Quando recebida por 
					corações dóceis, dissipam as dúvidas e a tristeza, confirmam 
					a fé, reanimam a esperança, aperfeiçoam a caridade: 
					
					“Porventura o nosso coração não se abrasava quando nos 
					falava pelo caminho?”
					(Lc 24, 32). Isso deu-se ainda mais 
					quando eles, depois de ouvirem as palavras de Jesus Cristo, 
					O receberam sob as espécies sagradas. Desapareceu o 
					mistério, a fé tornou-se sensível e sem dificuldades creram 
					na ressurreição do Salvador. 
					
					Oração: 
					Jesus, Deus da Eucaristia, do fundo dos tabernáculos e na 
					Santa Comunhão, iluminais os espíritos e fortaleceis os 
					corações. Dai-me a graça, não só de conhecer os deveres que 
					a religião me impõe, mas também de praticá-los fielmente. Se 
					já a vossa palavra inflamou os corações dos dois discípulos 
					de Emaús, que não fará em mim a vossa presença real? 
					Comunicai-me o fogo da caridade de que sois a fornalha. 
					Dessa forma conhecerei e amarei as vossas grandezas e 
					máximas; - o mistério da vossa cruz e humilhações já me não 
					causará horror, e eu me sacrificarei com gosto para a glória 
					do Pai celeste e a salvação dos meus irmãos, resgatados pelo 
					vosso Sangue. 
					  
					
					II PONTO 
					  
					
					Procedimento 
					dos dois discípulos de Emaús 
					  
					
					Jesus Cristo, ao 
					abordar os discípulos de Emaús, encontrou-os em pios 
					entretenimentos sobre as ocorrências do Salvador, 
					que dissera: 
					“Quando dois ou três se reúnem em meu nome, 
					eu estarei no meio deles!”
					(Mt 18, 20). Falando com prazer do 
					nosso Mestre, merecemos que Ele nos venha esclarecer e 
					instruir como o fez nesse encontro. 
					
					“De que 
					falais? Perguntou aos dois discípulos, e por que estais 
					tristes?” 
					Se Jesus Cristo nos fizesse essas mesmas perguntas, 
					poderíamos dar-Lhe respostas que Lhe agradassem? Poderíamos 
					dizer-Lhe, por exemplo: “Falamos de Jesus e dos 
					interesses de sua glória; estamos tristes por ser Ele tão 
					pouco amado”. Quantas 
					exprobrações (censuras) merecemos quanto às nossas 
					conversações e motivos de nossa tristeza! Deixamo-nos 
					arrastar mais pela natureza do que pela graça. Daí o pouco 
					fruto dos entretenimentos e a aflição que nos causam os 
					aborrecimentos pouco razoáveis, causados muitas vezes pelo 
					amor próprio. 
					
					Com santa avidez 
					prestam, os dois discípulos, ouvidos à palavra do divino 
					Mestre; apegam-se à sua pessoa, insistindo para conservá-lO 
					em sua companhia. Com isso merecem o favor de recebê-lO na 
					Santa Comunhão e a cura de sua incredulidade. – Quereis 
					fazer uma Comunhão fervorosa? 1.º Lede qualquer livro 
					que dela trate e falai com Deus, com os anjos e com os 
					santos. 2.º Fazei atos de amor para com Aquele 
					que se quer dar a vós sob as espécies sacramentais e, depois 
					da Comunhão, dizei-Lhe como os discípulos de Emaús: “Senhor, 
					ficai comigo; já não quero deixar-vos; permaneçamos juntos, 
					vós em mim e eu em vós, para me iluminardes, fortificardes, 
					conduzirdes e governardes; e eu, para vos amar, obedecer, 
					imitar e viver da vossa vida”. 
					
					São Gregório Magno 
					escreve: 
					“E eis que vos oferecem hospitalidade... 
					preparam a mesa, e vos servem pão e iguarias; e como não vos 
					tinham reconhecido quando lhes explicáveis as Escrituras, 
					vos reconhecem na fração do pão. Enquanto apenas ouviam 
					vossos preceitos, não foram iluminados, mas o foram ao 
					observá-los. Ó Senhor, se quero compreender as coisas que 
					ouço de vós, devo imediatamente pô-las em prática”, 
					e: 
					“Ó bom Jesus, ficai comigo, porque na minha alma se vai 
					escurecendo a luz da fé, vai-se esfriando
					o 
					fervor da caridade! Se vos afastardes, tornar-me-ei noite 
					escura e fria. Ficai comigo, Senhor, porque o dia da minha 
					vida vai declinando e tenho, mais que nunca, necessidade de 
					vossa presença... Ficai comigo, Senhor, para que eu possa 
					realizar meu desejo, e chegar à vida eterna, para ficar, 
					para sempre, convosco” 
					(Pe. Luiz da Ponte). 
					
					Os 
					discípulos voltaram logo para Jerusalém e contaram 
					aos outros  o que tinham visto. Assim, amado Mestre, 
					devemos fazer após a Comunhão... trabalhar para ganhar-Vos 
					corações por nossas orações, palavras e exemplos. 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 14 de 
					abril de 2014 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Gabriel de 
					Santa Maria Madalena, Intimidade Divina 
					
					São Gregório 
					Magno, Homiliae in Evangelia 23, 1-3 
					
					Pe. Luiz da Ponte, 
					Meditações V, 7, 1-4 
					
					Pe. Luis Bronchain, 
					Meditações para todos os dias do ano 
					
					Pe. João Colombo, 
					Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor 
					e dos Santos 
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