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					SOU EU, NÃO 
					TEMAIS 
					
					(Lc 24, 39) 
					  
					
					“Vede minhas mãos 
					e meus pés: sou eu! Apalpai-me e entendei que um espírito 
					não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 
					  
					
					I PONTO 
					  
					
					Jesus Cristo 
					consola as almas aflitas 
					  
					
					Naquele tempo, diz 
					o Evangelho, Jesus apareceu repentinamente no meio de seus 
					discípulos e disse-lhes: 
					“A paz esteja 
					convosco; sou eu, não temais”. 
					– Perturbados e receosos, imaginaram ver um espírito: 
					“Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! Apalpai-me e entendei 
					que um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo 
					que eu tenho”. 
					
					Alma provada pela
					aridez e pela tentação, imaginas 
					que o Salvador se retirou de ti, abandonando-te à malícia 
					dos teus inimigos. Em vão O procuras na leitura, na oração, 
					na Santa Missa, na Comunhão; em toda parte Ele parece 
					ocultar-se ao teu amor. Mas eis que no momento em que o 
					julgas afastado, Ele se apresenta repentinamente. Para 
					dissipar as tuas perturbações, mostra-te as suas chagas: 
					“Meu filho, diz Ele, por que temes? Não 
					desci do céu para correr à tua procura? Por que te 
					entristeces como se eu te tivesse abandonado, entregue aos 
					teus inimigos, rejeitado da minha presença? Poderia uma mãe 
					esquecer o seu filho? E mesmo que o pudesse, Eu nunca me 
					esquecerei. Vê as chagas das minhas mãos, dos meus pés, do 
					meu lado; conservei-as depois da minha ressurreição para te 
					serem o penhor do meu amor que durará toda a eternidade, se 
					me fores fiel”. 
					
					Linguagem 
					consoladora! 
					Deus exige de nós 
					apenas a reta intenção e a boa vontade. 
					Assim, as mais sensíveis provações redundarão em nosso 
					proveito. – Jesus Cristo, ao pensar em vossa bondade, 
					não posso  deixar de esperar em Vós. Elimina do meu 
					coração o aborrecimento, a tristeza e a perturbação. Nos 
					momentos críticos dai-me a graça: 1.º De meditar as 
					vossas sagradas chagas, como o fizeram os vossos discípulos, 
					e de nelas me refugiar pela fé, oração e abandono. 2.º De 
					recorrer aos que dirigem a minha alma e de lhes seguir os 
					conselhos como vindos da vossa pessoa sagrada que eles 
					representam. Pela intercessão da divina Mãe, uni sempre a 
					minha vontade fraca à vossa todo-poderosa, mormente nas 
					minhas penas interiores, a fim de que elas redundem em meu 
					progresso espiritual: 
					“E nós sabemos que 
					Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, 
					daqueles que são chamados segundo o seu desígnio” 
					(Rm 8, 28). 
					  
					
					II PONTO 
					  
					
					Ensinamentos 
					que Jesus Cristo dá a seus discípulos 
					  
					
					Depois de haver 
					convencido os seus discípulos da realidade da sua 
					ressurreição, o divino Mestre abriu-lhes a inteligência para 
					se compenetrarem de que o Cristo devia sofrer e ressuscitar 
					ao terceiro dia; com outras palavras, descobriu-lhes o 
					grande mistério da Redenção operada pela morte e 
					ressurreição dum Deus: Foi preciso que sofresse o 
					Cristo, disse-lhes, não que suas dores fossem 
					necessárias, pois que teria podido resgatar todos os homens 
					por um suspiro, mas porque essa era a vontade divina. 
					
					Quão longe estamos 
					da submissão perfeita de Jesus aos desígnios do Pai celeste! 
					Sabemos que nada acontece sem a permissão divina; e, 
					entretanto, quando alguma coisa nos custa ou se trata de 
					carregar alguma cruz, murmuramos, hesitamos, 
					manifestamos repugnâncias, às vezes até prorrompemos em 
					queixas. Teríamos talvez a temeridade de querer sujeitar aos 
					nossos caprichos à vontade toda sábia, santa, adorável e 
					amável do Deus de majestade? 
					“Nada poderá
					
					acontecer que Deus não queira. E tudo quanto Ele quer, mesmo 
					que nos pareça mau, é, na verdade, realmente ótimo”
					(Santo Tomás More). 
					
					Se foi 
					necessário que o Cristo entrasse na glória pela via do 
					Calvário, como pretendermos lá entrar pela via do Tabor? 
					Os que o Pai predestinou para a vida eterna não deverão 
					porventura tornar-se, como diz o apóstolo, as imagens do seu 
					Filho? Que relação haveria entre membros delicados e uma 
					cabeça coroada de espinhos? 
					“Se quereis ser 
					santo, esforçai-vos por imitar a vida humilde e desprezada 
					de Jesus Cristo”
					(Santo Afonso Maria de Ligório). 
					
					Devemos conquistar 
					o céu pela luta contra nós mesmos e pela aceitação das penas 
					da vida. Escaparemos do Purgatório se chegarmos ao grau de 
					paciência de que fala Tomás de Kempis. Esse grau, diz Tomás 
					de Kempis, nos dá nas ofensas a força: 
					1.º De nos afligirmos mais pela malícia alheia do que pela 
					própria ofensa. 2.º De 
					rezarmos com gosto pelos nossos inimigos e de lhes 
					perdoarmos do fundo do coração. 3.º De estarmos sempre 
					prontos a pedir perdão aos outros e de sermos mais propensos 
					à compaixão do que à cólera. 4.º De fazermos violência a nós 
					mesmos, a fim de submeter plenamente a carne ao espírito. 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 15 de 
					abril de 2014 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Tomás de Kempis, 
					Imitação de Cristo 
					
					Santo Tomás More, 
					Carta à sua filha Margarida 
					
					Santo Afonso Maria 
					de Ligório, Escritos 
					
					Pe. Luis Bronchain, 
					Meditações para todos os dias do ano 
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