Maria chorando
 

 

JUNTO AO SEPULCRO, DE FORA

(Jo 20, 11)

 

“Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando”.

 

 

Maria Madalena sente-se irresistivelmente atraída para esse sepulcro que devia conter o corpo de Jesus Cristo. Não O vendo... ela não se cansa de olhar! Derrama copiosas lágrimas: “Ó, chorai, Madalena, chorai! Que as lágrimas ficam bem em vossos olhos! Na casa do fariseu derramastes lágrimas de contrição e arrependimento; no Calvário, lágrimas de dor e compaixão; no sepulcro de Jesus, lágrimas de amor, mas de um amor purificado e santo! Ó, quem nos dera como a vós a felicidade e a consolação dessas lágrimas benditas!” (Dom Duarte Leopoldo).

São comovedores o carinho e a delicadeza desta mulher preocupada pela sorte do corpo morto de Jesus Cristo. Leal na Paixão, o amor da que esteve possessa por sete demônios (cfr Lc 8, 2) continua a ser grande e inflamado. O Senhor tinha-a livrado do Maligno, e aquela graça frutificou em correspondência humilde e generosa.

“... de fora”.  Maria Madalena voltou ao sepulcro depois de avisar a Pedro e a João sobre o sepulcro vazio. Psicologicamente se explica que voltou para inteirar-se do que havia passado com o corpo do Senhor e dar-lhe uma sepultura digna. Das outras mulheres nenhum evangelista disse que voltaram, e tampouco se explica depois que souberam que Jesus havia ressuscitado.

“... chorando”. Explica-se que chorava, porque acreditava que haviam profanado o corpo do seu Senhor. Chorava também pela morte de Jesus e pelo desaparecimento do corpo d’Ele.

A atitude, as lágrimas, os movimentos e as palavras de Maria Madalena, que não se pode afastar do sepulcro, onde estivera o corpo do amado Mestre, são efeito e sinal de sua afetuosa devoção para com Ele.

Imitemos o exemplo de Santa Maria Madalena que chorava copiosamente por não ter encontrado o corpo do Senhor. Quando perdermos a Deus pelo pecado, choremos de arrependimento por ter expulsado o Senhor da nossa alma... pela infidelidade do nosso pensamento ou da nossa vida. Porque na medida que perdemos a Deus, deixamos que se esfrie o amor a Ele; o nosso coração vai se tornando duro e não sentimos a separação, porque não se chora o que não se ama. Se tivermos a fraqueza ou a desgraça de apartarmos por um momento de Deus, não percamos o contato espiritual com Ele... pensemos n’Ele, choremos por havê-lO perdido, busquemo-lO com empenho, com maior esforço quanto mais estivermos distante d’Ele.

“... junto ao sepulcro”. Também se explica que Maria Madalena se colocou ali, junto ao sepulcro, pela relação que tem com o corpo de seu Senhor, que é o que busca e causa suas lágrimas.

Santo Agostinho comenta: “Regressando os homens, o afeto mais forte fixava no mesmo lugar o sexo fraco. E os olhos que tinham procurado o Senhor, e não o tinham encontrado, já se enchiam de lágrimas mais dolentes por ter sido tirado do sepulcro, do que por ter sido morto na cruz. Já nem memória restava de tão grande Mestre, cuja vida tinha sido retirada da sua presença. Era esta dor que prendia a mulher ao sepulcro”.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 22 de abril de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia comentada

Edições Theologica

Santo Agostinho, Escritos

Dom Duarte Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos

Dom Isidro Gomá y Tomás, O Evangelho Explicado

Bíblia Sagrada, Pontifício Instituto Bíblico de Roma

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura (texto e comentário)

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Junto ao sepulcro, de fora”

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