Maria chorando
 

 

VOLTANDO-SE

(Jo 20, 16)

 

“Diz-lhe Jesus: ‘Maria!’ Voltando-se, ela lhe diz em hebraico: ‘Rabbuni!’, que quer dizer ‘Mestre’”.

 

 

MARIA! Disse-lhe Jesus. Quanta BONDADE e DELICADEZA do Coração de Jesus Cristo! Ele não lhe diz – MADALENA, que era o nome da pecadora, porém, MARIA, que era o nome de uma SANTA! A alma de MADALENA se derrama em perfume aos pés do Salvador, ao pronunciar esta única palavra – MESTRE! Que mais poderia ela dizer?

Provavelmente Maria Madalena volta a olhar para o sepulcro depois de responder ao jardineiro, não dando-lhe importância, como tampouco se havia dado aos Anjos. Assim se explica que quando Jesus Cristo pronuncia seu nome: MARIA! Ela VOLTA-SE para Ele. O que sentiu MARIA no seu interior ao ouvir, da boca de Jesus, ser chamada pelo nome? LUZ e ALEGRIA que secou suas lágrimas e abriu sua inteligência. Como Jesus Cristo entrará no cenáculo, estando as portas fechadas; com pleno poder, entra agora no coração de Maria Madalena. Com o tom e a pronúncia do seu nome (Maria!), deve ter acompanhado a graça interior. Só assim se explica sua mudança tão repentina e radical.

RABBUNI significa “meu Mestre”. Pode-se verificar também em Mc 10, 51. O significado prático se diferencia pouco do simples RABBI. O sufixo pronominal não acrescenta força prática nenhuma. Por isso João diz que significa simplesmente: MESTRE, e não, meu MESTRE.

Esse foi o momento da grande aparição de Jesus Cristo. Ele pronunciou uma palavra: “MARIA!” Porém, nela (palavra) foi o tom de sua voz e ternura inconfundível. E ela que diz em hebreu, que é o arameo: RABBUNI! Que quer dizer: MESTRE! Este detalhe da conversação aramaica da expressão que se traduz (Jo 1, 38) pode ser um bom sinal histórico da cena (Mc 14, 36). Maria Madalena também “derramou” sobre Jesus Cristo seu amor com uma palavra: RABBUNI! Normalmente se usa RABBI, como é feito em outras passagens (Jo 1, 49; 3, 2; 4, 31...). Mais respeitoso que RAB é RABBI, e mais que RABBI é RABBUNI.

“Diz-lhe Jesus: ‘Maria!” O nome é representativo da pessoa. Jesus Cristo conhece a Madalena por seu nome, e com ele a chama; e ela conhece a voz do Senhor... ao ser chamada pelo jardineiro, conhece nele a Jesus. O tom da voz e a intenção que pomos nela ao emiti-la, a ênfase da à palavra do homem uma vida especial, como um timbre que nos dá a conhecer a alma de quem nos fala. Maria Madalena cai, por isso, na conta de quem é o interlocutor, e lhe responde: meu MESTRE. Através de duas palavras compenetraram-se o Senhor e sua discípula. É o amor que realizou tão grande maravilha.

Se possuímos o peito cheio de amor por Jesus Cristo, com facilidade conquistaremos muitas pessoas para Deus... “entrando” em seus corações. O amor é o segredo de todo o apostolado.

Santo Agostinho comenta: “Não se repreenda por ter chamado Senhor ao jardineiro, e Mestre a Jesus. Ao jardineiro pedia, a Jesus reconhecia. No jardineiro honrava um homem a quem tinha suplicado um benefício; em Jesus reconhecia o doutor de quem aprendia a distinguir o humano e o divino. Chamava Senhor àquele de quem não era serva, para chegar ao Senhor de quem era serva... A mulher já se tinha voltado para traz para ver Jesus, quando julgou que era o jardineiro e falava com ele. Como se diz que ela se voltou para trás para exclamar: Rabbuni? Primeiro voltou-se para trás com um movimento do corpo, porque julgou o que não era. Agora voltou-se  por um movimento do coração, porque reconheceu o que era”, e: “Maria Madalena procura Jesus morto; tem-no vivo diante de si e não O reconhece. Mas ei-lo que a chama pelo nome: ‘Maria!’ Basta aquela voz para fazê-la compreender tudo: ‘Mestre!’ É o grito de seu amor e de sua fé. Quereria ficar aos pés do Senhor finalmente encontrado, mas recebe, também ela, a missão: ‘Vai dizer aos meus irmãos’” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).

Imitemos o EXEMPLO de Santa Maria Madalena... a santa do AMOR, da PERSEVERANÇA e da FIDELIDADE.

Não deixemos de BUSCAR a Jesus Cristo por causa das DIFICULDADES, OBSTÁCULOS e PROVAÇÕES.

O EXEMPLO de Santa Maria Madalena, que PERSEVERA na FIDELIDADE ao Senhor em momentos difíceis, ensina-nos que quem BUSCA com SINCERIDADE a Jesus Cristo acaba por encontrá-lO.

Devemos LUTAR sem DESÂNIMO.

O cristão jamais acaba de converter-se, de renascer, de ressurgir: a condição de sua vida terrena deve ser a preocupação de um contínuo regenerar-se em Cristo, configurando-se sempre mais à morte e ressurreição dele. O cristão nunca está realizado completamente. A redenção plena e definitiva só se realiza na vida eterna, só então o homem será assimilado, de modo estável, ao mistério pascal de Cristo, estará morto uma vez para sempre ao pecado e eternamente vivo para Deus, em Cristo Jesus.

Entretanto, enquanto vive peregrino na terra, deve o cristão trazer em si os sinais da morte e da ressurreição do Senhor. Os sinais da morte com a rejeição do pecado, o domínio das paixões, a renúncia e a mortificação generosa que o configura ao Crucificado; os sinais da ressurreição com uma vida resplandecente de pureza e de amor. Precisa cada cristão dar lugar ao Senhor, para que possa ressuscitar e reviver nele, para que nele continue a passar entre os homens fazendo o bem, consolando os aflitos, sustentando os fracos, iluminando os cegos, socorrendo os pobres, ajudando os humildes, dando a todos o amor e a verdade.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 24 de abril de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia comentada

Santo Agostinho, Escritos

Schürer, Escritos

Edições Theologica

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina

Dom Duarte Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos

Dom Isidro Gomá y Tomás, O Evangelho Explicado

Bíblia Sagrada, Pontifício Instituto Bíblico de Roma

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura (texto e comentário)

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Voltando-se”

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