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					VI O SENHOR 
					
					(Jo 20, 18) 
					  
					
					“Maria Madalena 
					foi anunciar aos discípulos: ‘Vi o Senhor’, e as coisas que 
					ele lhe disse”. 
					  
					
					  
					  
					
					Note-se com 
					Toledo o emprego do estilo direto: 
					“Vi o Senhor” 
					e do 
					indireto: 
					“...
					e 
					as coisas que ele lhe disse”.
					
					João quis conservar na sua forma histórica e direta o mais 
					importante e próprio da mensagem de Maria Madalena: 
					“Vi o 
					Senhor”. 
					Diante da INCREDULIDADE dos apóstolos, Maria 
					repetiria muitas vezes que TINHA VISTO 
					o Senhor. Este emprego da primeira pessoa e do singular 
					comparado com a primeira mensagem plural (Jo 20, 2) 
					da mesma Madalena, pode ser um indício de que ela foi 
					a única vidente. 
					
					Maria Madalena vai 
					ter com os Apóstolos
					
					(foi anunciar aos discípulos) 
					para cumprir a indicação que Jesus Cristo lhe acabava de 
					dar, e dizer-lhes: 
					“Vi o Senhor”.
					
					Ressoa nas suas palavras uma imensa alegria. Agora que sabe 
					que Cristo ressuscitou, como mudou a sua vida em comparação 
					com os momentos anteriores, em que só procurava honrar o 
					corpo morto do Senhor! Como se torna diferente também a 
					nossa existência quando procuramos comportar-nos de acordo 
					com esta consoladora realidade: Jesus continua entre nós! 
					Exatamente como naquela manhã em que Maria Madalena o 
					confundiu com o jardineiro do lugar. 
					
					“...
					foi 
					anunciar aos discípulos: ‘Vi o Senhor’, e as coisas que ele 
					lhe disse”. 
					Imitemos o exemplo de Santa Maria Madalena! 
					DESCRUZEMOS os braços e sejamos ANUNCIADORES 
					de Jesus ressuscitado. 
					
					Afastemos do 
					coração a PREGUIÇA, o COMODISMO 
					e a INDIFERENÇA... e trabalhemos para 
					Cristo ressuscitado com FÉ, ALEGRIA e
					PERSEVERANÇA... imitando Santa Maria Madalena. 
					
					O Bem-aventurado João Paulo II nos convida a 
					evangelizar sem medo; e na sociedade em que vivemos, teremos 
					que falar com firmeza – com a segurança de quem tem a 
					verdade do seu lado. Quando um católico é convicto e firme 
					na fé não tem medo de evangelizar, mesmo se encontra 
					dificuldade pela frente não desanima, por que: 
					“As coisas de Deus são sempre 
					acompanhadas da Cruz e do sofrimento, e suas obras regadas 
					com o orvalho das lágrimas” (Dom Servílio 
					Conti). 
					
					Nosso Senhor Jesus Cristo disse: 
					“O que vos digo às escuras, dizei-o 
					à luz do dia...” (Mt 10, 27). 
					Jesus Cristo, o Grande Missionário, dirige-se com essas 
					palavras a cada um de nós, pois são muitos os inimigos de 
					Deus e da verdade que pretendem e se empenham em conseguir 
					que os cristãos não sejam nem sal nem luz no meio das 
					tarefas que ocupam. Existem outros tão furiosos contra a 
					verdade que não suportam a presença do católico autêntico:
					“Cerquemos o justo, porque nos 
					incomoda…” (Sb 2, 12), nem 
					querem ouvir a sua pregação: 
					“Eles, porém, dando grandes gritos, taparam os ouvidos…”
					(At 7, 57). 
					
					A verdadeira evangelização só pode ser 
					realizada dentro da verdade: “Não 
					será enfraquecendo a verdade moral e negligenciando os 
					verdadeiros valores que a Igreja cumprirá a sua missão em 
					favor do homem” (João Paulo II aos Bispos 
					brasileiros – regionais Sul 3 e Sul 4 da CNBB). 
					A evangelização fora da verdade é mais um ato de covardia e 
					traição do que de evangelização, e o pregador não pode 
					deixar de falar a verdade só porque tem alguém que não a 
					aceita: “É porventura o favor dos 
					homens que agora eu busco, ou o favor de Deus? Ou procuro 
					agradar aos homens? Se eu quisesse ainda agradar aos homens, 
					não seria servo de Cristo” (Gl 1, 10). 
					A pessoa que não aceita o Evangelho de Jesus Cristo se 
					alimenta da mentira: “Vós sois do 
					diabo, vosso pai... porque é mentiroso e pai da mentira”
					(Jo 8, 44), e afasta-se rotundamente 
					de toda a possibilidade de comunicação divina, porque Deus 
					não está com a mentira, e sim, com a verdade:
					“Quem é da verdade escuta a minha voz” 
					(Jo 18, 37), e: 
					“Na sua boca jamais foi encontrada mentira”
					(Ap 14, 5). Quem tem medo de olhar de 
					frente a sua consciência tem medo de olhar de frente para 
					Deus, e só os que se dispõem a estar cara a cara podem ter 
					verdadeiro trato de amizade com Ele. Não é possível 
					encontrar a Deus sem este amor radical pela verdade: 
					“Não tenhas medo à verdade, ainda 
					que a verdade acarrete a morte” (São 
					Josemaría Escrivá). Como também não é 
					possível entender-se com os homens e conviver com eles, 
					porque a amizade sustentada pela mentira não é amizade 
					verdadeira, e sim, amizade farisaica: 
					“Por isso abandonai a mentira e 
					falai a verdade cada um ao seu próximo” (Ef 
					4, 25). 
					
					Muitos pregadores por medo de pregarem a 
					verdade começam a adulterar a Palavra de Deus, fecham a 
					porta da despensa e deixa o povo morrer de fome; esconde a 
					Bíblia, Tradição e Magistério, e abrem o baú da política, 
					falando daquilo que o Bem-aventurado João Paulo II proíbe:
					“Por conseguinte, os ministros 
					sagrados, bem como os religiosos e religiosas consagrados, 
					devem evitar cuidadosamente qualquer envolvimento pessoal no 
					campo de política ou do poder temporal” 
					(Aos Bispos - Regional Sul 1 da CNBB, Cf, também no 
					Diretório para o Ministério e a vida dos Presbíteros, nº 33). 
					
					Não devemos ter medo de evangelizar; a nossa 
					atitude, ao vivermos a fé cristã num ambiente em que existem 
					reservas, falsos escândalos ou simples incompreensões por 
					ignorância, deve ser a mesma de Jesus. Nunca devemos 
					desanimar nem sermos oportunistas; a nossa atitude deve ser 
					clara, coerente com a fé que professamos, porque somos 
					evangelizadores e não “enchedores” de linguiça:
					“Uma vez que Deus nos achou dignos de confiar-nos o 
					Evangelho, falamos não para agradar aos homens, mas, sim, a 
					Deus que perscruta o nosso coração” (1 Ts 
					2, 4). Quantas 
					vezes, este modo 
					de agir decidido, sem dissimulações nem medos, não é uma 
					grande eficácia apostólica! Em contrapartida, 
					“... assusta o mal que podemos 
					causar se nos deixamos arrastar pelo medo ou pela vergonha 
					de nos mostrarmos como cristãos na vida diária”
					(São Josemaría Escrivá). Não deixemos 
					de manifestar a nossa fé com simplicidade e naturalidade, 
					quando a situação o requeira. Nunca nos arrependeremos desse 
					comportamento consequente com o nosso ser mais íntimo. E o 
					Senhor se encherá de alegria ao olhar-nos. 
					
					Toda a vida de Jesus está cheia de firmeza. 
					Nunca o vemos vacilar. Ele sempre pregou abertamente e sem 
					medo: “Falei abertamente ao 
					mundo... nada falei às escondidas” (Jo 18, 
					20). Ele pede aos que O seguem essa vontade 
					firme em qualquer situação. Deixar-se levar pelos respeitos 
					humanos é próprio de pessoas com uma formação superficial, 
					sem critérios claros, sem convicção profunda ou de caráter 
					débil. Os respeitos humanos surgem quando se dá mais valor à 
					opinião das outras pessoas do que do Juízo de Deus, sem ter 
					em conta as Palavras de Jesus: 
					“Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, 
					também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na 
					glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc 
					8, 38). Não devemos temer os ataques dos 
					homens, é melhor suportar todos os tipos de zombarias, 
					críticas, perseguições, etc., e continuar pregando o 
					Evangelho, do que deixar tudo de lado e ouvir no dia do 
					Juízo as seguintes palavras: 
					“Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado 
					para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25, 
					41). 
					
					O verdadeiro missionário abre o coração e 
					pisa todo tipo de respeito humano; o importante é levar a 
					boa nova para os sedentos, para aqueles que estão à procura 
					de uma orientação. Os Apóstolos foram perseguidos e 
					maltratados, mas não deixaram de evangelizar, mesmo no meio 
					de tantas perseguições: “Chamaram 
					de novo os apóstolos e açoitaram-nos com varas. E, depois de 
					intimá-los a que não falassem mais no nome de Jesus, 
					soltaram-nos. Quanto a eles, saíram do recinto do Sinédrio 
					regozijando-se, por terem sido achados dignos de sofrer 
					afrontas pelo Nome. E cada dia, no Templo e pelas casas, não 
					cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova de Cristo 
					Jesus”
					(At 5, 40-42). 
					
					O missionário deve ser forte, a exemplo 
					de Santa Maria Madalena. 
					
					Nós, os cristãos, não somos amigos das 
					sombras e dos cantos escuros, mas da luz, da claridade na 
					vida e na palavra: “Brilhe do 
					mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as 
					vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos 
					céus” (Mt 5, 16). 
					
					Vivemos uns tempos em que é mais necessário 
					proclamar a verdade sem ambiguidades, porque a mentira e a 
					confusão imperam por toda a parte. E quanto maior for a 
					oposição, maior deve ser a nossa luta: 
					“O Cristão nasceu para a luta, e 
					quanto mais encarniçada se apresenta, tanto mais segura há 
					de ser a vitória com o auxílio de Deus” 
					(Leão XIII). 
					
					O missionário não deve ter medo de perder o 
					brilho de um prestígio apenas aparente, ou de sofrer a 
					murmuração ou até a calúnia por defender a sua fé: 
					“Bem-aventurados sois, quando vos 
					injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o 
					mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e 
					regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos 
					céus” (Mt 5, 11-12). 
					Devemos ser fortes e valorosos diante das dificuldades, como 
					é próprio dos filhos de Deus: 
					“Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar 
					a alma; temei antes aquele que pode fazer perder a alma e o 
					corpo no inferno” (Lc 12, 4). 
					Jesus exorta-nos a não temer nada, exceto o pecado, que tira 
					a amizade com Deus e conduz à condenação eterna. 
					
					O missionário deve ser forte, deve enfrentar 
					todas as dores e perigos. Fugir é próprio do covarde. A cruz 
					não acolhida torna-se duplamente pesada: 
					“Há pessoas que procuram 
					continuamente evitar o que é duro. E quantas há que sofrem 
					mais por quererem sofrer menos” (Dom 
					Rafael Lhano Cifuentes). 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 24 de 
					abril de 2014 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Manuel de Tuya, 
					Bíblia comentada 
					
					Dom Servílio Conti, 
					Escritos 
					
					Santo Agostinho, 
					Escritos 
					
					Leão XIII, 
					Sapientiae Christianae 
					
					Bem-aventurado 
					João Paulo II, Escritos 
					
					Toledo, Escritos 
					
					Dom Rafael Llano 
					Cifuentes, Escritos 
					
					São Josemaría 
					Escrivá, Escritos 
					
					Pe. Gabriel de 
					Santa Maria Madalena, Intimidade Divina 
					
					Dom Duarte 
					Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos 
					
					Dom Isidro Gomá y 
					Tomás, O Evangelho Explicado 
					
					Bíblia Sagrada, 
					Pontifício Instituto Bíblico de Roma 
					
					Pe. Juan Leal, A 
					Sagrada Escritura (texto e 
					comentário) 
					
					  
					
					  
					
					  
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