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					PONDO-SE NO MEIO DELES 
					
					(Jo 20, 19) 
					  
					
					“À tarde desse 
					mesmo dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas 
					onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus 
					veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: ‘A paz esteja 
					convosco!’”. 
					  
					
					  
					  
					
					Jesus Cristo 
					aparece aos Apóstolos na PRÓPRIA TARDE do 
					DOMINGO em que RESSUSCITOU. 
					Apresenta-se NO MEIO DELES sem necessidade de 
					abrir as portas, já que goza das qualidades do corpo 
					glorioso. 
					
					O Pe. Juan 
					Leal, citando São João Crisóstomo, Leôncio, 
					Teofilacto e Eutímio, diz que essa APARIÇÃO 
					foi ao ANOITECER. Provavelmente depois das 
					OITO HORAS. Em Mc 16, 14 diz que estavam à 
					mesa. Possivelmente no mesmo cenáculo (cf. 
					At 1, 13).  Por Lc 24, 33 sabemos que com os 
					apóstolos estavam “seus companheiros” e os 
					dois de Emaús. 
					
					Poderia se 
					perguntar como pode afirmar o evangelista que isso ocorreu 
					no PRIMEIRO dia da SEMANA, pois era já de 
					NOITE e os judeus, desde o pôr do sol, 
					começavam o novo dia. Responde Teodoro de Mopsuestia 
					que a palavra TARDE vem significar o fim do 
					primeiro dia e inicio do segundo. 
					
					“...
					
					estando fechadas as portas”.
					
					O fato das PORTAS FECHADAS serve para declarar 
					o PODER e GLÓRIA de Jesus 
					ressuscitado. 
					
					O corpo de Jesus 
					Cristo, GLORIFICADO, já não necessitou que lhe 
					abrisse a porta para poder entrar no lugar fechado. Tinha as 
					qualidades do corpo “espiritual”, de que nos 
					fala São Paulo Apóstolo (1 Cor 15, 44). 
					
					Jesus Cristo 
					ENTROU no cenáculo com as PORTAS FECHADAS, 
					da mesma maneira que SAIU do VENTRE 
					MATERNO sem violá-lo e do sepulcro sem tirar a pedra
					(afirmam isso: São Justino, São 
					João Crisóstomo, Santo Hilário, Santo Eusébio, Emiseno, 
					Santo Epifânio, São Gregório Nazianzeno, São Jerônimo, 
					Anfilóquio, Leão, São Cirilo de Jerusalém, ambos Teodoros, 
					Leôncio, São Beda, Teofilacto, Eutímio, Ruperto e Nicéfaro). 
					
					Santo Agostinho 
					comenta: 
					“Onde estava a divindade, as portas fechadas 
					não logravam resistir as dimensões do corpo. Foi possível 
					entrar pelas portas fechadas aquele cujo nascimento não 
					impediu que ficasse inviolada a virgindade da mãe”. 
					
					Alguns 
					hereges afirmam que Jesus Cristo bateu na porta e a 
					mesma foi aberta pelos Apóstolos. Outros dizem que Jesus 
					abriu a porta pelo seu poder. Alguns, mais cegos, dizem que 
					Nosso Senhor entrou pela janela ou por algum buraco na 
					parede. 
					Outros aceitam que Jesus Cristo entrou no cenáculo estando a 
					porta fechada, mas afirmam que passou pela parede ou 
					telhado, e não pela porta fechada. 
					
					Santo 
					Hilário 
					diz: 
					“Pergunto... por onde entrou Cristo corpóreo 
					naquela casa fechada? Diligentemente expressa o 
					evangelista quando disse: 
					... estando fechadas 
					as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos 
					judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles”. 
					
					“...
					por 
					medo dos judeus”. 
					A notícia do desaparecimento do corpo de Jesus Cristo havia 
					se espalhado e é natural que os judeus suspeitassem dos 
					apóstolos e que esses se defendessem. 
					
					“...
					
					pondo-se no meio deles”.
					
					São Justino 
					vê nesse fato a realização do Salmo 22, 23, 
					citado em Hebreus 2, 12. 
					
					Inesperadamente, 
					Jesus Cristo apareceu no meio deles. Lc 24,37 
					 que narra esse acontecimento, diz que ficaram 
					ESPANTADOS, pois acreditavam ver um ESPÍRITO 
					ou um FANTASMA. 
					
					O Senhor 
					ressuscitado ENTROU na casa FECHADA: 
					subitamente, sem indício algum de sua vinda, sem ruído e sem 
					abertura de porta alguma. 
					
					PONDO-SE... 
					quer dizer, sem abrir as portas nem dar sinal de entrada, 
					subitamente, de improviso, apareceu no meio deles. 
					
					NO MEIO 
					DELES... 
					Para que fosse visto por todos e para que 
					pudesse mostrar a todos, como 
					disse Eutímio. 
					
					Por que Jesus Cristo quis ENTRAR
					(pondo-se no meio deles)
					
					no cenáculo com as portas fechadas, coisa que bem mais 
					parecia contraproducente que favorável?
					Ele queria mostrar aos 
					apóstolos que tinha verdadeiro corpo. 
					
					Leôncio 
					escreve: 
					“Ele quis ensinar aos apóstolos que não 
					deviam pensar que seu corpo era mortal, mas sim, 
					glorificado”. 
					
					Teodoro de 
					Heraclea 
					diz: 
					“Ele quis mostrar assim sua divindade, à qual 
					não pode  opor-se coisa alguma por fechada que esteja”. 
					
					Teodoro de 
					Mopsuestia 
					e Eutímio escrevem: 
					“Não quis o Salvador 
					assustar aos apóstolos batendo na porta... pensariam que 
					fosse algum judeu, a quem tanto tinham medo”. 
					
					Teofilacto 
					diz: 
					“Ele quis ensinar aos apóstolos como havia 
					sido a ressurreição. Isto é, que havia saído do sepulcro da 
					mesma maneira que entrara no cenáculo”. 
					
					“...
					
					lhes disse: ‘A paz esteja convosco!’”. 
					É a saudação de costume no Oriente. Em Jo 20, 21 se 
					repete solenemente, antes de dar o Espírito Santo, que é o 
					dom fundamental da paz de Cristo. 
					
					Esta PAZ 
					é já mais fecunda. É a PAZ do Príncipe da 
					PAZ, a PAZ messiânica, fecunda em 
					toda sorte de bem. 
					
					A PAZ ESTEJA 
					CONVOSCO!
					
					Os apóstolos estavam com MEDO, e, por isso, 
					como notou o evangelista, tinham fechado as portas. Pois, 
					para tirar-lhes o MEDO disse: 
					A paz esteja convosco! 
					
					São Gregório 
					Magno 
					escreve: 
					“Sobre os que fecharam ao mundo as portas, 
					Cristo vem impensadamente e lhes dá alegre paz”. 
					
					São Bernardo de 
					Claraval escreve: 
					“Senhor, que nos dais?
					
					‘Dou-vos a paz, deixo-vos minha paz’. Basta-me isto, aceito 
					com gratidão o que me deixais... estou contente assim, e 
					certo de que aí está o meu bem... Paz quero, paz desejo e 
					nada mais. A quem a paz não basta, nem vós bastais. Sois, de 
					fato, a nossa paz, vós que, de dois povos, fizestes um só. 
					Reconciliar-me convosco, reconciliar-me comigo, eis o que me 
					basta, meu único necessário. De fato, quando estou contra 
					vós, sou pesado a mim mesmo. Devo estar atento para não ser 
					ingrato ao benefício da paz que me dais. A vós, ó Senhor, a 
					glória... para mim, está bem a paz...” 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 24 de 
					abril de 2014 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Manuel de Tuya, 
					Bíblia comentada 
					
					Pe. Juan de 
					Maldonado, Comentário do Evangelho de São João 
					
					São Justino, 
					Escritos 
					
					Santo Agostinho, 
					Escritos 
					
					Edições Theologica 
					
					São Bernardo de 
					Claraval, Escritos 
					
					Pe. Gabriel de 
					Santa Maria Madalena, Intimidade Divina 
					
					Dom Duarte 
					Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos 
					
					Dom Isidro Gomá y 
					Tomás, O Evangelho Explicado 
					
					Bíblia Sagrada, 
					Pontifício Instituto Bíblico de Roma 
					
					Pe. Juan Leal, A 
					Sagrada Escritura (texto e 
					comentário) 
					  
					  
					  
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