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					A QUEM PERDOARDES... AOS QUAIS RETIVERDES 
					
					(Jo 20, 23) 
					  
					
					“Aqueles a quem 
					perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos 
					quais retiverdes ser-lhes-ão retidos”. 
					  
					
					
					  
					  
					
					São João 
					Crisóstomo escreve: 
					“Dizem alguns que 
					por esta insuflação não lhes deu o Espírito Santo, mas que 
					os fez aptos para recebê-lo. Se, pois, ao ver Daniel ao anjo 
					desmaiou-se, que poderia suceder aos apóstolos ao receber 
					tão inefável graça, sem ter recebido uma preparação? Não 
					será pecado dizer que eles receberam, então, o poder da 
					graça espiritual, não de ressuscitar mortos nem fazer 
					milagres, mas o de perdoar os pecados. Segue-se: ‘Aqueles a 
					quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados’”, 
					e: 
					“A caridade da Igreja que é difundida pelo Espírito Santo 
					nos nossos corações, perdoa os pecados dos que participam 
					dela, e retém os pecados dos que dela não são participantes”, 
					e também: 
					“O poder de perdoar os pecados está somente 
					na Igreja, na qual unicamente se pode dar o Espírito Santo”
					(São Cipriano). 
					
					Jesus SOPRA 
					sobre os apóstolos para significar o PODER 
					divino que está para dar-lhes de perdoar os pecados, e 
					que é atribuído de modo particular ao Espírito Santo. 
					Não deve, no entanto, ser confundido com o 
					dom do Espírito Santo que Jesus dará à sua 
					Igreja no dia de Pentecostes. O PODER de 
					perdoar os pecados sob a forma de julgamento exige a 
					CONFISSÃO. Ao dar esse PODER à Igreja,
					Jesus Cristo institui o sacramento da penitência. 
					
					Aqueles a quem perdoardes os pecados 
					ser-lhes-ão perdoados. Com 
					estas palavras confere Jesus Cristo aos seus Apóstolos o 
					PODER de PERDOAR ou NÃO PERDOAR os pecados, 
					conforme as disposições de cada um. Ora, para que eles 
					possam JULGAR essas disposições, é necessário 
					conhecê-las, e daí 
					a necessidade da CONFISSÃO. Também não basta 
					uma confissão qualquer, em termos vagos e gerais, porque os 
					Apóstolos têm de pronunciar-se sobre cada um dos pecados, 
					a fim de julgá-los, de perdoá-los ou não, sempre 
					conforme as disposições do penitente. Para pronunciar uma 
					sentença de vida ou de morte, deve o juiz 
					conhecer primeiramente a natureza do crime cometido, 
					avaliar as circunstâncias agravantes ou atenuantes, ouvir as 
					testemunhas, e depois decidir conforme a Justiça. 
					Ora, só o pecador conhece a natureza da sua falta com todas 
					as suas circunstâncias, é ele a única testemunha digna de 
					fé, porque fala contra si mesmo; portanto, deve ser, 
					ao mesmo tempo, réu, acusador e testemunha, confessando-se 
					ao juiz para dele receber a sua sentença. 
					
					A confissão 
					é, pois, um tribunal de Misericórdia infinita e de tanta 
					bondade que, mesmo quando o juiz não pode absolver, por 
					faltarem ao réu as condições indispensáveis para o perdão, 
					despede-o com uma benção, a fim de reanimar a sua coragem, e 
					dispô-lo a receber oportunamente as misericórdias de Deus. 
					
					“A quem
					perdoardes os pecados...” 
					Nos sinópticos (Mateus, Marcos e 
					Lucas) Jesus Cristo perdoa os pecados. 
					Aqui transmite o mesmo poder seu aos que 
					havia dado o Espírito Santo. 
					
					A Igreja 
					Católica compreendeu sempre – e assim o definiu – 
					que Jesus Cristo com estas palavras: 
					“Aqueles a quem 
					perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados”,
					
					conferiu aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados, poder 
					que se exerce no sacramento da Penitência. 
					
					O Concílio de 
					Trento ensina: 
					“O Senhor instituiu o sacramento da 
					Penitência, quando, ressuscitado de entre os mortos, soprou 
					sobre os seus discípulos dizendo: ‘Recebei o Espírito 
					Santo...’  Por este fato tão insigne e por tão claras 
					palavras, o sentir comum de todos os Padres entendeu sempre 
					que foi comunicado aos Apóstolos e aos seus  legítimos 
					sucessores o poder de perdoar e reter os pecados para 
					reconciliar os fiéis caídos em pecado depois do Batismo”
					(De Paenitencia). 
					
					O sacramento 
					da Penitência é a expressão mais sublime do amor e da 
					misericórdia de Deus com os homens, 
					como ensina Jesus na parábola do filho pródigo. O Senhor 
					espera sempre com os braços abertos que voltemos 
					arrependidos, para nos perdoar e nos devolver a nossa 
					dignidade de filhos seus. 
					
					Os Papas têm 
					recomendado com insistência que nós, os cristãos, saibamos 
					apreciar e aproveitemos com fruto este Sacramento: 
					“Para 
					progredir mais rapidamente no caminho da virtude, 
					recomendamos vivamente o pio uso, introduzido pela Igreja 
					sob a inspiração do Espírito Santo, da confissão frequente, 
					que aumenta o conhecimento próprio, desenvolve a humildade 
					cristã, desarraiga os maus costumes, combate a negligência e 
					tibieza espiritual, purifica a consciência, fortifica a 
					vontade, presta-se à direção espiritual, e por virtude do 
					mesmo sacramento aumenta a graça” 
					(Pio XII). 
					
					“...
					ser-lhes-ão perdoados”. 
					– por Deus, – pelo Céu. No momento em que o sacerdote 
					pronuncia as palavras sagradas, Cristo, mediante o Espírito 
					Santo, perdoa os pecados confessados. O sacerdote é 
					instrumento, a boca de Cristo; cumpre o ofício de Cristo. A 
					graça não provém do sacerdote, mas de Cristo. 
					
					“... aos quais 
					retiverdes”. 
					O paralelismo das duas sentenças exige que PERDOAR 
					e RETER rejam o mesmo complemento: os 
					pecados. Limitar o PODER do Espírito 
					que recebeu os apóstolos à pregação do batismo 
					e remissão dos pecados é abertamente contrário 
					ao texto e contexto. Note-se que a missão dos apóstolos 
					corre paralela com a de Jesus Cristo, que Jesus tinha 
					verdadeiro PODER para perdoar, que os 
					apóstolos recebem o Espírito, princípio dinâmico, que os 
					apóstolos, em virtude desse Espírito, podem PERDOAR 
					e RETER. 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 28 de 
					abril de 2014 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Manuel de Tuya, 
					Bíblia comentada 
					
					Edições Theologica 
					
					Pe. Juan de 
					Maldonado, Comentário do Evangelho de São João 
					
					Dom Duarte 
					Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos 
					
					Dom Isidro Gomá y 
					Tomás, O Evangelho Explicado 
					
					Santo Agostinho, 
					Escritos 
					
					São João 
					Crisóstomo, Escritos 
					
					São Cipriano, 
					Escritos 
					
					Pe. Alfred Barth, 
					Enciclopédia Catequética 
					
					H. Bruder, 
					Escritos 
					
					Pio XII, Mystici 
					Corporis 
					
					Concílio de 
					Trento, De Paenitencia, cap. 1 
					
					Bíblia Sagrada, Pontifício Instituto Bíblico 
					de Roma 
					
					Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura 
					(texto e comentário) 
					  
					  
					  
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