FORAM ESCRITOS
PARA CRERDES
(Jo 20, 31)
“Esses, porém,
foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”.
Deduz destas
palavras de São João que Jesus Cristo se manifestou muitas
vezes aos seus discípulos, como prova da sua DIVINDADE
e particularmente da sua RESSURREIÇÃO.
Todavia, julga o Evangelista, ou melhor, o Espírito
Santo, que as aparições descritas são suficientes
para firmar a nossa fé.
Note-se que a fé é
conhecer e amar, e nesta
atividade existe um campo ilimitado. Cada dia
podemos conhecer e amar mais a
Jesus Cristo. O objeto da fé é Jesus, o
homem real, histórico, como Cristo ou
Messias e enviado oficial de Deus e como Filho de
Deus, em sentido próprio e autêntico, como se
desprende de todo o livro. VIDA tem o
sentido sobrenatural que tem no resto do livro,
sentido amplo e complexo, presente e
futuro. A VIDA também se desenvolve
e cresce. Os leitores do livro já a possuem,
porém podem ir crescendo, como todo organismo vivo (cf. 1
Jo 3, 2). N’ELE, “em seu nome”. O
nome em hebraico responde à pessoa e supre o nosso pronome
pessoal. A VIDA do fiel é obra de Cristo
Jesus; dá-se nele e por ele. A preposição tem, pois,
um duplo sentido local ou de meio (nele) e de
causa ou princípio (por ele). A videira cresce e
vive na vida e pela vida:
“Que os homens
creiam que Jesus é o Messias, o Cristo anunciado no Antigo
Testamento pelos profetas, o Filho de Deus, e que, ao crer
nesta verdade salvadora, centro da Revelação, possam
participar já aqui da vida eterna (cfr Jo 1, 12; 2, 23; 3,
18; 14, 13; 15, 16; 16, 23-26)”
(Edições Theologica).
Termina aqui João
o seu Evangelho, declarando uma vez mais a finalidade porque
o escreveu: demonstrar a divindade de Jesus Cristo e
proporcionar aos seus leitores a vida da graça e da glória.
O
Pe. Manuel de
Tuya
comenta:
“Para João
a
fé é fé com obras. É a entrega – fé e obras – a Cristo, para
assim ter ‘vida’, todo o assunto do evangelho, especialmente
destacado no de João. Porém, esta ‘vida’ só se tem em ‘seu
nome’. Para o semita, o nome está pela pessoa. Aqui a fé é,
portanto, na pessoa de Cristo, como o verdadeiro Filho de
Deus”.
Dom Isidro Gomá
y Tomás
escreve:
“A finalidade do milagre não é de ordem
natural; não se fazem os milagres para que admiremos o poder
de Deus, porque já temos abundantes argumentos na criação...
nem com um fim espetacular, para gozarmos de uma
manifestação extraordinária de um poder oculto. O milagre é
um fato de ordem sensível, extraordinário, que ultrapassa as
forças da natureza, para que, através do material dela, nos
elevemos ao espiritual e eterno (2 Cor 4, 18). O milagre é
realizado por Deus para que acreditemos, para que O amemos,
para que, pela fé e o amor, tenhamos vida sobrenatural no
nome de Jesus. Assim vem a ser o milagre como uma preparação
à fé. Nem todos os que vêem o milagre acreditam, porque o
homem pode fechar seus olhos à luz divina que o milagre
atrai; porém, o milagre tem luz bastante para guiar-nos a
Deus e para que, achando-O, vivamos n’Ele”.
O
Pe. Juan de
Maldonado
comenta:
“Muitas coisas disse o evangelista em poucas
palavras. Primeiro, silenciosamente, de ter omitido milagres
que poderiam ser apresentados, porque não
eram necessários para crer na ressurreição de Jesus Cristo,
já que os contados bastavam. Além disso, mostra que não
havia escrito para bajular o Senhor, quando tantas coisas
que poderiam ter feito a seu favor e honra, foram omitidas,
como Teofilacto observa; nem tampouco por vaidade, pois os
que foram tocados por ela escrevem histórias, não se deixam
no tinteiro coisa alguma memorável e que preste suavidade à
narração, como comenta São João Crisóstomo, Teofilacto
e Eutímio. Menos ainda havia São João escrito para
agradar o paladar dos leitores e satisfazer suas
curiosidades, mas somente para atender a sua utilidade. Com
o qual vem dizer que dá maior valor ao seu livro com aqueles
poucos milagres narrados, do que se tivesse narrado todos os
milagres que omitiu. Pois, tanto mais digna de crédito é uma
história, quanto mais claro aparece que seu autor não
pretendia tirar proveito nem fazer louvores, mas apresentar
somente o necessário ao leitor. Fala o evangelista como
mestre a todos que haviam de ler seu livro. Afirma que
escreveu para que creiamos que Jesus é o Cristo, Filho de
Deus, e acreditando n’Ele tenhamos a vida eterna; isto é,
que admitamos que aquele homem cuja história nos conta, e
que se chamava Jesus, era o Cristo, isto é, o Messias
prometido pelos profetas, que profetizaram que seria o
Filho de Deus. Parece que é mais correto dizer: ‘Para que
creiais que Jesus ressuscitou dentre os mortos’, pois,
como foi provado, menciona somente os milagres que provam a
ressurreição de Jesus Cristo. Assim é, pois, havia provado a
ressurreição de Jesus para que acreditássemos que o
ressuscitado era Cristo, Filho de Deus; preferiu mencionar o
fim último e não o mediato de sua história, a saber, que
crendo n’Ele tenhais a vida em seu nome. Seu efeito é a
fé, e o fruto conseguido em seu nome é que por seus
méritos e virtudes tenhamos a vida eterna. Pois não há
outro nome debaixo do céu dado aos homens em que possamos
ser salvos (At 4, 12). Como disse também São Pedro em
Atos dos Apóstolos 10, 43:
Dele todos os
profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome,
receberá a remissão dos pecados todo aquele que nele crer.
E
o mesmo São João na Primeira Carta 2, 12 diz: Eu vos
escrevo, filhinhos, porque os vossos pecados foram perdoados
por meio do seu nome. Ao nome de Cristo chama fé, porque
pela fé cremos no seu nome. E do mesmo modo podemos
interpretar esse versículo: Para que tenhais a vida em
seu nome. Isto é, pela fé no nome que creiais. Porém, os
hereges são bem estúpidos quando se empenham em tirar daqui
apoio para seus dois erros. UM, que
em nós não há méritos. OUTRO, que só a fé salva”.
Pe. Divino Antônio
Lopes FP (C)
Anápolis, 06 de
maio de 2014
Bibliografia
Sagrada Escritura
Pe. Manuel de Tuya,
Bíblia comentada
Pe. Juan de
Maldonado, Comentário do Evangelho de São João
Pe. Juan Leal, A
Sagrada Escritura (texto e
comentário)
Sagrada Escritura,
Pontifício Instituto Bíblico de Roma
Edições Theologica
Santo Agostinho,
Escritos
Dom Isidro Gomá y
Tomás, O Evangelho explicado
Ruperto, Escritos
Eusébio Emiseno,
Escritos
Eutímio, Escritos
São João
Crisóstomo, Escritos
São Cirilo de
Jerusalém, Escritos
São Gregório
Magno, Escritos
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