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					MANIFESTOU-SE ASSIM 
					
					(Jo 21,1) 
					  
					
					“Depois disso, 
					Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, às margens do 
					mar de Tiberíades. Manifestou-se assim”. 
					  
					
					  
					  
					
					Mar de 
					Tiberíades, 
					assim se conhecia o lago da Galiléia no mundo
					Greco-romano, pela cidade de Tiberíades, 
					que edificara Herodes Antipas em honra de 
					Tibério. 
					
					Discípulos, 
					apóstolos, sete deles. 
					É possível que dois não fossem apóstolos, mas discípulos em 
					geral: 
					“Os discípulos encontram-se ‘junto ao mar de 
					Tiberíades’, na Galiléia, cumprindo assim o mandato de Jesus 
					ressuscitado (cfr Mt 28, 7); estão juntos porque os laços de 
					fraternidade que os unem são muito fortes”
					(Edições Theologica). 
					
					Em 
					obediência à vontade do Mestre, os apóstolos haviam 
					voltado para a Galiléia, retomando a costumeira 
					profissão. Como nas restantes narrações do quarto 
					Evangelho, percebe-se nesta também o acento vivo da 
					testemunha ocular. 
					
					No mesmo dia 
					da ressurreição, Jesus Cristo 
					havia mandado que seus discípulos fossem para a Galiléia, 
					onde O veriam (Mt 28, 7; Mc 16, 7); estariam ali 
					livres das impertinências e perseguições 
					dos sinedritas (membros do sinédrio); e 
					dedicando-se ao ofício de pescadores, podiam mais facilmente 
					ganhar o sustento. Enquanto pescavam no lago de Genesaré, 
					apareceu-Lhes Jesus Cristo. 
					
					“Depois disso, 
					Jesus manifestou-se”.
					“DEPOIS 
					DISSO”, 
					fórmula vaga usada por São João com frequência, e não disse 
					a data da aparição: Jesus manifestou-se 
					novamente aos discípulos, às margens do mar de Tiberíades.
					É de notar o caráter das 
					aparições do Senhor: não era sempre visível, nem convivia 
					com seus Apóstolos como antes da sua morte... aparecia 
					subitamente quando queria e na forma que queria. 
					
					Porém, 
					calaram nos escritos de São João muitas coisas necessárias, 
					e disseram outras que não são tão necessárias. 
					Porque aqueles dois milagres que São João conta ter feito 
					Jesus depois da ressurreição, julga-os necessários e nenhum 
					outro evangelista que havia escrito antes, os colocou em 
					suas páginas. E depois de ter escrito tudo o que acreditava 
					ser necessário para crer, recorda nesse capítulo outros 
					milagres não necessários para provar a ressurreição, porém o 
					faz porque não se havia proposto deixar-nos precisamente por 
					escrito o necessário para crer no Salvador, senão somente 
					contar-nos sua história, ainda que sem acrescentar todas 
					suas obras, que, com certeza, não caberia os livros na face 
					da terra, como está no final do capítulo. Escreveu somente o 
					principal. Havendo, pois, coisas tão dignas de saber, 
					que os demais evangelistas, por atender a outros fins, 
					omitiram, São João quis narrá-las no presente capítulo. 
					São duas principalmente: UMA, 
					como se mostrou Cristo de novo no mar de Tiberíades, na 
					Galiléia, aos discípulos; OUTRA, como 
					deu a São Pedro o cuidado de apascentar todas as ovelhas. 
					
					Depois, 
					quer dizer:
					depois destes dois milagres que acabou de narrar, destas 
					duas aparições com as quais provou a seus discípulos a 
					verdade de sua ressurreição, outra vez Jesus 
					Cristo manifestou-lhes, não para demonstrar que havia 
					ressuscitado, pois já acreditavam com plena fé, mas sim, 
					para fortalecê-los na fé, como disse São Cirilo 
					de Jerusalém, ou, como comentou Santo Agostinho e
					São Beda, para declarar um mistério naquela pesca 
					milagrosa. Ambas as coisas são prováveis. Notam São João 
					Crisóstomo, Leôncio, Teofilacto e Eutímio, 
					que a palavra manifestou tem essa força... o corpo de Cristo 
					glorificado não podia ser visto se Cristo não quisesse. Da 
					mesma maneira que antes da ressurreição aquele corpo era 
					visível por natureza e só por divino poder podia fazer-se 
					invisível, assim depois da ressurreição era invisível por 
					sua sutileza e glória naturalmente. E só por 
					obra do seu poder se fazia visível aos discípulos. Ele não 
					se deixava ver pelos apóstolos continuamente, mas a seu 
					tempo, segundo seu divino querer. 
					
					Novamente 
					(outra vez): não significa que esta seja a 
					segunda manifestação, posto que no versículo 14 diz 
					ser a terceira, e, todavia, a palavra quer 
					dizer segunda. Logo, dizendo que é a 
					segunda, não garante que o fosse pela ordem ou pelo 
					número, se as contarmos, como está em Mt 28, 26, é a
					oitava; porém, tendo em conta o lugar, pode 
					afirmar-se que é a segunda pelo lugar onde 
					Jesus se manifestou, junto ao mar de Tiberíades. Pois, 
					ainda que se houvesse aparecido primeiro em diversos 
					lugares: junto ao sepulcro, às mulheres, em outro 
					lugar a São Pedro, aos discípulos de Emaús no caminho, aos 
					apóstolos reunidos em Jerusalém duas vezes, todavia, 
					como em São Mateus, o evangelista somente fala das aparições 
					que não foram particulares, a este ou aquele, senão 
					públicas, a todos, entre as quais esta foi a terceira, 
					como está no versículo 14, ainda que a segunda 
					pelo lugar, já que em Jerusalém duas vezes se havia 
					aparecido só, e agora, a aparição aconteceu  num cenário 
					novo, pela terceira vez, junto ao mar de 
					Tiberíades. O mar de Tiberíades não é um mar verdadeiro, 
					mas sim, um lago também chamado de Genesaré ou da Galiléia, 
					ou de Tiberíades, por diversas razões. 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 07 de 
					maio de 2014 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Manuel de Tuya, 
					Bíblia comentada 
					
					Pe. Juan de 
					Maldonado, Comentário do Evangelho de São João 
					
					Pe. Juan Leal, A 
					Sagrada Escritura (texto e 
					comentário) 
					
					Sagrada Escritura, 
					Pontifício Instituto Bíblico de Roma 
					
					Edições Theologica 
					
					Santo Agostinho, 
					Escritos 
					
					Dom Isidro Gomá y 
					Tomás, O Evangelho explicado 
					
					Leôncio, Escritos 
					
					Eutímio, Escritos 
					
					São João 
					Crisóstomo, Escritos 
					
					São Cirilo de 
					Jerusalém, Escritos 
					  
					  
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