Maria chorando
 

 

VAMOS NÓS TAMBÉM CONTIGO

(Jo 21, 3)

 

“Simão Pedro lhes disse: ‘Vou pescar’. Eles lhe disseram: ‘Vamos nós também contigo’”.

 

É interessante a INICIATIVA de São Pedro e como o seguem os outros. São João conservou esse detalhe com toda intenção. Corresponde à psicologia de São Pedro e a colação do PRIMADO.

Porque São Pedro e os demais que eram pescadores, segundo São João, voltaram a pescar? São João Crisóstomo, Teodoro de Heraclea, Teofilacto e Eutímio, e parece sentir o mesmo Leôncio, não dão outra razão senão que São Pedro e os demais pescadores voltaram a pescar, porque, abandonados por Jesus Cristo e sem missão de pregar, não quiseram permanecer OCIOSOS e tinham que ganhar o sustento com suas mãos. São Cirilo de Jerusalém vê algum mistério nesse trecho. Disse Cirilo: quis, Cristo, por meio daquela pesca indicar a São Pedro e aos demais discípulos qual havia de ser seu futuro ofício, de PESCAR HOMENS.

Santo Agostinho, São Beda, Ruperto, Eusébio Emiseno e São Gregório Magno, afirmam que Jesus Cristo não proibiu aos Apóstolos de trabalharem honestamente para ganhar a vida, ainda que lhes dera permissão de viver do Evangelho. Porém, nesse intervalo, não pregavam o Evangelho, ainda quando o pregassem, poderiam, contudo, trabalhar com as próprias mãos e respeitar o ofício apostólico, quanto a viver dele. Como fez o Apóstolo São Paulo: “Vós mesmos sabeis que, às minhas precisões e às de meus companheiros, proveram estas mãos” (At 20, 34), e: “Nem recebemos de graça o pão que comemos; antes, no esforço e na fadiga, de noite e de dia, trabalhamos para não sermos pesados a nenhum de vós” (2 Ts 3, 8). Entretanto, nada fizeram contra o conhecido aviso de Jesus Cristo: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9, 62). Porque não olharam para trás, mas sim, para frente... trabalharam manualmente com o propósito de não abandonar o ofício evangélico.

São Gregório Magno escreve: “Sabemos que Pedro foi pescador e Mateus cobrador de impostos; e depois de sua conversão, Pedro voltou a pescar, porém Mateus não voltou ao seu negócio; porque uma coisa é buscar o sustento pela pesca e outra coisa conseguir dinheiro com os impostos. Existem certos negócios que só se pode fazer pecando. Logo, as coisas que levam ao pecado devem ser abandonadas depois da conversão”.

“Simão Pedro lhes disse: ‘Vou pescar’”. Está claro que São Pedro NÃO quis VIVER na OCIOSIDADE e na PREGUIÇA: “Vou pescar”.

São Pedro foi um servo trabalhador... não foi um servo preguiçoso e iníquo que desperdiça o tempo em palavras ociosas e inúteis.

Infelizmente, existem milhões de pessoas que desperdiçam o dia em visitas frívolas, em conversações vazias, cheias talvez de mentiras, de murmurações e de trivialidades. Certas mulheres não têm tempo para rezar o Santo Rosário, ou o Terço, e nem mesmo para reunir os seus filhos com paciência e fazê-los rezar antes de dormir; mas, para tagarelarem, acham tempo. Certos homens não têm tempo para se aproximarem dos sacramentos, para frequentarem a doutrina cristã, mas têm tempo para ficar três ou quatro horas em alguma reunião mundana.

É preciso sacudir a preguiça e dizer com o coração, lábios e vida: “VOU PESCAR”. Vou “PESCAR” ALMAS para Deus... para o céu... vou “PESCAR”, isto é, ocupar bem o tempo e realizar boas obras... “construir” a minha morada no Céu.

De que adianta uma pessoa se gabar de ser católica e de possuir uma alma, se depois nada faz para salvá-la? Alguém pode se salvar através da PREGUIÇA e do ÓCIO?

Devemos lembrar com frequência que a vida foge como a água e é breve como um dia. “PESQUEMOS” ALMAS enquanto é tempo... “PESQUEMOS” ALMAS sem esquecer a nossa... porque depois vem a treva da morte e já não podemos trabalhar: “Enquanto é dia, temos de realizar as obras daquele que me enviou; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9, 4).

Santo Agostinho escreve: “Nesta pesca, os discípulos eram sete: Pedro, Tomé, Natanael, os dois filhos de Zebedeu e mais dois cujos nomes não vêm mencionados. O número sete significa o fim do tempo. O tempo universal decorre em sete dias”.

“Eles lhe disseram: ‘Vamos nós também contigo’”. Os outros seguiram a São Pedro, mas sabemos que é muito difícil isso acontecer... É preciso “PESCAR” ALMAS e CONVIDAR com INSISTÊNCIA os acomodados e preguiçosos a fazerem o mesmo: “Nenhum crente, nenhuma instituição da Igreja pode esquivar-se deste dever supremo: anunciar Cristo a todos os povos” (São João Paulo II), e: “Como membros de Cristo vivo, a Ele incorporados e configurados pelo Batismo e também pela Confirmação e a Eucaristia, obrigados se acham todos os fiéis ao dever de cooperar na expansão e dilatação de seu corpo, para O levarem quanto antes à plenitude” (Decreto “Ad Gentes”), e também: “Os fiéis cristãos, membros de um organismo vivo, não podem ficar encerrados em si mesmos e acreditar que basta ter pensado e providenciado sobre as próprias necessidades espirituais para ter cumprido todo o seu dever. Em vez disso, cada um por sua própria parte deve contribuir para o incremento e para a difusão do Reino de Deus na terra” (São João XXIII).

Não basta “PESCARMOS” ALMAS para Deus... devemos também ENSINAR o próximo a “PESCAR”: “Convençam-se por isso vivamente todos os filhos da Igreja de sua responsabilidade para com o mundo. Fomentem em si um espírito verdadeiramente católico. Empenhem-se com afinco na obra da evangelização. Contudo saibam todos que seu primeiro e principal dever pela difusão da fé consiste em viver profundamente a vida cristã” (Decreto “Ad Gentes”) e:  “A ação dos fiéis leigos, que, aliás, nunca faltou neste campo, aparece hoje cada vez mais necessária e preciosa. Na verdade, a ordem do Senhor ‘Ide por todo o mundo’ continua a encontrar muitos leigos generosos, prontos a deixar o seu ambiente de vida, o seu trabalho, a sua região ou pátria, para ir, ao menos por um certo tempo, para zonas de missão” (São João Paulo II), e também:  “Aliás, a participação dos leigos na expansão da fé é clara, desde os primeiros tempos do cristianismo, tanto a nível de indivíduos e familiares, como da comunidade inteira” (Idem.).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 07 de maio de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia comentada

Pe. Juan de Maldonado, Comentário do Evangelho de São João

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura (texto e comentário)

São Beda, Escritos

Decreto “Ad Gentes”, nº 36

São João XXIII, na Encíclica “Princeps Pastorum”

São João Paulo II, Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 3 e nº 71; “Chistifideles Laici”, nº 35

Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina

Santo Agostinho, Escritos

São Gregório Magno, Escritos

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Vamos nós também contigo”

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