“Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando”
(Jo 20, 11).
Ó Maria Madalena, tu
não és aquela pecadora que vivia a seduzir os homens?
Tu não és aquela
mulher que passava noites e noites a serviço do mundo, do demônio e da
carne?
Ó Maria, tu não és
aquela mulher da qual Nosso Senhor expulsou muitos demônios?
Sim, tu és aquela
mulher que seduzia os homens, mas agora conquista-os para o Senhor
Onipotente.
Tu és aquela mulher
das noitadas, mas agora passas as noites em oração.
Tu és aquela mulher
que possuía muitos demônios, mas agora é toda de Jesus Cristo.
Ó Maria Madalena,
porque essa mudança? Está claro que a Luz Eterna “passou” na sua
vida, e você escancarou as portas para Ela, e assim, as trevas
desapareceram.
Ó alma apaixonada! Ó
Maria de Magdala! O seu amor por Cristo é grande e a sua fidelidade é
extraordinária.
E agora tu choras do
lado de fora do túmulo. Por que choras, ó Maria Madalena?
Sente vontade de
voltar para o mundo? O desânimo aninhou no seu coração? Está com a fé
abalada? Pensa que tudo foi ilusão?
Não! Nada disso! Por
que então choras do lado de fora do túmulo?
“Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”
(Jo 20, 13).
Sim, Maria Madalena,
quem encontrou Cristo encontrou a verdadeira felicidade… quem o encontrou
não sente mais atrativo pelas coisas passageiras desse mundo… quem encontrou
a sua verdadeira Face jamais o esquece.
Agora, o seu coração
está vazio das trevas e cheio da verdadeira Luz… Luz que suaviza, que
aquece, que brilha, que consola…
Tu disseste:
“Levaram o meu Senhor”. Não disse
senhores… os senhores do mundo… os senhores da vida de pecado… os senhores
para quem tu vendias o corpo… esses não são mais lembrados, porque agora tu
encontraste o verdadeiro Senhor, aquele que enche a sua alma da verdadeira
felicidade, da paz mais pura…
Agora, tu não choras
mais pelos amores deixados no mundo; mas sim, pelo verdadeiro Amor, aquele
Amor que expulsou da sua alma vários demônios e colocou na mesma a paz que
os antigos amores não podiam dar.
Ó Maria Madalena, no
seu coração, agora, não há mais espaço para os amores desse mundo; mas sim,
somente para o Amor Eterno.
Tu encontraste o
verdadeiro Amor, e não quer perdê-lo, porque quem o possui
“é rico de todos os bens”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
Tu choras porque o
seu amor é verdadeiro… quem ama pensa na pessoa amada, não desvia o
pensamento para as coisas da terra… quem ama o Eterno não se sente bem
colocando o coração naquilo que hoje está vivo e amanhã já não existe.
Tu não choras de
saudade dos demônios que estavam em sua alma; mas sim, chora de amor pelo
Senhor que te libertou.
Quão grande é a
diferença do amor dos amores do mundo com o Amor que te ama com um amor
infinito!
O amor dos amores
passa como o vento e trás amargura para a alma; enquanto que o amor infinito
permanece para sempre.
Feliz de você, Maria
Madalena, que chora pelo Amor Eterno… quem ama a Cristo Jesus possui a
verdadeira riqueza… vive preso pelas algemas do seu amor… é um soldado que
ama o seu rei… é um escravo que serve com alegria e disponibilidade o seu
Senhor… quem ama a Jesus Cristo não ama o mundo; pelo contrário, vive de
costas viradas para o mesmo.
Felizes lágrimas, ó
Maria Madalena, felizes lágrimas as suas… lágrimas de amor, de gratidão…
lágrimas de uma escrava em busca do seu Senhor.
São Francisco de
Sales diz “que a santidade consiste em amar a
Deus de coração”. Está claro que tu, ó Santa Maria Madalena,
fostes “canonizada” em vida… o seu amor está “estampado” na
Sagrada Escritura… é impossível duvidar do seu amor por Nosso Senhor.
Quem ama a Deus corre
no caminho da perfeição… o amor une a criatura ao seu Senhor… tu amas
verdadeiramente a Cristo e não quer se apartar d’Ele… o amor cresceu e a sua
amizade com Nosso Senhor se estreitou… feliz união, união do amor, do
verdadeiro amor.
Ó Maria Madalena, o
seu amor é verdadeiro… tu rompeste com o passado, abandonou os falsos amores
para ficar com o verdadeiro Amor… quem ama não divide o coração.
O amor a Deus nunca
diz basta… por isso o seu coração se tornou uma “chama”… “chama” que
arde sem se apagar… “chama” permanente.
Pe. Divino Antônio
Lopes FP(C)
Anápolis, 15 de
outubro de 2006
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