“A paz esteja convosco!”
(Jo 20, 19).
Jesus ressuscitado deseja a verdadeira paz aos seus
Apóstolos… aquela paz que o mundo não pode dar… a paz que vem do alto, de
Deus.
Em que consiste essa paz? É a tranquilidade de um coração
que sempre se domina e é senhor de si, sem jamais se perturbar nem
precipitar.
Aquele que possui a paz que vem do alto vive no meio das
dificuldades sem se irritar… enfrenta os obstáculos sem perder a calma…
suporta as provações sem perder a paciência. A paz que vem de Deus nos ajuda
a percorrer o caminho da cruz com alegria, fé e paciência… sem se entregar
ao relaxamento. Muitas pessoas se desmoronam diante das dificuldades,
deixando o relaxamento invadir a sua vida… as suas ações.
Quem possui a verdadeira paz sabe muito bem dominar o seu
coração… é senhor de si… controla perfeitamente as “rédeas”… não se
perturba nem se precipita diante das provações. Essa paz vale mais do que o
ouro… quem a possui vive no mar agitado da vida sem se assustar com o
tamanho e a violência das ondas.
Alguns pensam que a paz consiste no relaxamento, na
melosidade, na covardia, na preguiça, no comodismo, no cruzar os braços, na
omissão… Não! A paz que vem do mundo é assim; mas a paz que vem do alto é
totalmente diferente; ela reinou no coração dos santos… é a tranquilidade
de um coração que sempre se domina e é senhor de si, sem jamais se perturbar
nem precipitar.
Quem não possui a paz verdadeira toma atitudes precipitadas e
joga tudo fora. Não é seguro navegar em águas agitadas! Quando a água está
suja, é impossível enxergar o fundo do lago. Quando um coração está agitado,
não é correto tomar decisões… a paz constrói, enquanto que a agitação
destrói.
É grande sabedoria saber dominar o coração, principalmente
quando sopram ventos contrários. Aquele que se precipita durante as
dificuldades não chegará ao porto seguro… mas “naufragará”.
Em que consiste essa paz desejada por Jesus Cristo aos seus
Apóstolos? Seria “adular” a carne… conformar com o mundo e suas
máximas… inclinar a cabeça diante da infidelidade e rebeldia dos homens?
Não! Isso é coisa do mundo; não de Deus.
A paz desejada por Jesus Cristo é diferente. Ela domina as
paixões… acalma os movimentos rebeldes da nossa natureza… nos indica o
caminho seguro que devemos percorrer para conservar a graça santificante na
nossa alma. Quem possui essa paz vive seguro… é senhor de si.
A paz desejada por Jesus Cristo aos seus Apóstolos é essa
doce liberdade de espírito que, fazendo cada coisa a seu tempo, com ordem e
prudência, se aplica ao seu dever sem reclamar do passado… sem se apegar ao
presente e sem inquietação a respeito do futuro.
Essa paz é finalmente esse sossego da alma que,
comunicando-se fora, imprime a todas as ações do corpo o que é de recatado,
de suave, de modesto, que edifica, que é pacífico sem lentidão, pronto sem
precipitação; que não se deixa possuir, como Marta, dessa excessiva
atividade que esgota as forças. Mas estar como Maria ouvindo a Jesus Cristo
e pondo a sua ação no descanso com que ouve. Todos os seus movimentos são
suaves, as suas operações moderadas, os seus esforços sem contenção do
espírito… o que acontece exteriormente não lhe excitam emoções vivas: é a
imagem de Deus que nunca se perturba, nem com os ultrajes que recebe, nem
com as grandes obras que faz (M. Hamon).
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
Anápolis, 14 de janeiro de 2018
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