“Não tenham medo
de evangelizar”
(João Paulo II, Homilia da Missa conclusiva da VIII
Jornada Mundial da Juventude, Denver, 15 de maio de 1993)
O Papa João Paulo II nos convida a evangelizar sem medo, e na
sociedade em que vivemos, teremos que falar com firmeza – com a
segurança de quem tem a verdade do seu lado. Quando um católico é
convicto e firme na fé não tem medo de evangelizar, mesmo se
encontra dificuldade pela frente não desanima, porque:
“As coisas de
Deus são sempre acompanhadas da Cruz e do sofrimento, e suas obras
regadas com o orvalho das lágrimas”
(Dom Servílio Conti).
Nosso Senhor Jesus Cristo disse:
“O que vos digo às escuras, dizei-o
à luz do dia...” (Mt 10, 27). Jesus Cristo, o Grande Missionário,
dirige-se com essas palavras a cada um de nós, pois são muitos os
inimigos de Deus e da verdade que pretendem e se empenham em
conseguir que os cristãos não sejam nem sal nem luz no meio das
tarefas que os ocupam. Existem outros tão furiosos contra a verdade
que não suportam a presença do católico autêntico:
“Cerquemos o
justo, porque nos incomoda…” (Sb 2, 12), e nem querem ouvir a sua
pregação: “Eles, porém, dando grandes gritos, taparam os ouvidos…”
(At
7, 57).
A verdadeira evangelização só pode ser realizada dentro da verdade:
“Não será enfraquecendo a verdade moral e negligenciando os
verdadeiros valores que a Igreja cumprirá a sua missão em favor do
homem” (João Paulo II aos Bispos brasileiros – regionais Sul 3 e Sul
4 da CNBB). A evangelização fora da verdade é mais um ato de
covardia e traição do que de evangelização, e o pregador não pode
deixar de falar a verdade só porque tem alguém que não a aceita:
“É
porventura o favor dos homens que agora eu busco, ou o favor de
Deus? Ou procuro agradar aos homens? Se eu quisesse ainda agradar
aos homens, não seria servo de Cristo”
(Gl 1, 10). A pessoa que não
aceita o Evangelho de Jesus Cristo se alimenta da mentira:
“Vós sois
do diabo, vosso pai... porque é mentiroso e pai da mentira”
(Jo 8,
44), e afasta-se rotundamente de toda a possibilidade de comunicação
divina, porque Deus não está com a mentira, e sim, com a verdade:
“Quem é da verdade escuta a minha voz”
(Jo 18, 37), e:
“Na sua boca
jamais foi encontrada mentira” (Ap 14, 5). Quem tem medo de olhar de
frente a sua consciência tem medo de olhar de frente para Deus, e só
os que se dispõem a estar cara a cara podem ter verdadeiro trato de
amizade com Ele. Não é possível encontrar a Deus sem este amor
radical pela verdade: “Não tenhas medo à verdade, ainda que a
verdade acarrete a morte” (Bem-aventurado Josemaría Escrivá). Como
também não é possível entender-se com os homens e conviver com eles,
porque a amizade sustentada pela mentira não é amizade verdadeira, e
sim, amizade farisaica: “Por isso abandonai a mentira e falai a
verdade cada um ao seu próximo” (Ef 4, 25).
Muitos pregadores por medo de pregarem a verdade começam a adulterar
a Palavra de Deus, fecham a porta da despensa e deixa o povo morrer
de fome; esconde a Bíblia, Tradição e Magistério, e abrem o baú da
política, falando daquilo que o Papa João Paulo II proíbe:
“Por
conseguinte, os ministros sagrados, bem como os religiosos e
religiosas consagrados, devem evitar cuidadosamente qualquer
envolvimento pessoal no campo de política ou do poder temporal”
(Aos
Bispos - Regional Sul 1 da CNBB, Cf, também no Diretório para o
Ministério e a vida dos Presbíteros, nº 33).
Não devemos ter medo de evangelizar; a nossa atitude, ao vivermos a
fé cristã num ambiente em que existem reservas, falsos escândalos ou
simples incompreensões por ignorância, deve ser a mesma de Jesus.
Nunca devemos desanimar nem sermos oportunistas; a nossa atitude
deve ser clara, coerente com a fé que professamos, porque somos
evangelizadores e não enchedores de lingüiça: “Uma vez que Deus nos
achou dignos de confiar-nos o Evangelho, falamos não para agradar
aos homens, mas, sim, a Deus que perscruta o nosso coração”
(1 Ts 2,
4). Quantas vezes, este modo de agir decidido, sem dissimulações nem
medos, não é uma grande eficácia apostólica! Em contrapartida,
“...
assusta o mal que podemos causar se nos deixamos arrastar pelo medo
ou pela vergonha de nos mostrarmos como cristãos na vida diária”
(Bem-aventurado Josemaría Escrivá). Não deixemos de manifestar a
nossa fé com simplicidade e naturalidade, quando a situação o
requeira. Nunca nos arrependeremos desse comportamento conseqüente
com o nosso ser mais íntimo. E o Senhor se encherá de alegria ao
olhar-nos.
Toda a vida de Jesus está cheia de firmeza. Nunca o vemos vacilar.
Ele sempre pregou abertamente e sem medo: “Falei abertamente ao
mundo... nada falei às escondidas” (Jo 18, 20). Ele pede aos que O
seguem essa vontade firme em qualquer situação. Deixar-se levar
pelos respeitos humanos é próprio de pessoas com uma formação
superficial, sem critérios claros, sem convicção profunda ou de
caráter débil. Os respeitos humanos surgem quando se dá mais valor à
opinião das outras pessoas do que do Juízo de Deus, sem ter em conta
as Palavras de Jesus: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas
palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier
na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc 8, 38). Não devemos
temer os ataques dos homens, é melhor suportar todos os tipos de
zombarias, críticas, perseguições, etc., e continuar pregando o
Evangelho, do que deixar tudo de lado e ouvir no dia do Juízo as
seguintes palavras: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno preparado para o diabo e para os seus anjos”
(Mt 25, 41).
O verdadeiro missionário abre o coração e pisa todo tipo de respeito
humano; o importante é levar a boa nova para os sedentos, para
aqueles que estão à procura de uma orientação. Os Apóstolos foram
perseguidos e maltratados, mas não deixaram de evangelizar, mesmo no
meio de tantas perseguições: “Chamaram de novo os apóstolos e
açoitaram-nos com varas. E, depois de intimá-los a que não falassem
mais no nome de Jesus, soltaram-nos. Quanto a eles, saíram do
recinto do Sinédrio regozijando-se, por terem sido achados dignos de
sofrer afrontas pelo Nome. E cada dia, no Templo e pelas casas, não
cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova de Cristo Jesus”
(At 5,
40-42).
O missionário deve ser forte
Nós, os cristãos, não somos amigos das sombras e dos cantos escuros,
mas da luz, da claridade na vida e na palavra: “Brilhe do mesmo modo
a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras,
eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus”
(Mt 5, 16).
Vivemos uns tempos em que é mais necessário proclamar a verdade sem
ambigüidades, porque a mentira e a confusão imperam por toda a
parte. E quanto maior for a oposição, maior deve ser a nossa luta:
“O Cristão nasceu para a luta, e quanto mais encarniçada se
apresenta, tanto mais segura há de ser a vitória com o auxílio de
Deus” (Leão XIII).
O missionário não deve ter medo de perder o brilho de um prestígio
apenas aparente, ou de sofrer a murmuração ou até a calúnia por
defender a sua fé: “Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e
vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por
causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a
vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 11-12). Sem medo à vida e sem medo
à morte, alegres no meio das dificuldades, esforçados e abnegados
perante os obstáculos e as doenças, seremos perante um futuro
incerto: O Senhor pede-nos que vivamos assim. Devemos ser fortes e
valorosos diante das dificuldades, como é próprio dos filhos de
Deus: “Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a
alma; temei antes aquele que pode fazer perder a alma e o corpo no
inferno” (Lc 12, 4). Jesus exorta-nos a não temer nada, exceto o
pecado, que tira a amizade com Deus e conduz à condenação eterna.
O missionário deve ser forte, deve enfrentar todas as dores e
perigos. Fugir é próprio do covarde. A cruz não acolhida torna-se
duplamente pesada: “Há pessoas que procuram continuamente evitar o
que é duro. E quantas há que sofrem mais por quererem sofrer menos”
(Dom Rafael Lhano Cifuentes).
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Não tenham
medo de evangelizar”.
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