1ª Palestra
Cristo, nossa verdadeira alegria
“O anjo, porém, disse-lhes: “Não temais! Eis
que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo:
Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo – Senhor, na cidade de
Davi” (Lc 2, 10-11).
Quando o mundo saiu das mãos de Deus, tudo
transbordava de bondade; de uma bondade que teve o seu ponto
culminante na criação do homem, como está em Pr 8, 30-31:
“Eu estava
junto com ele como o mestre-de-obras, eu era o seu encanto todos os
dias, todo o tempo brincava em sua presença: brincava na superfície
da terra, e me alegrava com os homens”. Mas com o pecado chegou o
mal no mundo e, qual erva daninha, arraigou-se na natureza humana e
injetou nela pessimismo e tristeza: “Sim, estou a ponto de cair, meu
tormento está sempre à minha frente. Sim, eu confesso a minha
iniqüidade, e temo pelo meu pecado”
(Sl 38, 18-19).
E Deus para salvar a humanidade que estava
mergulhada nas trevas prometeu o Salvador, como está em Is 9, 1:
“O
povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os
que habitavam uma terra sombria como a da morte”, e:
“Porque um
menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre
seus ombros, e lhe foi dado este nome: Conselheiro-maravilhoso,
Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz”
(Is 9,5).
Em Lc 2, 10 diz: “… Não temais! Eis que vos
anuncio uma grande alegria…”, e no versículo 11 diz: “Nasceu-vos
hoje um Salvador…”
Quando uma pessoa caminha na escuridão tem medo
de cair, mas quando chega uma luz, a mesma fica feliz e caminha com
segurança. Jesus Cristo é essa luz que veio iluminar os que estavam
nas trevas, Ele veio mostrar para a humanidade o caminho certo que
leva ao céu: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma
luz raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte”
(Is 9, 1), e:
“O que foi feito nele era a vida, e a vida era a luz
dos homens; e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não a
apreenderam” (Jo 1, 4-5), e também:
“Eu sou a luz do mundo. Quem me
segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”
(Jo 8, 12), e
ainda: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”
(Jo 9, 5).
Quem possui Jesus Cristo na alma e o aceita
como Senhor e Salvador não precisa temer nada, e deve estar sempre
feliz, porque num coração cheio de Deus, a tristeza não encontrar
lugar: “Não te deixeis dominar pela tristeza e nem te aflijas com
teus pensamentos… afasta para longe a tristeza: porque a tristeza
matou a muitos e nela não há utilidade alguma”
(Eclo 30, 21.23).
Quem possui Jesus deve estar sempre alegre: “A alegria do coração é
a vida do homem, a alegria do homem aumenta os seus dias”
(Eclo 30,
22), e: “Despe a veste da tristeza e da desgraça e reveste para
sempre a beleza da glória que vem de Deus”
(Br 5, 1).
Jesus Cristo trouxe a verdadeira alegria, o
Papa Paulo VI na Exortação Apostólica “Gaudete
In Domino”, escreve:
“Da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído. A grande alegria
anunciada pelo Anjo, na noite de Natal, é verdadeiramente para todo
o povo: para o de Israel que esperava então ansiosamente por um
Salvador, bem como para a multidão inumerável de todos aqueles que,
no decorrer dos tempos, virão a acolher a sua mensagem e a
esforçar-se por vivê-la”.
Só em Jesus Cristo encontramos a alegria
verdadeira, aquela que perdura apesar das contradições e da dor, tal
como a vemos no Evangelho, é a dos que se encontraram com Deus nas
mais diversas circunstâncias e souberam segui-Lo: é a alegria
exultante do velho Simeão por ter o Menino Jesus nos seus braços:
“Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo
a tua palavra; porque meus olhos viram tua salvação, que preparaste
em face de todos os povos, luz para iluminar as nações, e glória de
teu povo, Israel” (Lc 2, 29-32), ou a imensa felicidade dos Magos:
“… Sentiram grandíssima alegria”
(Mt 2, 10), ao reverem de novo a
estrela que os conduzia a Jesus; e a alegria de São Pedro no Tabor:
“Senhor, é bom estarmos aqui”
(Mc 9,5); ou o júbilo dos discípulos
de Emaús: “E disseram um ao outro: “Não ardia o nosso coração quando
ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras”
(Lc
24, 32); ou o alvoroço dos Apóstolos cada vez que Cristo
ressuscitado lhes aparece: “Também vós, agora, estais tristes; mas
eu vos verei de novo e vosso coração se alegrará e ninguém vos
tirará a vossa alegria” (Jo 16, 22). E, acima de todas, a alegria de
Maria Santíssima: “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito
exulta de alegria em Deus, meu Salvador”
(Lc 1, 46-47). Ela possui
Jesus plenamente e a sua alegria é a maior que um coração humano
pode conter.
Quem ama Jesus de verdade não busca alegria
fora d’Ele, porque somente Ele é capaz de preencher o nosso pobre
coração da verdadeira alegria. Aquele que caminha de mãos dadas com
Jesus e com o coração apaixonado por Ele, sente o coração palpitar
de amor pelo Amado e nada nesse mundo lhe faz falta: “… quem Deus
tem nada lhe falta, só Deus basta” (Santa Teresa d’Ávila), e:
“Se
estou convosco, nada mais me atrai na terra!… mas para mim só há um
bem: é estar com Deus, é colocar o meu refúgio no Senhor”
(Sl 72,
25.28), e também: “Quem ama a Deus, encontrará alegria em todas as
coisas” (Santo Afonso Maria de Ligório), e ainda: “Por ele, eu perdi
tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado
nele” (Fl 3, 8-9).
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Depois de autorizado, é preciso citar:
Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Cristo, nossa
verdadeira alegria”.
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2ª Palestra
Servir a Cristo com alegria
Sabemos que: “Deus ama a quem dá com alegria”
(2 Cor 9, 7). E que
Jesus Cristo não obriga ninguém segui-lO: “Se
alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-me” (Mt 16, 24).
E a vocação de especial consagração é o chamado
de Cristo a viver o amor exclusivo a Ele e, por seu amor, a escolher
uma vida pobre, virgem e obediente para, com Ele, salvar os irmãos
por um serviço humilde e amoroso.
Quem aceita o chamado de Deus deve abrir-Lhe o
coração e viver na sincera alegria.
Quem se consagra a Deus não pode deixar a
tristeza invadir a sua alma, porque trabalhar para a glória de Deus
e pela salvação dos irmãos é motivo de muita alegria:
“Servi a Deus
com alegria, ide a ele com gritos de júbilo!”
(Sl 100, 2), e:
“Para
servir a Nosso Senhor devemos ser gentis; devemos servi-Lo de bom
grado, alegremente” (São José Cafasso), e também:
“Quem o serve com
alegria, tributa-lhe honra maior” (Bem-aventurado José Allamano).
O primeiro ponto para um vocacionado ou
consagrado viver a verdadeira alegria, estou falando de quem
realmente foi chamado, porque quem não foi chamado viverá sempre
mergulhado na tristeza, é buscar a Deus de coração:
“Fixai o vosso
coração em Deus, e a ninguém mais sirvais a não ser a ele”
(1 Sm 7,
3), e: “… retornai a mim de todo vosso coração”
(Jl 2, 12), e
também: “Meu filho, dá-me o teu coração”
(Pr 23, 26).
Para um consagrado adquirir a verdadeira
alegria, deve em primeiro lugar transformar o seu coração, isto é,
colocar Deus dentro dele: “O coração é a fonte das ações e são estas
exatamente qual é o coração. O divino Esposo, convidando a alma para
uma perfeita união, lhe diz: Põe-me como um selo sobre o teu coração
e sobre o teu braço. Nem é sem muita razão que assim fala; pois quem
abriga Jesus Cristo no coração, tê-lo-á também em suas ações
exteriores, que são representadas pelos braços”
(São Francisco de Sales).
O Consagrado deve viver tão unido a Deus a
ponto de dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em
mim” (Gl 2, 20), e:
“Viva neste mundo como se só com Deus vivesse a
fim de que o seu coração não seja detido por coisa humana... Não
apascente o espírito senão em Deus... Toma a Deus por esposo e amigo
com quem andes de contínuo e não pecarás”
(São João da Cruz).
Quem busca a Deus de coração sincero deve estar
sempre alegre e não deve temer nada: “Eu irei ao altar de Deus, ao
Deus que me alegra” (Sl 43, 4).
O segundo ponto é viver na graça santificante e
aumentá-la na alma.
A Graça santificante (ou habitual) é dom
sobrenatural, inerente à nossa alma, que nos faz justos, filhos de
Deus e herdeiros do Paraíso.
Aquele que vive com a Santíssima Trindade na
alma deve viver feliz: “Aquele que permanece em mim e eu nele produz
muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer”
(Jo 15, 5). Diz
Santo Agostinho: “Ninguém pense que pode por si mesmo produzir algum
fruto. Seja pouco, seja muito, nada pode ser produzido sem o auxílio d’Aquele sem o qual nada se pode fazer. Se o sarmento não estiver
unido à videira e não haurir do tronco a seiva nutritiva, não pode
por si mesmo produzir fruto algum”.
O terceiro ponto é a Santíssima Eucaristia:
“Senhor, embriagai-me com a opulência da Vossa casa e dai-me de
beber da torrente dos Vossos deleites. Vós sois a fonte da vida...
Quero, sim, beber da Fonte mesma e nunca me faltará a água”
(Santo Agostinho).
O quarto ponto é a confissão: “Ó fonte de amor,
ó meu amantíssimo Senhor Jesus Cristo, Vós transbordais de tanta e
tão inefável bondade, que sempre nos amais e nos prevenis; se Vos
procuramos, logo Vos apresentais e nos saís ao encontro”
(R. Giordano).
O quinto ponto é a vida profunda de oração. A
oração é conversar com Deus: “Quem foge da oração foge de todo o
bem” (São João da Cruz).
Existem outros meios que um consagrado deve
usar para adquirir a verdadeira alegria. O importante é viver sempre
com o coração alegre, não existe exagero em relação à verdadeira
alegria: “A alegria é uma virtude que não pode faltar. A alegria
nunca é excessiva. Seria excessiva, se fosse mundana e grosseira;
mas a verdadeira alegria, a alegria do coração e do espírito, nunca
é excessiva. Devemos viver continuamente alegres, todos os dias, o
ano inteiro” (Bem-aventurado José Allamano).
Quando os membros de uma comunidade religiosa
vivem a verdadeira alegria, a mesma vive com maior perfeição e fica
mais fácil a convivência entre os membros.
A pessoa alegre edifica o próximo e ajuda a
comunidade, enquanto que a triste ou emburrada torna o ambiente
pesado. É importante manter o rosto sereno e alegre:
“Um coração
contente alegra o semblante” (Pr
15, 13), e: “Coração
alegre, corpo contente” (Pr 17, 22).
E o mais importante é que a alegria seja no
Senhor, isto é, seja uma alegria sadia: “Alegrai-vos sempre no
Senhor! Repito: alegrai-vos!” (Fl 4, 4).
“Caras compridas…, maneiras bruscas…, aspecto
ridículo…, ar antipático… Desse jeito esperas animar os outros a
seguir a Cristo?” (Bem-aventurado Josemaría Escrivá).
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Este texto não pode ser reproduzido sob
nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por
escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Depois de autorizado, é preciso citar:
Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Servir a
Cristo com alegria”.
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